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O CORRESPONDENTE

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O CORRESPONDENTE

19
Jul23

Pastores usam profecias e revelações para convocar 'guerra santa' por Bolsonaro ! BBC 5

Talis Andrade
 
 
 
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Bandeira vermelha

Nem sempre as profecias citadas pelos pastores têm desfechos que eles consideram positivos.

É o caso de uma profecia feita pelo pastor Marcelo de Carvalho dias após a posse de Lula, na qual disse ter recebido a revelação de que a bandeira brasileira seria alterada.

"A bandeira do Brasil não será mais verde e amarela, estou profetizando. A bandeira do Brasil vai mudar, vai ser vermelha. Deus mostrou que as bandeiras, estou falando literalmente, as novas bandeiras do Brasil já começaram a ser confeccionadas", disse o pastor.

Marcelo de Carvalho atua no Ministério Ciência da Profecia, uma igreja sem endereço físico. Ele não diz nas redes onde mora, mas seu celular tem o DDD de Santa Catarina.

O pastor conta com mais de 200 mil seguidores no YouTube. No mesmo vídeo, Marcelo cita outra revelação: "Deus mostrou rachaduras em todos os lugares do Brasil", afirmou.

"Sabe o que isso significa? Significa que o Brasil será destruído."

Mas eis que, nesse cenário, o pastor aponta uma saída: a compra de um curso virtual de R$ 389 para "sobreviver ao que está vindo".

"Diante dessa revelação, diante dessa sentença, Deus me mandou fazer o seguinte: o curso estava concluído, mas agora, em função do novo governo, do que Deus mostrou, Deus colocou no meu coração o seguinte: vou começar a acrescentar materiais nesse curso", ele diz.

Contatado pela BBC, Marcelo não respondeu e apagou o vídeo. Dias depois, após nova tentativa de contato, ele respondeu por email.

O pastor disse que, em seu vídeo, havia apenas reproduzido revelações de outra pessoa - ainda que, na gravação, ele diga que recebeu aquelas profecias diretamente de Deus.

Sobre o curso, Marcelo disse que "é apenas um curso que ensina as pessoas a viver melhor em meio a crises financeiras, a cultivar e armazenar alimentos, se possível, a ter menos dívidas".

Marcelo disse ainda que tirou o vídeo do ar porque ele era muito longo. Questionado se seus vídeos poderiam estimular atos como as invasões em 8 de janeiro, disse: "Sempre disse que o povo tinha que aceitar o novo governo do presidente Lula. Essa, inclusive, foi a razão de eu ser xingado por muitas pessoas de direita."

 

Radicalização nas redes sociais

Para Vinicius do Valle, doutor em Ciência Política pela USP e que pesquisa o universo evangélico desde 2010, as redes sociais permitiram a ascensão de líderes religiosos sem vínculos com grandes instituições.

Ele afirma que, por não estarem ligados a grandes igrejas, muitos desses pastores "não têm uma grande instituição pela qual eles têm que ser responsáveis, prezar pela imagem, então eles têm uma liberdade maior para fazer profecias, acusações e agir de forma mais extremista".

Valle diz ainda que a maneira como as redes incentivam conteúdos que causam fortes emoções pode estar abrindo as portas para um extremismo religioso que talvez não tivesse tanto apelo em igrejas físicas.

"Os pastores que têm seu maior público nas redes sociais, eles até têm um estímulo para serem mais radicalizados, porque as redes sociais são um ambiente que trazem essa radicalização maior, esse extremismo maior", afirma.

Além disso, ele diz que as redes sociais propiciaram aos pastores uma nova fonte de financiamento. É possível, diz Valle, que muitos pastores de igrejas pequenas recebam mais por seus canais do YouTube do que por dízimos pagos por fiéis.

Para Celeste Leite dos Santos, doutora em Direito pela USP e promotora de Justiça em São Paulo, os vídeos dos pastores citados na reportagem têm de ser analisados pelos investigadores dos atos de 8 de janeiro.

"Quando você começa a incitar os fiéis à prática de crimes, você ultrapassa os limites de uma liberdade religiosa. Porque todo direito fundamental, ele não é ilimitado", afirma.

"Se nós temos a liberdade religiosa, nós também temos a liberdade de todos os cidadãos brasileiros de poderem contribuir com o Estado social e democrático de direito vigente e não sofrer intimidações, não correr o risco de que amanhã ele vai acordar e já estar vivenciando um regime de exceção obtido através da violência e da força", afirma.

04
Out21

Promotor que perseguiu e tentou prender Lula engavetou investigação sobre Prevent Senior

Talis Andrade

Lula e Cássio Roberto Conserino

Cássio Roberto Conserino perseguiu Lula e o movimento dos sem teto incansavelmente. Mas não viu problema nenhum nos crimes da Prevent Senior

 

247 - O promotor de Justiça Cássio Roberto Conserino (foto), do Ministério Público de São Paulo, que ficou conhecido em 2016 por perseguir e tentar obter, sem sucesso,  prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, engavetou há um ano investigações sobre os crimes da Prevent Senior.

 Conserino não perseguiu apenas Lula. Ele perseguiu também 19 lideranças do  Movimento dos Sem-Teto do Centro (MSTC), entre elas Carmen Silva Ferreira e Preta Ferreira, em 2019. A prisão de Lula foi negada pelo Judiciário paulista e em 2019 Conserino foi condenado a pagar indenização de R$ 60 mil por danos morais ao ex-presidente. A perseguição às lideranças sem teto foram derrotadas na Justiça e em 2019 foi extinta a ação de reintegração de posse da Ocupação 9 de Julho movida pelo promotor. O empenho do promotor, conhecido personagem de extrema direita, não aconteceu quando o objeto de sua ação foi a Prevent Senior, informa o jornalista Thiago Hardy no UOL.

Há mais de um ano, a partir de março de 2020, pelo menos três inquéritos foram instaurados no MP paulista para apurar a conduta da Prevent, quando os primeiros casos de Covid-19 no país foram registrados em hospitais da rede, especializada no atendimento a idosos. Dois tramitaram na esfera criminal e um deles na esfera cível.

O primeiro deles foi aberto após inspeção epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde no Hospital Sancta Maggiore, da Prevent, constatar a existência de casos suspeitos de coronavirus não notificados, falhas no isolamento de casos confirmados e a falta de testagem em profissionais de saúde com sintomas da doença.

Na ocasião, a administração municipal sugeriu que o governo do estado realizasse uma intervenção temporária em três unidades da rede, até que a situação nos hospitais fosse regularizada.

O caso foi distribuído exatamente ao promotor de Justiça Cássio Roberto Conserino. Ele classificou a subnotificação de doença como "infração de menor poder ofensivo" e  escreveu que "a ausência de notificação não gera a morte de alguém”. Quatro dias depois de ser instaurada, a investigação foi arquivada.

Responsável pelo pedido original de investigação, a promotora Celeste Leite dos Santos solicitou ao Judiciário e à chefia do MP a revisão do arquivamento, tendo sido atendida em seu pedido.

 

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