Após denúncias sobre clã Bolsonaro, parlamentares planejam CPMI da Rachadinha
Marcelo Nogueira dos Santos com Ana Cristina em Boate do Rio de Janeiro
O Metrópoles publicou novas informações sobre supostos crimes envolvendo a família do presidente da República
Rachadinha é prática ilegal de parlamentares ficarem com parte dos salários dos assessores.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) disse que, desde julho, coleta assinaturas para criar a CPI da Rachadinha e usou um salmo muito utilizado por Bolsonaro para justificar. “Sabe aquela história do ‘conhecereis a verdade e ela vos libertará’?”, disse.
Deputados, todavia, estudam a ideia de modificar o pedido para incluir as novas denúncias envolvendo a família do presidente e transformá-la em uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). Neste caso, para ser criada, necessitaria do apoio de 171 deputados e 27 senadores.
Kataguiri também foi às redes sociais ironizar o fato do presidente ter supostamente passado o comando do esquema aos filhos Flávio e Carlos Bolsonaro após ter descoberto traição da ex-esposa. “Agora só falta o Bolsonaro dizer que o esquema das rachadinhas era coisa de sua ex-mulher, que vivia colocando coisas em sua cabeça”, ironizou.
Pressão
O vice-líder do PT na Câmara, Rogério Correia (MG), também destacou o pedido de CPI da Rachadinha, encabeçado por Vieira, e disse que uma comissão de inquérito pode pressionar as instituições responsáveis pelas investigações darem respostas às denúncias.
“Ela [CPI] existindo, apressa e coloca pressão nas investigações que estão hoje na Polícia Federal, no Ministério Público Federal e no Supremo Tribunal Federal. Temos que fazer exigência que esses processos encaminhem nas instituições responsáveis”, disse o petista. “Sempre que [Bolsonaro] está acuado, ele ataca a democracia”, acrescentou.
Quem bateu ainda mais forte foi o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ):
“As denúncias deixam claro que a família Bolsonaro é uma organização criminosa que montou um esquema de corrupção para roubar dinheiro público através da nomeação de assessores fantasmas nos gabinetes parlamentares da família. É assim que eles compram mansão e loja de chocolate. O problema de Bolsonaro não é ter sido traído pela esposa. É ter iniciado os filhos no crime”.
O vice-líder do PCdoB na Câmara, Orlando Silva (SP), disse que é preciso avançar nas investigações dos esquemas de corrupção do clã Bolsonaro.
“Há inúmeros indícios de diversos crimes praticados. O presidente da República vai responder após seu mandato, mas os filhos devem responder imediatamente. As revelações sobre corrupção que envolve o clã Bolsonaro explicam o nervosismo do presidente, afinal ele sabe ‘o que fez no verão passado’”, declarou.
A reportagem procurou diversas governistas que não responderam ou preferiram não se manifestar.
Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, o ex-empregado que trabalhou por 14 anos para a família Bolsonaro denunciou uma série de supostos crimes cometidos pelo clã, sobretudo pela advogada Ana Cristina Valle, atualmente ex-mulher do presidente, e pelos parlamentares Flávio e Carlos Bolsonaro, respectivamente primeiro e segundo filho de Jair Bolsonaro.