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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

24
Dez21

Retrospectiva 2021

Talis Andrade

 

No ano em que completou 10 anos, Pública investiga ainda mais os poderosos

 

Não parecia possível, mas 2021 foi ainda mais dramático que 2020. Não apenas pelo agravamento da pandemia, mas pelo aumento da fome, dos despejos, do desemprego, do recorde de desmatamento da Amazônia, que provocou uma seca atroz no Centro-Sul do país, trazendo sofrimento para os agricultores familiares e alta no preço dos alimentos.

A combinação de pandemia e insegurança alimentar, em ambos os casos agravada pela gestão do governo federal, fez desse um ano duro para a maior parte da população, enquanto Jair Bolsonaro distribuía dinheiro a rodo para seus aliados no Congresso, através do orçamento secreto de Arthur Lira. As violações de direitos, especialmente dos mais vulneráveis, se tornou rotina no governo, acusado de genocídio indígena no Tribunal Penal Internacional.

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Queimada vista em meio a área de floresta próximo a capital Porto Velho, em Rondônia

 

Por aqui, seguimos investigando a condução da crise sanitária e econômica pelo governo Bolsonaro e examinando com lupa os efeitos de sua política de devastação no meio ambiente e sobre a vida das pessoas. Também continuamos olhando de perto para a influência cada vez maior de militares e fundamentalistas religiosos na política, com retrocesso da democracia e dos direitos humanos. Nosso compromisso com o jornalismo independente com foco no interesse público nos fez revelar histórias que deveriam ter sido contadas muito antes, como as denúncias de que o fundador das Casas Bahia, Samuel Klein, teria mantido por três décadas um esquema de exploração sexual de meninas.

Foi neste ano também que a Pública completou 10 anos. A comemoração não teve a festa e os encontros presenciais que queríamos, mas nos fez refletir sobre a caminhada que nos trouxe até aqui e também sobre o futuro: o nosso, do jornalismo, do Brasil e do planeta. Em nosso evento virtual – Pública +10 – realizamos debates com personalidades relevantes da academia e dos movimentos sociais sobre como o Brasil de hoje vai chegar em 2031. Falamos sobre o bolsonarismo, a barbárie na política, o fundamentalismo religioso e sobre os militares que ocupam cada vez mais o governo, temas que serão decisivos no ano que se avizinha. Também falamos sobre o que quer a juventude e sobre como o negacionismo científico agrava as mudanças climáticas.

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A última mesa do festival Pública+10, mediada pela co-diretora e fundadora da Agência Pública, Marina Amaral, uniu Ailton Krenak e Déborah Danowski para refletir sobre as mudanças climáticas

 

No dia de nosso aniversário, 15 de março, publicamos uma reportagem que mostrou que, apesar de a primeira mulher vacinada contra Covid-19 no Brasil ser negra, dois meses após o início da imunização, o país registrava duas vezes mais pessoas brancas do que negras vacinadas. Assim como em 2020, nossa cobertura da pandemia seguiu intensa: revelamos que o governo soube dias antes sobre o colapso do sistema de saúde que ocorreu em Manaus em janeiro, investigamos como o governo Bolsonaro enviou 2,8 milhões de comprimidos de cloroquina produzida pelo Exército para todo o país e mostramos que a Secretaria de Comunicação e o Ministério da Saúde pagaram influenciadores digitais para fazer propaganda de “atendimento precoce” contra a Covid-19. Meses depois, a reportagem foi citada na CPI da Pandemia pelo senador Renan Calheiros, que perguntou ao depoente, o ex-chefe da Secretaria de Comunicação do Governo, Fábio Wajngarten, se ele conhecia a Agência Pública.

Essa não foi a única vez que nosso trabalho serviu de base para as discussões da CPI. Descobrimos que a Senah – Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, grupo evangélico comandado pelo Reverendo Amilton Gomes de Paula, fez ofertas paralelas de vacinas ao Ministério da Saúde e a prefeituras. Semanas depois, o reverendo foi ouvido pela CPI. No relatório final da comissão, há seis menções ao trabalho da Pública.

A má condução da pandemia é um dos temas mais recorrentes nos mais de 140 pedidos de Impeachment de Jair Bolsonaro, que logo no início de seu terceiro ano de mandato passou a ser o presidente com mais pedidos de impedimento na história do país. Desde 2020, catalogamos os pedidos em uma ferramenta. Enquanto novos pedidos de impeachment se empilhavam na mesa do presidente da Câmara dos Deputados, o governo Bolsonaro perseguia cientistas – como mostramos no podcast Cientistas na Linha de Frente e nesta entrevista com Pedro Hallal, epidemiologista que foi alvo de processo da CGU por se posicionar contra o presidente -, cedia ao lobby de madeireirasflexibilizava a aprovação de novos agrotóxicos e, mesmo com a crise da saúde, fez avançar a pauta antiaborto. E esses são só alguns exemplos do que investigamos por aqui.

Mostramos também que os filhos do presidente praticam tiro em um clube nos Estados Unidos que é acusado de usar sinais nazistas e que a irmã do novo Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Alvaro Pereira Leite, é sócia da Glock, fabricante que vende armas para o governo federal.

No ano em que adotamos a emergência climática como prioridade para nossas investigações, tivemos, pela primeira vez, uma correspondente cobrindo in loco a Conferência do Clima da ONU. De lá, revelamos que a baixa credibilidade internacional do governo brasileiro atrapalhou as tentativas de atrair investidores. Com a cobertura da COP, inauguramos nossa série de investigações sobre Emergências Climáticas, tema cada vez mais urgente e que será ainda mais recorrente em nossas investigações. Como sempre, vamos priorizar o ponto de vista das comunidades tradicionais da Amazônia, do Cerrado, da Caatinga e das regiões costeiras sobre o tema. Neste ano, já mostramos como os indígenas têm usado seus saberes ancestrais para combater o fogo e como os quilombolas Kalunga resistem à cobiça de grileiros para preservar o cerrado.

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O quilombola Boaventura Carvalho afirma que o rio de onde vive “há dois anos, estava cheio de água, até a borda. Quase uma lagoa.”. Agora, ele está seco

 

Seguimos cobrindo a violência ligada à questão fundiária na Amazônia em nosso projeto Amazônia sem Lei, que neste ano ganhou um podcast. Revelamos que em pouco mais de um ano, foram exportadas 100 mil toneladas de madeira da Amazônia, inclusive de árvores ameaçadas de extinção, mostramos que indígenas Yanomami isolados correm sério risco de ter contato forçado com o garimpo e investigamos a relação entre o tráfico de drogas e a madeira ilegal na Amazônia.

Em 2020, publicamos reportagem em que 14 mulheres denunciavam ter sido abusadas sexualmente na infância por Dinamá Pereira de Resende, um homem que promovia atividades religiosas com crianças em Várzea da Palma, Minas Gerais. Após a publicação, outras vítimas apareceram, o caso foi reaberto e em novembro de 2021, Dinamá foi condenado a 87 anos de prisão. No ano seguinte, em abril, publicamos outra reportagem sobre crimes sexuais contra crianças e adolescentes em que o acusado é Samuel Klein, o fundador das Casas Bahia, uma das maiores redes de varejo do país. 

A reportagem foi resultado de uma investigação realizada em sigilo durante quatro meses de uma equipe composta por dois editores e quatro repórteres, que entrevistou diversas mulheres abusadas quando crianças em uma rede de exploração sexual de meninas que funcionou durante mais de 30 em suas propriedades no litoral e na própria sede das Casas Bahia, em São Caetano do Sul.

Apesar de o Caso Klein gerar impactos importantes como inspirar um Projeto de Lei que quer alterar o prazo prescricional para a reparação civil das vítimas de crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, a reportagem foi pouco repercutida pela imprensa tradicional brasileira. Isso nos mostra a importância de seguirmos independentes e firmes na missão de investigar os poderosos.

Também continuamos a nos engajar em parcerias e projetos colaborativos. Com o Canal Meio, lançamos uma newsletter em série em que a diretora executiva Natalia Viana contava sua experiência como a única jornalista brasileira a trabalhar com o Wikileaks no Cablegate, o vazamento de mais de 250 mil telegramas diplomáticos. Essa história, que completou dez anos no fim de 2020, está na origem da Agência Pública e se mantém: neste ano, graças a um outro vazamento divulgado pelo Wikileaks, revelamos quem são os brasileiros associados a um grupo europeu ultraconservador e antidireitos.

Também participamos do Pandora Papers, a maior investigação colaborativa da história do jornalismo, que envolveu mais de 600 repórteres de 117 países e territórios e revelou documentos de paraísos fiscais em todo o mundo. A série revelou que o Ministro da Economia, Paulo Guedes, mantém uma offshore em paraíso fiscal. Fomos parceiras do Centro Latinoamericano de Periodismo de Investigación (CLIP) em uma investigação transnacional sobre a exportação de madeira amazônica e seguimos investigando o uso de agrotóxicos no Brasil e suas consequências com a Repórter Brasil.   

Seguindo nossa missão de fomentar o jornalismo independente no país, fizemos mais uma edição das nossas já tradicionais microbolsas. Desta vez, em parceria com o Idec, para reportagens sobre acesso à internet no Brasil. Também participamos da fundação da Ajor – Associação de Jornalismo Digital, uma entidade que busca profissionalizar e fortalecer o jornalismo digital no Brasil e já conta com mais de 50 veículos associados.

Com o valioso apoio de nossos 1.600 Aliados, completamos um ano produzindo o Pauta Pública, nosso podcast quinzenal. Entrevistamos diversos jornalistas que nos ajudam a compreender os tempos complexos em que vivemos. 

2021 foi um ano que, apesar de difícil, nos fez celebrar o fato de que há dez anos estamos aqui, fazendo e incentivando o jornalismo investigativo e independente, fundamental para a democracia, tão atacada. Nos próximos meses, vamos lançar um livro comemorativo, dividindo um pouco do que aprendemos até aqui. 

Em 2022, esperamos estar nas ruas, finalmente voltando de vez a sujar os sapatos e olhar nos olhos das pessoas que nos contam suas histórias. Estaremos de olho em quem faz as mudanças climáticas se acelerarem e em quem sofre primeiro com isso; nas eleições que vão definir o futuro de nossa democracia e, como sempre, nas violações de direitos humanos cometidas pelos poderosos.

Mais lidas

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REPORTAGEM

Capoeiristas denunciam mestres de um dos maiores grupos do país por crimes sexuais

1 de junho de 2021 | por Alice Maciel, Andrea DiP e Mariama Correia

 

Lideranças do Cordão de Ouro teriam cometido abusos contra crianças e adolescentes desde a década de 1970, segundo relatos e informações de promotora de justiça do Ceará

 

 

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REPORTAGEM

As acusações não reveladas de crimes sexuais de Samuel Klein, fundador da Casas Bahia

15 de abril de 2021 | por Ciro Barros, Clarissa Levy, Mariama Correia, Rute Pina, Thiago Domenici e Andrea DiP

 

Capítulo 1 - Pai e filho investigados por agressões sexuais

 

 

Melhor prevenir do que remediar

REPORTAGEM

Influenciadores digitais receberam R$ 23 mil do governo Bolsonaro para propagandear “atendimento precoce” contra Covid-19

31 de março de 2021 | por Giovana Fleck e Laís Martins

 

Secretaria de Comunicação e Ministério da Saúde gastaram mais de 1,3 milhão de reais em ações de marketing com influenciadores sobre a pandemia

 

 

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ENTREVISTA

“Vou continuar emitindo sempre minha opinião científica”, diz professor processado pela CGU

3 de março de 2021 | por Alice Maciel

 

Em entrevista, o epidemiologista Pedro Rodrigues Curi Hallal afirma que “se houve um processo contra mim, isso significa que as minhas críticas estão incomodando”

 

 

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REPORTAGEM

Trancoso, Arraial D’Ajuda, Caraíva: os jatinhos voaram, o coronavírus ficou

1 de fevereiro de 2021 | por Anna Beatriz Anjos e Bianca Muniz

 

Levantamento indica o aumento expressivo dos novos casos de Covid-19 em Porto Seguro após o réveillon de aglomerações e festas em algumas das praias mais procuradas do país

Cinco vezes em que nossas reportagens fizeram a diferença

1) Gastos do governo com influenciadores digitais para divulgar “atendimento precoce” contra Covid-19: Após a publicação da reportagem, no final de março de 2021, a bancada do Psol na Câmara protocolou uma denúncia contra o Ministério da Saúde na Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal por “abuso do poder e desvio de finalidade manifestado pela atuação do governo federal”. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas também pediu para que o governo federal esclarecesse a fonte dos recursos usados para pagar a campanha com influenciadores. A Justiça Federal em São Paulo deu prazo de 72 horas para que a AGU respondesse a uma Ação Civil Pública que pedia a devolução dos recursos pagos em janeiro pela Secom nas ações de marketing reveladas pela reportagem. Em 30 de abril, a Justiça Federal em São Paulo proibiu que a Secretaria Especial de Comunicação Social do governo federal promova campanhas publicitárias defendendo tratamento precoce contra a covid-19 ou promova o uso de remédios sem comprovação científica contra a doença. Além disso, a justiça obrigou a retratação dos quatro influenciadores digitais pagos pelo governo para divulgar “atendimento precoce” contra a doença.

2) Grupo evangélico fez oferta paralela de vacinas ao Ministério da Saúde e prefeituras: A reportagem que revelou a atuação da Senah, liderada pelo reverendo Amilton Gomes, na compra de vacinas pelo governo, pautou e repercutiu na imprensa nacional. Em agosto, o reverendo foi chamado para dar depoimento para a CPI da Covid. Além disso, na mesma semana publicamos uma reportagem que mostra como o reverendo articulou encontros com o presidente da República, empresários e políticos do DF. A reportagem ajudou a embasar o diálogo durante o depoimento do reverendo, e o início da matéria chegou a ser lido durante a sessão pelo Senador Fabiano Contarato (REDE). Entrevistas e investigações da Pública foram citadas algumas vezes no relatório final da CPI da Covid.

3) As acusações não reveladas de crimes sexuais de Samuel Klein, fundador da Casas Bahia: Após a publicação da reportagem, a Família Klein decidiu suspender as atividades do Instituto que levava o nome do empresário e promovia atividades na área da educação. No dia 29 de abril, mulheres se reuniram na frente da sede das Casas Bahia, em São Caetano do Sul, em manifestação para pedir que a rua com o nome do empresário seja rebatizada, assim como um centro médico público que o homenageia. Motivado pela reportagem, o Ministério Público do Trabalho abriu inquérito para apurar a relação das Casas Bahia com as denúncias. O inquérito pretende ouvir testemunhas que teriam conhecimento sobre os fatos revelados, incluindo seguranças, ex-funcionários, motoristas de táxi e secretárias pessoais. Em julho, o vereador Toninho Vespoli (PSOL) propôs um PDL que retire o título de “Cidadão Paulistano” concedido em homenagem a Klein em 2006. Baseada nas revelações da Pública, a deputada Sâmia Bonfim (PSOL), apresentou um Projeto de Lei que visa alterar o prazo prescricional para a reparação civil das vítimas de crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes.

4) Brasil registra duas vezes mais pessoas brancas vacinadas que negras: Nossos repórteres foram convidados a apresentar o levantamento feito para a reportagem em reunião do Conselho Nacional de Saúde sobre o Plano de Vacinação. No dia 30 de março, o Conselho publicou uma recomendação cobrando a adoção de ações antirracistas no acesso à saúde. O documento é destinado ao Ministério da Saúde, secretarias e conselhos de saúde dos estados e município

5) Áudio revela ameaças e intimidação de advogada da Renova aos atingidos pelo desastre de Mariana: O Ministério Público Federal entrou com pedido de suspeição do juiz da 12ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte, Mário de Paula Franco Júnior, responsável por julgar os processos envolvendo a tragédia de Mariana. A reportagem da Pública que revelou ameaças e intimidação de advogada da Fundação Renova durante reunião com os atingidos, publicada em fevereiro, foi citada na argumentação.

Mais republicadas

 

Nenhuma das campanhas do governo Bolsonaro pagas com dinheiro público mencionava isolamento social

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78 republicações – UOL, MSN, Yahoo.

Entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020, foram investidos mais de R$10 milhões em marketing de influência apenas pelo Ministério da Saúde, incluindo campanhas de combate à tuberculose, de doação de sangue, de prevenção das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e de vacinação contra o sarampo. 

Em 2020, apenas 27% do total gasto no ano – R$4,8 milhões – foi para ações relacionadas à pandemia de coronavírus. Leia mais

 

 

Fazendeiros jogam agrotóxico sobre Amazônia para acelerar desmatamento

61 republicações – UOL, Carta Capital, Metrópoles.

Soja e pecuária foram responsáveis pelo despejo de agrotóxicos com uso de avião sobre floresta amazônica e outros biomas em área do tamanho de 30 mil campos de futebol. 

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16 de novembro de 2021 /Hélen Freitas,

Para acelerar o desmatamento de grandes áreas e abrir espaço para a soja e o gado, fazendeiros estão jogando grandes quantidades de agrotóxicos de avião sobre a floresta Amazônica e outros biomas. Levantamento inédito feito pela Agência Pública e Repórter Brasil revela que, nos últimos 10 anos, cerca de 30 mil hectares de vegetação nativa foram literalmente envenenados. A área corresponde a 30 mil campos de futebol. Leia mais

 

As acusações não reveladas de crimes sexuais de Samuel Klein, fundador da Casas Bahia

48 republicações – Marie Claire, El País, O Dia, Ponte, eldiário.es.

 

Agrotóxicos podem aumentar vulnerabilidade à Covid-19, diz relatório inédito

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47 republicações – Ig, Outras Palavras, Brasil de Fato.

Relatório inédito feito por pesquisadores do Brasil, Portugal e Dinamarca afirma que modelo de produção agrícola deixou o Brasil mais exposto aos efeitos da pandemia

27 de maio de 2021 /Pedro Grigori, Agência Pública/Repórter Brasil

ESPECIAL: POR TRÁS DO ALIMENTO

  • Desde o começo da pandemia, governo federal liberou mais de 600 novos pesticidas, 10 por semana
  • Agrotóxicos comercializados no Brasil podem causar deficiências no sistema imunológico, dizem pesquisadores da Abrasco
  • Agronegócio está relacionado ao surgimento de novas zoonoses e desenvolvimento de comorbidades, diz relatório .Leia reportagem                                 

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A íntima relação entre cocaína e madeira ilegal na Amazônia

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Fotos de apreensões de cocaína acondicionada em cargas de madeira nos portos de Itaguaí (RJ), Itapoá (SC) e Paranaguá (PR) entre 2019 e 2021

 

47 republicações – Animal Político (México), elDiário (Espanha), InSight Crime (EUA).

Pesquisadores e policiais apontam uso crescente de cargas de origem florestal na exportação de drogas — madeira de crime ambiental é hoje uma das principais “maquiagens”

16 de agosto de 2021 /Ciro Barros

  • Pesquisador vê sobreposição entre as rotas do crime ambiental e o narcotráfico
  • Facções veem crimes ambientais como oportunidade de acumular capital
  • Região de conflitos, Barcarena (PA) se consolidou na rota do narcotráfico.

     

  • Os produtos florestais, frequentemente oriundos de crimes ambientais, vêm servindo cada vez mais de maquiagem para o envio de drogas ao exterior. O destaque vai para as cargas de madeira, campeãs de apreensões nos contêineres enviados do Brasil à Europa.

    Pesquisas recentes já apontam o volume significativo de exploração ilegal no mercado madeireiro nacional e sua relação com o desmatamento na Amazônia. Segundo um estudo da ONG Imazon publicado em 2020, cerca de 70% da madeira explorada no Pará entre agosto de 2017 e julho de 2018 tinha origem ilícita — a exploração ocorreu em áreas onde não havia autorização do Estado. 

    Além de apontar a grilagem e a extração ilegal de madeira como duas das principais causas do desmatamento, o relatório “Máfias do Ipê”, produzido pela ONG Human Rights Watch em 2019, mostrou a relação dessa atividade com a violência. A pesquisa analisou 28 casos de assassinatos, 4 tentativas de assassinato e outros 40 casos de ameaças relacionadas à extração ilegal de madeira entre 2015 e 2019.

    A novidade apontada pelos entrevistados é a sobreposição cada vez maior das rotas entre as facções criminosas do narcotráfico e os grupos ligados aos crimes ambientais. Pesquisadores dizem que o crime ambiental pode estar servindo como uma nova forma de capitalização para os narcotraficantes, com indícios do uso de cargas de origem florestal para maquiar o envio de drogas ao exterior.

    A situação é apontada por fontes ligadas à Polícia Federal (PF) e por pesquisadores da área de segurança pública ouvidos pela Pública. “O principal produto florestal usado para a exportação de drogas para a Europa é a madeira”, afirma Aiala Couto, geógrafo da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e pesquisador associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública e ao Instituto Clima e Sociedade. Couto desenvolve uma pesquisa a ser publicada neste ano que trata da territorialização do crime organizado na Amazônia e a relação deste com os crimes ambientais. Segundo ele, os produtos minerais, com destaque para o manganês, ocupam o segundo lugar na lista de apreensões. Leia mais

 

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10 anos de Pública

Em 2021, comemoramos os 10 anos da Agência Pública. Em março, fizemos um evento especial e convidamos grandes nomes para debater o presente e o futuro do Brasil. Falamos de juventude, militares na política, negacionismo científico e mudanças climáticas, entre outros temas. Relembre aqui.

 

 

 

 

 

29
Out21

Mourão: mundo joga pedra no Jair

Talis Andrade

 

por Fernando Brito

O vice-presidente Hamilton Mourão, para explicar a ausência de Jair Bolsonaro na COP-26, conferência mundial do clima, porque lá “todo mundo vai jogar pedra nele”.

Apesar de Mourão sugerir que isso é obra “da esquerda” – “a maioria das pessoas que tem realmente uma consciência ambiental maior é de esquerda, então, há crítica política embutida nisso aí” – as pedradas, deveria saber Mourão, não vem só da esquerda e as maiores pedras partiram de governo de centro-direita na Alemanha e na França. Muito menos Joe Biden pode ser chamado de esquerdista, ainda que nossos bolsonaristas pensem assim.

A questão é o prejuízo que a falta de credibilidade – para dizer o mínimo dos mínimos – do governo brasileiro está bloqueando as possibilidades que nosso país tem, pela extensão e natureza de seu território, de aproveitar a crescente preocupação global com o clima para alavancar o desenvolvimento sustentável do Brasil.

O comércio de créditos de carbono promete, finalmente, deslanchar nos próximos anos e pagar, em dinheiro vivo, iniciativas preservacionistas por aqui, incrivelmente mais baratas e significativas que as que países desenvolvidos possam desenvolver. Estima-se que pudessem nos gerar até US$ 40 bilhões em 25 anos. Há oportunidades abundantes em preservação de mananciais, matas ciliares, reservas legais, sem impacto nas atividades econômicas e, até, com impactos positivos sobre a proteção do solo agrícola.

Estamos, porém, andando para trás: aumentamos, em 2020, em 9,5% nossas emissões de gases estufa, a maior elevação desde 2006. ao mesmo tempo que a retração econômica causada pela pandemia fazia as emissões mundiais baixarem 6,7%.

Temos tudo para ser o país em que o mundo não taca pedras, mas aplica recursos para a conservação que, em tempos nos quais a sustentabilidade – além de uma necessidade – também virou valor de mercado.

Mas isso nada adianta se passamos a ser a “Geni ambiental”, o país das queimadas, dos madeireiros e garimpeiros ilegais mas protegidos pelo presidente, da madeira contrabandeada sob a proteção do próprio Ministério do Meio Ambiente e da expansão da eletricidade em usinas térmicas poluentes.

Também nisso, maldito Jair!

 

14
Ago21

Bob Jeff e o clima

Talis Andrade

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por Mauro Nadvorny

- - -

Para quem ainda duvidava do Aquecimento Global, tipo os caras da Terra Plana e Negacionistas da Existência da Covid-19, a agência de gestão oceânica dos Estados Unidos (NOAA), anunciou que este mês de Julho foi o mais quente já registrado em nível mundial! Sim, desde que se tem conhecimento das temperaturas diárias, batemos este triste recorde.

Foi um mês onde assistimos uma natureza revoltada. Chuvas torrenciais que causaram grandes inundações e incêndios que consumiram, ou que ainda consomem, milhares de quilômetros quadrados de florestas. Tivemos perdas de vidas humanas, de animais, de edificações e vegetação.

O clima não enlouqueceu, o que estamos sofrendo é o resultado de anos de negligência humana, e não foi por falta de aviso. Cientistas vem alertando que se não mudássemos nossa atitude com relação a emissão de gases, as consequências seriam desastrosas. E agora é tarde de mais. Geleiras estão derretendo. A temperatura na Sibéria foi de um verão nunca visto. Cataclismos vão ocorrer com mais frequência.

Chegamos ao ponto sem retorno em que não podemos mais evitar o que já está e ainda vai acontecer. Se hoje chegássemos a um acordo global para acabar com a emissão de gases a partir de amanhã, ainda seriam necessários no mínimo 20 anos para se ter algum resultado. Deu para entender o tamanho do problema?

Não se trata exatamente de política, mas é preciso lembrar que Trump menosprezou e reirou os EUA do acordo do Clima de Paris. Seu capitão de ordens, presidente do Brasil deixou o Pantanal e a Amazônia arderem em incêndios sem combate. A derrubada de árvores e as queimadas vão destruindo a floresta em níveis nunca vistos antes. Uma floresta que é quase toda brasileira, mas que serve ao mundo.

Muito se fala ultimamente de Marte. Os Estados Unidos e a China estão lá neste momento. O pouco que se sabe de Marte é que já teve mares, lagos e rios. Muito provavelmente abrigou vida quando tinha uma atmosfera. Hoje não passa de uma bola de terra vermelha. O que aconteceu com Marte ainda não se sabe, mas o que vai acontecer com a Terra neste ritmo, já sabemos.

E o Bob Jeff com isso. Tudo a ver. A prisão dele chamou atenção para o que ele representa. Tudo de ruim incorporado em um ser vivo. Convenhamos que não dá para chamar aquilo de humano, eu ao menos, me recuso. Se fosse adjetivar, ficaria escrevendo várias laudas, então deixa para lá.

O Bob resolveu peitar o STF, mais exatamente o Ministro Alexandre de Morais. Péssima ideia, mas para quem chamou o Embaixador de uma País Amigo de Macaco, chamar o ministro de Canalha é eufemismo. Bob não se intimida e manda os cristãos meterem bala em quem ousar fechar uma igreja, mesmo se forem policiais. O Bob faz selfie com metralhadora e com pistolas. O que perdeu em peso, ganhou em arrogância.

 Aquela coisa é dona de um partido político, uma sigla histórica, o PTB. Foi criado por Getúlio Vargas em 1945 para "servir de anteparo entre sindicatos e os comunistas", existiu como tal até 1965 . Este PTB atual foi uma retomada da sigla depois da abertura que dividiu trabalhistas históricos que criaram o PDT. 

Segundo o Bob, os membros do STF são todos comunistas, o Congresso está cheio de comunistas, todos contra o pensamento conservador. Mas o que seria isto? Entenda-se por pensamento conservador uma mundo cristão branco com mulheres recatadas e do lar. Um mundo onde só seja possível marcar sexo masculino, ou feminino em formulários. Um lugar onde os negros sabem o seu lugar e livre de judeus.

Neste lugar conservador, a derrubada de florestas para dar lugar a pastagens, a queima de carvão para gerar eletricidade, a indústria de cigarros livre para vender para menores, as fábricas de automóveis a combustão são o orgulho das nações. Vacinas são para maricas e a AIDS e o Covid-19 não existem, são invenções daqueles comunistas.

O Bob Jeff não incomoda somente o STF, ele incomoda todos nós. Ele, seu presidente e seus seguidores são o que existe de pior na nossa humanidade. Se a gente procurar bem, é capaz de encontrar um DNA marciano nesta gente, o que explicaria um monte de coisa. 

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25
Jun21

Cai o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente

Talis Andrade

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por Filipe Matoso e Pedro Henrique Gomes /G1

O presidente Jair Bolsonaro exonerou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A exoneração foi publicada nesta quarta-feira (23) em edição extra do "Diário Oficial da União" e informa que a exoneração foi a pedido de Salles.

No mesmo decreto, Bolsonaro nomeou Joaquim Alvaro Pereira Leite como novo ministro do Meio Ambiente. Até então, Leite ocupava o cargo de secretário da Amazônia e Serviços Ambientais do ministério.

Antes de integrar o governo, o novo ministro do Meio Ambiente foi conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB), uma das organizações que representam o setor agropecuário no país.

Nesta terça (22), ao participar de uma cerimônia no Palácio do Planalto, na qual o governo anunciou o Plano Safra 2021-2022, Bolsonaro elogiou Salles.

"Prezado Ricardo Salles, você faz parte da história. O casamento da Agricultura com o Meio Ambiente foi um casamento quase que perfeito. Parabéns, Ricardo Salles. Não é fácil ocupar seu ministério. Por vezes, a herança fica apenas uma penca de processos", declarou Bolsonaro.

No Palácio da Alvorada, em conversa com apoiadores nesta quarta, Bolsonaro foi questionado sobre a saída de Salles. E respondeu: "Ele pediu para sair. Ele pediu para sair, então, ele que tem que falar sobre [o assunto] porque ele pediu para sair."

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Uma das polêmicas de Salles envolve a reunião ministerial de 22 de abril de 2020, no Palácio do Planalto.

Na reunião, Ricardo Salles sugeriu a Bolsonaro que o governo aproveitasse que a atenção da imprensa estava voltada para a pandemia da Covid-19 para "ir passando a boiada" na área ambiental, alterando regras.Campanha cobra posição de empresas que estariam apoiando o | Política

Além disso, Ricardo Salles é alvo de inquérito, autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), por supostamente ter atrapalhado investigações sobre a maior apreensão de madeira da história.

A suspeita foi apresentada pela Polícia Federal. Ao Supremo, a PF disse haver "fortes indícios" de que Ricardo Salles participa de um esquema de contrabando ilegal. Salles nega ter cometido irregularidades.

No Ministério do Meio Ambiente, Salles também entrou em atrito com o Instituo Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) quando o órgão divulgou dados de desmatamento.Image

Reinaldo Azevedo
O recurso jurídico a que apela Salles ao sair chama: "Fugindo de Alexandre"... Salles queria ficar. E Bolsonaro queria que ele ficasse. Mas aí veio a informação de que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou que seu celular fosse enviado aos EUA para a quebra da senha.
Aí não dava mais. Para quem sempre chamou o Supremo de "foro privilegiado" — eu nunca! — eis aí: Salles se demite para ser investigado pela primeira instância.ImageImage
 
18
Jun21

Presidente do Superior Tribunal Militar diz que Bolsonaro “é um democrata” e que oposição está “esticando demais a corda”

Talis Andrade

cartunista gilmar | Humor Político – Rir pra não chorar

 

O governo militar de Jair Bolsonaro tem a maioria dos deputados e senadores, e também ruma para ter a maioria do Supremo Tribunal Federal, com a indicação de dois ministros. Tem tudo para governar. Comprou o Centrão a peso de ouro. Isso para realizar campanha eleitoral antecipada, motociatas que terminam em comícios, aglomerações por onde passa a comitiva presidencial, e o virus da covid-19 correndo solto no Brasil desgovernado. Bolsonaro perde muito tempo no cercadinho. Sempre foi inimigo do trabalho desde os tempos que tinha cadeira cativa na Câmara Federal. Vinte e oito anos deputado federal, e apresentou apenas dois projetos aprovados. 

Para o presidente do Supremo Tribunal Militar (STM), general Luis Carlos Gomes Mattos, Jair Bolsonaro não é uma ameaça à democracia. Em entrevista concedida à Veja, ele defendeu o governo, atacou a oposição e alertou:  "Quem está contra logicamente vai esticar essa corda, como se diz, até que ela arrebente". 

A corda está esticada, sim, apertada no pescoço de milhões de brasileiros que passam fome. O dinheiro do governo vai para o Centrão, para os medicamentos sem eficácia contra a  pandemia, e para pagar a ocupação militar. São mais de oito mil militares nos altos cargos públicos para azeitar o eixo do tempo, que passa sonolento na terra plana da mentira, das milícias e do atraso. O Brasil do desmatamento, do fogo das coivaras, do óleo nas praias, e do contrabando (Bolsonaro desde que era tenente entendia, e muito, dos negócios de contrabando) de madeira nobre, do tráfico de minérios e drogas, inclusive no avião presidencial. O Brasil da privataria. Nos governos Temer e Bolsonaro, a entrega das principais empresas, e o Brasil, com a destruição da economia, sai do Brics e volta para o colonialismo do Terceiro Mundo.

"O presidente Bolsonaro é um democrata, fala com o palavreado do povo, mas nada disso com a intenção de quebrar as estruturas, destruir as instituições, dar um golpe", disse o presidente do STM.

Questionado sobre sua avaliação do governo, avaliou que "não deixam" Bolsonaro governar: "Quem critica Bolsonaro faz isso de manhã, de tarde, de noite. Tudo atribuem ao presidente. Tudo de errado. Será que você aguentaria isso? Que reação eu teria? Não sei. E alguma coisa boa atribuem? O Brasil está crescendo, a economia está crescendo, mesmo com todas as dificuldades. Não tenho dúvida de que estão esticando demais a corda".

Apesar de sua defesa do governo, o general negou que as Forças Armadas tenham sido "capturadas".Image

"Outro absur­do que dizem por aí é que as Forças Armadas foram capturadas pelo governo. Não fomos capturados por ninguém. Nós passamos quantos anos em governos de esquerda? As Forças Armadas se mantiveram fiéis ao presidente, que é o comandante em chefe das forças, seja ele de que ideologia for". 

Um Governo fraquinho

24
Ago19

Las fotos engañosas de los incendios en la Amazonia

Talis Andrade
AFP - A raíz de los incendios que afectan la selva amazónica, muchas imágenes se viralizaron como si mostraran los efectos de decenas de estos focos. La etiqueta #PrayForAmazonas fue tendencia en redes, usada para denunciar esta emergencia ambiental, pero en su mayoría apoyándose en imágenes antiguas o incluso tomadas muy lejos de Brasil.
 
Varias de las imagenes compartidas en redes sociales sobre los incendios en Amazonia son falsas. El fenómeno deja entrever dos cosas: que las grandes tragedias ambientales no deben ser minimizadas por las fake news, y que los incendios en esa región llevan ocurriendo por décadas (pero nunca en esta magnitud). AFP

Desde enero pasado, ya son 72.843 los focos de incendios que han afectado la región, un 83% más que en el mismo período en 2018, según datos del Programa de Quemas del Instituto Nacional de Investigaciones Espaciales (INPE) de Brasil.

Tanto en Facebook como en Twitter circulan imágenes virales que supuestamente corresponden a los incendios recientes en la Amazonia. Utilizando la búsqueda inversa* AFP Factual ha logrado verificar el origen de varias de estas fotos.

1. La Operación Ola Verde

La fotografía en la que se ve un bosque mayormente quemado salvo por un árbol es de la Amazonia pero no de incendios actuales, sino de 2017. La imagen fue tomada el 4 de agosto de ese año por el fotógrafo de Reuters Bruno Kelly, durante la “Operación Ola Verde", una quema controlada llevada a cabo por el Instituto Brasileño de Medio Ambiente y Recursos Naturales Renovables (Ibama).

2. El llanto del mono y la Amazonia de 1989

Una de las publicaciones que ha generado más viralidad con el hashtag #PrayForAmazonas contiene tres imágenes. Ninguna corresponde a los incendios de este año.

La foto de una mona abrazando a su cría, aparentemente muerta, ha sido una de las más virales. Pero la imagen no corresponde a los incendios en la Amazonia y el pequeño mono no estaba muerto.

La imagen fue tomada por el fotógrafo indio Avinash Lodhi en Jabalpur (centro de India). El reportero gráfico indicó a The Telegraph que la cría sólo se había tropezado.

La segunda foto viral, arriba a la derecha, muestra una gran extensión de bosque incendiada y humo. Pero la fotografía tampoco corresponde a los incendios de este año, sino al año 1989. La imagen fue tomada por un fotógrafo de Sipa Press, adquirida luego por Rex Features y publicada por The Guardian en 2007, en un reportaje especial sobre la deforestación de la Amazonia a lo largo de 40 años.

El actor Jaden Smith, hijo de Will Smith, publicó la imagen en su cuenta de Instagram y superó el 1,2 millones de “me gusta” con el mensaje “el bosque de la Amazonia se está incendiando, esto es terrible”.

3. Otra imagen antigua

Esta imagen de un incendio, que ha sido compartida miles de veces en diferentes publicaciones en Facebook y Twitter, fue tomada en la Amazonia por Loren McIntyre, un fotógrafo estadounidense conocido por su trabajo para National Geographic. Aunque se desconoce el año de publicación, se sabe que tiene al menos 16 años, ya que McIntyre, falleció el 11 de mayo de 2003, a los 86 años. En 1971, el fotógrafo encabezó un viaje por el Río Amazonas para National Geographic y publicó libros como Explorando Sudamérica (1990) y Amazonia (1991).

4. En Norteamérica

Esta imagen tampoco corresponde a los incendios de la Amazonia en 2019. Fue tomada por el fotógrafo John McColgan el 6 de agosto de 2000durante un incendio en Montana, Estados Unidos. El incendio ocurrió en la zona del río Bitterroot y a McColgan le llamaron la atención dos alces que corrían para resguardarse del fuego. La foto fue titulada “Elk Bath” (Baño de alces) y fue seleccionada entre las mejores fotos de ese año por la revista Time.

5. Amazonia en 2014

Esta imagen de la publicación fue tomada el 22 de noviembre de 2014 en Zé Doca, estado de Maranhao (en el nordeste de Brasil) por el fotógrafo Mario Tama para la agencia Getty Images.

6. El zorro de Ribeirão Preto

Una foto que también ha circulado mucho, especialmente junto a otras, es la de un animal que parece ser un zorro huyendo del fuego por un camino de tierra. La imagen  fue tomada en 2011 por el reportero gráfico Silva Junior, de Folha, durante la cobertura de los incendios ocurridos en septiembre de ese año, en Ribeirão Preto, São Paulo.

7. Conejo de California

La foto de un conejo con severas quemaduras figura en varias publicaciones como una de las víctimas de los incendios en la Amazonia, pero el animal fue retratado cuando huía de las llamas en Woolsey, California, en noviembre de 2018.

8. Fuego nocturno

Otra imagen que fue muy compartida muestra un incendio en la noche (arriba a la derecha). Esta foto muestra una zona de la Amazonia, pero tiene 11 años. Fue tomada en agosto de 2008 por Daniel Beltrá, fotógrafo de Greenpeace, en medio del fuego que se desató en la municipalidad de Sao Felix Do Xingu, en el estado de Pará. 

Pero, ¿qué imágenes sí son de los incendios de la Amazonia, de 2019?

Las fotos satelitales tomadas por el Observatorio Terrestre de la NASAson verdaderas. Las imágenes fueron registradas los días 11 y 13 de agosto de 2019. Las imágenes de la NASA reflejan la situación en los estados de Rondonia, Amazonas, Pará y Mato Grosso:

El Observatorio informó que a partir del 16 de agosto de 2019, las observaciones satelitales indicaban que la actividad total de incendios en la cuenca del río Amazonas era ligeramente inferior al promedio, en comparación con lo ocurrido durante los últimos 15 años, según la Base de datos mundial de emisiones de incendios.

Los incendios en la Amazonia se deben en gran parte a las quemas provocadas para deforestar un terreno, con el objetivo de convertirlo en área de pastoreo, o para limpiar áreas ya deforestadas, generalmente en la temporada seca, que debe acabar dentro de dos meses, en octubre.

Según analistas, el actual descontrol se debe al fuerte aumento de la deforestación: 2.254,8 km2 en julio, casi el cuádruple del mismo mes de 2018, según el Programa de Quemas del Instituto Nacional de Investigaciones Espaciales, de Brasil.

24
Ago19

Ao contrário do que diz o senso comum, a Amazônia não é o pulmão do mundo

Talis Andrade
media
Uma vista aérea da Amazônia perto de Porto Velho, Estado de Rondônia, Brasil, 21 de agosto de 2019. REUTERS/Ueslei Marcelino

 

O biólogo Marcelo Motokane, professor doutor do Departamento de Biologia da USP e especialista em educação para a biodiversidade, explica que, ao contrário do que prega o senso comum e do que diz o presidente francês Emmanuel Macron em seu tuíte sobre os incêndios na floresta, na verdade a Amazônia não é o pulmão do mundo.

“O que a gente consideraria o pulmão do mundo seria o local ou ecossistema que consegue repor o oxigênio na atmosfera. Se a gente pensar deste ponto de vista, o sistema que consegue repor uma grande quantidade de oxigênio na atmosfera seria o ambiente marinho”, explica.

 

Motokane revela que o que faz o planeta Terra respirar são principalmente os oceanos. “Nos 5 centímetros de camada superficial da água, existe um grupo de seres vivos, fotossintetizantes ou produtores, que conseguem pegar o gás carbônico e, com a energia luminosa, transformar em glicose e devolver para a atmosfera o oxigênio. É nesta faixa de 5 cm que está o fitoplâncton, que coloca um aporte de oxigênio muito maior na atmosfera”.

A Floresta Amazônica, segundo ele, tem um outro papel, mais focado na manutenção de recursos hídricos, de estabilidade climática, que na reposição de oxigênio na atmosfera. "O que a Amazônia produz em termos de oxigênio é praticamente todo consumido pela própria floresta".

“A gente chama isso de produtividade primária bruta: ver quanto foi produzido de oxigênio e biomassa, retirar o gasto com respiração e o que sobra é o líquido, ou no caso, o oxigênio. É como se a gente ganhasse um salário, tivesse um custo, e o que sobra é nosso. E é o fitoplâncton, espécie de microalga, que tem esta sobra que lhe permite repor o oxigênio da atmosfera”, conta o biólogo.

 

Imagem que viralizou no Twitter não corresponde à realidade

Sobre os tuítes do presidente francês e de outras personalidades, como o jogador de futebol Mbappé, que evocam a Amazônia como pulmão do mundo, Marcelo Motokane fala que é muito comum as pessoas acreditarem nestas informações, “porque isso é um senso comum que vem desde os anos 1980”. Ele emenda dizendo que a informação postada por Macron de que a Amazônia produziria 20% do oxigênio do mundo não tem base científica.

Nicolas LECAILLE@NicolasLecaille
 

#ActForTheAmazon#PrayforAmazonia

Parfois, il n'y a pas besoin de trouver les mots, une simple image suffit!

Voir l'image sur Twitter

“Na verdade isso foi uma ideia equivocada que se criou a respeito da Amazônia e da mata atlântica também. A gente faz esta analogia com o pulmão justamente pela capacidade de respirar. Mas o pulmão, humano ou de um outro animal, consome o oxigênio e libera o gás carbônico. São vários equívocos nessas analogias, tanto com o pulmão quanto com o fato de ser repositor de oxigênio na atmosfera”, ensina o professor.

O geógrafo e pesquisador francês Hervé Théry corrobora as explicações de Motokane sobre os equívocos. “A Floresta Amazônica apresenta dois fenômenos: a fotossíntese produz de fato oxigênio, ela capta o gás carbônico para produzir a matéria prima das árvores e exporta oxigênio. Mas, por outro lado a respiração das plantas faz o contrário, que nem os nossos pulmões. Então as duas coisas acontecem ao mesmo tempo”, reitera Théry.

“Uma floresta que está crescendo capta carbono para constituir os troncos e tem um balanço mais positivo. Mas uma floresta madura, como a Amazônica, está equilibrada, ou seja, não produz excedente. As florestas do mundo, em geral, produzem mais ou menos 15% do oxigênio mundial. E a Amazônia é talvez ¼ disso, então não é tanto. Então o que produz oxigênio mesmo, em grande quantidade, são os oceanos. E aí que tem uma produção real de oxigênio para o mundo”, destaca Théry.

 

Biodiversidade

Tanto Motokane quanto Théry lembram que a Amazônia é importantíssima para o mundo pela sua biodiversidade.

A Amazônia é um dos maiores hotspots de biodiversidade, não só em termo de variedade de espécies, mas também de diversidade cultural, nós temos muitos povos indígenas, muitas culturas nesta região”, afirma Motokane.

“O Brasil tem uma pesquisa de qualidade com relação à preservação da biodiversidade, é um dos países que mais produz conhecimento na área e paradoxalmente é o que mais devasta. Existem formas de fazer esta recuperação [das florestas], mas o tempo que demoramos para devastar é muito mais curto que o tempo para mitigar. Então o custo é muito maior que o custo da preservação”, diz o especialista em biodiversidade.

O pesquisador francês acrescenta um outro dado: “Para ser mais preciso, a parte da Amazônia que tem mais biodiversidade não está no Brasil, mas nos países vizinhos, porque a altitude introduzida pela presença da cordilheira dos Andes gera mais biodiversidade. Ainda assim a biodiversidade da Amazônia brasileira é fantástica e é absurdo queimar uma riqueza deste tipo, árvores de 40 metros, para produzir um pasto ralo”, lamenta Théry.

Emmanuel Macron@EmmanuelMacron
 

Our house is burning. Literally. The Amazon rain forest - the lungs which produces 20% of our planet’s oxygen - is on fire. It is an international crisis. Members of the G7 Summit, let's discuss this emergency first order in two days! #ActForTheAmazon

Voir l'image sur Twitter

 

22
Ago19

ONU se diz profundamente preocupada com incêndios na Amazônia

Talis Andrade

Jornais brasileiros escondem a floresta em chamas

para proteger Bolsonaro

amazonia_leandro.jpg

 

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, se manifestou nesta quinta-feira 22 sobre os incêndios que devastam a floresta amazônia nas últimas semanas, e que tem provocado uma mobilização internacional. 

 

Em uma postagem no Twitter, Guterres disse estar "profundamente preocupado" com  áreas importantes da região no Brasil e que cidades brasileiras e peruanas foram cobertas por fumaça. 

"Estou profundamente preocupado com os incêndios na floresta amazônica. No meio da crise climática global, não podemos permitir mais danos a uma fonte importante de oxigênio e biodiversidade", disse ele no Twitter. "A Amazônia deve ser protegida", enfatizou.

rafael amazonia .jpg

mariano amazonia.jpg

 

Segundo o governo boliviano, a aeronave irá concentrar o combate ao fogo na zona chamada Chiquitanía, reserva natural localizada em Sata Cruz de la Sierra. Os incêndios na região foram originados pelas queimadas iniciadas no Brasil.

Capas dos jornais de hoje:

BOLÍVIA

bolivia_razon. fogo amazonia.jpg

COLÔMBIA

co_espectador. colombia amazonia.jpgEl profesor de la Universidad Nacional, sede Medellín, Germán Poveda, lo explica así: "Bolsonaro ha querido sacar pecho diciendo que la Amazonia es de ellos, pero cabe recordar que es de ueve países, y lo que pase con la Amazonia de Brasil afecta a todo el continente y al mundo.El vapor de agua que evapora el bosque amazónico es exportado hacia la cordillera de los Andes, y vuelve a bajar por el piedemonte amazónico hasta el río de La Plata, al sur de América. Los glaciares se nutren de esas aguas amazónicas. Ya están desapareciendo gracias al calentamiento de la atmósfera, y si le quitas otra fuente de humedad, se acelera el descongelamiento. Si se sigue deforestando, se altera el ciclo hídrico completamente. Ciudades como Sao Paulo, Buenos Aires y hasta Bogotá sufrirían de escasez. Y no solo baja el caudal río abajo, sino que se reduciría la cantidad de sedimentos con que los ríos andinos alimentan los ríos amazónicos. Los mismos sedimentos que hacen posible la increíble biodiversidad de la Amazonia”. 

VENEZUELA

periodiquito. venezuela amazonia.jpg

bolsonaro amazonia.jpg

 

 

 

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