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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

21
Mai23

Crime de lesa-pátria perpetrado pela Abin

Talis Andrade

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As ilicitudes da Abin nos atos antidemocráticos do 8 de Janeiro

Por André Soares /ConJur

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Caberá ao STF (Supremo Tribunal Federal), à Comissão de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI), à Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CRE) e à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos antidemocráticos do Congresso investigarem o crime institucional mais hediondo cometido contra a democracia, o Estado de Direito e a soberania nacionais, responsável pela malfadada tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro.

Trata-se do crime de lesa-pátria perpetrado pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência), que, mais uma vez, falhou no cumprimento de sua precípua missão institucional de salvaguardar o Estado brasileiro contra graves ameaças e contingências, ferindo de morte o diploma legal de sua criação, Lei 9.883, de 7 de dezembro de 1999.

"Art. 4º - À ABIN, além do que lhe prescreve o artigo anterior, compete:
I - planejar e executar ações, inclusive sigilosas, relativas à obtenção e análise de dados para a produção de conhecimentos destinados a assessorar o Presidente da República;
II - planejar e executar a proteção de conhecimentos sensíveis, relativos aos interesses e à segurança do Estado e da sociedade;
III - avaliar as ameaças, internas e externas, à ordem constitucional."

Nesse contexto, temos como séria agravante as equivocadas declarações sobre a inteligência de Estado no país, feitas pelo então ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ricardo Cappelli, publicadas em seu Twitter oficial, às 8h38 de 28/4/2023, afirmando que:

"Não há uma Central de Inteligência no Brasil responsável pela coordenação de todas as inteligências existentes nos diferentes órgãos. Quem é a autoridade máxima? Não há unidade de comando. Quando há falha, uma corporação empurra para a outra. Esta é a questão importante."

Pois causa profunda perplexidade que o então ministro interino do GSI e o governo Lula desconheçam que a Lei 9.883 criou a Abin primordialmente como órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), conforme preconizado em seu Artigo 3º:

"Art. 3º - Fica criada a Agência Brasileira de Inteligência — ABIN, órgão da Presidência da República, que, na posição de órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência, terá a seu cargo planejar, executar, coordenar, supervisionar e controlar as atividades de inteligência do País, obedecidas à política e às diretrizes superiormente traçadas nos termos desta Lei."

Verifica-se que, conforme o ordenamento jurídico vigente, a Abin é, nas palavras de Ricardo Cappelli, a "central de Inteligência no Brasil responsável pela coordenação de todas as inteligências existentes nos diferentes órgãos" e a "autoridade máxima" da inteligência nacional; que, estranhamente, o então ministro interino do GSI e o governo Lula desconhecem.

Quanto a essa importante questão, cumpre ressaltar que a melhor contribuição que o governo Lula prestará ao Brasil, no cerne de sua dramática crise de inteligência de Estado, não será ignorando a legislação em vigor; mas extirpando suas aberrações de inteligência. Porque a criação da Abin como órgão central do Sisbin pela Lei 9.883 é uma teratológica heresia jurídica sobre inteligência de Estado, que não encontra precedentes em nenhuma das grandes potências possuidoras dos melhores serviços secretos do mundo.

Na verdade, o real e obscuro propósito que demandou, no governo Fernando Henrique Cardoso, a aberração da criação da Abin como órgão central do Sisbin, foi o de contemplar o principal serviço secreto brasileiro com os poderes máximos da inteligência nacional, a serviço do projeto criminoso de poder dos militares, que, 23 anos depois, perpetrou a tentativa terrorista de golpe de Estado no Brasil, no fatídico 8 de janeiro de 2023.

Mas os crimes de lesa-pátria da Abin nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro vão muito além de sua escabrosa e criminosa ineficiência quanto ao cumprimento de suas atribuições como órgão central e autoridade máxima do Sisbin. Tais crimes se inserem no contexto das falsas acusações de omissão e conivência para com os atos antidemocráticos, direcionadas contra o governo Lula, notadamente sobre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino; acusados de terem sido oportunamente e eficientemente informados pela Abin, por meio de relatórios de inteligência sigilosos, que foram impropriamente publicados e difundidos na rede social privada WhatsApp, dos Estados Unidos; ressaltando-se que a impropriedade dessa difusão, que demandou gravíssimo comprometimento dos relatórios de inteligência sigilosos da Abin, também foi reincidentemente cometido pela agência quando dos movimentos dos caminhoneiros em 2021; dos atos de 7 de setembro de 2022; das eleições de 2022; e da posse presidencial em 1º de janeiro de 2023.

Nos desdobramentos dessa falsa narrativa, os relatórios da Abin vêm sendo apresentados como prova da suposta eficiência da agência e da omissão e conivência do atual governo com os atos golpistas.

Destarte, resta irrefutavelmente comprovado, em autoria e materialidade, por confissão da própria Abin, os seguintes ilícitos cometidos pela agência:

1. O flagrante, doloso e reincidente cometimento do crime de "violação do segredo profissional", tipificado no Artigo 154 do Código Penal:

"Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem."

2. O cometimento do comprometimento dos relatórios de inteligência sigilosos da Abin, tipificado no Decreto nº 7.845, de 14 de novembro de 2012, em seu Artigo 2º:

"Art. 2º - IV - comprometimento - perda de segurança resultante do acesso não autorizado."

Ademais, por ainda mais agravante, é notório que os melhores e mais eficientes serviços secretos mundiais, primando pela contrainteligência e segurança de suas informações sigilosas, desenvolvem canais de comunicação próprios e seguros para a sua difusão criptografada.

Contrariamente, a Abin, além de não possuir canal de comunicação próprio e seguro para difusão de seus relatórios de inteligência à Presidência da República, publicou-os ostensivamente e sem a devida proteção criptográfica em rede social privada, concedendo livre acesso de suas informações sigilosas ao WhatsApp, dos EUA, maior potência política, econômica, militar e de espionagem mundial.

Nesse tsunami de ilicitudes da Abin nos atos antidemocráticos, urge denunciar a massiva desinformação produzida pela agência sobre sua suposta eficiência institucional, junto à Presidência da República. Nesse mister, revelar-se-á, a seguir, provas técnicas e documentos oficiais da própria Abin comprobatórios das graves ilicitudes perpetradas pela agência na sua produção informacional, os quais são desconhecidos do STF, CCAI, CRE e CPMI; subsidiando-os quanto às responsabilizações criminais da Abin.

Nesse sentido, importa enfatizar que, ao contrário do que a sociedade imagina, a produção informacional de inteligência de Estado da Abin é de péssima qualidade e baixíssima credibilidade. Tamanha é a gravidade desse atentado à segurança nacional, que, desde sua criação, a degenerescência institucional da Abin vem sendo veementemente alardeada por todos os ex-presidentes da República; desde o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso até o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva — que, ao não apurar e responsabilizar rigorosamente as ilicitudes da Abin nos atos antidemocráticos, persiste nos mesmos graves erros dos seus mandatos anteriores, quando também não apurou rigorosamente as clandestinidades da Abin nas operações mídia (2004) e satiagraha (2008), cujos crimes hediondos, se cometidos nas principais potências mundiais, condenariam os dirigentes da Abin à prisão perpétua ou à pena capital.

O recrudescimento do caos da caixa-preta da Abin vitimou também os mandatos presidenciais de Dilma Rousseff, ao extremo limite da ex-presidente ter expedido nota oficial, em 6/1/2019, intitulada "A inteligência na qual não se deve acreditar", destacando várias situações de manifesta ineficácia do GSI e da Abin/Sisbin durante seus mandatos presidenciais, como a gravíssima espionagem em seu gabinete, no avião presidencial e na Petrobras, realizada em 2013, pela National Security Agency (NSA), dos EUA.

Quanto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, relembremos que, em 22 de abril de 2020, na sua histórica reunião presidencial com seus ministros de Estado — a qual foi tornada pública pela sábia decisão monocrática do então ministro Celso de Melo, do STF—, a mais grave das irregularidades que ali foram desveladas foram as veementes revelações proferidas a plenos pulmões pelo presidente Bolsonaro sobre o caos da Abin e da inteligência nacional, manifestadas em suas seguintes palavras:

"Eu não posso ser surpreendido com notícias";
"A gente não pode viver sem informações";

"Eu tenho a inteligência das Forças Armadas, que não têm informações";

"A Abin tem seus problemas, aparelhamento etc.";

"A gente não pode ficar sem informações";

"O serviço de informações nosso, todos, é uma vergonha!, é uma vergonha!...eu não sou informado";

"Sistema de informações, o meu funciona, o meu particular funciona,.... os que tem oficialmente desinforma... eu prefiro não ter informações do que ser desinformado pelo sistema de informações que eu tenho...".

Por todo o exposto, resta cristalino que é de todo temerário a uma autoridade governamental, especialmente ao presidente da República, tomar qualquer decisão de Estado com base nas péssimas informações e conhecimentos da Abin, notadamente em situações de urgência e de graves contingências nacionais, como ocorreu nos atos golpistas de 8 de janeiro.

O minucioso diagnóstico da degenerescência institucional da Abin revela um festival de ilicitudes perpetradas quanto à péssima qualidade do seu trabalho informacional, cujo aprofundamento descortinará uma gravíssima realidade, diametralmente oposta ao pseudodiscurso oficial sobre sua eficiência, a exemplo do conteúdo do site da agência, que, dentre outras inverdades, informa:

"No processo de análise, os dados têm sua credibilidade avaliada e são interpretados a partir de metodologia específica de produção de conhecimentos de Inteligência."

Trata-se de uma dupla desinformação da Abin. Porque tanto a sua referida "Técnica de Avaliação de Dados (TAD)", quanto a sua referida "metodologia específica de produção de conhecimentos de Inteligência", são tão absurdamente incoerentes, que constituem inaceitável ofensa até mesmo aos mais baixos níveis da inteligência humana. E esse atentado à segurança nacional vitimou mais uma vez o Estado brasileiro, pela consecução dos atos golpistas de 8 de janeiro, decorrente de várias ilicitudes da Abin.

A primeira delas é estupefaciente. Porque, pasmem, a Abin, desde sua criação, há mais de duas décadas, não possui doutrina oficial sobre "metodologia específica de produção de conhecimentos de Inteligência de Estado". Na verdade, a referida metodologia da Abin é uma assombrosa oficiosidade, engodo com mais de meio século e reencarnação do extinto e famigerado Serviço Nacional de Informações (SNI), do qual a agência é sua legítima sucedânea. Portanto, não existe absolutamente na Abin qualquer metodologia científica específica nessa seara, o que fere de morte novamente sua missão institucional, prevista na Lei 9.883.

"[...] Art. 4º - à ABIN, além do que lhe prescreve o artigo anterior, compete:
IV – promover o desenvolvimento de recursos humanos e da doutrina de inteligência, e realizar estudos e pesquisas para o exercício e aprimoramento da atividade de inteligência."

Contudo, o epicentro da degenerescência institucional da Abin quanto à sua produção informacional está na absurda Técnica de Avaliação de Dados (TAD). Porque a TAD da Abin é outra reencarnação maldita do SNI, na qual a agência primou por introduzir graves retrocessos. Fato inconteste é que a TAD representa um verdadeiro acinte à cientificidade e ao raciocínio lógico, sendo incoerente, dissociada de qualquer base técnico-científica, completamente falha, e é tão absurdamente ineficiente que produz 100% de erro nos seus resultados, conforme comprovado em livro de minha autoria (Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin, 2005, páginas 63 a 102 — disponibilizado gratuitamente em aqui).

Para melhor compreensão e estupefação quanto à aberração da TAD, registra-se que o seu engodo doutrinário fundamenta-se no que a agência denomina de "estados da mente perante a verdade", segundo a qual toda a produção informacional de Inteligência de Estado da Abin deriva do mais absoluto subjetivismo e subordina-se aos variados estados mentais de cada persona dos seus analistas, em detrimento dos rigores do conhecimento objetivo, da lógica e da cientificidade do mundo moderno.

Essa absurdidade doutrinária da Abin está claramente explicitada no artigo da agência intitulado "A mãe das Inteligências":

"[...] A Inteligência — isso deve ser muito bem entendido — é atividade incerta. Por melhores que sejam as fontes, por mais bem preparados que sejam seus 'operadores', na maioria das vezes ninguém pode garantir que a informação A ou X ou Y ou Z seja 'exata'. Seguramente ela é honesta, imparcial e representa convicção — persuasão íntima — do analista e, por consequência, do Órgão de Inteligência (OI) que a produziu/disseminou [...]" (Revista Brasileira de Inteligência, v. 2, nº 2, abril/2006).

Por conseguinte, a verdade sobre a TAD é expressamente proibida e agressivamente acobertada por seus dirigentes em todo o Sisbin, em razão do forte potencial de revelar as escabrosas deficiências institucionais existentes na sua produção informacional, que é realizada rigorosamente à mercê de subjetivismos.

Por mais estarrecedor que possa parecer, esse é o verdadeiro "modus operandi" que a Abin emprega na produção de suas informações e conhecimentos sigilosos que assessoram o presidente da República em suas importantíssimas decisões de Estado. Significa que os relatórios de inteligência da Abin sobre os atos antidemocráticos que foram difundidos à Presidência da República não foram produzidos sob os rigores do profissionalismo de inteligência de Estado, muito menos sob a chancela de metodologia lógica e científica, mas lastreados no "puro achismo" e diletantismo mais criminoso da agência, conforme está cabalmente comprovado no documento da Abin referenciado abaixo (e transcrito em Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin, páginas 210 a 217).

"(Agência Brasileira de Inteligência - Departamento de Inteligência - Coordenação-Geral de Assuntos Nacionais - Ofício s/nr, de 18 de dezembro de 2003 (com 08 páginas); Do: Major EB André Costa Soares; À: Coordenação-Geral de Assuntos Nacionais; Assuntos: Legislação de Inteligência e regulamentações; Doutrina de Inteligência; Procedimentos internos da CGAN/DI/ABIN; Ofício s/nr, de 13 de novembro de 2003).

Síntese das impropriedades técnicas de Inteligência de Estado da ABIN, relativas aos seus relatórios sigilosos, difundidos à Presidência da República.

IMPROPRIEDADES DA ABIN

AVALIAÇÃO

Relatórios de inteligência sem avaliação de credibilidade e sem indicação da avaliação de credibilidade (TAD).

GRAVÍSSIMO

Não avaliação de credibilidade (TAD) dos dados de outros órgãos do SISBIN.

GRAVÍSSIMO

Ausência de informações e conhecimentos de inteligência efetivamente úteis ao nível estratégico da Presidência da República.

GRAVÍSSIMO

Informação de dados irrelevantes e sem utilidade ao nível estratégico da Presidência da República.

GRAVE

Emprego massivo de termos subjetivos, expressões genéricas, conteúdos inespecíficos e indeterminados.

GRAVE

Não quantificação e qualificação dos dados informados (pessoal, efetivos, materiais, tropas, armas, etc).

GRAVE

Mera intermediação à Presidência da República de dados de órgãos do SISBIN.

GRAVE

Fortes indícios do cometimento de falsa confirmação de fonte e falsa confirmação de origem.

GRAVE

Fortes indícios do cometimento de assunção de fonte e assunção de origem.

GRAVE"

 

A caixa-preta dos serviços secretos, mais poderosa organização criminosa (orcrim) do país, absolutamente acima da lei e que há mais de meio século é comandada ditatorialmente pelos militares, é o quartel-general do seu projeto criminoso de poder que engendrou a tentativa de golpe de Estado de 8/1/2023.

A eclosão desse cenário subversivo, que inaugura a mais gravosa crise política e militar do país desde o término da ditadura, é a comprovação mais cabal da absoluta falência da inteligência de Estado no Brasil, protagonizada pela criminosa degenerescência institucional da Abin, cuja extinção completa e urgente é a única solução e condição "sine qua non" para a edificação de uma nova e eficiente inteligência de Estado e de um próspero Brasil.

Destaca-se que a decisão do presidente Lula pela transferência da subordinação da Abin do GSI para a Casa Civil da Presidência da República, afastando a agência da influência militar tão somente em nível hierárquico, é apenas mero paliativo inócuo, que não terá efetividade contra a influência militar sobre a Abin e em nada combaterá a sua criminosa ineficiência institucional.

Quanto ao futuro do Brasil, importa destacar que a completa e urgente extinção da Abin e a quebra total do monopólio dos militares sobre o GSI, por si só, destruirão a mais poderosa orcrim do país. Contudo, caso o presidente Lula persista na reincidência dos mesmos erros presidenciais passados, condenará novamente o Brasil a perpetuar-se como refém da caixa-preta dos serviços secretos, fortalecendo a criminalidade insaciável dos militares golpistas, ávidos pela deposição do governo petista e pela implantação de uma ditadura no país.

11
Fev23

Quem é o amigo Vitor na cena do crime do necrófilo Thiago Mayson que assassinou a estudante e poeta Janaína Bezerra?

Talis Andrade

 

 

Por que a polícia esconde a presença de um amigo do homicida necrófilo Thiago Mayson da Silva no feminicídio de Janaína Bezerra, na sala de mestrado da Universidade Federal do Piauí? Uma universidade que parece sem comando, e caíndo aos pedaços. 

Publica MayriaTorres:

No testemunho completo, Thiago Mayson contou que encontrou Janaína durante a calourada e a chamou para "ficarem" novamente. De acordo com o relato (mentiroso), os dois  ficaram próximo a um dos corredores do setor de matemática e depois resolveram ir para uma sala que Thiago já possuía a chave.

Por volta das 3h, eles teriam tido a primeira relação sexual consentida dentro da sala e depois foram dormir. Segundo o acusado, eles teriam acordado tempos depois, e Janaína teria dito que estava com fome e pedido açúcar. Ele afirmou que atendeu o pedido e a deu açúcar, além de oferecer uma banana.

Posteriormente, os dois teriam tido uma segunda relação sexual, momento em que Thiago afirmou que "sentiu que Janaína desmaiou e acredita que nessa hora tenha batido a cabeça no chão."

De acordo com o relato, ele dormiu e só acordou de manhã, quando notou que Janaína não tinha acordado e que a sentiu "fria". Ele teria entrado em contato com um amigo chamado Vitor, que o aconselhou a levar para um hospital.

"Coincidentemente um colega do interrogado de nome Vitor, mandou mensagem perguntando onde Thiago estava. Ele relatou a situação para Vitor e o mesmo o aconselhou que levasse Janaina para o Hospital."

Thiago afirmou que pediu um Uber para levar Janaína ao Hospital Universitário, mas logo que saiu da sala com ela nos braços juntamente com o colega de nome Vitor, se depararam com um segurança da Universidade Federal.

"Na sequência apareceu um outro segurança que faz ronda no veículo. Juntamente com este motorista, encaminharam Janaína para Hospital da Primavera. No Hospital a equipe médica fez uma massagem cardíaca em Janaina, mas já estava morta”, diz trecho do depoimento.

 

Thiago (foto) ia com o amigo Vitor desovar o cadáver de Janaína

 

05
Fev23

Justiça por Janaína (veja termos de qualificação e interrogatório)

Talis Andrade
 
Janaína Bezerra foi assassinada dentro da Universidade Federal do Piauí l Foto: Rede sociais
 
 

Aos 22 anos, a vida de Janaína foi ceifada com requintes de crueldade. A morte de Janaína Bezerra, estudante da Universidade Federal do Piauí, levou um pouco de cada um e cada uma de nós.

 

 

Anseio o que o futuro tem pra mim

Mais ainda o que penso ter no presente instante

Janaína da Silva Bezerra

 

No último sábado (28), a comunidade acadêmica da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e a sociedade piauiense sofreram um duro golpe. Todos fomos surpreendidos com o assassinato da estudante de Jornalismo, Janaína da Silva Bezerra, vítima de estupro, no próprio ambiente da universidade.  

Aos 22 anos, a vida de Janaína foi ceifada com requintes de crueldade. Esse caso nos provoca a refletir mais profundamente sobre o machismo e o ódio contra as mulheres, tão arraigados na sociedade e que estão na origem da violência sofrida por Janaína. Esse bárbaro assassinato também trouxe à tona o recorrente debate sobre a política de segurança executada na UFPI.

Leia também: “Não há desenvolvimento sem mulheres e negros”, diz Manuela

Nos últimos anos a instituição tem aparecido com frequência no noticiário policial em decorrência dos episódios de assaltos contra estudantes e docentes, entre outros crimes.

Janaína tinha foi assassinada na madrugada do sábado, vítima de estupro e violência praticados quando ela saía de uma calourada, numa sala de aula do Centro de Ciências da Natureza. O acusado de praticar o crime é o estudante do Programa de Pós-graduação em Matemática Thiago Mayson da Silva, que teve decretada sua prisão preventiva em flagrante.

 

Homenagens e protestos

 

A segunda–feira (31) seria apenas mais um começo de semana de atividades normais, em salas de aula, mas a UFPI parou. As aulas foram transferidas para os caminhos entre a Reitoria e o Centro de Ciências da Educação, até o Bloco de Jornalismo, onde Janaína estudava. Nesse dia a aula foi sobre denúncia, cobrança por justiça e punição para o assassino da estudante.

Estudantes protestam contra o assassinato ocorrido dentro da Universidade Federal do Piauí (UFPI)

 

O decorrer da semana foi marcado por manifestações estudantis e de professores, para cobrar da administração superior medidas urgentes com relação à segurança e a implementação de protocolos que coíbam o assédio e a violência de gênero, no âmbito da Universidade Federal do Piauí.

Leia também: FSM aborda luta antirracista e direitos básicos do povo

 

O fim de um sonho…

 

 É importante dizer que a Janaína seria a primeira de sua família a concluir um curso superior. A universitária almejava escrever uma nova história para si e para seus pais, que não mediam esforços para que ela conseguisse se manter em uma universidade pública.

Socorro Bezerra é mãe de Janaína, a primeira da família aingressar na universidade l Foto: Mateus Santos/ Viagora

 

Ela escrevia poemas e escreveu uma relevante reportagem sobre a violência que existe com relação ao apagamento de escritas negras. Na reportagem deixou explícita a sua postura de resistência e o seu senso de justiça ao falar da importância da representatividade negra na sociedade.

A morte de Janaína levou um pouco de cada um e cada uma de nós. E, no presente instante, como escreve em sua poesia, estamos em resistência, exatamente oito dias depois de sua partida, e com os pulmões arfando, para que não vejamos partir mais uma mulher vítima da violência.

Justiça por Janaína!

Janaína, presente!

Agora e sempre!

 

 
Essa moça está morta!': depoimentos de testemunhas e de preso por estupro e  feminicídio de estudante na UFPI montam quebra-cabeça do crime; veja |  Brasil | O Globo
 
 
O cruel assassino 
 

 

Leia aqui os termos de qualificação e interrogatório de Thiago Mayson da Silva Barbosa, Maria do Socorro Nunes da Silva genitora da vítima, Raynara da Silva Batista testemunha, Fabio Wanderson e Silva do Nascimento testemunha, Jean Carlos Cavalcante de Sa Coutinho testemunha, Francisco Charles Castelo Branco Santos condutor, idem exames periciais, boletins de ocorrência, auto de prisão em flagrante, crime hediondo, Lei Maria da Penha. Falta identificar o amigo Victor do tarado assassino, que talvez motiva o tardio segredo de justiça. 

 

 
EXCLUSIVO: Confira todos os depoimentos do Caso Janaína; novo nome foi  citado por Thyago - OitoMeia
 
 
 
 
02
Fev23

Safadamente defesa do assassino da estudante de jornalismo Janína Bezerra diz que posição sexual pode ter causado a morte

Talis Andrade
Janaína Bezerra.
Janaína Bezerra

 

Esquece o advogado que permanece no anonimato o primeiro ato de libertação feminina foi quando fêmea conseguiu fazer sexo olhos nos olhos com o parceiro

 

 

A defesa do cruel assassino da estudante Janaína Bezerra da Silva, Thiago Mayson da Silva Barbosa, de 28 anos, deu detalhes acerca do crime hediondo, o sadismo, o estupro, a enganosa versão machista do mestrando de matemática, que segue preso na Cadeia Pública de Altos.

Preferindo a covardia de não se identificar, a defesa revelou para a reportagem que a posição sexual (de quatro, com o rosto pressionado no colchão) pode ter motivado o trauma raquimedular, ou seja, contusão na coluna vertebral ao nível cervical, o que causou lesão da medula espinhal e a morte da estudante. Melhor explicado: O estuprador quebrou o pescoço da vítima. 

Esse advogado mentiroso nega que, nos primórdios da humanidade - o homem, a mulher das cavernas =, pela condição física, a posição da vagina da fêmea, da mulher, da semelhança entre os primatas, o homem fazia sexo: a mulher de quatro, como acontece com os macacos, os gorilas. E ainda hoje, para o prazer dos dois macho e fêmea. Sem citar os homossexuais. 

Para o advogado do tarado Thiago Mayson da Silva Barbosa, sexo constitui um quebra quebra de pescoço, o maior motivo de causa mortis em todos os tempos, em todas as civilizações. 

O advogado escondeu o sangue do sexo da vítima que manchou as vestes da jovem jornalista e poeta e que manchou o chão da Universidade Federal do Piauí. 

Publicou Meio Norte que o feminicida Thiago Mayson relatou não teria percebido sangue na vítima, pois na sala em que estavam não tinha luz e única entrada que tinha era de um basculhante.  A defesa pontuou também que o investigado passava boa parte do dia na UFPI por morar só e seus pais, que são separados, não viverem em Teresina. 

Thiago estava com a chave da sala de estudo onde o estupro teria acontecido porque os alunos do mestrado, doutorado e iniciação científica fazem o uso de uma sala de estudo coletivo. Outras 13 pessoas também tinham acesso à chave. Que abria "a única entrada um basculhante". Que diabo é basculhante em uma universidade? 

 

Estudantes ocupam reitoria da UFPI e pedem respostas sobre estupro e morte de aluna em sala da instituição

 

Por Ilanna Serena e Andrê Nascimento, g1 PI

- - - 

Entre as principais reivindicações dos estudantes, estão pautas relacionadas à segurança, como:

Reivindicaram também a poda de matos e árvores do campus Petrônio Portela e reparo da iluminação. Além disso, reivindicaram: a criação de uma ouvidoria exclusiva para receber denúncias de assédiomonitoramento por câmeras nos corredores e salas da universidade e paradas de ônibus.

Os estudantes destacaram a necessidade de que o Hospital Universitário (HU-UFPI) passe a realizar atendimentos de urgência e emergência. Janaína precisou ser encaminhada a um hospital em outra zona da cidade no dia em que foi encontrada na instituição. Outra reivindicação é a presença de vigilantes mulheres, com formação em combate ao racismo e LGBTfobia.

Pedem ainda a revogação da medida que proíbe calouradas; pagamento de indenização à família de Janaína; um dossiê que reúna o nome de Janaína e de todos os alunos que denunciaram casos de assédio; e a formalização do dia 28 de janeiro como um dia de memória à estudante assassinada.

 

 

"Não foi a calourada que matou a Janaína, então a gente não vai aceitar que seja criminalizada", alegou uma estudante.

 

Durante a conversa, a coordenadora de Avaliação e Regulação Acadêmica, Edna Magalhães, informou que a UFPI vai lançar um Protocolo de Combate à Violência Contra a Mulher.

Estudantes ocupam reitoria da UFPI e pedem respostas sobre estupro e morte de aluna em sala da instituição — Foto: Reprodução

Estudantes ocupam reitoria da UFPI e pedem respostas sobre estupro e morte de aluna em sala da instituição 

 

Ao final, a reitora em exercício Regilda Moreira se comprometeu a levar as reivindicações à administração superior da instituição, para adoção de medidas.

 

Não posso responder sozinha pela reitoria. Me comprometo com vocês a conversar com o reitor, levar isso pra administração. E enquanto reitora em exercício, garanto que podem me procurar, porque a gente só resolve as coisas com diálogo. Sou altamente sensível a tudo que aconteceu. Às vezes não depende só da administração, mas entendam que, o que tiver ao alcance da administração, vamos fazer. E vamos fazer o mais rápido possível. Estamos abertos pra ouvir vocês, nós somos a universidade", declarou.

 

 
Reitora em exercício da UFPI, Regilda Moreira, recebe reivindicações de estudantes — Foto: Pedro Melo

Reitora em exercício da UFPI, Regilda Moreira, recebe reivindicações de estudantes — Foto Pedro Melo

 

A ocupação aconteceu durante segundo dia de vigília e após assembleia entre os estudantes. Os alunos retornaram ao local às 7h da manhã desta terça-feira (31).

 

Vigília continua e alunos denunciam assédios

 

No encontro, representantes de movimentos sociais pela vida das mulheres e do movimento negro denunciaram casos de assédio ocorridos dentro da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e afirmaram que nenhuma das denúncias teve a devida atenção.

Durante vigília, amigos e estudantes da UFPI fazem homenagens para Janaína

Durante vigília, amigos e estudantes da UFPI fazem homenagens para Janaína

 

Há previsão de uma roda de conversas com um professor do futuro curso de psicologia do campus Teresina com alunos, funcionários e quem mais tiver interesse em participar. O momento deve acontecer nesta quarta-feira (01), às 16h.

Homenagens à Janaína Bezerra na UFPI.  — Foto: Andrê Nascimento / g1

Homenagens à Janaína Bezerra na UFPI. — Foto Andrê Nascimento / g1

 

A cultura do machismo e do estupro, e o estopim no caso de Janaína, bem como a perpetuação dessas práticas dentro da universidade e a falta do combate à esses atos criminosos foram também pauta na assembleia.

Em relato emocionante, a estudante do curso de História, Maria Clara, afirmou que o caso de Janaína foi um "ápice anunciado".

 

Não temos voz aqui dentro. Mesmo com todo o esforço que fazemos, somos assediadas. Não falamos com medo de reprovar. Mas eu sei que as únicas pessoas que podem mudar isso somos nós. Não deixem que a morte da Janaína seja esquecida”, disse.

 

 

Ela denunciou ainda já ter sido vítima de assédio dentro da sala de aula. “Um professor já me assediou e nada aconteceu. Temos medo. Porque quem coloca a ‘cara no mundo’ aqui dentro, corre o risco de ser expulsa e perseguida. Até alunos já foram denunciados como assediadores e estão impunes”, afirmou.

Membro do Centro Acadêmico de Jornalismo, Guilherme Cronenberg (à direita), fala sobre o caso.  — Foto: Andrê Nascimento / g1

Membro do Centro Acadêmico de Jornalismo, Guilherme Cronenberg (à direita), fala sobre o caso. — Foto: Andrê Nascimento / g1

 

O membro do Centro Acadêmico do curso de Jornalismo, Guilherme Cronemberg, comentou que poucas aulas estão acontecendo no curso, a depender dos professores.

“Ainda não há clima para estudar hoje. No Centro Acadêmico os estudantes colocaram flores e velas em homenagem a Janaína”, disse.

Segundo Guilherme, houve a ideia de deixar homenagens na porta da sala onde Janaína foi assassinada, mas que acabaram não acontecendo.

 

"Ontem até pensamos em começar lá e vir voltando, mas o local e o clima é muito pesado. Achamos melhor ficar aqui mesmo, na reitoria e nas homenagens no Centro Acadêmico", comentou Guilherme.

Estão presentes representantes da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Piauí (Adufpi), do Diretório Central dos Estudantes (DCE), do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal do Piauí (Sintufpi) e do Centro Acadêmico dos cursos de Jornalismo e Matemática, representantes movimentos sociais pela vida das mulheres e do movimento negro.

 

Estupro e morte na UFPI

 

Janaína da Silva Bezerra, 22 anos, foi estuprada e assassinada na madrugada do dia 28 de janeiro, sábado, durante uma festa de calourada ocorrida no espaço do Diretório Central dos Estudantes (DCE), no campus de Teresina, na Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Janaína Bezerra foi morta dentro da UFPI — Foto: Reprodução

Janaína Bezerra foi morta dentro da UFPI 

 

O suspeito, Thiago Mayson da Silva Barbosa, 28 anos, está preso. Ele é estudante do mestrado em matemática da instituição e foi encontrado com a jovem desacordada nos braços por seguranças da instituição, que conduziram a vítima e o suspeito ao Hospital da Primavera.

Conforme investigação da polícia, com base em colheita de provas e depoimentos, os dois já se conheciam e se encontraram na festa. O jovem, por usar uma das salas do mestrado para estudos, tinha a chave do local, onde levou a vítima.

Thiago Mayson teve a prisão decretada suspeito de ter matado a estudante de jornalismo na UFPI.  — Foto: Reprodução Rede Social

O assassino Thiago Mayson teve a prisão decretada suspeito de ter matado a estudante de jornalismo na UFPI

 

Ele chegou a relatar à polícia que os dois tiveram sexo consensual, até que a jovem desmaiou em dois momentos. Na segunda vez, ele saiu da sala com a jovem nos braços, segundo ele, para buscar ajuda. Os seguranças informaram, segundo a polícia, que a jovem tinha manchas de sangue nas partes íntimas e já estava sem pulsação.

 

No hospital, a equipe médica relatou que ela já chegou sem vida. O laudo do IML constatou que ela sofreu estupro e morreu em decorrência de ter tido o pescoço quebrado, o que pode ter acontecido por torção ou tentativa de asfixia

 

 
 
29
Ago22

Pedófilo, estuprador, infanticida, o diabo em forma de pastor

Talis Andrade

 

Pedófilos pastores

e o caso Damares

 

Em entrevista exclusiva à BBC News Brasil, "Damares chora mais de uma vez ao narrar, em detalhes, a série de estupros que sofreu entre os 6 e 8 anos de idade. 'O homem que me estuprou interrompeu meu sonho de morar no céu', diz, alertando que crianças alvo de abusos devem pedir ajuda e não podem se sentir culpadas". 

Damares esconde os nomes dos estupradores. Dois pastores, amigos do pai. Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares conta com riqueza de detalhes para o jornalista Ricardo Senra:

"Tem abuso que é prazeroso para a criança, porque o pedófilo sabe como tocar, onde tocar", diz. "Eu encontro adultos, especialmente mulheres, que se sentem culpadas por isso. Eu digo que não se sintam culpadas, eram crianças e não tinham controle sobre seus corpos."

Todo tempo, ela reforça um compromisso pessoal com áreas remotas do país. "Eu vou para a região ribeirinha e lá a gente encontra a lenda do boto. Mas o boto que engravidava a menina era o pai, que botava a culpa no boto. O incesto é de verdade no Brasil e vamos enfrentar isso."

As frases polêmicas que costumam gerar manchetes são abundantes. "Tem criança que conversa com duende. Tem crianças que falam com fadas. Tem crianças que falam com pôneis. Eu não posso falar com Jesus?", diz.

Depois de perguntas diferentes sobre o ministério, Senra insiste:

 

BBC News Brasil - É possível que parte da nossa audiência não conheça a senhora tão bem. A senhora citou sua infância, falou que…

Damares Alves - Uma infância difícil, dura, família pobre. Meu pai era missionário e pastor. Estivemos com os oprimidos, pobres e excluídos no interior do Nordeste. Então, venho dessa família vocacionada a cuidar dos pobres, vivenciando também a pobreza. Faço minha primeira faculdade, pedagogia, acredito na educação como instrumento arrebatador e de inclusão, mas estou em sala de aula dando aula desde os 12 anos e lidando com temas bem delicados como mulheres camponesas.

Eu conheço a realidade, por isso meu ativismo com as marisqueiras, a mulher do campo. Em seguida vou trabalhar com os meninos de rua, sou uma das fundadoras do Movimento Nacional Meninos e Meninas de Rua e logo vou trabalhar com os povos tradicionais. Eu tenho uma história voltada aos excluídos e minorias no Brasil. Depois de pedagogia, eu faço direito em São Paulo, me formo advogada em 1991 e vou para a advocacia no dia a dia. E me especializando em direito constitucional. Em 1998, sou chamada para ser assessora jurídica no congresso. Fiquei de 1998 a 2018 trabalhando dentro do Congresso Nacional. Essa é a minha trajetória.

 

BBC News Brasil - Poderia contar sobre o caso dos dois pastores na sua infância? A história que ficou conhecida como o caso da goiabeira. O que houve e como se sentiu com a repercussão.

Damares Alves - Aos 6 anos, eu fui vítima do abuso do estupro. Meu pai, esse homem generoso, acreditava em todo mundo. Estávamos em uma comunidade e recebíamos missionários para ajudar a fazer o trabalho. A gente recebe este pastor em casa. Ele era um falso pastor, porque não existe pastor pedófilo. Existe pedófilo fingindo que é pastor. Não existe padre pedófilo. Existe pedófilo fingindo que é padre. Assim como professor pedófilo não existe, eles buscam essas áreas para estar próximos de crianças.

Este homem entra na nossa casa, abusa da confiança de meu pai e me estupra aos 6 anos de idade. E continuou em casa depois desse ato, foram dois anos de abusos seguidos. Depois outro pastor também se aproximou e abusou de mim.

Então, aos 6 anos de idade, eu passei pelo calvário, eu passei pelo holocausto. O abuso de crianças não destrói só a criança, ele destrói a mulher ou o homem. Foi tão ruim que aos 10 anos eu quis me matar por causa das dores que trouxe. Tenho feito no Brasil um enfrentamento à violência sexual contra crianças. Eu não sou ministra porque fui estuprada. Eu sou ministra porque tenho uma luta de defesa das crianças. Eu fiz da dor a minha bandeira, a minha luta. No momento em que decidi não me matar e desci do pé de goiaba, eu decidi: eu não vou morrer e nenhuma criança perto de mim será machucada.

Sou sobrevivente, mas não sou a única, somos milhões de mulheres sobreviventes no Brasil. Há uma projeção de que uma a cada três mulheres no Brasil são abusadas sexualmente até os 18 anos. Então nós somos um terço de sobreviventes e falar disso é, para mim, libertador e para muitas mulheres que não tiveram a coragem de admitir que foram vítimas do abuso.

A pedofilia no Brasil é de verdade, ela é apavorante, ela mata, destrói corpo, alma e espírito e a gente vai ter que fazer esse enfrentamento. E eu quero falar de abuso sexual de meninos. Não se fala de abuso sexual de meninos no Brasil. De cada 10 meninas abusadas, 3 denunciam. Mas de cada 100 meninos abusados, só um denuncia. Existe de verdade e eles sofrem tanto quanto a menina.

Mas agora estamos diante de outra tragédia, que é o estupro de bebês no Brasil. Essa modalidade de violência sexual estourou nos últimos 5 anos e está nos deixando muito preocupados. Quando falo bebês, estou falando de crianças de dias, meses. Eu vi a imagem de uma bebê de 22 dias sendo estuprada. Foi a mais nova que eu vi, mas temos no ministério registro de uma menina de 8 dias, e em São Paulo de um menino de 7 dias.

A produção de imagem de estupro de bebês está crescendo muito. Já encontramos imagens de pais que não são abusadores, mas produz imagens de abuso para vender. Tem vídeos de estupro de bebês que podem custar de R$ 60 mil a R$ 100 mil reais. É um mercado que está crescendo muito. Então, um pai, por tentação de dinheiro, acaba abusando de bebês para produzir imagens.

 

BBC News Brasil - Há algum tipo de estatística sobre isso? Como essas informações chegam até a senhora e o que na prática está sendo feito?

Damares Alves - O estupro de bebês chega por notificação das unidades de saúde, quando uma criança é atendida. Essa é a maior fonte. Mas temos as imagens, muitas imagens circulando de bebês que não foram atendidos em hospitais. Comparando as imagens, esse comércio de imagens e as crianças chegando aos hospitais, temos a conclusão de que o estupro de bebês explodiu no Brasil. Há fóruns na deep web de pais divulgando imagens de bebês sendo abusados. E os pais trocam imagens. Eu recebo inúmeras imagens de estupros de bebês no meu celular. Compartilhar imagem de abuso é crime. Arquivar é crime. Produzir é crime. Portanto, se receber uma imagem, delete.

 

BBC News Brasil - A senhora recentemente fez um comentário que gerou controvérsia e críticas. A senhora se referia aos abusos na ilha de Marajó e disse que as meninas não usavam roupas de baixo e…

Damares Alves - Não fui eu que disse isso. É o que acontece com essa ministra polêmica. Pegam uma frase dela fora de contexto. Eu estava dizendo que, na Ilha de Marajó, o estupro de meninas é tão grande e que fica todo mundo justificando: dizem que se estupra meninas no Marajó porque lá há fome. Então, eu disse: vamos levar comida. Disseram que estupram meninas porque elas não usam calcinha. Então vamos levar calcinhas, vamos construir uma fábrica de calcinha. O que eu estava dizendo: o estupro não se explica, o abuso não se relativiza ou minimiza. Eu estava dizendo isso, mas pegaram essa frase. Vir dizer que menina é estuprada porque deu mole? Ah, para com isso.

O cara que abusou de mim aos seis anos olhou nos meus olhos e disse que o seduzi, que eu era culpada, e me fez sentir culpada por anos. A culpa me levou à tentativa de suicídio. Ele dizia que eu era suja, imunda e pecadora. Você sabe o que é dizer isso a uma menina cristã, que sonha um dia morar no céu com Deus e sabe que para morar com Deus ela não pode pecar e tem que ser pura?

Ele não tinha o direito de dizer aquilo para mim. Porque aos 6 anos de idade, quando ele falou aquilo, eu achei que não iria mais para o céu. Ele roubou o céu de mim. Ele interrompeu meu sonho de morar no céu. É isso que eles fazem, o abusador destrói sonhos, interrompe o destino. E hoje, no Brasil, fica-se culpando meninas e meninos. A criança não é culpada.

E tem outro detalhe com relação ao abuso: há adultos, que, quando olham para trás no abuso, sentiram prazer no abuso. Nem sempre o abuso é como no meu caso, com dor, com sangue, com violência. Tem abuso que é prazeroso para a criança, porque o pedófilo sabe como tocar, onde tocar, e às vezes desperta prazer. O nosso corpo foi feito pelo prazer. Eu encontro muitos adultos, especialmente mulheres, que se sentem culpadas porque sentiram prazer. Eu digo que não se sintam culpadas, eram crianças e não tinham controle sobre seus corpos.

Foi ruim a minha exposição. Foi ruim porque foram cruéis comigo, riram da minha história. Só Damares quis se matar aos 10 anos? Não. Estamos assim de crianças no Brasil pensando em suicídio. O suicídio entre crianças é de verdade no Brasil. Na hora de me matar, eu fui para cima do pé de goiaba. Na verdade, eu não queria me matar, eu queria aliviar a dor. Peguei veneno, veneno de rato e quando estava em cima do pé de goiaba chorando eu comecei a conversar com meu amigo imaginário e o meu amigo imaginário tem nome. Se chama Jesus Cristo. As crianças conversam com amigos imaginários. Tem criança que conversa com duende. Eu não posso falar com Jesus? Tem crianças que falam com fadas, que falam com pôneis. Eu não posso falar com Jesus? Foi uma experiência extraordinária: falem como quiser, mas eu sei a experiência que tive lá. [Transcrevi trechos. Leia mais]

 

Não existe pesquisas. Não acredito que na Ilha de Marajó diminuiu os altos índices de incestos, de estupros, de criancinhas vítimas de pedófilos. Num país da tortura de bebês, de crianças nos quartéis e delegacias da ditadura militar, que durou 21 anos, de 1964 e 1985, graves problemas humanos jamais seriam solucionados por um governo da extrema direita, acusado de genocida, pelo apoio às polícias militares nas chacinas de jovens negros favelados, por facilitar o massacre dos povos indígenas, por invasores madeireiros, garimpeiros, pecuaristas, pescadores, caçadores. O mesmo governo, que na pandemia, apostou na imunidade de rebanho, atrasou a compra de vacinas, além de outros crimes homicidas.

O governo, que vetou a distribuição de absorventes, projeto aprovado no Congresso, jamais construiria uma fábrica de calcinhas para doação.  

 

Os deputados também aprovaram o projeto que aumenta o prazo de prescrição dos crimes sexuais praticados contra crianças e adolescentes. Com isso, as vítimas de abuso ganham mais tempo para denunciar os agressores. Pelo texto, a prescrição do crime começará a contar apenas a partir da data em que a vítima completar 18 anos.

Desconheço a motivação de Damares esconder as identidades dos seus algozes, quando um estuprador pode ser um homicida, um serial killer. 

 

Conheça um hediondo crime que paralisou o Espírito Santo. O Pastor Georgeval Alvez, no dia 21 de abril de 2018, no município de Linhares, colocou fim na vida de seu filho Joaquim, de 3 anos, e de seu enteado, Kauã, de apenas 6.

ENTREVISTA COM O DELEGADO DO CASO. #Criminal #Igreja #Família Caso Pastor Georgeval - A madrugada do dia 21 de abril de 2018 em Linhares, no estado do Espírito Santo, ficou iluminada. Parte da confortável casa do Pastor Georgeval Alves e de sua esposa Juliana Salles ardia em chamas, em especial o quarto dos irmãos Kauã, de 6 anos, e Joaquim, de apenas 3 anos de vida.

Vizinhos começaram a chegar em frente à residência e viram Georgeval andando apenas de cuecas pela garagem. Somente quando chegam testemunhas ao local, o Pastor começa a pedir por socorro e a gritar que seu filho Joaquim e seu enteado Kauã estavam presos no fogo.

Algumas pessoas tentaram ajudar as crianças, mas o calor e as labaredas impediam a entrada no quarto. Os bombeiros chegaram em dois minutos e conseguiram controlar o incêndio, que não deixou nada a ser resgatado, nem mesmo os dois meninos. Qualquer família teria se fechado em luto e tristeza.

Afinal, como conviver com tanta dor? Mas não foi essa a reação do Pastor Georgeval. Logo em seguida ao que ainda era um incêndio acidental, Georgeval abriu sua igreja e conclamou seus fiéis a se unirem para angariarem mais pessoas para participarem dos seus cultos.

Seria essa uma forma de transformar a dor em trabalho, ou o Pastor fez de sua tragédia pessoal uma oportunidade atrair novos integrantes para sua congregação e, com isso, novos dízimos?

Para a polícia, Georgeval mentia e muito. E não seria difícil conhecer a real personalidade do Pastor. Estava chegando a hora de descobrir que Kauã e Joaquim sofreram diversas formas de violência e foram colocados inconscientes no quarto para morrerem durante um incêndio criminoso para ocultar todos os males causados por Georgeval.

O agora ex-pastor foi preso trinta dias após seu crime e, desde 2018, ainda aguarda seu julgamento. Com certeza, nem o Diabo ambiciona um Pastor tão cruel. E tão desumano.

 

12
Ago22

Pacto com o diabo. Bolsonaro e Michelle almoçaram com assassino de Daniella Perez

Talis Andrade

www.brasil247.com - Michelle Bolsonaro e Juliana Lacerda

Michelle Bolsonaro ao lado de Juliana, esposa de Guilherme de Pádua (Foto: Reprodução/Coluna Em Off iG)

 

PACTO POLÍTICO 

 

Yahoo - O presidente Jair Bolsonaro (PL) e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, estiveram em Belo Horizonte no último final de semana. Segundo informações do portal iG, na capital mineira, Bolsonaro e Michelle almoçaram com Guilherme de Pádua, assassino de Daniella Perez.

Ainda segundo a colunista Fabia Oliveira, o presidente e a primeira-dama almoçaram com Pádua e com a esposa, Juliana Lacerda, no domingo (7).

Pela manhã, Bolsonaro e Michelle teriam participado do culto na Igreja Batista da Lagoinha, onde Márcio Valadão é pastor. A primeira-dama discursou no local. A igreja acolheu Guilherme de Pádua em 1999, quando ele deixou a prisão. Lá, ele conheceu a atual esposa.

Depois, os quatro estiveram em um almoço, com outros convidados. Michelle Bolsonaro e Juliana Lacerda de Pádua tiraram uma foto juntas.

O encontro acontece no momento em que a história do assassinado de Daniella Perez voltou a repercutir, com o lançamento do documento “Pacto Brutal”, que relata o ocorrido no crime.

Em 2018, Guilherme de Pádua já havia se posicionado publicamente como apoiador do presidente Jair Bolsonaro.

 

PACTO COM O DIABO

 

247 - A jornalista Fábia Oliveira em sua coluna no portal OFF, relata que “Jair Bolsonaro e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, não apenas visitaram a igreja onde Guilherme de Pádua é pastor, em Belo Horizonte, no último domingo (7), como também participaram de um almoço na companhia do assassino de Daniella Perez e da mulher dele, Juliana Lacerda”.

“O culto na Igreja Batista da Lagoinha, que contou com a participação do casal Bolsonaro, começou às 10h e, após o término, teve início um reunião e um almoço particular apenas para seletos convidados. Entre esses convidados estavam Guilherme e Juliana. A maquiadora, inclusive, chegou a tirar uma selfie com a primeira-dama”, relata.“Pessoas próximas a Guilherme e Juliana especulam que eles tenham pretensões políticas de futuramente receber cargos públicos e, por conta disso, ambos têm evitado deixar vazar na mídia a aproximação com o presidente e a primeira-dama, para que suas imagens não sejam associadas ao atual candidato à reeleição”, acrescenta.De acordo ainda com a colunista, “tal associação causaria danos à família Bolsonaro na corrida eleitoral, principalmente neste momento em que o documentário ‘Pacto Brutal’, que aborda o assassinato de Daniella Perez, está repercutindo e gerando muita revolta no público contra Guilherme de Pádua, que inclusive fez uma de suas poucas aparições públicas em um movimento político pró-Bolsonaro”.

“A Igreja Batista da Lagoinha é liderada pelo pastor Márcio Valadão e possui regionais espalhadas por todo Brasil, inclusive nos Estados Unidos. A visita do casal Bolsonaro aconteceu na comemoração pelos 50 anos do ministério de Valadão. Michelle Bolsonaro discursou por cinco minutos durante o culto, que foi transmitido ao vivo. Quem também esteve presente no culto foi o André Valadão, filho de Márcio Valadão, que já chegou a comentar publicamente sobre o acolhimento de Guilherme de Pádua pela Igreja Batista da Lagoinha”, informa Fábia.

Recentemente, Michelle virou notícia ao atacar Lula usando o preconceito contra religiões de matrizes africanas. Ela compartilhou um vídeo de Lula sendo abençoado por uma mãe de santo e classificou tal encontro como um “pacto com o diabo”.

 

 

PACTO BRUTAL

 

Pôster do documentário de Daniella Perez e print de Glória Perez

 

Em 21 de julho de 2022, foi lançado o documentário Pacto Brutal – O Assassinato De Daniella Perez pela HBO Max. A série foi dividida em cinco capítulos que trazem relatos impactantes do trágico assassinato da jovem atriz.

Em poucas semanas, o documentário se tornou um dos títulos mais assistidos do serviço de streaming no Brasil. 

por Daniel Neblina

 

Relembre o caso

A atriz Daniella Perez foi morta aos 22 anos, em 1992. Ela era casada com o ator Raul Gazolla e estava no ar na novela De Corpo e Alma, no horário nobre da TV Globo.

Guilherme de Pádua, que interpretava o par romântico de Daniella na trama, foi condenado pelo assassinato ao lado de sua mulher, Paula Thomaz. As investigações apontaram que a jovem atriz foi morta com 18 punhaladas e golpes de tesoura.

Guilherme de Pádua chegou a consolar a mãe e o marido de Daniella horas após o assassinato. Em seguida, ele foi preso e confessou o crime.

Guilherm e Paula foram presos e julgados por homicídio duplamente qualificado. Ambos saíram da prisão antes de cumprirem sete anos de pena, em 1999. O relacionamento chegou ao fim logo após a prisão.

Assassinos vetados

Guilherme e Paula não foram ouvidos pelo documentário. Em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, Glória Perez explicou que isso se deu por um pedido dela à direção do projeto. “Para quê dar palco para psicopata?”, questiona a dramaturga.

Bastidores

Em conversa com o UOL, Tatiana Issa contou que foram necessárias diversas pausas durante os depoimentos. “A gente chorava muito na entrevista com ela”, revelou a diretora sobre os relatos de Glória Perez.

 

Foram três dias de entrevistas com Glória Perez e mais de 18 horas de depoimento. “Ela foi muito franca, e fala pela primeira vez de maneira calma, com maturidade e com o distanciamento que é permitido hoje”, acrescentou.

 

Daniella Perez, 22 anos, estava no auge da carreira artística

 

Gloria Perez e a filha Daniella Perez- Metrópoles

Foto Gloria perez e Daniella Perez

Daniella Ferrante Perez Gazolla, filha da autora de novelas Glória Perez, sempre foi apaixonada por arte. Tornou-se bailarina ainda na adolescência e, devido ao talento, foi convidada para dançar profissionalmente em uma das melhores companhias do Rio de Janeiro.

 

Daniella Perez e Raul Gazolla - Metrópoles

Foto Daniella Perez e Raul Gazolla

A habilidade na dança, inclusive, rendeu à moça a primeira participação especial na TV, dançando na abertura da novela Kananga do Japão, da TV Manchete. Nos bastidores, conheceu o ator Raul Gazolla, com quem casou em 1990

 

Daniella Perez, atriz brasileira assassinada por Guilherme de Padua - Metrópoles

Foto Daniella Perez 

A experiência foi inspiração para que ela tentasse carreira como atriz. Após realizar testes, ganhou a oportunidade de interpretar a personagem Clô, na telenovela Barriga de Aluguel

 

Daniella Perez, atriz brasileira assassinada por Guilherme de Padua - Metrópoles

Foto Daniella Perez

A interpretação da jovem chamou atenção do diretor Dennis Carvalho, que, mais tarde, a convidou para dar vida à personagem Yara, na novela Dono do Mundo. Apesar de estar no início da carreira, Daniella se tornou nacionalmente conhecida

 

Daniella Perez e Guilherme de Padua - Metrópoles

Foto Daniella Perez e Guilherme de Pádua

Em 1992, interpretou a personagem Yasmim, em De Corpo e Alma, última novela em que contracenou. Na obra, fazia par romântico com o ex-ator Guilherme de Pádua, que estreava em seu primeiro grande trabalho na TV e que seria o responsável pela morte da atriz no mesmo ano

 

Daniella Perez, atriz brasileira assassinada por Guilherme de Padua - Metrópoles

Foto Daniella Perez

Em 28 de dezembro de 1992, o corpo de Daniella foi encontrado ao lado do carro dela em um matagal localizado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, com 18 perfurações. Após colher depoimentos de testemunhas, a polícia chegou até Guilherme e a esposa dele, Paula Thomaz

 

Guilherme de Padua, pastor e assassino de Daniella Perez - Metrópoles

Foto Guilherme de Pádua

À época, uma pessoa teria visto o carro do ex-ator, com a placa adulterada, na cena do crime. Segundo a Justiça, os criminosos teriam armado emboscada para assassinar Danielle. Ambos foram condenados a 20 anos de prisão por homicídio qualificado

 

Daniella Perez e Guilherme de Padua - Metrópoles

Foto Daniella Perez e Guilherme de Pádua 

Ainda de acordo com a Justiça, Guilherme ficou inseguro após perceber que o personagem dele na novela não estaria presente em dois capítulos. Como assediava Daniella, colocou na cabeça que a atriz teria contado sobre as investidas dele para a mãe

 

Daniella Perez, atriz brasileira assassinada por Guilherme de Padua - Metrópoles

Foto Daniella Perez 

O ator arquitetou então o assassinato da jovem com a ajuda da esposa, que sentia muito ciúme de Daniella por conta das cenas entre eles na novela

 

Guilherme de Padua, pastor e assassino de Daniella Perez - Metrópoles

Foto Guilherme de Pádua 

Hoje, Guilherme é pastor da Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte. Em uma de suas últimas aparições públicas, o ex-ator foi flagrada em um protesto pró-Bolsonaro 

 

11
Ago22

Michelle Bolsonaro é massacrada por fãs de Gloria Perez: 'Deixa de fingimento'. Entenda a polêmica!

Talis Andrade

 

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por Matheus Queiroz /Purepeople

Gloria Perez publicou, nesta quinta-feira (11), uma homenagem emocionante para a filha, Daniella, que completaria 52 anos, e celebrou, também, o impacto da série "Pacto Brutal" para preservar a memória da atriz. No entanto, a caixa de comentários da postagem se transformou em uma guerra política por conta de Michelle Bolsonaro, a primeira-dama do país.

 

+ 'Pacto Brutal': por que as fotos chocantes de Daniella Perez morta são exibidas?

 

Michelle comentou a publicação com emojis de choro e coração, mas muitos internautas acusaram a primeira-dama de ser hipócrita. O motivo? Ela e Jair Bolsonaro, que participará da sabatina do "Jornal Nacional", marcaram presença recentemente na Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte, a mesma em que Guilherme de Pádua, assassino de Daniella, se consagrou pastor há cerca de 5 anos. De acordo com o portal Na Telinha, o ex-ator também compareceu ao culto que contou com a presença do presidente e da esposa.

 

ATITUDE DE MICHELLE BOLSONARO ACENDE DISCUSSÕES EM PUBLICAÇÃO DE GLORIA PEREZ

 

Nos comentários da publicação de Gloria, o público se dividiu quanto à atitude de Michelle Bolsonaro. "O assassino é apoiador do teu marido, mulher, deixa de fingimento", disse uma seguidora. "Esse emoji de choro é por quem? Por Guilherme, o 'pastorpata', ter sido autor dessa desgraça ou por você ter ido à igreja dele e agora tá arrependida?", provocou outra pessoa. "A senhora e o senhor seu marido não foram na igreja do pastor psicopata?", questionou mais uma internautas.

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20
Nov20

Assassinato do Carrefour implica dano moral coletivo em favor de toda sociedade

Talis Andrade

DEVER DE INDENIZAR

Por Rafa Santos /ConJur

 

A vítima da "política de segurança" do Carrefour não é apenas João Alberto Silveira Freitas, 40, e sua família, mas toda a sociedade brasileira. Como ocorre nos crimes ambientais, a irresponsabilidade empresarial prejudica o país inteiro. Esse é o raciocínio do constitucionalista Lenio Streck e da advogada Camila Torres.

Lenio acrescenta: "Há casos de lesões e atos criminosos que transcendem aos valores individuais e às vítimas diretas. Porque ferem a consciência moral de uma coletividade e, no caso, todo um país. Nesse caso é razoável que se aplique a noção de dano moral coletivo. Mesmo que não haja precedente similar, o caso concreto demanda profunda reflexão e, por que não, uma nova forma de enxergar esse tipo de lesão, pelo seu caráter transcendente".

O fato de não haver precedentes nessa matéria, infere Lenio, antes de impedir, justifica — ante a gravidade do fato — a inauguração de uma nova cadeia decisória. "Se o crime traumatizou o país todo, não há que se falar em dano individual", conclui o professor de Direito Constitucional.

O crime hediondo deixou para trás o noticiário eleitoral e a epidemia da Covid-19. O Brasil parece ter-se olhado no espelho e não gostou do que viu.

Juridicamente, a discussão é sobre a responsabilização. O advogado Luís Henrique Machado explica que existem dois tipos de responsabilidade que devem ser atribuídas nessa tragédia: a penal e a cível. "Quanto à primeira, tanto o policial como o próprio segurança da loja responderão individualmente, na medida da sua culpabilidade. Em relação à segunda, o próprio estabelecimento poderá responder civilmente, a título de danos morais, tendo em vista que o segurança do estabelecimento teria gerado o fato causador da morte."

A Polícia Civil gaúcha autuou em flagrante por homicídio triplamente qualificado os dois seguranças que agrediram João até a morte.

Em nota, a Brigada Militar se manifestou e informou que prendeu todos os envolvidos. Também afirmou que o policial temporário Giovane Gaspar da Silva, um dos agressores de João, não estava em serviço. No texto, a instituição também "reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos e garantias fundamentais, e seu total repúdio a quaisquer atos de violência, discriminação e racismo".

O outro homem envolvido nas agressões é o vigilante Magno Braz Borges. Em nota, a Polícia Federal anunciou que suspenderá a carteira nacional de vigilante de Magno.

Responsabilidade civil
Apesar de não haver jurisprudência consolidada no STJ, a Justiça em muitos casos tem decidido que supermercados são responsáveis por ato ilegal cometido por terceiros. Em 2018, por exemplo, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul confirmou condenação de um estabelecimento onde um comprador foi agredido por outro no estacionamento.

Em artigo publicado na ConJur, os advogados Gustavo Diaz Rosa e Cláudia Fernandes Santos explicam que empresas devem sofrer as consequências jurídicas de ato ilícito praticado em suas dependências.

"Evidente está que a empresa deve prever que suas atividades cotidianas podem ocasionar atos ilícitos, descartando-se assim alegações de força maior ou caso fortuito", diz trecho do artigo.

Os especialistas também comentam que no caso do terceiro envolvido no crime ser funcionário da empresa "haverá um verdadeiro litisconsórcio passivo entre o agente causador do dano direto e a empresa responsável pela vigilância e segurança dos clientes que se encontram em suas dependências".

Os agressores de João trabalham para Vector Segurança Patrimonial, que presta serviço ao Carrefour. O fato de o autor do ato ilícito ser um funcionário terceirizado não exime a rede de supermercados de culpa.

Esse foi o entendimento da 3ª Turma do STJ, que decidiu que empresa que terceiriza serviço também responde por dano causado por funcionário da prestadora de serviço.  

Repercussão
O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) apresentou uma denúncia contra o Carrefour no Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH). O parlamentar também apresentou voto de repúdio e lamentou o episódio em nota.

"Não é por acaso que, no Dia da Consciência Negra, o Brasil se choque com o assassinato brutal de uma pessoa negra, realidade cruel que reflete uma sociedade racista e um Estado que, omisso, estimula a barbárie. Nossa solidariedade à família da vítima. E condenação efetiva para os criminosos", afirmou.

A Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial — grupo composto por representantes da sociedade civil, do ambiente empresarial e do poder público — também divulgou nota sobre o episódio e informou que o Carrefour está excluído por tempo indeterminado das atividades da entidade.

"Repudiamos com todas as nossas forças o assassinato do cidadão negro João Alberto Silveira Freitas. É criminoso um ambiente empresarial em que um cidadão entre para fazer uma compra e saia morto. E é conivente todos aqueles que se omitiram e não tomaram as medidas para que essa morte fosse evitada. Inclusive os que se calam", afirmou Raphael Vicente, coordenador da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial.

Em nota técnica, o Grupo de Trabalho Políticas Etnorraciais da Defensoria Pública da União também se manifestou sobre o caso. Os defensores cobram"a apuração dos fatos pelas autoridades competentes e a imediata responsabilização dos agressores".

A loja do Carrefour onde o crime aconteceu foi fechada temporariamente. O comércio fica no bairro Passo D'Areia, na região norte de Porto Alegre. O Movimento Negro Unificado e outras 33 entidades farão um ato em frente à unidade.

Também foram convocados protestos em outras unidades da rede em São Paulo, Osasco, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. 

 

27
Mar20

Bolsonaro comete crime de epidemia

Talis Andrade

 

 
 

 

 
A OMS manteve-se muito cautelosa antes de admitir que a epidemia de coronavírus se tornasse uma pandemia, termo empregado em caso de propagação internacional de uma doença, ao menos dois continentes.

O termo pandemia não deve ser usado em qualquer situação, já que quando empregado pode gerar uma ideia equivocada de que o combate está perdido, gerando sofrimento e mortes inúteis. Assim, descrever uma situação como pandemia não muda a avaliação da ameaça imposta pelo COVID-19. Muito pelo contrário, é sinal máximo de alerta especialmente para os mandatários tomarem as medidas essenciais, especialmente quando o vírus já tomou proporções globais, com presença em quase todos os países, como no caso do coronavírus.

A OMS sustenta que, passando de epidemia para pandemia, as mensagens-chave da luta contra o COVID-19 permanecem as mesmas, ou seja, os países devem se preparar e estar prontos, o que significa detectar, proteger e tratar, reduzir a transmissão, inovar e aprender. Tais ações são dependentes de decisões governamentais emergenciais.

As decisões e estratégias erráticas do Governo Bolsonaro caminham em sentido contrário ao que determina a OMS que denominou a pandemia no Brasil de apocalíptica, mas há uma conduta que encontra tipificação na legislação penal brasileira ainda mais grave.

O crime de Epidemia, inserido no âmbito dos Crimes contra a Saúde Pública, no artigo 267 do Código Penal pátrio, estabelece: “Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos: Pena – reclusão, de dez a quinze anos. § 1o Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro. § 2o No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos.”

O crime se consuma com a propagação da doença, mesmo que dela não advenha casos de morte. O crime de epidemia, quando praticado de forma intencional tem pena que varia entre 10 e 15 anos. Em caso de morte, todavia, a pena é dobrada e considera-se o crime como hediondo, previsto no art. 1º, VII, da Lei nº 8.072/90, intitulada “Lei dos Crimes Hediondos”, cujo inciso foi incluído pela Lei nº 8.930/94.

Observe-se que o “crime de epidemia” é praticado por qualquer pessoa que contribua para espalhar um germe patogênico. Trata-se de um crime contra a saúde pública, que atenta contra a saúde da coletividade em geral.

E quando o crime é praticado pelo chefe do Poder Executivo de um país, em meio a um contexto de “pandemia” assim enquadrado pela máxima instituição internacional dedicada às questões de saúde, a OMS?

Ao que tudo fortemente indica, Bolsonaro está contaminado. Sua comitiva aos EUA foi praticamente toda atingida e o hospital não divulgou justamente dois nomes. Seu motorista também não escapou. Mesmo sem os sintomas, esteve em manifestações, entrevistas e reuniões sem qualquer preocupação. Pela transparência, deveria divulgar o seu resultado. Ao se omitir, está claramente assumindo o risco de contaminação de todos os que entram com ele em contato.

O direito internacional dos direitos humanos age como proteção dos indivíduos contra o poder soberano. Os responsáveis pela elaboração das políticas relativas à saúde pública devem se deixar guiar por normas universalmente reconhecidas em matéria de direitos humanos, essas normas devendo ser partes integrantes das ações nacionais de luta contra o COVID-19 em todos os aspectos e deve, sobretudo, respeitar os protocolos de isolamento, seja para salvar as vidas do seu entorno, mas sobretudo como referência e respeito ao direito à vida.

Quais as consequências para um chefe do executivo que comete crime de pandemia? É possível que siga impunemente no poder?

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Carol Proner, Larissa Ramina e Gisele Ricobom, Professoras de Direito Internacional

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