Nessa virada de ano – e de governo – o simbolismo ganhou peso e espaço, para deixar claro que até nos seus mais mínimos aspectos nada do que acontece deixa de ser revelador.
Uma história contada pela jornalista Natuza Nery – que nem o mais lunático chamaria de esquerdista, petista ou lulista – deixa isso bem claro.
Conta ela que, na véspera da posse, um grupo da equipe de Lula foi até o Palácio do Planalto ver como estava tudo. Afinal, no primeiro dia do ano o presidente empossado iria subir a rampa daquele Palácio e falar para o país e o mundo.
O grupo foi até o terceiro andar, onde fica o gabinete presidencial, e seus integrantes deram com a porta trancada. A chave? Ora, tinha sumido.
Foi preciso chamar um chaveiro para que os integrantes da equipe de Lula pudessem abrir a porta – vale reiterar: da sala do presidente da República, que ele poderia ocupar no dia seguinte – e entrar.
Natuza Nery fecha seu pequeno texto com um comentário: diz ela que “a situação mostra o grau de hostilidade do governo Bolsonaro com a nova gestão”.
Devo, com toda delicadeza, dizer que discordo dela.
Muito mais que grau de hostilidade, o gesto de Jair Messias e seu bando mostra o grau de desvario a que chegou o pior e mais abjeto presidente da história do Brasil.
Mostra também a que ponto chegam o desprezo pelas normas básicas da civilidade e a falta de respeito pelos bens públicos – para dizer o mínimo – de quem não tinha outro futuro em mente que um golpe para se perpetuar no poder. E que ao ver que tal golpe não aconteceria, optou por fugir do país.
Para terminar, essa fuga deixou claro que, para Jair Messias e sua tropa, não há fronteira entre o público e o privado. Tanto assim que além de levar a chave do gabinete presidencial, ele fugiu levando mulher, filha e sabe-se lá quem mais em um avião da presidência, ou seja, às nossas custas.
Esse é o bolsonarismo em flor, esse é o bolsonarismo que não só o novo governo terá pela frente, mas todos nós teremos.
Não se trata de hostilidade à nova gestão, como quis a jornalista: trata-se de hostilidade ao país, à democracia. A todos nós que não somos do bando do Genocida.
E assim vai ser durante muitos e muitos dias: iremos descobrindo novos gestos mostrando até que ponto esse bando de devastadores que giram ao redor do Genocida desrespeita o mais mínimo da civilidade.
Excetuando a classe dominante que se enriquece com regimes autoritários e de ultradireita, como o atual, vigora, na grande maioria, a consciência de que assim como o Brasil está não pode continuar. Deve haver uma mudança para melhor. Para isso penso que devem ser atendidos alguns quesitos básicos. Elenco alguns.
(1) Refazer o “contrato social”. Este significa o consenso de todos, expresso pela constituição e pelo ordenamento jurídico de que queremos conviver como cidadãos livres que se aceitam mutuamente, para além das diferenças de pensamento, de classe social, de religião e de cor da pele. Ora, com o atual governo rompeu-se o contrato social. Dilacerou-se o tecido social. O executivo faz pouco caso da constituição, passa por cima das leis, menospreza as instituições democráticas, mesmo as mais altas como o STF.
Em razão dessa revolução ao revés, autoritária, de viés ultraconservador e fascista, apoiada por setores significativos da sociedade tradicionalmente conservadora, as pessoas se cindiram, nas famílias e entre amigos e até se odeiam, quando não cometem assassinatos por razões políticas. Se não refizermos o contrato social, voltaremos ao regime de força, do autoritarismo e da ditadura, com as consequências inerentes: repressão, perseguições, prisões, torturas e mortes. Da civilização estaremos a um passo da barbárie.
(2) Resgatar a “civilidade”. Quer dizer, deve prevalecer a cidadania. Esta é um processo histórico-social em que a massa humana forja uma consciência de sua situação subalterna, se permite elaborar um projeto e práticas no sentido de deixar de ser massa e passar a ser povo, protagonista de seu destino. Isso não é outorgado pelo Estado. É conquistado pelo próprio povo na medida em que se organiza enfrenta as classes do atraso e até o Estado classista.
Ora, este processo sempre foi impedido pela classe dominante. Visa a manter as massas na ignorância para melhor manipulá-las e impedir, com violência, que ergam a cabeça e se mobilizem. A ignorância e o analfabetismo são politicamente queridos. Os 10% mais ricos que chegam a responder por 75% da riqueza nacional, fizeram um projeto para si, de conciliação entre eles, sempre com exclusão das grandes maiorias. Carecemos de um projeto nacional que a todos insira. Isso continua até os dias de hoje. É talvez nosso maior flagelo pois se desconhecem os 54% de afrodescendentes, os quilombolas, os indígenas e os milhões de covardemente marginalizados. Sem cidadania não há democracia.
(3) Recuperar a “democracia mínima”. Nunca houve em nosso país uma verdadeira democracia representativa consolidada, na qual estivessem presentes os interesses gerais da nação. Os eleitos representam os interesses particulares de seu segmento (bancada evangélica, do gado, da bala, do agronegócio, da mineração, dos bancos, do ensino particular etc.) ou dos que financiaram as suas campanhas. Poucos pensam num projeto de país para todos, com a superação da brutal desigualdade, herdada da colonização e principalmente do escravagismo.
Sob o atual governo, como poucas vezes em nossa história, a democracia se mostrou como farsa, um conluio dos referidos políticos com um executivo que governa para os seus eleitores e não para todos, inventando até um vergonhoso orçamento secreto, sem qualquer transparência, destinado, primordialmente, para compra de voto da reeleição de um executivo que usa a mentira, afake newscomo política de governo, a brutalização da linguagem e dos comportamentos, vive ameaçando de golpe de estado, desmontando as principais instituições nacionais como a educação, a saúde, a segurança (permitindo mais de um milhão de armas nas mãos de cidadãos afeitos à violência).
É urgente recuperar a democracia representativa mínima, para podermos, depois, aprofundá-la, fazê-la participativa e sócio-ecológica. Sem essa democracia mínima não há como fazer funcionar, com a devida isenção, a justiça e o direito; fragilizam-se as instituições nacionais, especialmente a saúde coletiva, a educação para todos e a segurança cujos corpos policiais executam com frequência jovens da periferia, negros e pobres.
(4) Fomentar a “educação, a ciência e a tecnologia”. Vivemos numa sociedade complexa que para atender suas demandas precisa de educação, fomento à ciência e à tecnologia. Tudo isso foi descurado e combatido pelo atual governo. A continuar, seremos conduzidos ao mundo pré-moderno, destruindo nosso incipiente parque industrial (o maior dos países em desenvolvimento),nossa educação que estava ganhando qualidade e universalidade em todos os níveis, especialmente beneficiando estudantes do ensino básico, alimentados pela agricultura familiar e orgânica, o acesso de pobres, por cotas, ao ensino superior, às escolas técnicas e às novas Universidades.
Podemos nos informar a vida inteira nos advertia a grande filósofa Hannah Arendt, sem nunca nos educarmos, vale dizer, sem aprender a pensar criticamente, construir nossa própria identidade e exercer praticamente nossa cidadania. Se não recuperarmos o tempo perdido, poderemos nos transformar num num país pária, marginalizado do curso geral do mundo.
(5) Conscientizarmo-nos de nossa importância única no tema da “ecologia integral” para ajudarmos a salvar a vida no planeta. O consumismo atual demanda mais de uma Terra e meia que não temos (Sobrecarga da Terra). Devemos ademais assumir como fato científico assegurado, de que já estamos dentro do novo regime climático da Terra. Com o acumulado de gases de efeito estufa na atmosfera não poderemos mais evitar fatais eventos extremos graves: prolongadas estiagens, imensas nevascas e inundações, perda da biodiversidade, de safras, migrações de milhares que não conseguem se adaptar e submetidos à fome e aos novos vírus que virão (vorosfera).
Haverá grande escassez mundial de água, de alimentos, de solos férteis. Neste contexto, o Brasil poderá desempenhar uma verdadeira função salvadora já que é a potência mundial de água doce, pela extensão de solos férteis e pela Amazônia que, preservada, poderá sequestrar milhões de toneladas de CO2, devolver-nos oxigênio, fornecer umidade a regiões a milhares de quilômetros de distância e por sua riqueza geobioecológica poderá atender às necessidades de milhões de pessoas do mundo.
Nossos governantes possuem escassa consciência desta relevância e fraquíssima consciência na população. Possivelmente teremos que aprender com o sofrimento que sobrevirá e que já se manifestou entre nós pelas desastrosas enchentes, ocorridas em vários estados neste ano de 2022. Ou todos no planeta Terra colaboramos e nos demos as mãos ou então engrossaremos o cortejo daqueles que rumam na direção de sua própria sepultura, nos advertiu Sigmunt Bauman pouco antes de morrer. Nas palavras do Papa Francisco: “estamos no mesmo barco, ou nos salvamos todos ou ninguém se salva”. A questão essencial não reside na economia, na política e na ideologia, mas na sobrevivência da espécie humana, realmente, ameaçada. Todas as instâncias, saberes e religiões devem dar sua contribuição, se ainda quisermos viver sobre este pequeno e belo planeta Terra.
(6) Por fim, deixando de lado outros aspectos importantes, devemos criar as condições para uma “nova forma de habitar a Terra”. A dominante até agora, aquela que nos fazia donos e senhores da natureza, submetendo-a a nossos propósitos de crescimento ilimitado, sem sentirmo-nos parte dela, esgotou suas virtualidades. Trouxe grandes benefícios para a vida comum, mas também criou o princípio de auto-destruição com todo tipo de armas letais. Devemos fazer a travessia para outra forma na qual todos se reconhecerão como irmãos e irmãs entre os humanos e também com a natureza (os vivos têm o mesmo código genético de base), sentindo-nos parte dela e eticamente responsáveis por sua perpetuidade. Será uma biocivilização em função da qual estarão a economia e a política e as virtudes do cuidado, da relação suave, da justa medida e do laço afetivo com a natureza e com todos os seus seres.
Para que se criem tais condições em nosso país para essa “civilização da boa esperança”, precisamos derrotar a política do ódio, da mentira e das relações desumanas que se instauraram em nosso país. E fazer triunfar aquelas forças que se propõe recuperar a democracia mínima, a civilidade, a decência nas relações sociais e um sentido profundo de pertença e de responsabilidade pela nossa Casa Comum. As próximas eleição significarão um plebiscito sobre que tipo de país nós queremos: o da barbárie ou da democracia.
Sem essa democracia mínima não há como fazer funcionar, com a devida isenção, a justiça e o direito; fragilizam-se as instituições nacionais, especialmente a saúde coletiva, a educação para todos e a segurança cujos corpos policiais executam com frequência jovens da periferia, negros e pobres.
O teólogo Leonardo Boff afirmou no programa 20 MINUTOS ENTREVISTA com Breno Altman desta sexta-feira (10/06/2022) que o Papa Francisco mantém viva a Teologia da Libertação e que o movimento social, do qual é figura de referência, representa o futuro da Igreja Católica.
O teólogo espera do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem visitou na prisão, uma aproximação íntima com os valores caros à Teologia da Libertação num eventual próximo mandato. “Ele me disse que chegar de novo à Presidência é a última chance de sua vida em fazer uma grande revolução, e que vai fazer. Fará um discurso político para manter a unidade nacional, mas a prática vai ser radical a favor dos pobres, oprimidos, indígenas, mulheres, LGBTs e todos os que são violados diuturnamente”, narra. Por outro lado, Boff se opõe frontalmente ao presidente Jair Bolsonaro, a quem só se refere como “o inominável”. A postura religiosa do direitista é um dos alvos de sua crítica.
De acordo com a deputada do PT-RN, Jair Bolsonaro 'interfere de forma indevida na atuação do Legislativo, para atacar a cultura'
247- A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) enviou, nessa quarta-feira (31), ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), um documento pedindo a devolução à Presidência da República da Medida Provisória nº 1135/2022. A MP adia e retira a obrigatoriedade do repasse de dinheiro ao setor cultural por meio das Leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, que autorizam R$ 6,8 bilhões para quem se sustenta com a arte.
"Bolsonaro mais uma vez interfere de forma indevida na atuação do Legislativo a partir do uso inadequado de Medida Provisória, cujo propósito é de, mais uma vez, atacar a cultura e negar direitos a quem foi duramente impactado pelos efeitos da pandemia", disse a parlamentar.
A Lei Paulo Gustavo determina o pagamento de R$ 3,8 bilhões para estados e municípios. Os repasses deveriam ocorrer "no máximo" em 90 dias após a publicação da lei, prazo que se encerraria no início de outubro, mas com a medida provisória, Bolsonaro adiou para 2023. A Lei Aldir Blanc 2 prevê um repasse anual de R$ 3 bilhões aos governos estaduais e municipais, durante cinco anos, para o financiamento de iniciativas culturais. A medida valerá só para 2024.
"Requeremos ao presidente Rodrigo Pacheco que negue a tentativa de Bolsonaro de acabar com as leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc, de apoio à Cultura. Os trabalhadores da cultura tiveram graves prejuízos financeiros, foram os primeiros a parar e os últimos a poderem retomar suas atividades por conta da pandemia de COVID-19. Precisam do auxílio emergencial pra ontem", afirmou a parlamentar. "No Congresso lutaremos para derrubar essa medida absurda", complementou.
Natália Bonavides 1311
@natbonavides
Começou o Setembro Amarelo, a campanha anual que lembra da importância do cuidado com a saúde mental. Sabemos que saúde mental não parte só de dentro pra fora. A fome, a miséria e o desemprego impactam diretamente em nosso psicológico. (Arte:
Lula quer cultura como fonte de emprego e renda para quem produz
Em encontro com artistas em Belém (PA), ex-presidente destacou importância da cultura para a economia e para dar civilidade, nacionalidade e respeito aos povos
Em encontro com artistas paraenses, no começo da tarde desta quinta-feira (1), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou o compromisso com o setor cultural e com a valorização das manifestações de todos os cantos do país. Ele disse que retomará o Ministério da Cultura, além de criar comitês estaduais, e defendeu que os recursos para a área sejam tratados como investimento, não como gasto.
“É preciso parar de tratar a cultura como gasto. Essa é a mudança chave que nós temos que ter e entender a cultura como instrumento da economia brasileira. A cultura, ela pode gerar muitos empregos. (…) Então, nós vamos retomar o Ministério da Cultura, e vamos efetivamente criar comitês estaduais de cultura”, afirmou a uma plateia que lotou todos os espaços do Teatro da Paz, em Belém.
Enquanto ouvia relatos locais sobre os avanços ocorridos durante seus governos, Lula afirmou que, se ganhar as eleições, fará muito mais pela cultura na região. “Se vocês acham que no meu governo a cultura foi bem incentivada ou foi tratada com muito respeito, se preparem porque vocês vão ter que me ajudar a fazer muito mais. Eu não posso voltar a presidir o país e fazer menos do que eu já fiz. Eu não posso voltar e fazer igual”.
O ex-presidente declarou ainda ser preciso transformar a cultura numa atividade rentável para quem a produz, e apontou os artistas e produtores como figuras centrais para fazer o Brasil dar o salto de qualidade que precisa.
Lula disse que a cultura de um país é das coisas mais importante e o que lhe dá civilidade, nacionalidade e respeito. “A cultura vai ganhar força porque nós temos que mostrar ao Brasil inteiro o que nós somos. (…). Se você visitar as regiões mais pobres do estado de Minas Gerais e for no Vale do Jequitinhonha, vai ver uma cultura exuberante que ninguém sabe, porque está lá confinada. Só vai ser exposta se alguém for lá e comprar”, destacou.
“Eu não me conformo do terceiro produtor de alimento do mundo ter 33 milhões de pessoas passando fome. Do primeiro produtor de proteína animal do mundo ter gente na fila do açougue para pegar um osso ou carcaça de frango”, lamentou o ex-presidente.
Segundo levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), o número de pessoas que passam fome no país subiu para 33,1 milhões. O país voltou ao patamar de 30 anos atrás, de onde só tinha saído nos governos de Lula e Dilma Rousseff.
Lula recordou então seu passado no agreste pernambucano, quando passou fome ainda na infância, na cidade de Garanhuns. “Quem está conversando com a gente não vê que a gente está com fome. Então, nós que temos o que comer, temos que estender a mão para aquele que não tem, nós temos que voltar a ser solidários, generosos”, argumentou.
Complexo de vira-latas
Lula disse que pretende reposicionar o Brasil na geopolítica mundial, garantindo respeito entre os países do primeiro mundo e abolindo o chamado complexo de vira-latas, termo cunhado por Nelson Rodrigues, nos anos 1950, para se referir à suposta baixa autoestima e situação de inferioridade que o brasileiro muitas vezes se coloca.
“A gente vai readquirir o respeito no mundo. Os americanos vão nos respeitar porque no nosso governo será abolido o complexo de vira-latas”, declarou nesta quinta-feira (1), em Belém, no Pará, durante reunião com fazedores de cultura.
Lula recordou com orgulho que foi o único presidente do Brasil a ser convidado para todas as reuniões do G8, sigla que denomina os oito países mais ricos e influentes do mundo.
O ex-presidente também criticou a superficialidade nas relações contemporâneas e disse que a Cultura, a partir de um Ministério que valorize artistas, pode tocar as pessoas, para que elas enxerguem um mundo diferente, melhor.
“Nós não podemos aceitar deixarmos de ser seres humanos para virarmos algoritmo. Não podemos, gente! Nós temos que ter sentimento, compaixão com os nossos irmãos e irmãs que podem menos que a gente. E quem pode fazer esse país dar um salto de qualidade se não vocês, representantes da cultura? Se não vocês, quem vai falar com milhões de pessoas todos os dias, em teatro, cinema, rádio, televisão, na rua!?”, completou.
Farol da culturaedmilso
Acompanhado da esposa Rosângela Silva, a Janja, de representantes da Coligação Brasil da Esperança e de políticos locais como Edmilson Rodrigues, prefeito de Belém, e de Hélder Barbalho, governador do Estado, Lula ouviu artistas e lideranças.
Do governador Hélder Barbalho, que é filiado ao MDB, Lula recebeu o reconhecimento público da importância dos seus governos para a cultura local e para o desenvolvimento da região. Todos os presentes lamentaram os retrocessos pelo qual o setor cultural passa no atual governo e reclamaram especialmente do veto às leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc.
Um dos pontos altos do encontro foi o depoimento da atriz Dira Paes, muito conhecida por atuações em clássicos do cinema nacional e novelas globais. Participando das gravações da novela Pantanal, ela gravou um vídeo em que diz: “Você sempre foi um farol para a cultura brasileira. (…) Você vem dando uma aula para nós todos ao longo desses anos, principalmente, diante nos anos desse governo nefasto que aqui se apresenta. (…) Lula, seja forte, saiba que estamos juntos e receba esse abraço amazônico para lhe dar muita potência nos próximos dias. Nós estaremos juntos, enfrentando a tudo e a todos para lhe ver presidente da República em 2022” afirmou.
Há tempos, o Brasil vem sendo assolado por uma polarização nunca antes vista no país. De um lado, cidadãos guiados pelo amor, pela preocupação com o próximo, pela ânsia por dignidade e pelo desejo de construir uma sociedade sem oprimidos e opressores. Do outro, os chamados "cidadãos de bem", alimentados pelo ódio, pela amargura, pela segregação e pela gana de ter sempre mais ─ mesmo que isso signifique deixar outras pessoas sem nada.
Historicamente, a divergência de ideologias sempre existiu, principalmente em anos eleitorais. É comum que os dois candidatos mais fortes ─ geralmente com ideais opostos ─ puxem a disputa e o debate. Levando em consideração o conceito de democracia, essas diversidade de ideias, desde que haja respeito entre as partes, é até saudável para manutenção do Estado Democrático de Direito.
Entretanto, o que se tem visto nos últimos anos vai muito além da divergência política. É uma briga entre o amor e o ódio, que foi intensificada com a chegada do capitão reformado do exército à Presidência.
Mesmo no decorrer da campanha eleitoral de 2018, seu discurso já tinha como base o ódio. "Vamos fuzilar a petralhada", disse certa vez, durante evento no Acre. O símbolo que representa a sua pessoa é uma arma de fogo. Arma essa que é produzida com a finalidade de tirar a vida. É bastante comum que em seus eventos as pessoas levantem os dedos indicador e polegar imitando o empunhar de uma pistola. Até mesmo crianças são jogadas no universo do ódio.
Suas falas segregam. Pretos, pobres, mulheres, periféricos, LGBTQIA+ não têm espaço em seu palanque, muito menos na construção de suas políticas. É tudo sobre fragmentar, alimentar a atmosfera de polarização. Nunca nada sobre unir.
Enquanto isso, viajando pelo país, Lula tem seu discurso focado basicamente na reconstrução da nação e na junção de forças pelo fim do ódio de classe. Como representante da classe trabalhadora, ele conhece exatamente os anseios do povo brasileiro. Sabe que, nesse momento, a fome assola os lares e o desemprego, a carestia e a ausência de políticas de assistência social empurram o Brasil ladeira abaixo.
Compreende também que, para tirar o povo brasileiro das mãos do capitão, é preciso união. E, para que haja união, é preciso amor. Entende que reconstruir o Brasil não é, e jamais será, uma tarefa fácil. Mas, sobretudo, será um ato de amor.
O novo Brasil que queremos ─ e que construiremos - não tem espaço para o ódio e muito menos para aqueles que hoje estão no poder. É um país guiado pelo amor, pela empatia, sem preconceitos e sem qualquer tipo de discriminação. É uma pátria com igualdade de direitos, com emprego, renda e oportunidades para todas e todos.
Surpresa: por trás de Daniel Silveira tem uma coisa de nome “rachadinha”. Diz o MPF. Mas, sem problema: será indultado! “Bora” insultar o STF! Chama-se “liberdade de agressão”! E pedir AI-5. Em nome da democracia, é claro.
Chinelagem: Zambelli quer anistia geral a condenados por atos antidemocráticos. Silveira na CCJ. O país virou um escracho. E 1-Maio teve novas manifestações golpistas. Até qdo? E pensar que a grande mídia colocou Bolsonaro lá! Mas ninguém é mãe da desgraça. Diz aí Cantanhede!
Fui o autor do parecer da OAB (Com. Estud.Constitucionais) sobre o “indulto” de Bolsonaro. Na pesquisa, escapou-me a opinião de Pontes de Miranda (um desconhecido - sarcasmo!). Entre ele e os juristas bolsonarianos, fico com o velho. Gracias, Rui Espíndola. Não é ato de império.
Por que cobrar da grande mídia? Óbvio. Lembram do propinoduto? Diário? Não existiria toda essa desgraça sem Moro e a mídia (JN, Merval e cia). Corremos risco de golpe. Sim. E a mídia entrevista Moro. Sem nem tocar na decisão da ONU. Não aprendem. Gostam de alimentar crocodilos.
Vou copiar o Thiago Brasil. Abaixo. Antes, digo: A ONU faz uma decisão história e Cantanhede e Merval entrevistam o pipoqueiro! O Brasil é uma fraude mesmo!
O réu não se ajuda. 13 de maio: Moro cita Luís Gama. Tsk. Tsk. E tasca: “mais do que um presente do império…”. Ah, para com isso. Falso como terra plana. Moro citar Luis Gama é como Bolsonaro citar Rui Barbosa. Qdo não há do que falar, o melhor é calar, já disse Wittgenstein!
Wal do Açaí “trabalhou” 15 anos como asses. parl. sem NUNCA ter estado em BSB. Vendia açaí. Processada junto com seu chefe (Bolsonaro), será defendida pela AGU. É como se o gerente assaltasse o próprio banco e o banco pagasse (e bem) seu causídico. Chama-se Açaismo jurídico!
Espanha e Portugal passaram por longas ditaduras, que acabaram nos anos 70. Por lá ninguém pensa em questionar a democracia. Zero. E no Brasil os militares arrastam as correntes. Ameaçando com golpe. Dia sim, dia sim. Por lá, estariam presos esses insurretos institucionais.
Bia Kicis e Beatrix von Storch líder nazista alemã
Não se admite que ocupe a presidência da CCJ uma figura tão minúscula, alguém que comete tantas infrações no exercício do cargo
por Gilvandro Filho
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Que o governo de Jair Bolsonaro é um ajuntamento de tudo o que não vingaria em um governo minimamente decente e operoso, isto não é novidade para ninguém. Surpresa mesmo seria – vivêssemos em um país sério - ele ainda se manter de pé, armando falcatruas, destruindo a Natureza, com o desemprego e a inflação nas nuvens, enxovalhando o nome do Brasil lá fora, perpetrando as situações mais esdrúxulas em nome de uma ideologia banal e criminosa.
O nível da equipe é constrangedor, para dizer o mínimo. O que justificaria, na cabeça de qualquer observador intelectualmente honesto, a presença de um Marcelo Queiroga no Ministério da Saúde, ou de um Milton Ribeiro na pasta da Educação? Isto, para ficar apenas nessas duas áreas, hoje a cara do presidente da República e da sua ruinosa política de negacionismo da ciência e do conhecimento, celeiros da ignorância e do preconceito deslavados.
Nos cargos que representam o governo no Legislativo, a coisa degringola de vez. As lideranças no Senado e na Câmara dos Deputados são deprimentes. Agora, como explicar, sem apelar para a galhofa, a presença de um figura como Bia Kicis na presidência de uma comissão crucial para os rumos do país como é a Comissão de Constituição e Justiça? Nessa comissão, não precisa repetir, filtram-se as matérias a serem apreciadas no Plenário e se define suas validações aos olhos da Lei Maior. Não tem como.
Não se admite que ocupe a presidência da CCJ uma figura tão minúscula, alguém que comete tantas infrações no exercício do cargo. A última é inaceitável. Vazar dados pessoais de médicos pró-vacina em plena audiência pública, por si só, já seria motivo suficiente para que ela fosse expelida do cargo e passasse a responder processo por falta de decoro parlamentar. Por causa de ação tão insana e irresponsável, três profissionais de referência da área médica tiveram suas cabeças entregues às quadrilhas terroristas que auxiliam o governo federal na disseminação de fake news e ameaças.
A presença de Bia Kicis na CCJ é a mais perfeita tradução do que é o governo Bolsonaro no campo da civilidade e do decoro. Ambos se valem, se velam e se merecem.
Na quarta-feira (10), uma aluna negra do 9º ano do Colégio Cívico-Militar Sebastião Saporski, de Curitiba, voltou do intervalo, abriu seu caderno, e se deparou com as seguintes frases escritas: “Onde já se viu preto nesse colégio”, “preta desgraçada”, “só menina branca é bonita”, “no Saporski não tem lugar pra gente preta”.
O ato racista revoltou os colegas do colégio e de outras escolas da região, culminando em uma onda de solidariedade que foi percebida na escola e nas redes sociais.
Na manhã da quinta-feira (11), estudantes do Sebastião Saporski confeccionaram dezenas de cartazes, receberam a colega com aplausos e realizaram um ato com os punhos cerrados ao alto, gesto de resistência associado a movimentos antirracistas.
Os alunos também criaram a página TodosPelaAgata, no Instagram. Lá compartilham informações sobre o caso, combinam reuniões e mostram os atos que foram feitos na escola.
“O racismo precisa acabar, diga NÃO ao racismo! Vocês, racistas, está na hora de aprenderem que não se trata ninguém diferente por causa da cor da pele, está na hora de colocarmos um basta nisso, não nos compactuamos com essas atitudes, racismo é crime”, diz uma das mensagens publicadas no perfil.
A APP-Sindicato, que representa os professores da rede estadual, também se manifestou. “É revoltante que isso ainda aconteça no interior dos colégios, mas a reação dos colegas é a prova da importância de uma educação e de uma escola antirracistas”, avalia Luiz Carlos dos Santos, secretário de Promoção de Igualdade Racial e Combate ao Racismo da entidade.
Fabiano Leitão Duarte, conhecido como "tromPetista", foi preso na manhã desta terça, depois de tentar impedir o desfile de veículos blindados da Marinha, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Foi liberado depois de assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência Imagem: Evaristo Sá/AFP
por Reinaldo Azevedo
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As redes sociais não perdoam o desfile do golpismo barnabé em Brasília. A tônica é o sarcasmo. E os brasileiros fazem muito bem em recorrer à piada. Perder o humor é sofrer duas vezes. Eu mesmo afirmei no Twitter que o maior risco, até agora, diz respeito ao desequilíbrio climático, né? Nunca se emitiu tanto carbono por nada. Tome fumaça preta em Brasília! Que o humor nos livre do sofrimento adicional. Mas sem perder a esperteza jamais.
Ocorre que o que se deu em Brasília nesta terça-feira está longe de ser uma brincadeira. Ainda que a coreografia e a mímica sejam patéticas, estamos falando de joguinhos perigosos, protagonizados por irresponsáveis espalhados em várias áreas do Estado Brasileiro.
O NÚMERO UM
O maior de todos os irresponsáveis, por óbvio, é o presidente da República, este ser politicamente repugnante, que combina as muitas faces distintas do atraso. Não representa apenas a ignorância em sentido lato -- é impressionante não se conseguir coligir, sei lá, cinco frases decentes de um político que está na vida púbica há 30 anos. Ele é também a expressão da estupidez em sentido estrito. Foquemos um assunto qualquer, colhido ao acaso, e o submetamos a seu escrutínio. Ao ser judicioso, ele dará um jeito de afirmar o que sabe de antemão ser repugnante, obscurantista, detestável.
Temos um presidente que, visivelmente, sente prazer em afrontar o que desconfia ser o consenso civilizatório sobre qualquer tema. Explica-se: muitas vezes, tal consenso nasce de variáveis complexas, aparentemente contraditórias, que não oferecem uma resposta imediata.
Querem um exemplo? Tomemos o caso da violência urbana. Numa primeira mirada, parece razoável supor que se elimina a violência eliminando-se os violentos. E pronto! O salto imediato é passar a defender grupos de extermínio, como Bolsonaro já fez quando deputado. Daí a descarada simpatia das milícias do Rio — e de toda parte — por esse governo. Explicar que a repressão ao crime é a reação imediata, mas que é preciso atacar as causas estruturais da violência restringe em muito a audiência. E o populismo vai sempre optar, como faz o "Mito", pela resposta simples e errada para problemas difíceis, na equação celebrizada pelo jornalista americano H. L. Mencken.
NÃO ESTÁ SÓ
Mas, como resta evidente, ele não está só nessa marcha do atraso. Braga Netto, o ministro da Defesa, é o homem que saiu da chefia do Estado-Maior do Exército para a Casa Civil, permanecendo um tempo como general da ativa, migrando dali para o posto atual. Na pasta anterior -- e, às vezes, esquecemo-nos disto --, foi o homem que comandou os, digamos assim, esforços do governo federal no combate à Covid-19. É triste e constrangedor constatar, eu sei, mas ele era considerado um membro da nossa elite militar. E se nossa elite militar for essa?
Nada disso, em suma, é brincadeira. Podemos não ter, e acho que não teremos, um golpe à moda do antigo gorilismo latino-americano — uma das raízes do notável atraso político, econômico e social da região —, mas não se duvide de que Bolsonaro tem ao menos uma serventia: evidencia um problema que ainda não enfrentamos. O Brasil é hoje a única democracia do mundo em que os militares reivindicam abertamente a tutela sobre a sociedade civil.
Se, nos EUA, Mark Milley, o general mais poderoso da Terra, disse ao golpista um "Opa! Não ultrapasse a linha", por aqui, um capitão arruaceiro, banido do Exército — que chegou a especular sobre ações terroristas contra a própria Força —, seduz oficiais de alta patente intelectualmente despreparados. Misturam bolor ideológico — polarizações herdadas do século passado, transformadas em taras neste século — com interesses meramente corporativos, que se impõem a um país de miseráveis, dependentes ainda da distribuição de migalhas. E, sim, elas são necessárias porque podem representar a diferença entre uma dieta pobre e a fome.
Não se comportaram de maneira muito melhor setores consideráveis dos nossos endinheirados. Imaginaram que o ogro poderia, no poder, se comportar como um príncipe. Digo e repito: bem-aventurados todos os arrependidos da besteira que fizeram. Só não vale alegar ignorância. Devemos ser cordatos com todos os arrependidos — sem eles, Bolsonaro se elege de novo. Em nome do avanço civilizatório, porém, não podemos aceitar o argumento da ignorância: "Ah, eu não sabia que ele era assim..." Se, nas camadas oprimidas pela pobreza e pela ignorância, isso pode ser até aceitável, não venham as frações da elite que apoiaram um troglodita alegar desconhecimento de causa. E, claro, registre-se à margem: há quem o tenha escolhido para que fizesse rigorosamente o que está fazendo.
A NATUREZA DO PERIGO
É cômico aquilo a que se assistiu em Brasília? A palavra "tragicômico" define com mais precisão. Tem uma graça literalmente mórbida. Seria o caso de perguntar se a exibição de força estava, por exemplo, celebrando os quase 564 mil mortos por Covid-19, segundo os dados consolidados até esta segunda. Nenhuma potência estrangeira nos ameaça. Os nossos males estão aqui mesmo. Ainda que alguns lunáticos dessem um golpe, a aventura teria curta duração. O dinheiro grosso quebraria as pernas dos patetas. O perigo maior é mesmo a renitência do atraso.
O desfile desta terça foi liderado pela Marinha, que desenvolve o navio a propulsão nuclear com recursos que foram destravados pelo então presidente Lula, hoje a Nêmesis para parte considerável dos fardados, o que é absolutamente inexplicável a não ser em razão do mais odiento preconceito. Em muitas décadas, incluindo parte da ditadura militar, não há presidente que tenha sido tão generoso com as Forças Armadas.
O capitão que já evidenciou vocação terrorista quando no Exército e que hoje está na Presidência chegou a ter uma ideia: usar o caça Gripen para dar um rasante na Praça dos Três Poderes, o que quebraria os vidros do STF — e não só — para dar um susto nos ministros. Também os caças começaram a ser comprados na gestão Lula, e a operação foi concluída no governo Dilma, sob supervisão da Aeronáutica, a quem coube dar a palavra final.
A parada desta terça foi, sim, meio mequetrefe. Mas o Brasil está longe de ser um exemplo internacional de força miliar sucateada.Pode não ter condições de enfrentar os grandes na área bélica, mas é uma potência regional, convém não se enganar. O que torna o evento particularmente lastimável é que a exibição não buscava servir de advertência a forças estrangeiras: quis intimidar os nativos.
Em síntese, o PT — em último caso, era o que se estava esconjurando ali — deu às Forças Armadas o que elas têm hoje de mais moderno em termos tecnológicos.
Ocorre que o nosso maior atraso, aquele que realmente se expôs em Brasília nesta terça, é de natureza política, moral e ideológica. Deem uma calculadora que realiza apenas as quatro operações a um gênio, e ele realizará prodígios. Entreguem tecnologia de última geração a um ogro, e ele produzirá atraso.
Como se viu.
Vamos, sim, rir do ridículo. Mas sem deixar a vigilância jamais.
O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva concedeu uma longa entrevista ao jornal francês Le Monde. O líder petista confirmou novamente a possibilidade de sua candidatura em 2022 e criticou de forma severa a gestão da pandemia de Covid-19 pelo governo de Jair Bolsonaro.
A entrevista publicada na edição que chegou às bancas nesta sexta-feira (19) foi realizada por meio de videoconferência pelos jornalistas Bruno Meyerfeld, atual correspondente do Le Monde no Brasil, e Nicolas Bourcier, que também já foi correspondente no país. Os repórteres afirmam que “a extraordinária energia” de Lula se mantém intacta apesar dos cabelos e da barba brancos, e começam a conversa questionando a possível candidatura de Lula para a próxima eleição.
“É difícil hoje responder dizendo sim ou não”, respondeu o petista. “Eu tenho 75 anos e em 2022, no momento das eleições, terei 77. Se eu continuar em boa forma e que houver um consenso entre os partidos progressistas desse país para que eu seja candidato, não vejo nenhum problema nisso! Mas eu já fui candidato, já foi presidente e já efetuei dois mandatos. Eu também posso apoiar alguém que esteja bem colocado para vencer. O mais importante é não deixar Jair Bolsonaro continuar governando esse país”, insistiu.
Se Lula preferiu não dar certezas sobre sua candidatura, ele foi menos comedido ao falar do atual chefe de Estado e sua gestão do país. “Eu comecei na política nos anos 1970 e nunca vi meu povo sofrer como hoje. As pessoas morrem nas portas dos hospitais e a fome está de volta. E, diante disso, temos um presidente que prefere comprar armas de fogo no lugar de livros e vacinas. O Brasil está sendo dirigido por um presidente genocida. E isso é muito triste”.
Cultura do ódio
Citando Chico Buarque, que alertou para a “cultura do ódio” que toma conta do Brasil, os jornalistas perguntaram como o ex-presidente vive o fato de ser alvo de tanta animosidade. Lula respondeu que “o ódio não é brasileiro” e que “se existe um povo amoroso e humanista no planeta, esse povo é o brasileiro”. No entanto, aponta o ex-presidente, a população vem sendo bombardeada pelo discurso de ódio.
“Antes, se a gente encontrava um adversário político em um restaurante, dávamos a mão para cumprimentá-lo. Hoje, corremos o risco de levar um tiro! Precisamos acabar com isso. A democracia é o contrário: é a civilidade, a maturidade. Esse país precisa de paz, e não de armas.”
Pandemia é a “3ª guerra mundial”
Ao ser questionado sobre a crise sanitária, Lula ressaltou o que qualificou de erros graves da presidência atual desde o início da pandemia. O ex-chefe de Estado lembrou as declarações de Jair Bolsonaro, que chamou o vírus da Covid-19 de “gripezinha” no começo do surto, a resistência do atual presidente ao uso de máscara e a campanha em favor da cloroquina. “Ele se enganou como se engana uma criança que vai comprar pirulitos. Desperdiçou milhões comprando esse produto ineficaz contra a Covid-19”, acusa. “Bolsonaro é tão ignorante! Ele pensa que não aceitar a gravidade da pandemia vai fazer a economia ser retomada. O único remédio é vacinar o povo brasileiro”, resume.
Sobre a gestão internacional da pandemia, Lula também não poupa críticas. Ele reclama da ausência de uma reunião do G20 ou do G8 para discutir a situação e pede que o líder francês Emmanuel Macron mobilize os presidentes Joe Biden, dos Estados Unidos, Xi Jinping, da China, e Vladimir Putin, da Rússia. “Estamos em guerra. É a 3ª guerra mundial e o inimigo é muito perigoso”, sentencia o brasileironas páginas do jornal Le Monde.
Polícia Federal dos governos Temer/Bolsonaro prende Adelio Bispo de Oliveira
O Clube Militar publicou uma nota sobre o caso do deputado federal Daniel Silveira (PSL), que foi preso pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta semana, “sem entrar no mérito das palavras” dirigidas aos integrantes da Corte.
Daniel Silveira está sendo julgado pelas palavras de baixo calão. Pela apologia do ódio, da ditadura, da violência. Pelas ameaças ao Supremo Tribunal Federal, ao Estado Democrático de Direito. Pelas ameaças golpista e de morte. Pela defesa da barbárie, do famigerado, nazi-fascista, cruel, desumano AI-5 contra a Paz, a Liberdade, a Democracia, a Fraternidade, a Igualdade, a Civilidade.
Os militares fizeram uma série de questionamentos, apontando para que tais práticas realizadas pelo STF (prisão de Daniel Silveira) deveriam ser exercidas também contra a esquerda. E indaga: "Por que ameaças abertas contra a vida do Presidente da República não são também tratadas como crime inafiançável?". Uma pergunta que o Ministro da Justiça de Jair Bolsonaro pode responder. E mais: "Por que os equipamentos do Adelio e de seus aliados não são periciados?" Pela incompetência da Polícia Federal e dos serviços de informação e inteligência do governo Jair Bolsonaro. Mais de dois anos de apuração, de inquirição, seguindo pistas, vestígios, e o governo bolsonarista não descobre neca de pitibiriba da vida de Adelio. Tudo que se sabe foi descoberto pelo jornalismo investigativo. Quem esconde e abriga Adélio Bispo de Oliveira é o governo federal. E o governo aliado de Minas Gerais. A oposição sempre quis saber por que Adelio treinava no mesmo clube de tiro dos filhos de Jair Bolsonaro? Por que Adelio atirador treinado preferiu usar um canivete para ferir de morte o então candidato a presidente? Por que preso por uma multidão fanática não foi linchado? Por que certas mortes misteriosas seguem o rastro do Adelio. São crimes federais, investigados pelo governo Bolsonaro. Parece que Jair Bolsonaro e filhos Zero 1 senador, Zero 2 vereador do Rio de Janeiro, Zero 3 deputado federal preferem desconhecer ou esconder a verdade... Por que Adelio é proibido de dar entrevista à imprensa? Por quê? Que médicos assinaram atestados da loucura de Adelio?
Contra a prisão do ex-soldado Daniel Silveira pelos poderes civis do Supremo Tribunal Federal e Câmara dos Deputados, o Clube Militar, saudoso dos anos de chumbo, atira o seguinte manifesto:
"Sem entrar no mérito das palavras dirigidas aos integrantes do STF, pelo Deputado Daniel Silveira, colocamos aqui algumas reflexões:
1. Por que outros pronunciamentos semelhantes, porém ditos por políticos e jornalistas de centro esquerda não são tratados como crime?
2. Por que ameaças abertas contra a vida do Presidente da República não são também tratadas como crime inafiançável? [Qualquer pessoa que ameaça a vida do Presidente da República deve ser presa. O Clube Militar não cita nenhum nome...]
3. Por que a liberdade de expressão só se aplica a esses mesmos indivíduos de centro esquerda?
4. Por que esses supostos crimes praticados pelos apoiadores do Presidente recebem alta prioridade nas investigações, enquanto crimes cometidos por aliados ideológicos ou denúncias contra os próprios Ministros do STF ficam sem investigação ou aguardando a prescrição?
5. Por que o Ministro Marco Aurélio ameaçou os Deputados, dizendo que em caso de relaxamento da prisão do Deputado Daniel Silveira eles prestariam contas com o povo, nas urnas, em 2022? Quem informou ao ilustre ministro que a população apoia as arbitrariedades do STF?
6. Por que os ilustres Ministros do STF pensam que apoiar o Regime Militar que foi instaurado a partir de 1964 é crime quando uma grande parcela da população tem saudades daquela época? A Democracia que temos hoje no Brasil começou em 1964....
7. Por que os amparados pelo Poder Judiciário continuam sendo os criminosos já condenados? Esses, em sua grande maioria, enquanto puderem sustentar os melhores advogados, jamais cumprirão suas penas, podendo, inclusive, realizar passeios fora do Brasil, enquanto os que usam suas línguas para falar não podem nem sair de casa (os de direita, é claro).
8. Por que os equipamentos do Adelio e de seus aliados não são periciados? [Faltou denunciar quais 'aliados'...]
9. Finalmente, para não citar outras dezenas de exemplos, o crime propalado pelo STF e seus aliados de esquerda é referente a ameaças verbais, ou, na realidade, é por ser o acusado apoiador daquele que foi eleito pelo povo para governar o Brasil?"