Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

26
Jul22

Bolsonaro anunciou o golpe: não há mais espaço para omissão

Talis Andrade

Comissão Nacional da Verdade Brasil Comissões Estaduais Estadual Estados  ABC Tortura Violação de Direitos Humanos Ditadura Militar Brasileira Human  Rights Brazil truth commissions lei 7.376/10 7376/10 Congresso Nacional  torture torturadores forças armadas

 

 

Bolsonaro avisou o mundo que não confia nas urnas. Grandes personalidades e entidades que ficarem caladas serão coniventes com o golpismo. Até a Fiesp deu um passo a frente.

 

 

BOLSONARO CONVOCOU os embaixadores para anunciar que as urnas eletrônicas que o elegeram não são confiáveis. Mas não apresentou um indício sequer de fraude, apenas requentou as velhas mentiras de sempre. Ocorre que os embaixadores moram no Brasil e acompanham diariamente os arroubos golpistas do presidente.

Muito provavelmente não houve embaixador ali que não tenha enxergado aquela patacoada como sendo fruto do desespero de um autocrata golpista com sua provável derrota nas urnas. O circo armado, portanto, serviu apenas para demonstrar força para a sua boiada de fanáticos. Mas a realidade é que a reunião foi uma demonstração de medo e fraqueza.

Bolsonaro passou esses três anos e meio de governo espetando a faca no pescoço da democracia. Este é um governo golpista na essência, que fez das ameaças golpistas uma estratégia política, mobilizando sua base e tentando espalhar o medo entre seus adversários políticos. As ameaças foram tantas, que o golpismo do presidente foi banalizado e passou até a ser motivo de chacota.

Seria apenas um blefe, já que não existem condições materiais mínimas para que um golpe se sustente. Ocorre que estamos falando de Bolsonaro. Um ex-militar mentalmente perturbado, que não ouve conselhos de aliados, não pensa de maneira lógica e apenas segue seu instinto golpista. Soma-se a isso o estado de desespero em que ele se encontra com as prováveis consequências de uma derrota nas urnas. O presidente sabe que ele e sua família podem acabar na cadeia. O que não faltam são motivos para isso.

Foram muitos os crimes cometidos, e eles poderão respondê-los sem a blindagem da rede de proteção que têm hoje. Estamos no país que recentemente prendeu dois ex-presidentes por muito menos, ou melhor, por nada. A cadeia para Bolsonaro após as eleições não é apenas possível, mas, arrisco dizer, bastante provável.

Mas não podemos subestimar o golpismo do presidente. Não é razoável imaginar que ele, tomado pela irracionalidade, dará os próximos passos com base na razão. Um homem desequilibrado, desesperado, isolado politicamente, sem mais nenhuma carta na manga, pode fazer qualquer coisa. É claro que Bolsonaro poderá tentar o golpe, mesmo que não haja condições objetivas para isso.

Dificilmente o golpe se sustentaria, claro, mas o estrago pode ser enorme, aprofundando crise econômica e mobilizando seu séquito de fanáticos para fabricarem mais cadáveres. O assassinato do dirigente petista Marcelo Arruda é um aperitivo macabro do que pode estar por vir. Lembrem-se dos recados enigmáticos do presidente aos seus seguidores sobre como agir diante de uma fraude nas eleições: “Vocês sabem o que está em jogo. Vocês sabem como devem se preparar… não para um novo Capitólio… Nós sabemos o que temos que fazer antes das eleições”.

 

 
         É importante registrar que o golpe anunciado na reunião com embaixadores já não está mais no campo das ameaças. Essa fase já passou.

 

Quem eram os gorilas nos tempos da ditadura civil-militar - Jornal Opção

 

 

O enigma proposto vem depois de uma sequência de discursos de ódio do presidente, que recentemente, ao se referir a Lula e seus aliados, disse que “uma granadinha só mata todo mundo”. Assim, com recados explícitos e subliminares, Bolsonaro busca criar um clima de caos e medo para justificar uma futura tentativa de melar as eleições.

É importante registrar que o golpe anunciado na reunião com embaixadores já não está mais no campo das ameaças. Essa fase já passou. O golpe foi colocado sobre a mesa para o mundo inteiro ver, sendo quase um primeiro ato do golpe, uma espécie de preparação de terreno.

A boa notícia é que as reações em repúdio ao golpismo do presidente foram fortes e numerosas. No dia seguinte à reunião golpista com embaixadores, a Federação da Indústria de São Paulo, a Fiesp, encaminhou um documento para os candidatos com propostas para serem implementadas pelo novo presidente eleito. Logo na introdução, o documento afirma que “a estabilidade democrática e o respeito ao Estado de Direito são condições indispensáveis para o Brasil superar os seus principais desafios”.

À primeira vista, parece mais um documento protocolar da Fiesp que, nunca foi, digamos assim, uma grande defensora da democracia. Ela apoiou o golpe militar de 64, o parlamentar contra Dilma em 2016 e tem permanecido calada diante do golpismo presidencial. Mas, segundo o Estadão, a entidade tem participado ativamente da articulação de um ato em defesa do sistema eleitoral brasileiro.

Organizado por juristas, dois eventos estão programados para o dia 11 de agosto na faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo. Entidades empresariais e da sociedade civil se juntarão à comunidade jurídica no ato. Segundo o diretor da Faculdade de Direito da USP, Celso Campilongo, a Fiesp tem se articulado para mobilizar o maior número de empresários em apoio à pauta. A entidade pode não ser historicamente uma grande defensora da democracia, mas sempre foi uma grande defensora do seu bolso. Sabe que a manutenção da autocracia e a transformação definitiva do país em uma republiqueta das bananas arruinarão os seus negócios, como já tem arruinado.

Outros repúdios importantes foram feitos. Mais de 40 membros do Ministério Público entraram com pedido de investigação contra Bolsonaro por crime de responsabilidade cometido na reunião com embaixadores. Pressionado, o procurador-geral da República Augusto Aras, habituado a passar pano para o vale-tudo bolsonarista, resolveu divulgar um vídeoem que aparece defendendo a lisura do processo: “Não aceitaremos alegação de fraude.” Além do MP, três grandes associações ligadas à Polícia Federal divulgaram uma nota em conjunto em defesa do TSE e do processo eleitoral brasileiro.

Os embaixadores saíram constrangidos e vários deles declararam confiar plenamente nas eleições brasileiras. A embaixada do Reino Unido, por exemplo, emitiu nota em que afirma que “nas eleições passadas, o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas se mostraram seguras e passaram a ser reconhecidas internacionalmente por sua celeridade e eficiência”. Os EUA, o país para o qual Bolsonaro balançava o rabinho até pouco tempo atrás, confirmou mais uma vez que não estará disposto a patrocinar um golpe dessa vez. O governo americano, que já havia deixado claro confiar nas eleições brasileiras, reforçou sua posição em nota: “As eleições brasileiras, conduzidas e testadas ao longo do tempo pelo sistema eleitoral e instituições democráticas, servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo”.

As reações internas e externas em defesa das eleições são importantes e deixam claro que Bolsonaro está cada vez mais isolado e enfraquecido politicamente. Com o Centrão no bolso e com o PGR atuando como capanga, Bolsonaro teve força para evitar o impeachment. Mas isso não será o suficiente para se dar um golpe bem-sucedido. Ele sabe disso, mas o medo e a mente delirante podem fazer com que ele tente um golpe mesmo assim.

Até agora ele vem seguindo o mesmíssimo roteiro do seu parceiro Donald Trump. O americano criou um clima de desconfiança sobre a idoneidade da apuração de votos antes da eleição, depois acusou fraude na contagem sem apresentar provas e incentivou sua massa reacionária a invadir o Capitólio. O golpe não vingou, mas cinco pessoas foram assassinadas. A vantagem do Brasil é que já conhecemos o final desse roteiro e podemos evitá-lo com manifestação nas ruas e mobilização de órgãos da sociedade civil em repúdio ao golpismo.

Bolsonaro tocou as trombetas anunciando o golpe na reunião com embaixadores. Agora, os grandes agentes, instituições e entidades da vida pública que ficarem caladas serão coniventes com o golpismo e entrarão para História como inimigos da democracia. Não há mais espaço para omissão. As reações foram importantes, mas ainda pequenas diante do desafio que está por vir. É hora de mobilizar o povo para tomar as ruas.

Quem eram os gorilas nos tempos da ditadura civil-militar - Jornal Opção

05
Abr22

O chicote do racismo

Talis Andrade

nova política por vaccari.jpeg

 

Por Jean Paul d’Antony /A Terra É Redonda

Um novo tipo de chicote resvala, dia após dia, no pós colonialismo, nos corpos dos novos sujeitos pós coloniais

Todos os dias negros ou pretos. Esperem, por favor, um segundo.  É complicado escolher a expressão linguística adequada porque todas parecem nos empurrar para a armadilha do racismo estrutural, para uma representação desse preconceito que pode ser socio-culturalmente mais ou menos aceitável. Talvez a ressignificação simbólica desses léxicos, em suas constituições identitárias, seja bem mais importante do que a sua escolha.  Comecemos assim, todos os dias pessoas negras, nessa chamada civilização pós-moderna, são perseguidas e violentadas em seus direitos, em sua moral, em sua dignidade, em seu direito de ser, e o dito estado democrático de direito usurpa suas existências com o argumento de ataque a uma criminalidade que, na maioria esmagadora das vezes, é instrumento de um projeto maior de eugenia herdado do estado escravocrata. O que aconteceu com o George Floyd é o reflexo, o exemplo de milhares no mundo, como aqui no Brasil todos os dias.

Do 18 de dezembro de 1865, quando os Estados Unidos abolem a escravidão através da 13ª Emenda da Constituição, ao 13 de Maio de 1888 aqui no Brasil,  onde a Lei Áurea não passou de um dispositivo legal para injetar mão de obra no Mercado, deixando sérias questões sobre a suposta ação humanista e suas consequências, o racismo estrutural vem sendo incorporado e instrumentalizado através de diversas teias modernizadas de práticas e representações coloniais que invadem a noção de corpo e poder identitário de cada uma dessas nações e suas singularidades. Toda apresentação de violência, de subjugação do outro, de desumanização, é diferente e reinventada a partir das necessidades de cada espaço de poder. É assim nos EUA bem como no Brasil.

E assim, um novo tipo de chicote resvala, dia após dia, no pós colonialismo, nos corpos dos novos sujeitos pós coloniais.

As colônias estão presentes, o estigma da colonização se apresenta estampada em todas as calçadas, no reflexo das vitrines, nas câmeras dos shoppings, em cada corpo negro estendido pela impunidade das histórias apagadas dos que foram violentados e vencidos, e tiveram que se adaptar à fantasia de um mundo novo cuja narrativa era de liberdade e igualdade. Os senhores das terras hoje são chamados de empresários e muitos estão inseridos na política, agindo com mãos, que não são invisíveis, têm nomes e digitais, em prol da manutenção de um racismo estrutural que não recua, só avança visivelmente e incorporado, continuamente, no ethos de diversos slogans.

Ora, ocorre que, na maioria das vezes, a manutenção da violência racista é instrumentalizada a partir da indústria de consumo a fim de anestesiar o esclarecimento, os sentidos, a razão crítica e o sentimento de escravidão pulsante em muitas esquinas, em muitos pescoços, em muitos cassetetes,  dentro de muitas casas invadidas, em muitas balas que se dizem perdidas e em muitos espaços de fala, criando uma estufa que abafa os gritos, alimenta o esquecimento, as mutilações na alma e as mortes. O isolamento de classes, de gênero e de raça sempre esteve presente, com o cenário da Covid-19 este isolamento se desvelou mais violento. Até quando a manutenção dessa distopia será avaliada apenas de janelas, lentes, músicas e somente por palavras de “desculpa” (quando essas ainda se apresentam)? A distopia do racismo é um câncer que atravessa a ancestralidade, deve ser isolada, extinta, a fim de promover uma sociedade onde os espaços das diferenças sejam compartilhados, não divididos, não mais categorizados. Os espaços das diferenças devem ser vividos a fim de se compartilharem experiências/existências, não como demarcação de histórias e memórias que subjugam outras, sem demarcações. Não falo aqui de homogeneização, falo de respeito, viver-com, existir-com.

A história dos vencedores continua a operacionalizando o discurso onde políticas de inclusão são oferecidas à população como políticas do pão e do circo, como um simples e difícil favor, apagando o direito da resistência e o direito histórico-político-existencial da inclusão. George Floyd e o João Pedro, e muitos Georges e muitos Joãos, como o menino Miguel Otávio, não são números de uma tanatos-política, da necro-política de muitas nações, são resultados de genocídios dilatados como gotas de ácido e sangue nos olhos e na pele dos negros e de todos os grupos isolados de direitos e de voz que são alvos dessas ações todos os dias. Séculos de Asfixia.

O pulso ainda pulsa, o pulso ainda pulsa, o pulso ainda pulsa, e em cada gota de ácido, e em cada gota de sangue, uma avalanche pulsante de pessoas tomará as ruas gritando e buscando espaço de paz na história corrente. Avalanche versus Paz, contraditório? Não! A poética do desespero, a poética de vozes emudecidas que já transbordou. O que escorre é dor, e que esta dor se torne a flecha que rasgará (de uma vez por todas, constantemente no ar, sem cair, como um Arauto) o movimento daqueles que teimam em fragmentar e subjugar a humanidade a partir de seus preconceitos. Não deveria ser assim, mas infelizmente a morte (não! os assassinatos!) também desperta a fúria da resistência. A resistência deve pulsar sempre, vigilante, e não gritar apenas a cada direito e cada vida sufocada. Talvez assim, muito talvez, resta acreditar que a dor que toma hoje as ruas dos EUA e do mundo seja a janela de uma nova humanidade. Em verdade, a memória mostra que muitas dessas ações ficaram na história, mas não ficaram esquecidas, se tornaram a pólvora que navega pelo ar explodindo, alimentando a caminhada. Que seja! Então, não basta apenas acreditar. Contrariando o isolamento e a distância, como diz a canção de Geraldo Vandré, “Pra Não Dizer Que Não Falei De Flores”, “Caminhando e cantando / E seguindo a canção / Somos todos iguais / Braços dados ou não / Nas escolas, nas ruas / Campos, construções / Caminhando e cantando (…), a referência aqui é um clamor da voz de resistência e união, pois as máscaras nas ruas sufocam menos que um joelho no pescoço ou uma bala no peito. Contra a morte causada pela asfixia do covid-19. Contra a morte causada pela asfixia do racismo. Que doença mata mais?

O racismo sempre intenta desfigurar a identidade de sua vítima a fim de subjugá-la e tornar sua existência uma ninharia diante da agressão, bem como tornar a agressão uma ninharia com o propósito de não justificar a aplicação da justiça. O que a agressão não leva em conta é que todo ser humano é uma casa que abriga diversas identidades. Essa casa é seu corpo onde habitam a biblioteca de suas histórias, memórias, lembranças e, como tal, deve ser respeitada. Não se invade a casa do outro, sua privacidade, porque todo tipo de invasão é uma violência, portanto, um crime.

É imperativo que não deixemos a cargo do tempo a transparência da negação ao racismo em todos os espaços. O tempo mostrou-se anódino, alimentando a conivência daqueles que deixam a seu encargo o apagamento da violência racista. Equivoca-se quem usa essa premissa. O racismo é a estética da crueldade, cujas narrativas não são ficções sobre as quais podemos nos debruçar com a pulsão de prazer da leitura. O racismo é uma herança doentia, um cancro que vem se alastrando dos porões dos navios negreiros até os espaços luminosos dos grandes boulevards desse novo século e exposto em cada reflexo de vitrine, bem como em cada promessa da indústria de consumo e seu bio-poder para regulação de uma falsa ascensão social, de um reflexo tosco e fosco de liberdade e de reconhecimento identitário, vestindo os corpos e as consciências, muitas vezes esvaziados de esclarecimento, a fim de servir a uma estética esbranquiçada para a da aceitação de si e do outro opressor. Todo o opressor é, ciente ou não do seu espaço e do seu papel perante o oprimido, educado ou domesticado também por uma cultura pós-colonial, herdeiro de novos nichos e métodos do racismo e sua história de galhos espaçados, que devem ser contemplados e problematizados para que nunca a vigilância baixe a guarda ou sente-se de boca escancarada aguardando o efêmero anestesiar do amplo direito existencial. Que a avance a avalanche, que o chicote não mais estale, ou a orquestra estridente e irônica continuará apenas se alimentando de uma multidão, cujo som do açoite perdura dia a dia, noite adentro, e muitas vozes que foram silenciadas continuarão gritando sem serem ouvidas: “Senhor Deus dos desgraçados! / Dizei-me vós, Senhor Deus! / Se é loucura… se é verdade / Tanto horror perante os céus?!.Image

Esse nó no peito que precisa ser partilhado… – A Tal Mineira

09
Set21

Ao sequestrar o Sete de Setembro, Bolsonaro certamente desagradou à caserna

Talis Andrade

golpe 7 setembro.jpeg

 

 

por Ricardo Bruno

- - -

Após se apropriar do verde e amarelo e da bandeira nacional, Jair Bolsonaro conseguiu ofuscar as comemorações da Independência Brasileira. Reduziu o Sete de Setembro a um espetáculo grotesco, beligerante, um revide público às instituições com viés profundamente antidemocrático.  O fez movido exclusivamente por interesses pessoais, num movimento em que sobrepôs as questões que o afligem – entre elas a possibilidade de prisão – aos valores de bravura e coragem historicamente evocados neste dia pelas Forças Armadas. 

A irresponsável subordinação dos grandes temas nacionais à pauta estreita do bolsonarismo certamente não agradou aos comandantes das tropas. A fala do general Carlos Alberto Santos Cruz de que o 7 de setembro foi sequestrado por interesses políticos não foi fortuita, fruto de um arrobo verbal disparado ao acaso. Ao contrário, representa com clareza a posição de setores importantes da caserna.

Em 199 anos de independência, pela primeira vez, um presidente da República - logo um ex -oficial do Exército Brasileiro - se coloca acima da Nação. Trata as questões penais que o adormentam com mais importância do que o conjunto de valores que dignificam a história das Forças Armadas e, de resto, do povo brasileiro. 

Historicamente, o Sete de Setembro é o momento em que as Forças Armadas exaltam a essência do patriotismo dos brasileiros, dada a importância do fato para a construção da identidade nacional. Os conceitos que fundamentam a independência constituem a base de nossa formação cívica. Nesta terça-feira, contudo, os compromissos inarredáveis de devoção pública à pátria e a seus símbolos  foram substituídos por achincalhes do presidente da República à Suprema Corte.  Assim,  valores cívicos basilares da Nação, os quais as Forças Armadas tradicionalmente exaltam e dos quais se orgulham em datas simbólicas, foram obnubilados pela fanfarronice presidencial. 

Ressalvadas as diferenças ideológicas e de caráter de seus protagonistas, a mobilização de Jair Bolsonaro para o Sete Setembro poderia ensejar a apresentação de medidas estruturais para a transformação do País, a exemplo do que fizera João Goulart com as reformas de base no comício da Central do Brasil. 

Ao juntar em praça pública a sua base de sustentação política, Bolsonaro poderia estar criando, hipoteticamente, as condições objetivas para apresentação de um conjunto de metas e diretrizes governamentais num ato altissonante em que supostamente obteria o aval popular para seus planos. Ainda que se discordasse de tudo que ele propusesse, seria inegavelmente um momento afirmativo do governo.

Nada disto aconteceu. É esperar demais de Bolsonaro. Minúsculo em tudo que faz, ele se ocupou apenas de uma contraofensiva retórica às investigações do STF que podem eventualmente levá-lo à cadeia. Capturou o sentimento pátrio do Sete de Setembro para promover uma patuscada cívica. Sequestrou valores nobres num movimento que, por baixo, malbaratou a história de bravura e coragem das tropas na construção da identidade nacional.

Ao fazê-lo, praticou crimes de responsabilidade aos borbotões numa cena pública deplorável para um país da importância e da dimensão do Brasil.

golpe berrante gado .jpeg

ditadura golpe movimento revolução .jpg

amarildo cabo soldado.jpg

 

04
Set21

Independência ou morte

Talis Andrade

 

por Miguel Paiva /Jornalistas pela Democracia

- - -

Escrevo este texto antes do dia 7 de setembro, o maior enigma político dos últimos tempos. Racionalmente e até com um certo desejo achamos que não vai acontecer nada, mas no fundo todos temos medo, não aquele medo que paralisa, mas o medo da quebra total de regras por parte da direita que quer ver o circo pegar fogo, literalmente.

Para este governo e para a ideologia que o acompanha isso é normal. Não há nada a construir nem mesmo a candidatura do presidente para 2022. Ele sabe que não terá fôlego e, portanto, só sobrevive com o golpe, e golpe hoje em dia tem um significado muito mais complexo. O bolsonarismo aposta na morte. É da morte que ele se alimenta apesar disso se parecer um paradoxo já que morte é fim. Mas várias mortes juntas, a morte como filosofia, acaba fornecendo o que eles querem. 

O fascismo sempre viveu dessa ideologia. Acabar com a política, com os políticos, com os pobres, com as minorias, enfim, com tudo para que o tirano possa governar com suas milícias de estimação impondo a morte como filosofia e como punição para os incautos opositores.

Mas a morte morre cedo. A morte não resiste ao instinto de sobrevivência das pessoas. Por mais que assuste por não entendermos o que acontece depois, se é que acontece, queremos distancia dela. Desde quando damos o nosso primeiro respiro queremos dar o próximo. 

Viver é instintivo para a maioria das pessoas, mas o instinto de morte, a ideologia da morte assusta e acaba arrebanhando seguidores que encaram a morte como solução, desde que seja a morte do próximo e não a sua. É uma espécie de loteria constante como filosofia de vida. Para quem não tem dinheiro essa acaba sendo mesmo uma saída. Acreditar em Deus, na loteria e no caso, no presidente enquanto ele não te escolher para o sacrifício divino. Somos todos cordeiros de Deus em potencial esperando o chamado para o juízo final em Brasília ou o sacrifício em qualquer viela de Rio das Pedras pelas mãos da milícia. 

Este é o medo que estabelece regras. Mesmo não durando, e a História está aí para provar, ele causa muitos estragos. Perdemos um tempo social irremediável. Andamos anos para trás e retomar o caminho tem um custo muito alto. Mesmo que Lula vença as eleições, o trabalho será enorme, mas a vontade de trabalhar também. Sair fora deste ambiente mórbido e perverso vai criar automaticamente uma alegria de viver. Reconstruiremos a vida no Brasil com prazer, passando pelo trabalho, pela saúde, pela cultura e pela liberdade de viver, não de comprar fuzil e não tomar vacina. 

Venceremos a Covid como seria normal em um país democrático e não teremos mais medo de festejar nas ruas. Por enquanto vamos para as ruas defender esse sonho que está ameaçado. E que as ruas voltem a ser palco de festas e não campo de batalhas como eles querem.

 

09
Ago21

Com escárnios e bizarrices em série, o Brasil virou um circo de horrores

Talis Andrade

Image

 

por Ariovaldo Ramos /RBA

O Presidente do Brasil ataca ministros do STF da forma mais grosseira possível. Os ministros reagem, segundo especialistas, com mão pesada demais, e suspendem a proposta de diálogo com os presidentes dos demais poderes. Um grande número de oficiais generais das três forças armadas foi agraciado com a patente de marechal ou congênere, reservadas só a heróis de guerra. Inclusive o coronel conhecido como um dos maiores torturadores da maligna ditadura, ganhou a patente de marechal.

Olhando para essa “promoção”, o Brasil, com esse governo, parece ter se tornado apenas uma republiqueta de bananas, daquele tipo em que os militares têm tudo porque sustentam o ditador no poder.

Um escárnio!

Outro desejo do governo federal foi satisfeito pelo Congresso: foi autorizada a privatização dos Correios, mais uma perda para o povo brasileiro. Isto para além do fato de que, graças a outra deferência do Congresso para com o governo federal, a Amazônia, na prática, foi entregue aos grileiros. E ainda há o risco de passar a lei que estabelece o marco temporal que, para além do que já sofrem os povos originários, descaracterizará a presença indígena, e condenará a muitos a não ter mais lugar, terminando o que os invasores portugueses começaram.

Ao mesmo tempo, o presidente da Câmara, mesmo contra parecer de Comissão que descartou a medida, colocará questão do voto impresso para decisão do plenário.

E, em meio à vergonha de viver a realidade de um presidente para quem governar é proferir ameaças, um pastor vem a público para defendê-lo e pedir intervenção militar. Outro pastor ainda fala em “perigo de guerra civil” se o Presidente for condenado de modo a perder o mandato.

O Brasil virou um circo de horrores!Image

 

07
Jun21

Imprensa internacional destaca decisão de realizar Copa América no Brasil em plena pandemia

Talis Andrade
Pichações dizem "Copa América não" e "Sem paz, sem futebol" na parede de um estádio em Bogotá em 19 de maio de 2021.
Pichações dizem "Copa América não" e "Sem paz, sem futebol" na parede de um estádio em Bogotá em 19 de maio de 2021. DANIEL MUNOZ AFP/Archives
29
Mai21

Despreparada, a CPI da Pandemia vira um fiasco

Talis Andrade

Charge do Dia: Charge do Dia: CPI da Covid | Tribuna Online

 

por Alexander Busch

É um grande circo político o que está ocorrendo em Brasília neste momento - mas com um pano de fundo sério demais para ser visto com diversão. Há exatamente um mês, uma comissão de investigação se reúne no Senado para documentar sistematicamente as falhas do governo na pandemia. Muitos na imprensa disseram que não havia necessidade da CPI. O argumento dos críticos é de que seria do conhecimento geral que o governo do negacionista pandêmico Jair Bolsonaro fracassou em todas as frentes, com 450 mil mortes até agora.CPI do Genocídio: Bolsonaro cada vez mais vulnerável - Outras Palavras

E de fato, com suas tiradas ofensivas diárias e aglomerações dominicais, o presidente continua a não deixar dúvidas de que não está nem aí para vacinação, uso de máscara ou isolamento social, e de que o destino de seus compatriotas lhe é bastante indiferente.

Mas depois de um mês, pode-se dizer: a CPI também é um fiasco. Ela não conseguiu atingir seu objetivo. Os resultados são vergonhosamente escassos. Após quatro semanas, o governo pode se vangloriar de ter lidado bem com uma situação arriscada. Depoentes aliados ao governo mentem sem restrições. Eles passam horas apresentando sua versão da realidade. Mas isso é de se esperar. Réus fazem isso para salvar suas peles.

O surpreendente, porém, é como aparecem os senadores e senadoras, despreparados e sem criatividade. Parece que eles não têm interesse real em reunir fatos que provem em detalhes que o governo está fracassando na pandemia. Por que eles não convocam representantes dos produtores de oxigênio para provar que o governo não se preocupou em fornecer tanques de oxigênio? Por que eles não entrevistam técnicos dos ministérios que podem fornecer provas detalhadas de que a encomenda de vacinas dos fabricantes foi boicotada a partir do topo? Esta lista de perguntas não respondidas poderia ser alongada o quanto se quiser.

Os senadores da "oposição" concentram-se na convocação dos representantes mais conhecidos e polêmicos do governo, que só fizeram uma coisa antes no cargo: mentir, seguir ordens e manter a boca fechada diante dos absurdos que o presidente e seus confidentes dizem diariamente.

Os senadores e as senadoras utilizam a CPI e a imprensa principalmente para a autopromoção. Muitas vezes, não fazem perguntas, e sim apelos vãos para si mesmos e para sua base - e concluem no final com uma pergunta simbólica. Perguntas rápidas rebatendo, contrainterrogatório de testemunhas, confronto com fatos? Isso não existe na comissão.

Parece que foi feito um acordo amigável nos bastidores para os participantes da CPI esquecerem sua ferocidade e tenacidade. Afinal de contas, as senhoras e senhores do Senado, de outra forma, provam quase diariamente nas lutas políticas internas no Congresso que podem ser astuciosos quando querem ser. Mas 2022 é ano de eleições, e eles precisam de fundos e projetos para seus bastiões eleitorais.

Tudo isso é um triste espetáculo. Especialmente quando se considera o que poderia ser feito. O Congresso é uma das câmaras legislativas mais caras do mundo. Cada um dos 81 senadores tem uma equipe média de 37 pessoas. Renan Calheiros, o relator da CPI, sozinho tem 51 assistentes e funcionários. Será que eles não poderiam pensar em nada para se perguntar na comissão?

Brasil 247 on Twitter: "Quem tem medo da CPI da Covid-19? | Por  @LatuffCartoons… "

12
Mar21

Pode isso, “Dr. Judiciário”?

Talis Andrade

“A história nega as coisas certas. Há períodos de ordem em que tudo é vil e períodos de desordem em que tudo é alto. As decadências são férteis em virilidade mental; as épocas de força em fraqueza de espírito. Tudo se mistura e se cruza, e não há verdade senão no supô-la.”

Fernando Pessoa, O Livro do Desassossego

 

Era uma segunda-feira, 17 de março de 2014, quando o telefone tocou cedo. Uma operação da Polícia Federal. Nesses casos, a gente sempre espera para ver a dimensão da operação antes de aceitar qualquer cliente. Logo em seguida, 3 dias depois, foi preso Alberto Youssef. Mal sabíamos que ali seria o início da Operação Lava Jato, importante operação que viria movimentar o país, com resultados surpreendentes até virar uma operação política, conduzida por um juiz determinado a ser presidente da República, instrumentalizando o Poder Judiciário e tendo como pupilo um grupo de procuradores da República que instrumentalizavam o Ministério Público. Tudo isso com apoio da grande mídia e um forte esquema de marketing coordenando as ações e divulgações. Começava ali a maior fraude ao sistema de justiça do Brasil.

Dos três clientes que me procuraram, optei por advogar para Alberto Youssef. Já sabia quem ele era, bem como tinha conhecimento de quem eram Moro e seus pupilos procuradores, pois eu havia atuado na Operação Sundown, impingindo ao grupo de Curitiba a maior derrota que eles até então haviam sofrido. Conhecia a indigência intelectual e moral do grupo, que fazia tudo pelo poder. Mas agora, a briga seria muito maior. Os caipiras estavam com poder midiático de fogo e queriam ainda mais poder. A qualquer custo.

Não demorou para eu deixar a advocacia de Youssef pois, em setembro daquele ano, os procuradores, com medo de uma derrota, exigiram que Youssef desistisse de um habeas corpus lque impetrei para tratar da liberdade. Atitude canalha e covarde dos procuradores que se aproveitaram do momento de fragilidade de um cidadão preso. Ali, comecei a ver e a sentir os abusos daquela República de Curitiba que, cega pela mídia, se julgava salvadora da pátria. Escândalo anunciado e tragédia certa. Mas ainda não imaginávamos o estrago que seria causado à credibilidade da justiça brasileira. A grande Cecília Meirelles sempre nos salva:

“O rumor do mundo vai perdendo a força
E os rostos e as falas são falsos e avulsos.
O tempo versátil foge por esquinas de vidro, de seda de abraços difusos.”

Sentindo o cheiro dos abusos, vendo e ouvindo os personagens lúgubres que coordenavam o circo, criando fortes laços com a barbárie e com um golpe ao estado democrático, resolvi resistir. Eram muitos os absurdos: excessos de prisão, estupro das delações premiadas, achaques, juiz com jurisdição nacional, juiz parcial, enfim, o caos.

Um grupo de advogados resolveu debater, questionar, enfrentar o que já se anunciava como um bando de delinquentes. Sem maiores acessos à grande mídia, que até assessorava a gangue, resolvi cair no mundo e, 2 ou 3 vezes ao mês, ao longo dos últimos 5 anos, corri o Brasil de norte a sul para discutir o direito, a Constituição, as garantias, sempre recitando poesia depois dos debates para ridicularizar os bárbaros. Eles têm medo da literatura. Tive plateias de 4000 pessoas, outras de 200, pouco importava. Sem ser dono da verdade, seguia falando e desmontando esse grupo de golpistas, incultos, banais. Em cada cidade, após as palestras, sempre surgia um convite para entrevistas nos jornais locais, rádios, programas de TVs. Se era para apontar o esquema criminoso engendrado pela “gangue de Curitiba”, eu aceitava o convite.

E o bando se especializou em fraudar não só o sistema de justiça, mas em vender uma imagem de salvadores da pátria. Em 9 de setembro de 2015, escrevi um artigo na Folha de São Paulo, “QUE PAÍS QUEREMOS?”. Já em 2015, afirmei que não admitia que absolutamente ninguém, juiz, procurador ou policial, pudesse dizer que quer o combate à corrupção mais do que eu, mais do que qualquer cidadão sério. Mas, repetia eu um conceito que se transformaria num mantra: esse combate tem que ser dentro das garantias constitucionais, do devido processo legal e com a ampla defesa assegurada. A resposta a essa pergunta está no voto do Ministro Gilmar Mendes, proferido no julgamento da última terça-feira.

Muitas vezes, sentia o peso avassalador dos grandes interesses querendo nos esmagar. A verdadeira guerra travada na discussão que levou à vitória da presunção de inocência, no Supremo Tribunal, mostrou que o Brasil não é um país para amadores.

A força econômica, a grande mídia, o punitivismo exacerbado, a criminalização da política, a substituição de parte da política por uma proposta de não políticos, o controle da narrativa por parte dos medíocres de Curitiba, a falsa crença de que nós éramos contra o combate à corrupção e a favor da impunidade fizeram com que andássemos pelo País em busca de um sonho que a realidade insistia em negar.

Mas o debate e a palavra têm uma força devastadora quando nós sentimos a justiça do nosso lado, mesmo que grupelhos se apoderem inescrupulosamente da narrativa simbólica entre os “maus e os homens de bem.” Bando de medíocres que não se vexaram em brincar e zombar com a liberdade e as garantias constitucionais em nome de um projeto de poder. Lembro-me de Mário de Sá-Carneiro, no poema A Queda:

“E eu que sou o rei de toda esta incoerência,
Eu próprio turbilhão, anseio por fixá-la

Peneiro-me nas sombras- em nada me condenso…
Agonias de luz eu vivo ainda entanto.
Não me pude vencer
mas posso me esmagar.
– Vencer as vezes é o mesmo que tombar-

Tombei …
E fico só esmagado sobre mim.”

Na sina, na busca incessante por um mundo mais livre, mais justo e igual, começamos a ver cair os pilares de um projeto hipócrita, com viés fascista e demolidor, de um direito que representa a dominação e o obscurantismo. No julgamento da parcialidade do juiz e da força-tarefa de Curitiba, parecia que passava um filme dos melhores momentos dos últimos anos. Algumas frases dos votos nos remetiam a plateias espalhadas, ao longo de 5 anos, pelo imenso Brasil. Eu me reconheci ali naquelas frases, naqueles votos.

A decisão do Ministro Fachin anulando os processos por uma chapada incompetência do juiz nos remete às centenas de críticas feitas à jurisdição nacional ou universal de Curitiba. Nunca o óbvio demorou tanto a vir à tona. Mas veio, e lembrei-me do poeta: “é tarde, mas ainda é tempo”.

Agora, o projeto de poder desse grupo que procurou deslegitimar a política, que criminalizou os políticos e a advocacia, que corrompeu o sistema de Justiça e abalou a crença em um poder Judiciário justo, começa a ser realmente desnudado. O juiz e seus asseclas, os procuradores, delegados e advogados de araque que lhe eram submissos, devem também ser responsabilizados.

Não é hora de comemorar, pois estamos no pior momento deste horror da crise sanitária. O grupo fascista e orientado pela necropolítica, que cultua a morte, foi eleito e é filho legítimo da gangue de Curitiba, responsável pela dimensão da catástrofe. A visão covarde, canalha e negacionista levou o país a inacreditáveis 2.349 mortos em um só dia. Números oficiais, pois a subnotificação é brutal. Mais de 270 mil mortos. A banalização da morte, a ridicularização da dor da perda dos que sofrem, o sadismo e falta de empatia são a marca desses desalmados. Uma enorme e densa nuvem cegou a todos os que queriam ver. Uma nuvem que nos abraça, não o abraço da solidariedade, mas o que nos imobiliza e nos sufoca. Que tira nosso ar. Que, de tão densa, nos esmaga e não permite que a esperança saia e respire.

Mas, o enfrentamento dos abusos dessa operação fajuta e criminosa, que é o que se tornou a Lava Jato, há de ser um alento para o cidadão que viu a liberdade ser manietada, a dignidade ser usurpada e sentiu que um Judiciário corrompido politicamente consegue uma morte da cidadania tão angustiante como a morte física pela falta de ar. A irresponsabilidade que fez faltar o ar nos hospitais e nos pulmões é irmã siamesa da irresponsabilidade que sufocou o sistema de justiça. Escondo-me em T.S. Eliot:

“Súbito num dardo de luz solar
Enquanto a poeira se move
Aflora o riso oculto
Das crianças na folhagem
Depressa agora, aqui, agora, sempre
-Ridículo o sombrio tempo devastado
Que se estende antes e depois.”

 
 
 
 
 
 
30
Jan21

'Traidora, a Lava Jato militou contra seus concidadãos e levou o Brasil à ruína'

Talis Andrade

minha-luta .jpg

 

 

247 - Doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), o professor Rafael Valim bateu duro na Operação Lava Jato pelas várias irregularidades reveladas nos últimos anos. 

"A Lava Jato é, sem dúvida alguma, o maior escândalo da história do sistema de justiça brasileiro. Os responsáveis por esse circo dantesco devem ser para sempre lembrados como traidores que militaram contra seus concidadãos e levaram o país à ruína", afirmou o professor.

A partir de junho de 2019, o site Intercept Brasil passou a divulgar trechos de conversas entre membros da Lava Jato e apontou que Sérgio Moro agia como uma espécie de assistente de acusação. O juiz e procuradores do Ministério Público Federal (MPF-PR) violavam a equidistância entre quem julga e quem acusa. 

Em abril de 2016, por exemplo, Moro disse ao então procurador Deltan Dallagnol que faltava uma informação na denúncia contra Zwi Skornicki, representante da Keppel Fels, estaleiro que tinha contratos com a Petrobrás.

Em fevereiro daquele ano, o então juiz também perguntou se os procuradores não tinham uma "denúncia sólida o suficiente" para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, denunciado sem provas no processo do triplex em Guarujá sete meses depois, em setembro - ao formalizar a acusação, o procurador Henrique Pozzobon admitiu que não havia "provas cabais" de que o petista era o proprietário do imóvel. 

lava-jato  erro.jpg

 

06
Abr20

Reinaldo Azevedo narra o grande milagre de Bolsonaro

Talis Andrade

jejum _fred.jpg

 

Podemos assistir nesta segunda, quem sabe?, ao "Grande Milagre do messias Bolsonaro".

Neste domingo, em que convocou a população a fazer jejum, o presidente dirigiu-se, como sempre, às portas do Palácio da Alvorada para conversar com apoiadores.

Provocou aglomeração, abraçou admiradores, fez selfies... Tudo o que não deve. Tudo o que não pode.

Convidado por um pastor, ajoelhou-se enquanto ouvia orações e cantos de louvor. Foi a vez, então, de o religioso determinar: a partir daquele instante, disse o homem, ninguém mais morreria de Covid-19 no Brasil porque o país estaria sendo, atenção!, abençoado por Deus e... por Bolsonaro! Leia mais aqui

jejum  _zedassilva.jpg

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub