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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

21
Out21

Editorial de O Estado de S. Paulo apresenta As faces de uma tragédia

Talis Andrade

bolsonaro genocida aroeira.jpg

 

Após seis meses de trabalho, a CPI da Covid concluiu bem sua missão de sistematizar as evidências de que o presidente Jair Bolsonaro, com seu comportamento irresponsável, ofensivo e desdenhoso, transformou o que naturalmente seria uma grave crise sanitária na pior tragédia do Brasil republicano.

Sem desmerecer o trabalho dos senadores, à CPI não restava muito mais a fazer do que reunir as provas que foram produzidas aos borbotões diante dos olhos estupefatos do País, além de aprofundar investigações pontuais e tipificar as condutas dos agentes. As ações e omissões de Bolsonaro e de todos os que a ele se associaram nessa desdita já eram de conhecimento público, em grande medida graças ao trabalho da imprensa livre e independente.

Ontem, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, leu o resumo do relatório final. Ao longo das mais de 1.100 páginas do relatório, cuja primeira versão o Estado havia revelado no domingo passado, o relator detalhou as minúcias do que pode ser claramente classificado como um complô para garantir subsistência político-eleitoral ao presidente da República durante a pandemia de covid-19 à custa do bem-estar, da saúde e da vida de centenas de milhares de brasileiros. No momento em que Calheiros lia seu relatório, o País contava oficialmente quase 604 mil mortes causadas pelo coronavírus. Seguramente, muitas teriam sido evitadas caso as vacinas tivessem chegado mais rápido aos brasileiros.

Segundo o relator, Bolsonaro, assessorado por um “gabinete paralelo” formado por médicos, políticos e empresários sem cargos no governo federal, decidiu expor o maior número possível de pessoas ao coronavírus a fim de produzir a chamada imunidade coletiva, negligenciando até onde foi possível a compra das vacinas. O objetivo do presidente era forçar a retomada prematura das atividades econômicas e, assim, evitar reveses políticos em sua campanha pela reeleição.

Na visão da CPI, desse cruel desígnio original derivaram todas as demais práticas criminosas que a comissão apurou. Ao todo, o relator propõe o indiciamento de 66 pessoas, incluindo Bolsonaro, seus três filhos com mandato eletivo e seis ministros e ex-ministros de Estado, além de políticos, empresários e servidores públicos que, conforme o relatório, tentaram obter ganhos pessoais à custa do sofrimento dos brasileiros. As acusações incluem crimes como epidemia, corrupção, organização criminosa, charlatanismo, incitação ao crime, prevaricação, usurpação de função pública e crimes contra a humanidade, entre outros.

As faces das 66 pessoas que o relator propõe que sejam indiciadas pela CPI da Covid são bastante conhecidas e a temeridade de suas condutas restou cabalmente demonstrada pela comissão de inquérito. Mas a CPI da Covid foi além e acertou ao dar voz a quem perdeu pais, mães, filhos, avós e amigos em decorrência da covid-19. Essa é a verdadeira face da tragédia que Bolsonaro insiste em minimizar.

A dor dos cidadãos ouvidos pela CPI da Covid dá concretude aos crimes cometidos por Bolsonaro na condução do País durante a pandemia. Os rostos do taxista Márcio Antônio do Nascimento Silva, da enfermeira Mayra Pires Lima, da estudante Giovanna Gomes Mendes da Silva, entre outros que lá estiveram, são a expressão de um país enlutado e indignado com o desrespeito e o descaso com que foi tratado por quem deveria ser o primeiro a zelar por seu bem-estar neste momento dramático.

Bolsonaro aposta na impunidade. Fia-se no compadrio e na leniência das instituições, sobretudo da Procuradoria-Geral da República, para sair incólume da tragédia, a despeito do mal que causou ao País. Mas não pode ser assim. “Se ele tivesse ideia do mal que faz para a Nação, ele não faria isso”, disse à CPI a testemunha Kátia Castilho, que perdeu o pai e a mãe para a covid-19. “Não são só números, são pessoas, são vidas, são sonhos, são histórias que foram encerradas por negligências, por tantas negligências, e nós queremos justiça.” É o que o Brasil decente exige.

 

18
Out21

A CPI vai amarelar diante de Braga Netto?

Talis Andrade

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por Moisés Mendes
 
Uma figura da República, recolhida à discrição desde o 7 de setembro, pode reaparecer nos próximos dias. Mas só se estiver na lista da CPI do Genocídio, entre os acusados de envolvimento nos crimes da pandemia.

É o general Braga Netto, ministro da Defesa, considerado o mais poderoso e fiel militar ao lado de Bolsonaro. Braga Netto aparece e desaparece nas listas especulativas entre os nomes que a CPI entende que devam ser indiciados.

O nome do general é dado mais como incerto do que certo, porque integrantes da CPI teriam dúvidas sobre as motivações para o pedido de indiciamento.

Devem ter dúvidas e devem ter medos, sentimentos que o senador Alessandro Vieira, do Cidadania de Sergipe, parece não ter.

Em relatório paralelo, que poderá ter apenas valor político, Vieira vai apontar Braga Netto como incurso em crimes de responsabilidade, de epidemia e contra a humanidade.

Muitos querem esquecer que Braga Netto foi, no começo da pandemia, o poderoso chefe do Comitê de Crise para Supervisão e Monitoramento dos Impactos da Covid-19.

Sentava-se ao lado do então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, nas entrevistas coletivas, e não dizia coisa com coisa. Mandetta usava o colete do SUS, e o general aparecia de terno e gravata.

Ninguém sabia ao certo o que ele fazia e do que entendia. Mais tarde, o próprio Mandetta deu informações decisivas para a compreensão da tarefa do general.

Braga Netto, pelos relatos de Mandetta, pode ter sido o primeiro grande lobista da cloroquina no governo. Era a voz escalada por Bolsonaro para desencadear o milagre do tratamento precoce.

Foi ele quem chamou Mandetta para a famosa reunião de 6 de abril do ano passado, em que um grupo tentou empurrar a minuta de decreto do governo que mudaria a bula da cloroquina, para que o remédio fosse indicado para a Covid.

Braga Netto era o coordenador dessa reunião, quando começava a se formar o gabinete paralelo dentro do Ministério da Saúde. Estava lá a médica negacionista Nise Yamaguchi.

Em uma das primeiras entrevistas sobre esse encontro pró-cloroquina, ao site Poder 360, Mandetta disse:

“Não conhecia essa médica. Talvez se ela tivesse ido ao meu gabinete para se apresentar. Perguntei o nome dela e qual a formação. Tinha um outro médico do lado que eu nunca o vi antes e nem depois, esse aí nem guardei o nome […] E tinha mais pessoas lá [na reunião]… tinha o ministro Braga Netto, pessoas fardadas também”.

Tinha o ministro Braga Netto? Era mais do que isso. Braga Netto, como comandante do gabinete da pandemia, era o chefe da reunião. Naquele momento, não poderia ser subordinado a ninguém, nem a Mandetta.

A reunião era dele, de Braga Netto. O que Mandetta sugere é que Nise, alguns subalternos, inclusive fardados, e outros infiltrados foram usados como laranjas para empurrar o decreto, que o então ministro rejeitou.

Ficaram suspeitas, depois dessa reunião, de que Braga Netto seria pelo menos o inspirador do gabinete paralelo, para que Mandetta fosse esvaziado, como acabou acontecendo.

A ascensão de Eduardo Pazuello militariza a Saúde, com sua turma de coronéis, e abre a porta também para as facções negociantes de vacinas que não existiam. 

Em julho, Braga Netto foi protagonista de um embate com o senador Omar Aziz. Aziz disse, referindo-se aos intermediários de vacinas, que “membros do lado podre das Forças Armadas estão envolvidos com falcatrua dentro do governo”.

O general largou uma nota: “Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável”.

E fez uma advertência: “As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”.

As Forças Armadas teriam mesmo a prerrogativa de defender a democracia de pretensos ataques de senadores? Que poder seria esse das Forças Armadas?

Pois Braga Netto é de novo candidato a personagem da pandemia. Talvez seja citado na lista dos que devem ser indiciados. Talvez não. 

A CPI pode amarelar e tirar o nome do general que peitou Aziz e o Senado? Saberemos no dia 19, quando sairá o relatório de Renan Calheiros.

É possível que fique de fora do relatório o primeiro comandante da estrutura montada por Bolsonaro para escantear Mandetta e abrir caminho para o gabinete da cloroquina, do negacionismo e da sabotagem à vacinação?

É uma dúvida que pode ser resumida numa interrogação de meia linha: a CPI tem medo de Braga Netto?

Quem tem medo das Forças Armadas?

 
 

A extrema-direita e as redes sociais

 
 
16
Jun21

Brasil registra 2.760 mortes por Covid em 24 horas

Talis Andrade

Pandemia fez Brasil desistir de sediar Copa América em 1918

Cristiane FerrMorre de Covid a cantora gospel Cristiane Ferr, que defendia cloroquina

 

O Brasil registrou 2.760 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas, totalizando nesta terça-feira (15) 491.164 óbitos desde o início da pandemia

Evolução da média móvel de óbitos por Covid no Brasil na última semana — Foto: Editoria de Arte/G1

A cantora gospel Cristiane Ferr, de 51 anos, morreu em decorrência da Covid-19, em Juiz de Fora (MG), nesta sexta-feira, 11, após estar internada desde o início deste mês. Sua mãe também está infectada pelo novo coronavírus e permanece no hospital em tratamento.

A cantora defendia nas redes sociais que Prefeituras distribuíssem medicamentos sem eficácia para o “tratamento precoce” contra a Covid-19. “Seremos a maioria”, postou nas redes sociais em dezembro do ano passado, admitindo que tomava os medicamentos ivermectina, azitromicina e hidroxicloroquina como forma de prevenção contra o vírus.Image

 

Bolsonaro e Ramos tiram máscara durante

evento no Planalto

e ministro a usa como guardanapo

 

Jair Bolsonaro e o ministro-chefe da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos, tiraram a máscara durante cerimônia no final desta terça-feira, 15. 

Imagens divulgadas pelo portal Metrópoles mostram ainda que o general chegou a usar sua máscara como guardanapo (foto acima). “Máscara multiuso?”, ironizou. 

São estes comportamentos nada educativos da elite militar, aquartelada nos mais altos cargos do Executivo, que provocam cenas de vandalismo, de fanatismo, de autocontaminação por covid 19 e/ou descaso pela própria vida, inclusive contágio de funcionários subalternos, o que constitui um abuso criminoso. Não esquecer que a primeira vítima da pandemia no Brasil foi uma humilde empregada doméstica, cujos patrões voltaram contaminados do exterior. 
 
Uma funcionária de uma padaria de Palmares Paulista (SP) teve o braço quebrado por um cliente após pedir para ele usar a máscara de proteção contra a Covid-19 no estabelecimento. A reportagem é do portal G1. 
 

De acordo com o relato da vítima Adriana Araújo da Silva, o cliente, de 45 anos, chegou à padaria na última sexta-feira (11) com a máscara na altura do queixo e ficou nervoso depois de ser advertido para usar o equipamento de forma correta.

Em seguida, ele invadiu a área onde ficam os funcionários. Adriana, então, saiu correndo, mas foi seguida e agredida com uma rasteira e um chute em um dos braços. A vítima foi socorrida e encaminhada para um hospital de Catanduva, onde precisou ser submetida a uma cirurgia,

Segundo a reportagem, o agressor foi levado para o pronto-socorro e, posteriormente, à delegacia. Equipes médicas precisaram usar medicação para acalmá-lo. O homem, que teve sua identidade protegida, foi liberado na presença do advogado, mas não prestou depoimento ao delegado de plantão. O governador João Doria precisa explicar este favorecimento de sua polícia bolsonarista.

Hoje, ao se defender das acusação das quais tem sido alvo na Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender a cloroquina e o tratamento precoce como solução para a Covid-19 e desacreditou a Coronavac, vacina que já teve 49 milhões de doses enviadas ao Programa Nacional de Imunização desde o início do ano.

“Eu tenho acompanhado a atuação dos senadores dos Estados Unidos. Lá eles estão indo pra cima, dizendo que esse vírus não vem do pingulim [pangolim] e nem do morcego, foi um vírus de laboratório. Estão responsabilizando outro país”, disparou o presidente, em mais uma referência à China.
 

Logo depois, ele defendeu medicamentos que, ao contrário da vacina, não têm comprovação de eficácia contra a Covid-19. “[Cloroquina] É medicamento baratíssimo. Então, a indústria farmacêutica não se preocupa com isso, se preocupa com as vacinas, que são caras. E nós não sabemos ainda por quanto tempo a pessoa, uma vez tomando uma vacina, vai ficar imunizada”, disse.

“Tem uma delas, que é a segunda mais usada aqui, a Coronavac, que o prazo de validade dela parece que é em torno de seis meses. E assim mesmo tem muita gente que tem tomado e não tem anticorpo nenhum. Então, essa vacina não tem uma comprovação científica ainda”, discursou o presidente, que tem investido em se contrapor ao adversário político João Doria (PSDB), governador de São Paulo e protagonista na negociação que trouxe a chinesa Coronavac ao Brasil.

Quando a país era governado por um presidente responsável, que amava o povo, e prezava a vida do próximo: Pandemia fez Brasil desistir de sediar a Copa América em 1918. Leia aquiColuna | Gripe Espanhola: a pandemia esquecida que | Brasil de FatoHistória: recomendações para conter Coronavírus são as mesmas da Gripe  Espanhola - Diário do Rio de Janeiro
Gripe espanhola no Brasil: A outra peste | VEJA
13
Jun21

Passeio inútil de Bolsonaro custou R$ 1,2 milhão ao governo de Doria

Talis Andrade

Bolsonaro leva milhares de motociclistas para as ruas em São Paulo e é  multado por não usar máscara - Meon

 

A "motociata" de Jair Bolsonaro e apoiadores neste sábado (12), que marca mais um ato de campanha antecipada para 2022,  custou aos cofres públicos de São Paulo R$ 1,2 milhão, governado por João Doria, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do estado divulgados pela Folha de S. Paulo.

A bolada que Bolsonaro gastou com cartão corporativo da Casa Civil e outros ministérios só o capeta sabe. Inclusive outros ministros faziam parte da farra com dinheiro público. Lá estava o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, contemplando a poluíção da passagem da boiada, o fumacê, a zoadeira. 

O "passeio" inútil de Bolsonaro mobilizou 1.433 policiais, com a participação de batalhões territoriais e especializados, como Baep, Choque e Canil, além de equipes do Corpo de Bombeiros e do Regaste. Para complementar a segurança da manifestação ainda foram utilizadas cinco aeronaves, dez drones e aproximadamente 600 viaturas.

Para fazer sua campanha pessoal, Bolsonaro utilizou avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e cometeu crimes ao usar modelo de capacete proibido pelas normas de trânsito, e pilotar sua moto com a placa coberta. No final do evento, o chefe do Executivo Nacional voltou a espalhar mentiras sobre a Covid-19 e falou novamente em desobrigar o uso de máscara.

11
Jun21

Bolsonaro ataca uso de máscara depois que a CPI descobriu sua atividade de lobista da cloroquina

Talis Andrade

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Membros da CPI da Covid reagiram ao anúncio de Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (10), de que pediu ao ministro Marcelo Queiroga um parecer para desobrigar o uso de máscaras de proteção contra a Covid-19. 

O senador Renan Calheiros, relator da CPI, chamou Bolsonaro de "Jim Jones" brasileiro e disse que o ataque ao uso de máscaras é um tentativa de desviar o foco das investigações da CPI sobre seu lobby em favor da cloroquina. 

"Logo que foi descoberta sua atividade de lobista de cloroquina, o PR muda o assunto e declara guerra à máscara. Quer o Brasil exposto ao vírus. Temos um Jim Jones na presidência. A diferença é que o louco americano induziu ao suicídio, e o brasileiro quer também o assassinato em massa", disse Renan pelo Twitter. 

Jim Jones foi um pregador religioso e líder da seita Templo dos Povos, famoso devido ao suicídio e assassinato de 918 dos seus membros em 1978.

A decisão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em mandar o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a desobrigar o uso de máscaras por pessoas que já tiveram Covid-19 e vacinados foi amplamente criticada nas redes sociais.

Palavras como “criminoso”, “psicopata”, “assassino”, e “genocida” foram escritas por alguns políticos ao se referirem ao presidente da República.

Guilherme Boulos
Bolsonaro acabou de dizer que o ministro da saúde assinou uma portaria que retira a obrigatoriedade da máscara para pessoas vacinadas ou que “já foram contaminadas”. A pena do Brasil por manter um genocida no poder será pandemia perpétua!
Quantos brasileiros e brasileiras vão morrer por acreditar em Bolsonaro e não usar máscara?
Não vamos tirar a máscara. Vamos tirar o Bolsonaro!
Marcelo Freixo
É um psicopata. Assassino.
Manuela
A pedido de Bolsonaro, o ministro da saúde Marcelo Queiroga assinou um parecer desobrigando o uso de máscaras por pessoas vacinadas ou que “já foram contaminadas”. É um governo que trabalha pra matar o nosso povo! #ForaBolsonaro
@JoanadeCastro Simbora para o corre! Ignore o rei do gado, #useMascara
Image
Anderson F. Brito
Usar máscara ainda salva vidas, mesmo se você já foi vacinado ou infectado no passado. Vacinas podem prevenir casos graves da doença, mas ainda não sabemos em que medida elas evitam a transmissão do vírus, mesmo se já fomos vacinados (ou infectados no passado). #UseMascaraImage
Juliana Dal Piva
A máscara protege você e quem tá perto. Muitas vezes quem tá perto é quem você ama. #useMascara vá se vacinar quando chegar a sua vez. A dor de perder alguém pra esse vírus e nem poder abraçar os seus é algo que não desejo pra ninguém. Respeite você mesmo. 
ImageCharge de Laerte que mostra Bolsonaro reunido com um monte de vírus planejando destruir o Brasil. Atrás se lê plano nacional.
24
Jan21

O genocídio documentado de Bolsonaro

Talis Andrade

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Por Jeferson Miola, em seu blog:

O crime de genocídio cometido por Bolsonaro e seus militares está documentado no estudo Mapeamento e análise das normas jurídicas de resposta à COVID-19 no Brasil, elaborado pelo CEPEDISA [Centro de Pesquisas e Estudos de Direito Sanitário] da Faculdade de Saúde Pública da USP com a ONG Conectas Direitos Humanos, e coordenado pela professora da Faculdade de Saúde Pública da USP Deisy Ventura.

Este abrangente trabalho, publicado no Boletim Direitos na Pandemia nº 10 do CEPEDISA, catalogou e analisou 3.049 normas concernentes à pandemia expedidas pelo governo federal entre março de 2020 e janeiro de 2021, assim como declarações de agentes públicos acerca do tema, sobretudo o presidente Bolsonaro.

Para os autores, esta “inflação normativa reflete o descalabro da resposta brasileira à pandemia”, e “corrobora a ideia de que onde há o excesso de normas há pouco direito”.

“O que nossa pesquisa revelou é a existência de uma estratégia institucional de propagação do vírus, promovida pelo governo brasileiro sob a liderança da Presidência da República”, concluem.

Esta estratégia institucional se materializa com a intervenção do governo Bolsonaro em três planos: [1º] por meio da enorme profusão [inflação] de atos normativos federais, [2º] através da sabotagem e “obstrução às respostas dos governos estaduais e municipais à pandemia”, e [3º] mediante “propaganda contra a saúde pública” com “notícias falsas e informações técnicas sem comprovação científica, com o propósito de desacreditar as autoridades sanitárias, enfraquecer a adesão popular às recomendações de saúde baseadas em evidências científicas, e promover o ativismo político contra as medidas de saúde pública”.

O relatório da pesquisa afirma que “os resultados afastam a persistente interpretação de que haveria incompetência e negligência da parte do governo federal na gestão da pandemia. Bem ao contrário, a sistematização de dados, ainda que incompletos em razão da falta de espaço para tantos eventos, revela o empenho e a eficiência da atuação da União em prol da ampla disseminação do vírus no território nacional” – ação dolosa, portanto.

A pesquisa fez um inventário da abundância de normas – portarias, resoluções, instruções normativas, medidas provisórias, decisões, leis, decretos – numa linha cronológica desde o início da pandemia.

Os atos oficiais deste período, alguns alterados/anulados judicialmente ou pelo Legislativo, estabelecem o nexo das medidas governamentais com o atentado contra a saúde e a vida humana, em especial das populações indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais.

A denúncia de crime de genocídio, cada vez mais repetida no debate público e inclusive vocalizada pelo ministro da Suprema Corte Gilmar Mendes, fica consubstanciada com este estudo do CEPEDISA/Conectas.

O desmanche da excelência técnica e institucional do SUS e a colonização do ministério da saúde por militares e figuras notoriamente ineptas, incompetentes e irresponsáveis – como o general-ministro da morte – mantidas nos cargos mesmo com os sinais gritantes de fracasso e com os efeitos mortíferos da gestão, deixa claro que não há improviso. Trata-se de um plano metódico do governo para alcançar tais fins.

O estudo recorda que o estágio ridículo da vacinação no Brasil, muito atrasado em relação a mais de 60 países do planeta, não é obra do acaso, mas consequência das escolhas criminosas do próprio Bolsonaro.

Em 15 de agosto passado, ele recusou proposta do laboratório Pfizer que previa entregar lotes de imunizantes a partir de 20 de dezembro. E, em 20 de outubro, Bolsonaro desautorizou a compra de 46 milhões de doses da Coronavac pelo ministério da saúde.

Embora o Brasil possua 2,7% da população mundial, responde por 10,4% do total de mortes por Covid de todo o mundo – um verdadeiro morticínio programado, porque dezenas de milhares destas vidas humanas perdidas poderiam ter sido salvas, se o governo não tivesse a intenção, com as políticas e decisões criminosas que adotou, de deixá-las morrer.

O genocídio está documentado. Na linha de frente desta guerra de extermínio estão um ex-capitão e um general ainda vinculado ao serviço ativo do Exército Brasileiro; realidade que inevitavelmente vincula as Forças Armadas de modo direto ao morticínio.

Para interromper a continuidade desta hecatombe é urgente o impeachment do Bolsonaro e o imediato retorno dos militares aos quartéis, de onde nunca deveriam ter saído para conspirar contra a democracia, destruir a soberania nacional e atentar contra a vida do povo brasileiro.
 
09
Jan21

A senha do golpe bolsonarista foi dada. O impeachment é o antídoto

Talis Andrade

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Por Gilvandro Filho /Jornalistas pela Democracia

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Quem duvidava do espírito beligerante e golpista que infesta a cabeça do tenente reformado que no momento ocupa a presidência da República, agora não tem mais motivo para fazê-lo. O próprio presidente deixou claras, e de uma vez por todas, as suas intenções quanto à democracia brasileira e em relação à sua própria ojeriza a regimes democráticos. Ao defender o absurdo anacronismo que é a volta do voto de papel no lugar da urna eletrônica, que (queiram ou não) põe o Brasil na vanguarda dos processos eleitorais, a figura que governa (?) o País sentenciou: “Em 2022, se não tiver voto impresso, a coisa será pior do que lá (nos Estados Unidos)”. Cantou a pedra do golpe, nas barbas do Congresso Nacional e do Judiciário, sem falar nas Forças Armadas. E agora?

Autoritário e tirano por vocação, acostumado a tratar a patadas e ameaças os inimigos políticos (ele não tem adversários, muito menos concorrente), o presidente da República expressa, com essa frase grave e significativa, sua própria índole. Mais que isto, reafirma as suas intenções diante na Nação. Aproveita a tentativa de golpe aplicada nos Estados Unidos pelo ídolo dele, o celerado Donald Trump, para, como sempre fez, imitar o presidente americano. Claro. O chefe americano dita o comportamento do subalterno brasileiro e dos filhos dele, sobretudo o 03 que exibe na cabeça o boné do presidente dos EUA como quem ostenta uma medalha e que já quis ser chanceler para atrelar de vez a política externa brasileira ao governo americano. São submissos e copiam de Trump cada patacoada.

O episódio da invasão do Congresso dos EUA surpreendeu o mundo por ser na terra que se gaba de ter a democracia mais forte do planeta – ficou demonstrado que, na hora do ‘vamos ver’, a coisa não é bem assim. Imaginem, agora, a turba bolsonalha fazendo o mesmo no Congresso Nacional brasileiro, sob os olhos impotentes de boa parte dos parlamentares, cuja coragem e espírito democrático são seletivos e funcionam somente contra determinados governos.

Imaginem o golpe bolsonarista sob os olhos atarantados dos presidentes do Senado, bolsonarista, e da Câmara, que diz que não é, mas não bota pra andar os mais 60 pedidos de impeachment contra um presidente que já provou ser inadequado para o cargo que ocupa, que comete toda a sorte de crime de irresponsabilidade. Só os crimes relativos à pandemia da Covid-19 e o atabalhoado comportamento do governo diante do mal que já matou mais de 200 mil brasileiros seriam suficientes para levá-lo ao banco dos réus.

Que não caiam na bobagem que entender a ameaça do tenente reformado como mais uma bravata. Não é outra a intenção dele ao tentar, de todo modo, por em prática o seu plano de armar a população (na verdade, os seus adeptos), eliminando toda sorte de restrição à venda e ao uso de armas de fogo, incluindo a intenção de zerar alíquotas de impostos para compra de revólveres e pistolas ou de impedir o rastreamento de armas munições. Ou já se esqueceram de quando o presidente insinuou que o povo armado impediria a ação dos comunistas de tomar o poder? Não se trata, apenas, de ceder ao poderoso lobby da indústria de armas e munições, que conta com o esforço de guerra dos próprios filhos do presidente. A questão é mais pesada. A frase golpista expelida pelo chefe do governo dá o tom que a banda toca.

A senha do golpe bolsonarista está dada. Pode ocorrer em 2022, seguindo o modelo de Trump, mas pode ser tentado antes disso. Que não se olvide que os apoiadores da insanidade presidencial já tentaram invadir o Supremo Tribunal Federal, jogando fogos de artifício sobre o prédio do órgão, exigindo prisão para os ministros e estupros contra mulheres e filhas dos membros da Corte. O próximo ato pode ser menos folclórico e mais violento. Como nos EUA, muitos nazistas brasileiros já tiraram do armário suas camisetas de Auschwitz.

A saída é cortar o mal pela raiz. O impeachment é a arma da qual a democracia brasileira dispõe.

08
Jan21

‘Impeachment de Bolsonaro é urgente. A cada dia com ele mais gente morre’, diz jurista

Talis Andrade

 

Por Cláudia Motta

“Estamos naturalizando isso e não podemos. Se o país não quer ser destruído, tem de decretar impeachment de Bolsonaro já”, defende o jurista Pedro Serrano

O jurista Pedro Serrano é categórico. Para ele, a única saída hoje para o Brasil é o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. A conduta do ex-capitão na pandemia do novo coronavírus, avalia, é extremamente grave. “Ele vulnera os mais relevantes princípios e valores que tem numa Constituição democrática que é o direito à vida e à saúde da população. Não há nada pior do que isso”, afirma Serrano, para quem a conduta de Bolsonaro está no nível de grandes genocídios. “Ele está nesse tipo de categoria. De promover morte e doença da comunidade em grande extensão por ações e omissões, principalmente. Essa conduta agora se ‘consagra’ com essa catástrofe da política pública da questão da vacina.”

O advogado observa que, sob Bolsonaro, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) é empecilho a um programa de imunização contra a covid-19. “Foi o que aconteceu com essa empresa americana, que foi tentar iniciar o diálogo para obter uma licença provisória da vacina e a Anvisa criou uma série de obstáculos. A Anvisa, em que o diretor de vacinação posto por Bolsonaro é um tenente coronel. Isso tudo exige uma conduta imediata das instituições”, ressalta.

Bolsonaro está destruindo consensos lógicos fundamentais para a vida em sociedade, reforça Serrano, professor da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), pela qual é doutor e mestre em Direito.

“Temos uma parte da comunidade brasileira falando contra a vacina, defendendo que o vírus não existe, enquanto o parente morre no hospital. É isso que estamos vivendo, e isso é a absoluta degradação da sociabilidade. É tanta atrocidade, que esse homem fala todos os dias e seus seguidores repercutem. E estamos naturalizado isso. É a pior coisa pra nós. Não podemos aceitar. Se o país não quer ser destruído, tem de decretar impeachment de Bolsonaro já.” 

Maia é corresponsável

Pedro Serrano avalia que o Poder Legislativo, quando se omite, comete atentado à Constituição quase tão grave quanto os cometidos por Bolsonaro. “É uma imoralidade. Tem de tirar urgente esse homem do poder, decretar o impeachment dele com a máxima celeridade, porque a cada dia que ele permanece é mais gente que tem riscos à sua saúde, à sua vida, e mais gente que morre. E não há mais nada que possa ser mais grave do que isso.”

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também estaria cometendo crime quase tão grave quanto os de Bolsonaro, porque ele se omite por interesses de poder, avalia Serrano. “Ele abandona o povo à morte e a problemas graves de saúde por se omitir em relação ao seu dever político e moral que seria por um fim nessa trajetória criminosa com o país que o governo Bolsonaro tem realizado”, explica o jurista.

Segundo ele, Maia tem cumprido péssimo papel na República, pelas omissões criminosas em não atuar na questão do impeachment de Bolsonaro. “Se ele tivesse atuado de forma adequada, talvez hoje já teria gente sendo vacinada, tendo a vida salva. Rodrigo Maia é corresponsável, junto com Bolsonaro, por toda essa devastação que a pandemia está provocando no país.”

Democracia devastada

O jurista critica o que chama de “desprezo” a essa saída via impeachment de Bolsonaro. “A maioria das pessoas que têm o mínimo de equilíbrio mental e afetivo são oposição ao Bolsonaro. Mesmo que tenham votado nele, não aceitam o que ele tem feito na pandemia. Mas acham que de uma forma ou de outra ele vai chegar ao fim do governo desgastado e que vai ser possível pela democracia retirá-lo, pelo voto. E daí você recupera o país. Não é possível”, alerta. “Esse homem está ocasionando uma tamanha devastação que sabe-se lá que país vamos ter depois de 2022. Sabe-se lá se vamos ter uma democracia. Democracia não é só voto. Democracia common ground. Um solo comum de valores, um solo comum lógico. E as pessoas estão perdendo até isso.”

Serrano lembra que tem gente falando que a Terra é plana, negando a ciência. “As palavras estão perdendo o sentido que têm. O processo comunicativo vai se deteriorando (sob Bolsonaro). A linguagem deixa de ser o lugar do comum e passa a ser o lugar da apropriação privada de sentido, onde eu empresto às palavras o sentido que eu quero que elas tenham. Ou seja, até o senso lógico de vida social está se deteriorando no país.”

Que Brasil em 2022?

O jurista explica que o sentido moral mínimo que existe em qualquer sociedade é a garantia da vida e da saúde de seus integrantes. “A única razão da estratégia humana na Terra sempre foi a sociabilidade como estratégia de sobrevivência. Quando se perde isso, se perde o vínculo humano. É muito grave isso que estamos atravessando. Eu não sei se vai haver Brasil em 2022 se continuarmos assim. O impeachment é urgente. É uma exigência, não é uma opção. Não há outro caminho de civilidade que não seja o impeachment de Bolsonaro.”

E cita uma entrevista do fotógrafo Sebastião Salgado. “Ele estava na África. Tinha uma espécie de um morro de corpos humanos. E ele viu uma mãe com um bebê, aparentemente o filho dela, chegar e jogar o corpo do bebê naquele morrinho de corpos e ir embora, sem nenhum sinal de emoção. Ele falava: ‘como o ser humano se adapta à desgraça!’.”

O relato, lembra Serrano, era porque Sebastião Salgado tinha ficado 10 anos sem vir a São Paulo. E ficou surpreso em ver como a cidade tinha se deteriorado e as pessoas, se adaptado. “Nós estamos nos adaptando a essa devastação que é o governo Bolsonaro. Estamos normalizando, e isso não é normal”, destaca. “Ele não é apenas um governo de extrema direita. Veja Hungria, Estados Unidos, Reino Unido. São governos de extrema direita, mas estão vacinando a população. Estão procurando realizar essa tarefa mínima de sociabilidade de Estado que é salvaguardar a vida e a saúde das pessoas. Bolsonaro graceja com isso, ridiculariza. E leva parte da comunidade a rir disso. A desconfiar da vacina. A ter medo da vacina e não ter medo do vírus. Veja como há uma absoluta inversão naquele consenso lógico que faz a vida social.”

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Sem razões para adiar

Não há nenhum motivo nos campos jurídico, político e moral para ficar adiando o impeachment de Bolsonaro, diz Pedro Serrano. “Ao contrário. Todas as razões apontam para uma necessidade imperiosa de se decretar imediatamente o impeachment dele. Pois é uma necessidade do país e da vida das pessoas.”

Raciocínios de cálculo político – como de que se ele poderia se fortalecer, se seria o momento, se é melhor ele se esvaziar – são cálculos típicos de disputa de poder. “Não podemos pensar assim. Tem certos momentos na vida política do país em que não se deve pensar por cálculo político. Deve se pensar por razões de justiça. Por valores morais de vida em comum. Senão a população vai sair devastada nesse processo. Seja no plano da saúde pública ou no plano econômico”, alerta. “A única razão de justiça que há hoje a ser realizada no país é o impeachment de Bolsonaro. Não há outra proposta mais urgente ou necessária que essa.”

O jurista classifica a situação como absolutamente trágica. “É incrível a situação ridícula, histórica que esse país se enfiou ao decretar impeachment de uma presidente legitimamente eleita. Ela teve seus problemas, mas foi decretado impeachment por uma razão absolutamente inconstitucional. As supostas pedaladas fiscais, além de serem meros equívocos contábeis, não foi nem a presidente que praticou. Enquanto esse homem promove, no meio da pandemia, omissões e atos que levam a mortes, a danos à saúde de milhares de pessoas, e não se faz nada.”

Para ele, o país tem uma elite destruidora de vidas que só faz a história do povo brasileiro ser de dor, sofrimento e humilhação. Essa é a realidade em toda nossa história.”

Única saída

Sobre outras possibilidades, que não o impeachment para o afastamento de Bolsonaro, o jurista é cético. “Outra hipótese seria pensar num processo crime. Ao meu ver, algumas dessas condutas poderiam ser caracterizadas como crime comum. Inclusive o próprio crime de epidemia, que é previsto no Código Penal. Mas daí depende do procurador-geral, que é muito alinhado ao Bolsonaro. Tem de propor no Supremo. É outro tipo de processo, é um raciocínio técnico em que a força popular influencia muito menos. Acho que o que está à mão do povo, onde ele pode pressionar, é o impeachment mesmo.”

Os crimes

Bolsonaro deixou de fazer o que estava obrigado como presidente, detalhou Pedro Serrano em artigo à CartaCapital:

  • Deveria ter seguido as recomendações científicas para conter a doença, em vez de estimular o desprezo pela vida.
  • Deveria ter coordenado e planejado as políticas de saúde e sanitárias, função da União, para melhorar a gestão de leitos de UTIs.
  • Garantir o isolamento social, realizar testes em massa, integrar os esforços na busca pela vacina, assegurar o auxílio emergencial para o enfrentamento do período difícil…
  • “As ações e omissões de Bolsonaro levaram seu próprio povo à morte e geraram danos irreparáveis. Isso é crime de responsabilidade. Ao povo, resta afastá-lo” , afirma o jurista.

Artigo publicado originalmente na Rede Brasil Atual. Veja o vídeo da entrevista aqui

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03
Jan21

Janio: na vacinação, Bolsonaro e Pazuello agem como traidores

Talis Andrade

 

por Fernando Brito

- - -

Não é metáfora ou força de expressão o que faz, hoje, na Folha, Janio de Freitas ao acusar de traição o comportamento de Jair Bolsonaro e Eduardo Pazuello no processo de (não) vacinação dos brasileiros contra a Covid-19.

Faz tempo que diz-se aqui que não é vacinar, mas não vacinar o objetivo do governo brasileiro.

O que os dois fazem, no Código Penal Militar, no artigo 356 (e seguintes) que define como traição “(…) prejudicar ou tentar prejudicar o bom êxito das operações militares, comprometer ou tentar comprometer a eficiência militar”.

Na guerra à Covid, a mais cruenta para a humanidade nas últimas décadas, não tem sido outro o seu comportamento.

Traição de Bolsonaro e Pazuello se demonstra 
com população desguarnecida de vacinas e seringas

Janio de Freitas, na Folha

O contraste entre a dedicação corajosa do pessoal da saúde e a sabotagem da turma de Bolsonaro à imunização geral reflete, e denuncia, a falta de caráter coletivo das classes e categorias que dominam o Brasil.O alheamento dessa porção poderosa, historicamente ativa na fermentação dos golpes de Estado e, com menor necessidade, contra reduções das desigualdades, oferece o alicerce para uma traição que passa de presumida a demonstrada.

O caso das seringas é eloquente. Há mais de oito meses, ainda com Henrique Mandetta como ministro, a compra de seringas e agulhas estava em questão, inclusive com referência ao Ministério da Economia sobre verbas.

A imobilidade do governo só se rompeu há duas semanas, com um pregão em que o Ministério militar da Saúde fixou e exigiu preços abaixo dos vigentes. Só conseguiu comprar 24 em cada 1.000 seringas que dizia querer.

Por mais retardadas que sejam as mentes de Bolsonaro e do general Pazuello, é impossível admitir que levassem tanto tempo para perceber necessidade assim óbvia e, apesar disso, tão advertida a ambos. Nada os moveu. Além de entupidos nos canais da inteligência e da audição, estavam cegos para a ação do mundo todo.Bolsonaro, Pazuello e os militares do Exército ao redor de ambos deixaram o tempo correr por decisão. Foi recusa deliberada de adotar as providências simples como nas vacinações em que o Brasil e o SUS se tornaram exemplo planetário.
Nada, absolutamente nada pode explicar que Bolsonaro e Pazuello deixem a população desguarnecida de vacinas e seringas, a não ser a decisão de fazê-lo.

Dupla traição: aos deveres constitucionais das respectivas funções e à população. Logo, ao próprio país, pelas consequências sociais discriminatórias, econômicas e nas relações políticas/comerciais com o exterior.

A explicação imbeciloide recebeu seguimento do coronel Elcio Franco, secretário-executivo do Ministério militar da Saúde. Segundo ele, não houve autorização da Anvisa nem compra de vacina porque não pode “pegar a Pfizer pelo braço” para negociar.

Por que o número 2 do ministério militar da Saúde, Elcio Franco, usa um broche de caveira? Leia aqui

 

As duas explicações, como de praxe, são falsas. A verdade é que o representante da Pfizer se apresentou no ministério, em tempo hábil para o fornecimento prioritário. Tomou chás de cadeira memoráveis.

O Bolsonaro que acumula mortes, por exemplo, tem o aplauso de 58% do empresariado —os graúdos.

Dito & Feito - É o absurdo dos absurdos – Bolsonaro e Pazuello estão  prestes a desperdiçar 6,8 milhões de testes de Covid

03
Jan21

Traição de Bolsonaro e Pazuello se demonstra com população desguarnecida de vacinas e seringas

Talis Andrade

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Janio de Feitas

- - -

O contraste entre a dedicação corajosa do pessoal da saúde e a sabotagem da turma de Bolsonaro à imunização geral reflete, e denuncia, a falta de caráter coletivo das classes e categorias que dominam o Brasil.

O alheamento dessa porção poderosa, historicamente ativa na fermentação dos golpes de Estado e, com menor necessidade, contra reduções das desigualdades, oferece o alicerce para uma traição que passa de presumida a demonstrada.

caso das seringas é eloquente. Há mais de oito meses, ainda com Henrique Mandetta como ministro, a compra de seringas e agulhas estava em questão, inclusive com referência ao Ministério da Economia sobre verbas.

A imobilidade do governo só se rompeu há duas semanas, com um pregão em que o Ministério militar da Saúde fixou e exigiu preços abaixo dos vigentes. Só conseguiu comprar 24 em cada 1.000 seringas que dizia querer.

seringa.jpg

 

Por mais retardadas que sejam as mentes de Bolsonaro e do general Pazuello, é impossível admitir que levassem tanto tempo para perceber necessidade assim óbvia e, apesar disso, tão advertida a ambos. Nada os moveu. Além de entupidos nos canais da inteligência e da audição, estavam cegos para a ação do mundo todo.

Bolsonaro, Pazuello e os militares do Exército ao redor de ambos deixaram o tempo correr por decisão. Foi recusa deliberada de adotar as providências simples como nas vacinações em que o Brasil e o SUS se tornaram exemplo planetário.

Nada, absolutamente nada pode explicar que Bolsonaro e Pazuello deixem a população desguarnecida de vacinas e seringas, a não ser a decisão de fazê-lo.

Dupla traição: aos deveres constitucionais das respectivas funções e à população. Logo, ao próprio país, pelas consequências sociais discriminatórias, econômicas e nas relações políticas/comerciais com o exterior.

Outros sinais indicam a permanência da decisão de protelar a compra de vacinas e seringas, por sucessivas trapaças, até onde isso seja possível.

Há pouco, Bolsonaro confirmou que “não dá bola” para a falta de imunizadores nem para o vergonhoso atraso brasileiro. A responsabilidade, na sua explicação, é dos “laboratórios que tinham que estar interessados em vender pra gente. Os vendedores é que tinham que vir atrás”.

Para comprar cloroquina, Bolsonaro em pessoa é que foi atrás de Trump e do indiano Modi.

A explicação imbeciloide recebeu seguimento do coronel Elcio Franco, secretário-executivo do Ministério militar da Saúde. Segundo ele, não houve autorização da Anvisa nem compra de vacina porque não pode “pegar a Pfizer pelo braço” para negociar.

As duas explicações, como de praxe, são falsas. A verdade é que o  representante da Pfizer se apresentou no ministério, em tempo hábil para o fornecimento prioritário. Tomou chás de cadeira memoráveis.

E não conseguiu ser recebido pelo general Pazuello. Com justa irritação, em poucas palavras falou a repórteres do seu insucesso. Pazuello e seus camaradas não queriam saber de compra de vacina.

Para quem se iniciou como terrorista contra quartéis do Exército e, como Pazuello, diz que outro manda e ele obedece, ordem de sabotagem e traição são naturais. Tanto que recebem a complacência, ou cumplicidade, do segmento social com poder de influência.

O Bolsonaro que acumula mortes, por exemplo, tem o aplauso de 58% do empresariado —os graúdos.

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