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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

15
Jun21

Privatização da Eletrobras deve elevar conta de luz, aponta debate no Senado

Talis Andrade

mascara bolsonaro.jpg

O desgoverno Bolsonaro é a continuação do Temer

 

Temer põe país à venda em pacote de concessões e privatizações

 

 

 

A quartelada de Bolsonaro entrega a Eletrobras

 

A Comissão de Meio Ambiente (CMA) reuniu nesta terça-feira (15) uma série de especialistas para analisar a medida provisória do governo militar de Jair Bolsonaro que, ao capitalizar a Eletrobras, permitirá a transferência do controle da empresa à iniciativa privada. A MP entreguista 1.031/2021 está na pauta de votação desta quarta-feira (16) no Plenário do Senado dominado pelo Centrão governista.

Na reunião o senador Jean Paul Prates (PT-RN) disse ter certeza que quem vai pagar a conta da privatização da Eletrobras, se ela ocorrer, será o consumidor final. Isso porque a estatal vende energia a R$ 65 por 1 mil Megawatts-hora (preço de custo), o que deixará de ocorrer após a privatização.

— Essa MP afeta toda a sociedade brasileira. A modelagem proposta descomissiona as principais usinas da base, permitindo que cobrem R$ 140 em vez de R$ 65. Então é evidente que o custo extra será repassado ao consumidor final. E isso é agravado pela criação de reservas de mercado em algumas fontes. Se segurarem as tarifas no primeiro ano, não conseguirão no segundo — alertou.

Nelson Hubner, que foi ministro das Minas e Energia entre 2007 e 2008, valeu-se de exemplos dos EUA e do Canadá para comprovar sua visão de que o Brasil deve passar por um "tarifaço", caso o controle da Eletrobras passe à iniciativa privada. Outro fator que contribuirá para isso, segundo ele, é que o controle dos recursos hídricos brasileiros também passará ao capital privado, caso a MP passe como está. 

— No Canadá, a região de Quebec, onde o controle dos recursos hídricos é estatal, o preço da energia chega a ser um terço de outras regiões do país. Nos EUA, 73% da energia hídrica é estatal. Só o Exército controla 20%. Os estados americanos com a energia mais cara são os da fronteira norte com o Canadá e a California, que são controlados por companhias privadas — exemplificou.

Fernando Fernandes, do Movimento por Atingidos por Barragens (MAB), mostrou que a própria Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prevê o "tarifaço" após a privatização.Choque na conta de luz e a boca do Le�o nas charges dos jornais de  quarta-feira - Choque na conta de luz e a boca do Le�o nas charges dos  jornais de

— O "tarifaço" vai ser grande e abusivo, até a Aneel admite. Em 2016, uma nota da Aneel calculou um aumento de 20% já de cara. Além disso, abriremos mão do controle da maior empresa energética da América Latina. Estimativas calculam que o valor de mercado da Eletrobras é de pelo menos R$ 400 bilhões, podendo chegar a R$ 1 trilhão. E o governo quer entregar por R$ 60 bilhões — reclamou.

 

Investimentos

 

O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) disse que o principal argumento do governo para aprovar a MP é a alegação de que a Eletrobras não teria condições de realizar novos investimentos. Em contraponto, Clarice Ferraz, do Instituto Ilumina, disse que a Eletrobras tem plenas condições financeiras de realizar novos investimentos, se essa for a opção governamental.

— A Eletrobras tem R$ 15 bilhões em caixa e, graças a seus bons indicadores financeiros, pode tranquilamente alavancar mais R$ 40 bilhões. Tem total condições de realizar novos investimentos. Desde 2019, já distribuiu R$ 7,6 bilhões só em dividendos — disse Clarice.

Hubner acrescentou que a Eletrobras parou de investir em 2018, quando foi incluída no Plano Nacional de Desestatização (PND). Segundo ele, só em 2020, o lucro da empresa chegou a quase R$ 6,5 bilhões. 

Jean Paul também disse que considera temerário o Senado aprovar a medida provisória no momento em que o Brasil volta a correr riscos reais de passar por um novo processo de racionamento de energia, como ocorreu em 2001 e 2002. Para ele, o país já sofre devido à ausência de planejamento estatal neste setor desde 2016, e a MP 1031/2021, como está, reforça mecanismos de ausência de coordenação nacional sobre o sistema energético.Tensão Elétrica, Diferença de Potencial ou Potência Elétrica?

 

Sistema Eletrobras

 

26
Mai18

de Clarice Freire

Talis Andrade

A boca se cala 
Minha voz hoje gastou toda 
palavra que tinha. Já não sei se 
aquela fala era ou não era a minha. 
E o que eu não sei dizer aparece 
de algum jeito. Quando o silêncio 
da boca diz um poema perfeito.



O pensamento fala 
Abri a gaiola do imaginário, 
então libertei os sonhos contidos. 
Voaram com o vento por toda a casa 
como se não fossem mais proibidos.

 

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26
Mai18

BOA NOTÍCIA PARA OS POETAS (Não sei se para a poesia)

Talis Andrade

Postou o romancista Urariano Mota:

 

No caderno de livros do jornal Globo:


Com 'instapoetas', vendas de poesia crescem 130% e quebram barreiras editoriais


Antes considerado difícil de emplacar, gênero conquista público e editoras


Tradicional patinho feio do mercado editorial, a poesia sempre foi vista como “algo que não vende”, “gênero difícil”, alvo de desconfiança. “Livro de poesia vende pouco e de poeta desconhecido não vende nada. Nenhum editor, em seu juízo perfeito, entra nessa fria”, escreveu Ferreira Gullar, há seis anos. E lembrou que até o futuro imortal Manuel Bandeira pagou do próprio bolso a edição de seu primeiro livro, lá em 1917.


Se fosse vivo, Gullar, que morreu em 2016, levaria um susto com a lista de mais vendidos nos quatro primeiros meses deste ano. Entre os dez primeiros, na categoria ficção, três são de poesia. Entre os 50 mais, em todas as categorias (incluindo autoajuda, religião e youtubers), há quatro títulos de poesia.


De janeiro a abril, o gênero vendeu 209.764 exemplares, um crescimento de 130% em relação ao mesmo período do ano anterior. Agora, portanto, poesia vende. E quem puxa o fenômeno não são clássicos ensinados nas escolas, figurões ou autores premiados, e sim poetas jovens, alguns no primeiro ou segundo livro, que ficaram famosos espalhando nas redes sociais versos curtos, simples e diretos.


Conheça os jovens poetas best-sellers João Doederlein. Aos 21 anos, o estudante de Publicidade da UnB já tem mais de 800 mil seguidores no Instagram. Como uma espécie de dicionário poético e sentimental, seus textos dão outros sentidos a palavras conhecidas do cotidiano. O projeto de Doederlein começou em 2015 e viralizou quando celebridades como a atriz Grazi Massafera compartilharam seus posts. Lançada no ano passado, a sua primeira obra, “O livro dos ressignificados”, está em 18º na lista de mais vendidos de ficção nesta semana. No ano, ocupa a 9ª posição.

 

 


Ryane Leão: Espalhando seus poemas há dez anos em cartazes lambe-lambes e em todos os cantos da internet, ela percorreu uma trajetória de “caos e flores”. Cuiabana radicada em São Paulo, negra e lésbica, está sendo chamada de “a Rupi Kaur brasileira”, por trazer questões delicadas sobre a mulher para a poesia nacional. Não por acaso, 95% de suas leitoras são mulheres entre 16 e 60 anos. Seus poemas foram reunidos no livro “Tudo nela brilha e queima”, que chegou à quinta edição em apenas seis meses.

 

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Pedro Gabriel: “Instapoeta” antes mesmo de o termo existir, Pedro Gabriel foi um dos primeiros fenômenos da poesia nas redes sociais. Filho de pai suíço e mãe brasileira, chegou ao Brasil aos 12 anos. Começou escrevendo e desenhando em guardanapos que encontrava nos bares. Ao postá-los em sua página no Facebook (e, posteriormente, no Instagram) ganhou milhares de fãs. Seus dois primeiros livros, que reproduzem os guardanapos poéticos, já venderam mais de 350 mil exemplares desde 2013, segundo a editora Intrínseca.


Clarice Freire. Os poemas da publicitária pernambucana de 30 anos têm toque artesanal. Frases como “Vi o sol nascendo e tive vontade de ser também” ou “Estou levando as tristes idas para te dar as boas-vindas” aparecem em caligrafia de nanquim, sempre acompanhadas de desenhos. E tudo é fotografado e postado no Facebook e no Instagram. Em 2014, o material foi reunido no livro “Pó de Lua”, que vendeu 90 mil exemplares. Depois, veio “Pó de Lua nas noites em claro” (2016). Agora, ela prepara uma terceira obra.

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Zack Magiezi: Um “instapoeta” que usa máquina de escrever. Este é Zack Magiezi, pioneiro da poesia de rede social que se mostra ao mesmo tempo vintage e contemporâneo.


São pílulas instantâneas, de leitura fácil, geralmente acompanhadas de imagens em postagens de Facebook e Instagram. Explorando esse formato, brasileiros e estrangeiros se firmaram como best-sellers e transformaram o modo como o gênero é visto pelo público — e também pelos editores.

 

É o caso da indo-canadense Rupi Kaur, do brasiliense João Pedro Doederlein (@akapoeta), da pernambucana Clarice Freire e do coletivo TCD (da série “Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente”).


— A poesia está na moda — diz Ismael Borges, gestor da Nielsen, que monitora o varejo de livros no país. — Guardadas as proporções, é o que aconteceu com os livros de colorir. O gênero cresceu como um todo. E isso não parece planejado por editoras. Houve um encontro da poesia mais contemporânea, digerível, com um leitor que buscava isso.


E o que seria essa poesia mais “digerível”? A professora do Instituto de Letras da Uerj Giovanna Dealtry acredita que, por ter nascido nas redes sociais, a escrita desses autores é mais direta, de consumo imediato.


— É um movimento novo da poesia, que não tem mediação de professor ou intelectual dizendo por que ela é boa ou ruim — analisa. — Os poetas conseguem se comunicar diretamente com o leitor. Eles têm a marca da oralidade, com textos assertivos, quase num tom de autoajuda e aconselhamento. “Você precisa fazer isso”, “precisa fazer aquilo”... São versos direcionados, que acomodam o leitor e não chegam a desafiá-lo.
As vendas vêm crescendo desde 2013, ano em que a Nielsen começou suas pesquisas no Brasil. A data coincide com um marco editorial para o gênero: “Toda poesia”, de Paulo Leminski. Lançado pela Companhia das Letras, o livro pegou o mercado de surpresa. E, em algumas livrarias, vendeu mais do que “Cinquenta tons de cinza”.


DOS BLOGS AOS FEEDS


No mesmo ano, a Intrínseca lançou o primeiro livro de Pedro Gabriel, que começava a despontar no Facebook com um conceito peculiar: fotos de guardanapos com poemas ilustrados, que ele escrevia em bares. Era aposta ousada, mas seu “Eu me chamo Antônio” superou expectativas. O livro e sua continuação (“Segundo — Eu me chamo Antônio”, 2014) já venderam 350 mil cópias.


— Na época, ainda era difícil visualizar essa poesia de rede social como livro — diz Danielle Machado, editora-executiva da Intrínseca. — O que nos fez investir no Pedro não foi uma aposta no gênero, e sim na originalidade do livro, com a estética dos guardanapos e a linguagem.


O sucesso dele levou a editora a procurar outros nomes populares na web, como Clarice Freire, que na época tinha uma página no Facebook chamada Pó de Lua. Com 90 mil cópias vendidas, os livros dela foram adotados nas escolas neste ano.


Sem as redes sociais, Danielle acredita que editoras e livrarias ainda estariam no modus operandi “poesia não vende”. Antes delas, os poetas usavam blogs, acessados frequentemente por leitores já interessados no gênero. Agora, os posts infiltram-se nos feeds por compartilhamentos em Facebook, Instagram, Twitter. E encontram um público que até então podia nem gostar ou acompanhar poesia. Essa, aliás, é a razão que fez muitos autores

 

migrarem do Facebook para o Instagram, onde conseguem mais destaque. Ganharam até um apelido: instapoetas.


As redes sociais criaram uma linha direta para que autores promovessem seus textos. E os ajudaram a mapear com muita precisão o perfil de seus leitores. Pedro Gabriel, que tem 1,5 milhão de seguidores no Instagram, sabe que 70% de seus fãs ali têm entre 13 a 25 anos. Os jovens são os que mais interagem com ele, mandando mensagens e comentários. Muitos dizem estar lendo poesia pela primeira vez.


— Depois de descobrir minha página, eles começam a se interessar por outros poetas, como Drummond, Leminski, Manoel de Barros... — diz Pedro. — O público perdeu o medo da poesia. Não tem mais essa de que é uma coisa inacessível, voltada para a Academia, para pessoas com cabelo branco.


Pela linguagem mais acessível de seus trabalhos, muitos instapoetas acham que são a porta de entrada para obras mais densas. Clarice Freire conta que, nas sessões de lançamento de seus livros, vários fãs lhe pedem dicas de outros autores. Não é impossível presumir, portanto, que o fenômeno também esteja favorecendo outros tipos de poeta.


Afinal, talvez não seja acaso que a primeira grande coletânea da portuguesa Sophia de Mello Breyner (1919-2004) lançada no Brasil, com seus versos complexos e sinuosos, já tenha vendido respeitáveis duas mil cópias em menos de um mês. O próprio fenômeno Leminski, um poeta que se encontra no meio do caminho entre o pop e o hermético, também pode ter sido beneficiado por novos autores.


Expoente da poesia marginal, o poeta Chacal, que nos anos 1970 e 1980 encontrou no mimeógrafo uma forma alternativa de fazer poemas chegarem a leitores, tem certeza de que a poesia falada ainda é a principal responsável por popularizar o gênero. Tanto em sua época quanto hoje:


— É nesses eventos que ela deixou de ser solene. Essa poesia da era digital já tem as bases que existiam no cordel, no rap e em todas essas tendências globalizadas que se vê no slam. Acho que a poesia hoje pode ser tudo, em breve não vai ter mais diferença entre poeta, músico, fotógrafo. Será tudo o mesmo criador.

 

 

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