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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

18
Nov20

Moro, Huck, Doria e Mandetta romperam com o bolsonarismo não por questões ideológicas, mas por conflitos de interesses

Talis Andrade

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UM NOVO EMBUSTE ELEITORAL está sendo armado no Brasil. Luciano Huck e Sergio Moro estão articulando uma chapa para concorrer à presidência em 2022. A ideia é formar uma candidatura que seja anti-bolsonarista e anti-petista para vendê-la como uma opção moderada de centro. Moro citou também Mandetta e Doria como nomes de centro que poderiam integrar a frente.

Direitistas se vendendo como centristas não chega a ser um estelionato eleitoral novo, pelo contrário. Até a chegada do bolsonarismo, a direita tinha vergonha de se assumir. Direitistas eram liderados pelo PSDB, um partido de origem centro-esquerdista que migrou para a centro-direita, mas nunca se assumiu como tal. Essa vergonha era algo natural depois que a direita ficou marcada pelos anos de ditadura militar. Bolsonaro, que era voz única na defesa do regime militar, ajudou a resgatar o orgulho direitista. Mas, após a tragédia implantada pelo bolsonarismo no Planalto, parece que a vergonha começa a voltar – para alguns.

Folha, Globo e Estadão querem te convencer de que os ex-bolsonaristas Moro e Huck são ‘de centro’numpercaseutempo1️⃣7️⃣🇧🇷 Twitterissä: "Melhor charge do Dória que já vi  !!!!! Não precisa dizer mais nada !!!! Como diria minha vó : “ Por fora  bela viola, por dentro pão bolorento “… https://t.co/jVBncQ8tEw"

A grande imprensa brasileira ajudou a forjar o engodo, comprando exatamente o que Moro disse na ocasião. Noticiou o nascimento de uma terceira via moderada, como se dois dissidentes do bolsonarismo, que até ontem surfavam a onda do radicalismo, pudessem liderar um projeto moderado de centro. Criou-se, assim, um consenso no noticiário de que eles são o que realmente dizem que são. É o jornalismo declaratório e acrítico, que se limita a reproduzir as falas de políticos, mesmo as mais absurdas.

Algumas manchetes mentirosas passaram a circular na praça: “Moro, Huck e o caminho do centro contra Bolsonaro e o PT em 2022” ou“Moro Huck, Doria Mandetta: centro se articula para 22″, entre outras tantas.

Fabio Zanini, da Folha de São Paulo, escreveu que Huck e Moro são “dois dos principais nomes do centro no espectro ideológico na política”. O que são essas frases senão a mais pura e cristalina definição de fake news? Como é que ex-apoiadores do bolsonarismo podem ser considerados de centro? Moro, Huck, Doria e Mandetta romperam com o bolsonarismo não por questões ideológicas, mas por conflitos de interesses. Entre um professor progressista e um apologista da tortura e da ditadura militar, todos eles, sem exceção, optaram pelo apologista da tortura e da ditadura militar. De repente, toda essa gente virou moderada de centro? Uma ova.

Mas como é possível enganar a população assim de maneira tão descarada? Bom, os jornais gastaram muita tinta nos últimos anos pintando Lula e Bolsonaro como dois radicais, como dois lados de uma mesma moeda. Choveram editoriais equiparando os dois nesses termos. O ex-presidente é notoriamente um homem de centro-esquerda, que liderou por oito anos um governo de coalizão que abrigava até mesmo partidos de direita. Portanto, pintá-lo como o equivalente de Bolsonaro dentro do espectro de esquerda é uma mentira grosseira. Diante desse cenário forjado, artificialmente polarizado por dois extremistas que já estiveram no poder, fica mais fácil vender a ideia de que a única saída é pelo centro. Ainda mais quando esse centro é representado por um apresentador da Globo e um ex-juiz que é o herói da imprensa lavajatista.

Esse é o golpe que vão tentar nos aplicar em 2022: vender lobo extremista em pele de cordeiro centrista

 

Rodrigo Maia, um homem de direita, corrigiu o noticiário ao colocar Sergio Moro no seu devido lugar: a extrema direita. Não há debate possível em torno disso. São muitos os fatos que colocam Moro nesse espaço do espectro político. Enquanto juiz, Moro “sempre violou o sistema o sistema acusatório”, como admitiu uma procuradora lavajatista no escurinho do Telegram. Depois de ajudar a implodir a classe política — principalmente o PT — e pavimentar o caminho de Bolsonaro à presidência, ganhou um ministério. Enquanto ministro, lutou para que policiais tivessem carta branca para matar, atuou como advogado da família Bolsonaro como no episódio do Vivendas da Barra e ficou calado todas as vezes em que seu chefe fez ameaças golpistas.Pin em Charges

A única participação de Moro na política partidária foi integrando um dos principais ministérios de um governo de extrema direita. O tal centrismo de Moro fica ainda mais ridículo quando ele sugere que general Hamilton Mourão, outro defensor da ditadura militar e do torturador Ustra, é também um homem de centro apto a fazer parte da sua articulação.

Sergio Moro não abandonou o bolsonarismo por divergências ideológicas. Não rompeu porque suas ideias centristas colidiram com o radicalismo. Ele pulou fora porque Bolsonaro interveio no seu trabalho, que até então era elogiadíssimo pelos extremistas de direita. Não há nenhuma razão objetiva que justifique enquadrá-lo no centro a não ser os desejos da ala lavajatista da grande imprensa, que ainda é hegemônica. É uma bizarrice conceitual que lembra a pecha de “comunista” que Moro ganhou das redes bolsonaristas após sua saída do governo. É a ciência política aplicada no modo freestyle.

Doria e Mandetta até pouco tempo atrás apoiavam o bolsonarismo. São homens de direita que toparam o radicalismo de Bolsonaro sem nenhum problema. São direitistas que estão mais próximos da extrema-direita do que do centro. E Luciano Huck? Bom, a sua trajetória não deixa dúvidas de que é um homem de direita (escrevi a respeito no ano passado). O seu voto em Bolsonaro deixou claro que ele é capaz de apoiar a extrema direita para evitar alguém de centro-esquerda.

A ideia de que Huck poderia ser presidente nasceu na cabeça de Paulo Guedes, o economista que colaborou com o regime sanguinário de Pinochet e que foi — e ainda é —  o fiador da extrema direita no Brasil. O apresentador da Globo foi cabo eleitoral do seu amigo Aécio Neves e já exaltou o Bope nas redes sociais. É um histórico incompatível com a aura de centrista moderado que ganhou da grande imprensa.

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Apesar de algumas pinceladas progressistas em questões envolvendo o meio ambiente, por exemplo, Huck também está mais próximo da extrema direita do que do centro. A Folha de S. Paulo tem dado enorme contribuição para a consolidação dessa imagem de centrista moderado, já que frequentemente oferece espaço para que este condenado por crime ambiental possa escrever em defesa do….meio ambiente.

Pelos próximos dois anos, a grande imprensa irá martelar que Moro-Huck e Doria-Mandetta são as únicas opções para unir o Brasil. Não chega a ser um estelionato novo

O fato é que o centro na política brasileira é uma ficção. Ele é a direita que se pretende moderada, mas que topa apoiar um candidato fascistoide se o seu adversário for um homem com perfil moderado de centro-esquerda. A grande imprensa está tratando esse oportunismo como uma alternativa para o país que chegará em 2022 arrasado pelo bolsonarismo. Durante as últimas eleições, a Folha emitiu um comunicado interno exigindo que seus jornalistas não classificassem Bolsonaro como alguém de extrema direita. Isso significa que a direção do jornal não quis contar a verdade para o eleitor. Tudo indica que esse ilusionismo continuará com a fabricação dessa chapa centrista e moderada formada por legítimos direitistas que suportaram um projeto neofascista.

As chances dessa terceira via fake não vingar são grandes. As pretensões dos envolvidos são grandes demais. Moro, Huck ou Doria aceitariam ser o vice dessa chapa? Difícil, mas a tática direitista de se camuflar de centro deverá ser aplicada, mesmo que com outros personagens.

Esse é o golpe que vão tentar nos aplicar em 2022: vender lobo extremista em pele de cordeiro centrista.

12
Dez18

Quem atirou a 'laranja' em Bolsonaro?

Talis Andrade

governo laranja bolsonaro.jpg

por Ricardo Cappelli

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Presidente fraco é uma iguaria muito apreciada por políticos e empresários. Brasília não perdoa. Redes sociais podem ajudar a chegar ao poder. Mantê-lo é para profissionais.

Bolsonaro montou um governo “autoral”. Entregou até aqui o que prometeu. Recebeu dos que o circundam apoios e tapinhas nas costas. Nas ruas da capital federal sorrisos e elogios costumam ser mais letais que tiros.

Quem vazou o motorista milionário e seus saques volumosos? Quem ganhou e quem perdeu com o tiro desferido? Nem as seriemas acreditam que relatórios do COAF “vazam sozinhos”. Atenção aos jogadores:

1 – O Núcleo Familiar – Os “bob filhos” são uma fonte permanente de risco e instabilidade. Já atropelaram o futuro chanceler e brigaram com a bancada do PSL. A beligerância desagregadora do clã precisava de um freio. O recado foi duro e pode custar a cabeça de um senador.

2 – O Grupo Financista – Paulo Guedes possui dois contrapesos. Os militares dão sinais de que podem resistir à privatização desmedida. Moro é outro que pode criar dificuldades, principalmente para a turma que gosta de atuar em fundos de pensão. O mercado está faminto. Fará pressão por entregas fortes no primeiro ano. Pode ter decidido “refrescar” a memória do eleito, alertando sobre os compromissos assumidos.

3 – Os Generais - Acompanham com preocupação o Capitão-Presidente. Temem que um eventual naufrágio arraste junto a imagem da instituição. Vêm ampliando a influência no governo. Vão disputar poder com Guedes e podem travar uma guerra surda com Moro. Abin e PF sempre se “estranharam”. Para os militares Bolsonaro é um “abacaxi-oportunidade”. Não fazem o estilo precipitados. De qualquer forma, Mourão não está ali para brincadeira.

4 – O Núcleo Palaciano Onyx e Bebiano não possuem força própria. O primeiro parece estar sendo fritado em banho-maria pelas demais alas do governo. Seu temperamento explosivo não tem ajudado. O segundo foi quem ajeitou o PSL para a campanha. Luciano Bivar emprestou seu partido por altruísmo? Que argumentos convenceram Bivar? O potencial de choque dos interesses do grupo de Bebiano com Guedes é razoável. Certamente daqui não veio o tiro. Só existem como extensão do poder do Capitão. Seria suicídio.

5 – A Aliança do Coliseu – O bloco composto pela burocracia estatal antinacional e antipovo em aliança com a Globo chegou ao poder pelas mãos de sua ala mais radical. A família Marinho acabou atropelada pela ala curitibana. A emissora fez de Moro seu “representante-interlocutor”. O ex-juiz está numa sinuca de bico. Assiste calado sua fama de “justiceiro implacável” ser corroída pelo motorista milionário. A Aliança sonha com Moro na cadeira de Bolsonaro após um “pit stop” no STF. Detentor de luz própria, o ex-juiz pode até romper com o Capitão. Não fará isto antes da hora. Pelo aparato que está montando seu destino está traçado. Terá o governo nas mãos e passará a dar as cartas ou se isolará e cairá.

6 – MC Centrão – numa sessão do Congresso, enquanto um senador discursava, um dos deputados esbravejava. Um moderado foi pedir ao colega que respeitasse a fala do senador e ouviu o seguinte: “não vou parar não, ta pensando o quê? O Senado é música clássica, aqui é baile funk!” A turma do Centrão está dançando ao som do “pancadão do Queiroz’. Publicamente declaram apoio desinteressado ao Capitão. Nos bastidores, contam com a desgraça do eleito. Como alimentar suas bases sem ocupar posições na Esplanada? Ansiam pela crise que obrigará o Planalto a retomar o “famigerado” presidencialismo de coalizão. São os mordomos do jogo. Sempre os principais suspeitos de tudo.

7 – A oposição – está como cachorro caído do caminhão de mudança que foi atropelado pelo carro que vinha atrás. Tonta e dividida, resolveu morder o próprio rabo. É pouco provável que consiga ter acesso a alguma informação importante. Está mais para caça do que para caçador.

8 – Os Tucanos – dizem que as aves de bico avantajado têm controle sobre uma banda da PF. O principal interessado no desgaste de Bolsonaro é Dória. O governador eleito de São Paulo quer o Planalto. E já provou que é capaz de pisar no pescoço de qualquer um. Aspira ser um “Bolsonaro empresário, etiquetado e quatrocentão”. Tomou uma taça de champanhe em homenagem a Fabrício Queiroz, sem sombra de dúvida.

9 – Renan e Rodrigo Maia – são os principais beneficiados no curto prazo. Favoritos nas disputas pelas presidências da Câmara e do Senado, enfrentam resistências da família Bolsonaro. O Planalto pode até não ganhar sozinho as presidências das Casas, mas perder pode virar um problemão. Um eventual pedido de impeachment passa por lá. O carioca e o alagoano deram mais um passo em suas pretensões.

O novo presidente gozará do seu período de lua de mel com a população. É improvável que o caso tenha potencial para derrubá-lo. Se virar hemorragia, a cabeça de seu filho Flávio pode ser suficiente para estancar a sangria.

O jogo está começando na mesma voltagem da campanha. Os profissionais estão ávidos pela partida. Quem aitrou a(o) laranja? Emoção não vai faltar.

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24
Out18

Bolsonaro quer acordo fisiológico com todos os corruptos do Centrão

Talis Andrade

Visando uma base sólida para seu eventual governo, o reacionário candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) veta articulação de aliados para tirar a presidência da câmara do DEM, buscando acordo com todos os corruptos do "centrão"

 

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por Úrsula Noronha

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Com 52 deputados eleitos, o presidenciável tenta enquadrar a base do seu partido fazendo acenos ao Centrão, que perdeu força, mas segue tendo uma grande influência com 142 deputados integrando o DEM, PP, PR, Solidariedade, PRB, PSC e PTB.

 

Bolsonaro, para acalmar o DEM que elegeu 29 deputados federais, teve sua primeira intervenção direta na bancada do PSL quando afirmou, na quinta-feira passada, que o partido não vai disputar o comando da Câmara. O deputado Onix Lorenzoni (DEM-RS), anunciado como chefe da casa civil caso Bolsonaro seja eleito, tem dialogado com o DEM que aponta a rejeição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Casa.

 

O ex-ministro da educação, Mendonça Filho (DEM-PE), conselheiro da campanha de Bolsonaro, está sendo cotado para reassumir a pasta. O PSD, que apesar de ter ficado “neutro” no segundo turno está se aproximando do PSL. O ministro das Comunicações Gilberto Kassab, que comanda a legenda, declarou apoio a Bolsonaro.

 

O presidenciável, que começou a campanha praticamente sem nenhum apoio partidário, agora quer fazer alianças com o centrão para aprovar suas propostas. Para uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) ser aprovada, por exemplo, ela precisa ter três quintos de votos favoráveis dos parlamentares, passando pela Câmara e pelo Senado.

 

Fechando acordos com o centrão, Bolsonaro começaria seu governo com apoio de 144 deputados: 52 do PSL, 10 do PTB, 8 do PSC, 34 do PSD, 29 do DEM e 11 do Podemos. Quando começou seu mandato em 2003, Lula tinha 230 deputados na base de apoio e a projeção do PSL é superar esse número. Para isso, vão ser fechados acordos com os corruptos que precisar, fora as bancadas do boi, da bala e da bíblia. Com isso, segundo os operadores políticos do presidenciável, Bolsonaro deve contar com uma base superior a 300 deputados.

 

Eduardo Bolsonaro, filho do candidato à presidência e reeleito a deputado por São Paulo, chegou a ser lançado como possível presidente da Câmara. Outros nomes também já foram considerados, mas agora o presidenciável busca garantir sua base fazendo acordos para impor seu projeto privatista, neoliberal e reacionário de governo.

 

Para colocar em prática todos os absurdos que defende, como o Escola sem Partido que impede debates de gênero e sexualidade nas escolas, censurando pensamento crítico dos alunos e dos professores, ou como a reforma da previdência para continuar garantindo o lucro dos empresários enquanto os trabalhadores pagam pela crise, Bolsonaro está disposto a fechar com golpistas, corruptos e políticos tão escravistas quanto ele.

 

Compartilhamos o ódio da população contra Bolsonaro e acompanhamos sua vontade de derrotá-lo também nas urnas. Por isso, chamamos voto crítico em Haddad, sem qualquer ilusão na estratégia reformista e eleitoralista do PT, completamente impotente para frear a extrema direita, ou o autoritarismo judicial.

 

Batalhamos pela construção de milhares de comitês de ação pela base nos locais de trabalho e estudo, em exigência às centrais sindicais (especialmente a CUT e a CTB) para enfrentar Bolsonaro, o golpismo e as reformas, assim como os privilégios escandalosos do poder judicial.

 

06
Ago18

Gabeira é o novo ídolo dos bolsominions

Talis Andrade

bolsonaro enio.jpg

 

 

por Kiko Nogueira

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Um dos momentos mais bonitos da sabatina de Bolsonaro na Globo News se deu quando o candidato disparou: “Você sabe que sou apaixonado por você, né, Gabeira?”

Ao final, se animou mais: “Vou dar um abraço hétero no Gabeira agora!”

Conquistou o coração dos bolsominions. Mas Fernando Gabeira é ídolo da extrema direita há algum tempo.

 

Vou repetir o que escrevi aqui:

Tem um passado na luta armada, sequestrou o embaixador americano Charles Elbrick, vestiu tanga de crochê e hoje é um convertido, alguém que enxergou a luz e abandonou a heresia marxista para ficar ao lado dos cidadãos de bem.

Subiu nos palanques do golpe e posou sorridente com os fascistas do MBL, a quem naturaliza com palavras melífluas.

 

Em 2017, escreveu que a milícia, “um movimento que se destacou na oposição ao governo de esquerda, tem uma clara opção liberal”.

Àquela altura, qualquer cidadão medianamente informado - e o Gabeira é jornalista - sabia das picaretagens da galera em nome desse liberalismo.

 

Ele não titubeou em apoiar a intervenção militar no Rio de Janeiro no dia seguinte ao decreto, num artigo que circulou bonito pela hordas bolsonaristas.

“Não tenho o direito de encarar o Exército com os olhos do passado, fixado no espelho retrovisor. Além de seu trabalho, conheci também as pessoas que o realizam”, escreveu, com autoridade auto outorgada em Haiti.

 

O mesmo Gabeira que passou pano numa farsa arquitetada pela Globo e por um governo corrupto foi convidado pela BBC a falar de Marielle Franco e se saiu com as mesmas relativizações.

Marielle sabia qual era o foco da operação e nunca hesitou em expôr a farsa. Onde ela era firme e determinada, o ex-deputado é um peixe ensaboado.

“Sua morte é um grande desafio e uma grande agressão a todos nós. Independente de posições politicas”, diz ele.

“Não acredito que tenha sido a intervenção militar que a matou. Mas sua morte poderia ser, potencialmente, uma reação à intervenção federal por parte dos setores da polícia que estão sendo atingidos”.

 

Que setores estão sendo atingidos??

Gabeira vive num mundo à parte, advogando uma causa que tem na execução de Marielle um símbolo de seu fracasso.

As “posições políticas” que ele desdenha fazem, sim, toda a diferença. Não fossem elas, Marielle provavelmente estaria viva.

 

Gabeira é o epítome do isentão (“Ninguém pode servir a dois senhores”, Mateus, 6:24).

Marielle tinha lado. O MBL tem lado. Gabeira finge que não tem. E, nesse sentido, é mais nocivo que os bolsonaros que abraça.

 

 

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