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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

11
Mai21

Almoço indigesto

Talis Andrade

 

por Daniela Thomas, Mari Stockler, Marina Dias, Keila Grinberg, Mariana Lima e Sheila de Carvalho

- - -

Este, seguramente, será o mais triste Dia das Mães da história do nosso país. Com o aumento de 22% ou 275 mil mortes por causas naturais, registrados em 2020, somados aos quase 420 mil mortos confirmados em decorrência do covid-19, teremos milhões de mães e filhos que chorarão seus mortos no dia inventado para celebrar a vida. Este deveria ser o dia dos reencontros, dos abraços apertados, da comunhão de famílias em torno da mesa farta, de colocar a conversa em dia, mas ao invés disso a pandemia nos exigirá abnegação, recato, recolhimento.

Entre tantas mães e filhos pranteados nesse dia tornado terrível pela pandemia em descontrole proposital, deveremos somar as vítimas da inacreditável chacina ocorrida em 6 de maio na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. Essas mães e avós, em particular, fazem ecoar em nossas consciências e corações a dor das mães e filhos, negras e negros que desde sempre choram seus filhos e irmãos mortos em confrontos fabricados neste país ainda às voltas com sua herança escravocrata, profundamente injusto e racista.

Choraremos também pelas mães condenadas à miséria que sofrem por não poder alimentar seus filhos. São milhões de famílias que retornam à miséria absoluta e outras milhões que vivem a insegurança alimentar trazida pela pobreza, pela inatividade econômica que têm origem tanto nos efeitos da crise sanitária, como na indiferença e inação do poder público.

Devemos estar atentas também ao aumento da violência contra as mulheres que cresceu 97% durante a pandemia.

Quantas mortes poderiam ter sido evitadas se não tivéssemos um governo federal que pratica sem pudores as mais perversas formas de necropolítica, promovendo o genocídio sem precedentes de brasileiros. E não podemos também perder a perspectiva particular da polícia e do governo do Rio de Janeiro, que nesta semana exemplifica de maneira inequívoca um genocídio que ocorre cotidianamente no Brasil desde muito antes da pandemia, que é o da juventude negra.

Este dia das mães também cai justamente na semana em que o luto foi ampliado com a perda do jovem, brilhante e amoroso Paulo Gustavo. Uma tristeza se pensarmos que ele nos presenteou com uma das mais emblemáticas mães da dramaturgia brasileira, a extraordinária dona Hermínia, de ‘Minha Mãe é uma Peça’.

Paulo Gustavo mostrou o caminho do amor irrestrito, antídoto de todo preconceito. Diante de tanta dor, não há nada o que celebrar.

É neste contexto que nós, mulheres, mães, filhas, pedimos espaço para questionar as 40 mulheres empresárias que almoçaram com o presidente Jair Bolsonaro semana passada. É preciso perguntar: o que faziam no almoço homenageando aquele que é considerado o pior chefe de Estado do mundo no enfrentamento da pandemia, um presidente que age na contramão dos cientistas e autoridades sanitárias de todo o planeta?

A foto exposta na internet é uma mensagem enviada ao futuro. Ali estarão fixados para sempre os seus rostos, todas brancas, sem máscaras e sem empatia, que em nome da manutenção de seus privilégios de empresárias, fizeram questão de posar e mostrar seu apoio ao pior gestor do mundo no combate à pandemia. A história não será complacente com vosso gesto.

Queremos reafirmar aqui, no mais profundo luto, nossa solidariedade pelo próximo e nosso respeito pelos que se foram, lutando contra toda forma de genocídio. Que este Dia das Mães tão rodeado de tristezas seja uma oportunidade para a nossa indignação contra quem promove, perpetra e apoia tanta mortandade.

27
Mar19

Desembargador: “juízas, vamos pegar vocês; ele segura, eu como”

Talis Andrade

 

desembargador-e-leonardo-.jpg

 

por Fernando Brito

___

A Justiça brasileira tornou-se um caso patológico.

Juiz que vira marombeiro exibido.

Desembargador que grava vídeo para juízas ao lado do cantor Leonardo e diz que “nós vamos aí comer vocês; ele segura e eu como”.

Esta história do desembargador do TJ de Santa Catarina Jaime Machado Júnior, que está rolando nas redes sociais é o retrato da falência deste método estúpido que permite aos magistrados se tornarem pessoas que não têm de dar satisfações de seus atos.

Não tem o menor relevo que ele tenha apresentado desculpas formais, alegando que é “expansivo”.

O que importa é que é uma pessoa sem discernimento, mas com poder sobre a vida de todos.

Pior ainda, é um infrator da lei, porque o Estatuto da Magistratura dele exige comportamento decoroso.

E ele viola o decoro não só consigo mesmo, mas com as juízas que menciona, porque tenho certeza que se um de seus jurisdicionados disser o mesmo e depois explicar que “era brincadeirinha” não vão ficar as coisas por isso mesmo.

Até agora ficaram e, depois, não reclamem se perderam o respeito e a reverência da população tor terem se rebaixado a serem os “minions togados”.

justiça gorila .jpeg

 

Nota deste correspondente: O presidente Jair Bolsonaro também já usou o verbo comer com o sentido de transar. No Novo Testamento, fornicar.

Transcrevo de Cesar Cartum:

Perguntado pela reportagem do jornal sobre o motivo do uso de auxílio moradia mesmo possuindo imóvel próprio em Brasília, o deputado do PSC-RJ respondeu que como na época era soltinho na vala, usava essa grana (proveniente de verba pública) pra "comer gente". #OSeuAmorÉCanibal

O presidenciável se mostrou bem Irritado - pra não dizer puto da cara - com as perguntas do repórter Ítalo Nogueira sobre questões relacionadas a compra dos seus imóveis por valores bem abaixo do mercado e sobre o uso de verba da Câmara para empregar uma vizinha em um distrito a 50 km do centro de Angra dos Reis (RJ).

Acusar a imprensa de perseguição e ameaçá-la de retaliação em caso de vitória nas próximas eleições, tem sido a tática do presidenciável, que pelo jeito ainda não se acostumou com tantos holofotes apontados pra si, proporcionais ao tamanho do cargo que postula ocupar.

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