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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

28
Out22

CNBB reforça pedido do papa Francisco por menos ódio nas eleições: 'templos foram profanados'

Talis Andrade

www.brasil247.com - Bolsonaristas causam tumultos em AparecidaImage

 

"O convite é para o exame de nossas atitudes, verificar se de fato há coerência com o evangelho de Jesus"

 

 

247 - O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, divulgou um vídeo nesta sexta-feira (28) reforçando o pedido do papa Francisco por menos ódio, intolerância e violência no Brasil, em um contexto de eleições presidenciais acirradas.

 

"O papa Francisco, em preces à Nossa Senhora Aparecida, rainha e padroeira do Brasil, pede à Maria Santíssima que nos livre do ódio, da intolerância e da violência. Vamos dar um basta aos sentimentos que estão contaminando o processo eleitoral, dividindo famílias e rompendo amizades. Até templos foram profanados com sacerdotes a serviço do altar desrespeitados", afirmou Dom Walmor.

Vale lembrar que em 12 de outubro, no Dia de Nossa Senhora Aparecida, Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores causaram tumultos na Basílica Nacional de Aparecida, bebendo álcool em locais sagrados, encurralando funcionários da TV Aparecida e vaiando o arcebispo Dom Orlando Brandes após ele afirmar que "o Brasil precisa vencer o dragão do ódio, da mentira, do desemprego, da fome e da incredulidade."

"Situações graves que refletem a ausência de senso crítico, inviabilizando o adequado exercício da cidadania. O convite é para o exame de nossas atitudes, verificar se de fato há coerência com o evangelho de Jesus que nos pede compromisso e amor fraterno, a não violência, o incansável serviço aos pobres e excluídos", acrescentou a mensagem da CNBB.

"Em profunda unidade com a mensagem do Papa Francisco, suplico à mãe Aparecida que interceda pelo povo brasileiro, livrando-nos do ódio, da intolerância e da violência, que haja paz, celeridade e esperança", concluiu o vídeo.

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20
Out22

Cartilha de Orientação Política 2022

Talis Andrade

Cartilha de Orientação Política 2022 é inspirada na encíclica Fratelli  Tutti | Diopuava

Neste ano, a Cartilha possui uma característica original, pois está embasada no pensamento do Papa Francisco quanto à política, expresso na sua mais recente encíclica social: “Fratelli Tutti – Sobre a fraternidade e a amizade social”. No documento, o Papa dedica um capítulo inteiro à política, ao qual intitula “A política melhor”.

Para a produção dessa Cartilha de Orientação Política, o Regional Sul 2 contou com uma comissão, composta pela assessoria política da CNBB, por bispos, padres e leigos peritos em várias áreas do conhecimento e da comunicação. Todas as etapas da produção, desde a escolha dos temas e da capa, até a assessoria para os conteúdos e a revisão do texto e diagramação foram acompanhadas por essa equipe.

A capa da Cartilha foi desenvolvida pelo designer gráfico Hélder de Castro. Ele trabalhou o conceito de que “o altar dos leigos é o mundo” (Cf. Evangelii Gaudium, 102), mostrando pessoas de várias faixas etárias, em diferentes áreas de atuação: política, educação, saúde, comunicação, economia, segurança, agricultura, esportes e vários tipos de trabalho. Além disso, sobre o mapa está a urna eletrônica, que representa a democracia, e uma Bíblia, que representa a dimensão da fé cristã.

A cor verde, predominante em toda capa, foi escolhida por remeter à esperança e à vida. Além disso, é a cor que representa a natureza e um dos temas propostos na cartilha é a ecologia integral.

A cartilha tem 24 páginas, é colorida, possui imagens, ilustrações e indicações para vídeos, por meio de QR Codes. O conteúdo é apresentado de forma didática, com uma linguagem simples e de fácil compreensão. Ao final de cada um dos três blocos, são propostas duas questões para o diálogo em pequenos grupos.

Confira mais informações sobre a Cartilha nas redes sociais da Diocese:

Instagram: https://www.instagram.com/p/Cjs_CXrpj...

Facebook: https://www.facebook.com/comunicacaod...

20
Out22

A praga de gafanhotos

Talis Andrade

TEOLOGIA DISCIPULAR: OS GAFANHOTOS

 

 

Dom Devair voltou a reforçar as orientações dadas pela Cartilha de Orientação Política 2022, da CNBB. "Precisamos de serenidade, de calma. A formação nós temos que fazer. Não precisamos de hipocrisia entre nós. Por isso, nada de brigas e confusões nas nossas comunidades por causa disso [política]", enfatizou o bispo da Diocese de Piracicaba

 

 

por Fernando Brito

- - -

Está em curso um movimento – deliberado e orquestrado – para partir em duas a sociedade brasileira e, qualquer que seja o resultado das eleições, deve-se reconhecer que este propósito maligno foi alcançado.

Em 2018, ainda se podia dizer que, como o protagonismo de Jair Bolsonaro era uma novidade na política – ainda que ele estivesse ali há mais de duas décadas – admitem-se o engano de muita gente.

Agora, depois de quase quatro anos de fome, desemprego, inflação, após 700 mil mortes com um pandemia negligenciada pelas autoridades, dom o aparelho de instituições, sejam as públicas – do Congresso às Forças Armadas – sejam as religiosas, não se pode apelar para o “eu não sabia”.

Este processo, sem combate, só e espalha e se agrava, como uma praga de gafanhotos que a tudo e a todos devora.

Se alguém quer uma prova, basta ver como o fanatismo agressivo dito religioso (e não é) já transbordou as denominações evangélicas e se espalha em ataques a padres católicos, muitas vezes em plena missa.

Francisco Franco, o sanguinário ditador espanhol, mandava cunhar moedas em que se dizia “Caudillo de España por la Gracia de Dios“. Aqui, pedem-se votos proclamando-se o próprio Deus, com o grosseiro “Imorrível, Imbrochável e Incomível” no lugar do “Onipresente, Onisciente e Onipotente”.

Não se culpe por isso o nosso povão, porque é de lá que vêm os votos que mantém, apesar da chantagem feita pelo governo, mantpem Lula na liderança das intenções de voto.

É na elite brasileira que se deve procurar o horror aos humildes e o desprezo pelo Brasil, ainda que camuflado por camisas de Seleção.

 

15
Out22

VÍDEOS - Bolsonaristas invadem sacristia e promovem achaque a padre em Aparecida

Talis Andrade

Padre sofre ataques de bolsonaristas na sacristia 

 

Padre Camilo Júnior, que disse que 12 de Outubro é “dia para se pedir benção e não votos” virou alvo de apoiadores de Bolsonaro. "Agora a gente não dá dinheiro para padre nenhum", diz mulher que acusa de ligação com o "islã".

 

Um vídeo divulgado no Facebook pelo jornal O Vale, de São José dos Campos, mostra um grupo de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) invadindo a sacristia da antiga basílica de Aparecida (SP) para promover achaques ao padre Camilo Júnior, que disse em homilia que o Dia de Nossa Senhora Aparecida é “um dia para se pedir benção e não votos”.

No vídeo, os bolsonaristas se mostram revoltados e chamam por "Juninho" - em relação ao padre, que vai até eles. As apoiadoras do presidente reclamam que os sinos que tocaram após a celebração da missa, por cerca de 20 minutos após a cerimônia — que terminou às 16h - e teria atrapalhado a chegada de Bolsonaro para um terço organizado pelo Centro Dom Bosco, um grupo católico ultraconservador radical não ligado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

"Você viu o tumulto que está lá fora?”, indaga o padre, que foi alvo dos bolsonaristas (os fanáticos também foram convocados pelo gabinete do ódio) por causa da homilia. Uma das mulheres diz que a polícia foi chamada.

Bolsonaro resolveu, por conta própria, não participar do terço, o que gerou uma onda de revolta contra a Igreja Católica por parte dos apoiadores.

Em outro vídeo divulgado pelo jornal, apoiadoras acusam o Santuário de Aparecida de "censurar" a participação de Bolsonaro e atacam os padres.

"A gente de agora em diante não ajuda mais campanha de devoto e não doa mais dinheiro para padre nenhum. Porque têm padres que valem a pena, mas têm uns outros que estão pregando o islã", diz a mulher, se confundindo e emendando em seguida: "a droga, a fome, o aborto, tudo mentira, porque Bolsonaro não deu as vacinas no momento certo, ele não ia ficar picando todo mundo". [A mulher recebe pensão vitalícia do governo. Pensão de filha solteira]

 

14
Out22

Deputado bolsonarista chama arcebispo, CNBB e papa de "pedófilos e vagabundos"

Talis Andrade

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O deputado estadual Frederico D’Avila (PSL-SP) fez uma série de ofensas ao arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ao papa Francisco em seu discurso na Assembleia Legislativa de São Paulo. D’Avila chamou os religiosos de “safados”, “vagabundos” e “pedófilos”.

“Seu safado da CNBB dando recadinho para o presidente [Bolsonaro], para a população brasileira, que pátria amada não é pátria armada. Pátria amada é a pátria que não se submete a essa gentalha. (…) Seu vagabundo, safado, que se submete a esse papa vagabundo também. A última coisa que vocês tomam conta é do espírito, do bem-estar e do conforto da alma das pessoas. Você acha que é quem para ficar usando a batina e o altar para ficar fazendo proselitismo político? Seus pedófilos safados, a CNBB é um câncer que precisa ser extirpado do Brasil.”

As ofensas do parlamentar são uma resposta ao discurso de dom Orlando durante a missa pelo Dia de Nossa Senhora Aparecida em 2021. Na ocasião, o arcebispo fez críticas à política armamentista de Jair Bolsonaro e defendeu a ciência e a vacina. 

Os bolsonaristas neste ano eleitoral de 2022 repetem as provocações no Santuário da Padroeira do Brasil. 

 

Bolsonaro chegou na basílica de Aparecida escoltado e acompanhado de ministros e do candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Entre vaias e aplausos, o padre Eduardo Ribeiro, que conduzia a cerimônia, pediu silêncio para começar a missa.

Mais tarde, apoiadores do atual presidente, vestidos de verde e amarelo, hostilizaram a equipe da TV Vanguarda, afiliada da TV Globo.

Em outra parte do santuário, outro grupo gritou e avançou sobre um homem que vestia uma camiseta vermelha.

13
Out22

Ida de Bolsonaro a Aparecida irrita cúpula da Igreja

Talis Andrade

 

 

por Helena Chagas

- - -

As tentativas do presidente Jair Bolsonaro de se aproximar dos católicos acabaram por piorar suas relações com a Igreja e integrantes da cúpula dos bispos do Brasil. Após a ida ao Círio de Nazaré, já considerada uso indevido da religião com fins políticos, a visita à Basílica de Aparecida nesta quarta irritou a cúpula da CNBB e só não virou comício porque o arcebispo Dom Orlando Brandes não deixou.

Nos bastidores da passagem do presidente pela Basílica da padroeira do Brasil, o Arcebispo de Aparecida teve que impedir um ato político da campanha de Bolsonaro em frente à antiga matriz de Aparecida. Preparado pelo marketing da campanha, previa que o presidente puxasse um terço de orações entre seguidores - todos devidamente paramentados com suas camisas amarelas - , que seria gravado pela equipe e exibido no horário eleitoral.

Estava tudo preparado, cinegrafistas a postos, quando D. Orlando foi informado do evento e mandou padres da arquidiocese à velha matriz, que fica a poucos quilômetros, informar os animadores da campanha que não havia permissão para fazer nada ali. Avisado, Bolsonaro não apareceu, saindo direto da missa na Basílica principal para ir embora, e muita gente esperou em vão porque os bolsonaristas não deram qualquer explicação a seus fiéis.

Ainda assim, sua presença na missa, acompanhado de políticos em campanha e de uma turba de bolsonaristas que vaiou o padre celebrante, foi considerada indevida pela cúpula da Igreja. O próprio Dom Orlando condenou, em sua homilia, a disseminação do ódio.

Numa indireta a Bolsonaro, o bispo afirmou que um fiel tem que se decidir se é católico ou evangélico. Isso pouco antes de o presidente chegar à Aparecida, vindo diretamente de um templo da Assembléia de Deus em Belo Horizonte. 

O dado mais curioso de tudo isso - e que anima algumas lideranças do PT ligadas à igreja a prever que crescerá o apoio a Lula entre católicos - é o fato de D. Orlando, ex-arcebispo de Londrina, ser considerado um moderado dentro da Igreja Católica. Segundo um desses líderes, se for aplicado um critério político, o bispo estaria mais para tucano do que para petista.

Ainda restam três domingos, contando com o da eleição, para dialogar com os fiéis. Integrantes da campanha de Lula acreditam que ele ampliará seu apoio junto ao público religioso sem necessidade de fazer a campanha ostensiva que Bolsonaro vem fazendo. Sua carta aos Cristãos, que se dirige a todos e deverá ser divulgada nas próximas horas, será distribuída em todos os templos.

Bolsonaro visita santuário de Aparecida e desiste de rosário
Propaganda que Bolsonaro, o "dono" da festa divulgou nas redes, marcando a presenças de fanáticos vestidos de verde e amarelo no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil  

 

07
Set22

'Soberania nacional não existe sem soberania popular', dizem religiosos e cientistas em artigo conjunto na Folha de S. Paulo

Talis Andrade

www.brasil247.com -

 

247 - As comemorações do 7 de Setembro convocadas por Jair Bolsonaro (PL) parece “ter sido planejado em detalhes para funcionar como uma demonstração de força a menos de um mês das eleições exatamente por quem vem ameaçando não reconhecer seus resultados”, dizem Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), José Carlos Dias, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns - Comissão Arns, Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Octávio Costa, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e Renato Janine Ribeiro, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em um artigo assinado de forma conjunta na Folha de S. Paulo

“Usurpar a comemoração oficial do bicentenário da Independência com interesse eleitoreiro e como parte de uma exaltação personalista não é algo que se possa aceitar. Ainda mais em um país que grita de fome. Onde o desemprego segue altíssimo em quase todos os setores, jogando milhões no olho da rua ou, quando muito, na informalidade. Onde milhões de crianças amargam o retrocesso de aprendizado e a evasão escolar, sem políticas públicas determinadas a resolver esta situação. Onde o preconceito e o racismo continuam a punir a população negra e pobre, os povos indígenas e os diferentes. Onde as estatísticas de feminicídio teimam em subir. E, não podemos nos esquecer, onde a mortalidade oficial da Covid-19 se aproxima de 690 mil vidas perdidas, deixando um rastro de desalento em todo o país”, destacam os autores. 

“Diante de quadro tão grave, entendemos que é chegado o tempo de brasileiras e brasileiros chamarem para si a data do bicentenário, tomando nas mãos algo que a história lhes confere e, ao mesmo tempo, cobra, qual seja, a defesa da democracia”, ressalta o texto. “Sem democracia, apagam-se as luzes, quebra-se o espelho, perde-se a nação”, completam os autores.

“Cabe reafirmar algo muito importante: soberania nacional não existe sem soberania popular. As entidades aqui representadas conclamam que o bicentenário da Independência seja entendido não apenas como a celebração de algo transcorrido 200 anos atrás, mas como uma tarefa, uma missão, um projeto de futuro que finalmente garanta ao povo brasileiro ser o protagonista de seu destino”, finalizam. 

04
Set22

CNBB repudia manipulação religiosa na eleição

Talis Andrade

Igreja na Polônia: não podemos deixar de ajudar pobres e excluídos -  Vatican News

 

por Altamiro Borges 

A 59ª Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta sexta-feira (2) um documento incisivo contra a “manipulação religiosa” em curso na campanha eleitoral e em defesa da “nossa jovem democracia”. Sem citar os nomes do “capetão” Jair Bolsonaro e dos lobistas da fé que o apoiam criminosamente, o documento do fórum máximo da Igreja Católica serve de alerta aos cristão e à sociedade. 

Ele aponta os graves problemas nacionais que deveriam pautar as eleições: “Nosso país está envolto numa complexa e sistêmica crise, que escancara a desigualdade estrutural, historicamente enraizada na sociedade... Entre outros aspectos destes tempos estão o desemprego e a falta de acesso à educação de qualidade para todos. A fome é certamente o mais cruel e criminoso deles, pois a alimentação é um direito inalienável (cf. Papa Francisco, Fratelli Tutti, 189)”. 

Os bispos reunidos em Aparecida (SP) também revelam preocupação com a “violência latente, explícita e crescente”, que é “potencializada pela flexibilização da posse e porte de armas que ameaçam o convívio humano harmonioso e pacífico na sociedade”. Diante desse cenário, a CNBB realça: “Como se não bastassem todos os desafios estruturais e conjunturais a serem enfrentados, urge reafirmar o óbvio: nossa jovem democracia precisa ser protegida, por meio de amplo pacto nacional”. 


Desvirtuando os valores do Evangelho


Nesse trecho, o texto cita a “manipulação religiosa” e a difusão de fake news que têm o “poder de desestruturar a harmonia entre pessoas, povos e culturas, colocando em risco a democracia”. Ele é incisivo na crítica aos fariseus: “A manipulação religiosa, protagonizada por políticos e religiosos, desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil. É fundamental um compromisso autêntico com o Evangelho e com a verdade”. 

O texto ainda menciona, sem citar o “capetão”, os ataques à ordem institucional. “Tentativas de ruptura da ordem institucional, veladas ou explícitas, buscam colocar em xeque a lisura desse processo, bem como, a conquista irrevogável do voto... Reiteramos nosso apoio incondicional às instituições da República, responsáveis pela legitimação do processo e dos resultados das eleições”. 

Ao final, a 59ª Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil conclama “toda a sociedade brasileira a participar ativa e pacificamente das eleições, escolhendo candidatos e candidatas, para o executivo (presidente e governadores) e o legislativo (senadores e deputados federais, estaduais e distritais), que representem projetos comprometidos com o bem comum, a justiça social, a defesa integral da vida, da família e da Casa Comum”.
 
28
Jan22

Arrastados: histórias de vida e morte nos três anos de Brumadinho

Talis Andrade

 

Bombeiros recuperam corpo soterrado de vítima do rompimento da barragem de Brumadinho: livro reconstitui história três anos depois da tragédia (Foto: Mauro Pimentel / AFP – 28/01/2019)

Elis Marina Costa planejava ficar noiva ao comemorar seu aniversário de 25 anos, em 13 de março de 2019, em Ouro Preto, onde morava com seus pais. Em 13 de março, o nome de Elis ainda fazia parte da lista de dezenas de desaparecidos na tragédia de Brumadinho, onde, no dia 25 de janeiro, três barragens de rejeitos de mineração da Vale romperam e deixaram um rastro de lama, destruição e morte. O corpo da jovem técnica de segurança do trabalho só foi encontrado em novembro de 2019, quase 10 meses depois do desastre, a cerca de três metros de profundidade e a mais de dois quilômetros da barragem da B1, a primeira a entrar em colapso.

Jornalista Daniela Arbex lança livro sobre tragédia da Vale, em Brumadinho, às vésperas de completar três anos. — Foto: Bruno Latoya / TV GloboJornalista Daniela Arbex lança livro sobre tragédia da Vale, em Brumadinho, às vésperas de completar três anos. — Foto Bruno Latoya / TV Globo

Leu essa? Brumadinho: do luto à impunidade, uma tragédia sem fim

Funcionária da empresa Fugro Geotecnia, contratada pela Vale para substituir equipamentos de monitoramento, Elis estava dentro de uma picape, com outros dois colegas, no alto da B1, a 70 metros de altura, quando a barragem, com quase 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério, rompeu, derrubou outras duas e gerou a avalanche de lama. No mesmo veículo, estava o auxiliar de sondagem Olímpio Gomes Pinto, então com 57 anos, casado e com três filhos adultos. Três anos depois, o corpo de Olímpio é um dos seis ainda não encontrados, entre os 270 mortos na tragédia de Brumadinho.

Na lista da Avabrum (Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão), o número sobe para 272 porque duas mulheres estavam grávidas. Como Elis e Olímpio, a engenheira Eliane de Oliveira Melo, de 39 anos, funcionária da Retramax, outra contratada da Vale, estava numa outra picape arrastada pelo tsunami de lama. Grávida de cinco meses, já havia escolhido o nome da filha, Maria Elisa. A família de Eliane precisou esperar 69 dias até seu corpo ser encontrado.

 

Imagem 1 de 1 de Arrastados: Os Bastidores Do...1ªed.(2022) - Livro
 

Leu essa? Brumadinho: 300 quilômetros de medo, insegurança e incerteza

Para o técnico de mina Gleison Pereira e o operador Carlos Antônio de Oliveira, a caminhonete onde estavam foi salvação e não túmulo. Quando ouviram o estrondo, saíam de uma mina em direção a outra. Em disparada, a caminhonete levou os dois para fora da Vale, não sem antes parar para pegar três funcionários desesperados que lotaram a caçamba do veículo. Carlos estava em lágrimas: o filho Diego, 27 anos, engenheiro da Vale, estava no refeitório engolido pela lama.

As histórias de Elis, Olímpio, Eliane, Gleison, Carlos e Diego estão entre as muitas contadas pela jornalista mineira Daniela Arbex no livro Arrastados – Os bastidores do rompimento da barragem de Brumadinho, o maior desastre humanitário do Brasil, em que ela reconstitui os momentos que precederam a tragédia e as 96 horas seguintes ao rompimento das barragens. O livro – que será lançado nesta terça-feira (25/01) pela Editora Intrínseca – é resultado de mais de 300 entrevistas realizadas em um ano e meio de trabalho de apuração da jornalista, autora também de Holocausto brasileiro: 60 mil mortos no maior hospício do Brasil e Todo dia a mesma noite – A história não contada da boate Kiss.

A enxurrada de resíduos de mineração matou trabalhadores dentro do complexo da Vale – no maior acidente de trabalho da história do Brasil -, moradores de dois distritos rurais de Brumadinho – Córrego do Feijão e Parque da Cachoeira – e até turistas hospedados na Pousada Nova Estância, vizinha da barragem, que foi completamente destruída. O colapso da barragem, em 2019, atirou quase 10 milhões de metros cúbicos de lama no Rio Paraopeba, um dos formadores do São Francisco, impactando o meio ambiente e a saúde da população que vive às margens.

Três anos depois da tragédia de Brumadinho, o Brasil ainda tem mais de 120 barragens consideradas em estado crítico – 65 são barragens a montante, a maioria em Minas Gerais – do mesmo tipo de estrutura que rompeu em Mariana, em 2015, e em Brumadinho, em 2019. A Vale já pagou mais de R$ 2 bilhões em indenizações a vítimas; e outros R$ 37 bilhões em acordos com os governos.

Na esfera criminal, a reparação é mais lenta. O Ministério Público de Minas Gerais denunciou, em 2020, 16 pessoas pelo crime de homicídio qualificado das 270 vítimas fatais da tragédia. No fim do ano passado, contudo, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou a denúncia, transferindo para a Justiça Federal a competência para jugar os responsáveis pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho. Há 10 dias, o MPMG recorreu ao Supremo Tribunal Federal contra a decisão do STJ.

Neste dia 25 de janeiro de 2022, os três anos da tragédia serão lembrados em Brumadinho com missa no Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora do Rosário, presidida pelo arcebispo de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em seguida, os integrantes da Avabrum lideram uma caminhada até o letreiro de Brumadinho onde será realizado um ato público de protesto contra a impunidade e de reparação às comunidades atingidas pelo rompimento da barragem.

Leia mais

 
 
Duzentas e setenta pessoas morreram na tragédia de Brumadinho e são relembradas todo dia 25, no letreiro da cidade. — Foto: Anna Lúcia Silva/G1

Duzentas e setenta pessoas morreram na tragédia de Brumadinho e são relembradas todo dia 25, no letreiro da cidade. Foto Anna Lúcia Silva/G1

 
 
 
 

'Arrastados' reconta as 96 horas após o rompimento da barragem da Vale

Carlos Eduardo Alvim entrevista Daniela Arbex. Leia aqui 

17
Out21

Boca suja do deputado bolsonarista Frederico ofende arcebispo dom Orlando Brandes de Aparecida, CNBB, e Papa Francisco

Talis Andrade

 

 “Pedófilos safados” e “vagabundos”

 

 
O deputado estadual Frederico D’Avila (PSL-SP) fez uma série de ofensas ao arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ao papa Francisco em seu discurso na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) na última quinta-feira (14/10). D’Avila chamou os religiosos de “safados”, “vagabundos” e “pedófilos”.
 
“Seu safado da CNBB dando recadinho para o presidente [Bolsonaro], para a população brasileira, que pátria amada não é pátria armada. Pátria amada é a pátria que não se submete a essa gentalha. (…) Seu vagabundo, safado, que se submete a esse papa vagabundo também. A última coisa que vocês tomam conta é do espírito, do bem-estar e do conforto da alma das pessoas. Você acha que é quem para ficar usando a batina e o altar para ficar fazendo proselitismo político? Seus pedófilos safados, a CNBB é um câncer que precisa ser extirpado do Brasil.”
 

As ofensas do parlamentar extremista são uma resposta ao discurso de dom Orlando na última terça-feira (12/10) durante a missa pelo Dia de Nossa Senhora Aparecida. Na ocasião, o arcebispo fez críticas à política armamentista de Jair Bolsonaro e defendeu a ciência e a vacina.

 

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