Em qualquer curso de Jornalismo, especialmente nos primeiros semestres da graduação, não é difícil ouvir dos alunos que a escolha pela profissão já chamada por Gabriel García Márquez de“a melhor do mundo”tenha sido motivada por uma vontade genuína de transformar a realidade. Num primeiro momento, isso pode parecer inocência de calouro, mas esse desejo costuma estar no cerne da atuação de alguns jornalistas mesmo tempos depois da formatura — o que, por sua vez, pode gerar um paradoxo entre a paixão pelo ofício e a precariedade profunda com que muitos se deparam na carreira, como já apontouMark Deuze. Fato é que essa motivação não se restringe a repórteres e editores, as figuras clássicas do imaginário sobre jornalistas. Quem vai para “o outro lado da bancada” e assume funções nas assessorias de imprensa ou comunicação, não necessariamente abandona os valores e o compromisso social da profissão.
E este é um raciocínio especialmente válido para a realidade no Brasil, marcado por uma migração expressiva de jornalistas para funções fora da mídia. Diante das demissões crescentes, das condições desanimadoras de trabalho e dos baixos salários ofertados nas empresas de notícia, mais de 1/3 dos jornalistas brasileiros (34,9%) trabalham em atividades correlatas ao jornalismo e o maior percentual desses trabalhadores está nas assessorias de imprensa (43,4%). Os dados estão no relatório doPerfil do Jornalista Brasileiro 2021, que mostra ainda uma preferência desses profissionais por empresas ou órgãos públicos (17,1%), seguidos de agências de comunicação (15,1%) e organizações do terceiro setor ou da sociedade civil (10%).
Em países como os Estados Unidos essa separação, ao contrário, é bem demarcada: uma vez fora das redações, a identidade de jornalista se perde. Por aqui, os assessores mantêm os registros profissionais e continuam sendo reconhecidos (e se afirmando) como jornalistas. O mais importante, porém, é que muitos aliam o trabalho da assessoria ao compromisso com o interesse público. Conseguem direcionar para a defesa de pautas sociais urgentes, como a violência contra populações periféricas, o conhecimento acumulado sobre as diversas áreas da comunicação; o acesso privilegiado a fontes e informações; e a relação construída com repórteres, editores e produtores de veículos de imprensa. Mais do que oferecer uma pauta, esses profissionais contribuem para qualificar o próprio jornalismo.
Em Fortaleza, a campanha #11doCurió – Memória e justiça pelas vítimas da chacina, criada por profissionais das assessorias de comunicação de quatro instituições públicas e de uma entidade da sociedade civil, foi pensada com o objetivo de amplificar a voz de mães, familiares e sobreviventes da Chacina do Curió. Maior chacina registrada no Ceará até então, o ataque matou 11 jovens do bairro localizado na região conhecida como Grande Messejana, na capital cearense, na noite de 11 de novembro e madrugada de 12 de novembro de 2015. De acordo com o Ministério Público do Ceará, os assassinatos foram cometidos em vingança motivada pela morte de um policial também assassinado horas antes num bairro próximo. Entre os mortos na chacina, quatro eram adolescentes menores de idade, três tinham entre 18 e 19 anos e, entre os demais, apenas um tinha passagem pela polícia, por acidente de trânsito.
A campanha
Passados oito anos desde a chacina, a primeira sessão do julgamento dos 44 réus (todos policiais militares) estava marcada para 21 de junho de 2023. Em meados de abril, as equipes de comunicação da Defensoria Pública do Estado, do Ministério Público do Ceará, do Comitê de Prevenção e Combate a Violência da Assembleia Legislativa e do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca/Ceará) se reuniram. “Era preciso unificar a comunicação e criar uma unidade visual que retratasse os crimes”, conforme texto disponível no site da Defensoria, a fim de mobilizar a sociedade para buscar a responsabilização dos crimes.
Além de umsiteque reconta os fatos daquela noite trágica e resgata as histórias de cada um dos 11, a campanha incluiu umperfil no Instagrame uma identidade visual que se estenderia em banners, adesivos, camisas e faixas usados por aqueles que se uniam às mães para pedir justiça para as vítimas do Curió. O bairro, curiosamente, leva o nome de um pássaro. “É um canto bonito este que se une em solidariedade e em rede por justiça. Embora cheias de dores e de ausências, essas Mães conseguiram selar na história – graças a sua mobilização – o nome dos 11 do Curió, em favor da justiça. Assim como elas se reuniram, as instituições também se unem para um somatório de forças”, continuam em nota os assessores que assinam as peças.
Além das inserções na mídia
Em 12 de maio, o perfil na rede social foi lançado e, de forma inteiramente orgânica, chegou a alcançar quase 60 mil contas em 30 dias. Entre os conteúdos, a história das vítimas, mobilização de parceiros, a cobrança por justiça, orientações para quem pretendia acompanhar presencialmente o julgamento e um balanço diário do júri. A iniciativa passou a concentrar as informações sobre o caso, unificando a comunicação e fortalecendo a mobilização social, sempre na perspectiva das mães das vítimas e não de uma ou outra instituição.
A imprensa, especialmente a local, que acompanhava o caso com grande atenção desde 2015, ganhou um novo fôlego para a cobertura. Mais do que revigorar a pauta, que com o início dos julgamentos seria naturalmente retomada, a campanha deu mais visibilidade ao caso — contabilizando mais de 60 reportagens em menos de 15 dias, incluindo reportagens noFantásticoe no Jornal Nacional — e ampliou o debate para além dos 11 do Curió, localizando a tragédia dentro de um contexto nacional vivido nas periferias do País. De acordo com oAnuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, entre as 47.508 mortes violentas ocorridas em 2022, 91,4% das vítimas eram do sexo masculino, 76,9% eram pessoas negras e 50,2% tinham entre 12 e 29 anos. Somente no ano passado, 6.429 pessoas foram mortas em intervenções policiais, uma média de 17 por dia.
No último sábado (16), saiu a sentença do terceiro julgamento da Chacina do Curió. Até agora, seis policiais foram condenados à prisão e 14 foram absolvidos. No primeiro Tribunal do Júri, as penas de quatro réus somaram 1.103 anos e 8 meses de reclusão, com regime inicial de cumprimento fechado, e neste último julgamento as penas chegaram a 223 anos. Ainda restam cerca de 30 réus a serem julgados e não há novas datas para os julgamentos.
A campanha #11doCurió deve seguir acompanhando a luta de familiares, mães e sobreviventes da chacina, colocando na prática aquela ideia aparentemente ingênua de quem ainda acredita que é possível transformar a realidade, partindo dos instrumentos do ofício para dar protagonismo a quem e ao que de fato precisa ser colocado em evidência.
O senador Eduardo Girão foi surpreendido pela mãe do estudante brasileiro madalhista de ouro nas Olimpíadas Internacionais de Matemática. Meu filho "jamais apoiaria um governo teocrático e anticiência". (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)
O estudante recebeu os parabéns por meio do perfil oficial do parlamentar.
"Um jovem brasileiro ganhou medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Matemática (IMO), que aconteceu no último dia 13 em Shiba, Japão. Era a primeira vez dele no torneio! Matheus Alencar de Moraes, de 16 anos, é o responsável pelo feito. Ele foi o primeiro cearense a ser contemplado com a premiação no evento, e a rotina até o prêmio envolveu longas horas de estudo e preparação. O garoto, que estuda no Colégio Farias Brito (CE), viajou acompanhado de amigos, que também participaram da competição. Além dele, mais dois alunos conquistaram medalhas. Rodrigo Salgado, ganhou medalha de prata, e Luiz Felipe Giglio, ficou com o bronze", escreveu Girão.
A alegação foi o suficiente para que a mãe de Matheus, Marcela Alencar, comentasse o post. Ela criticou o recorte da foto e o comentário feito pelo parlamentar. Marcela também afirmou que seu filho "jamais apoiaria um governo teocrático e anticiência".
“A imagem mostra a camisa que ele estava usando, a qual homenageia grandes nomes da MPB. Além disso, informo a todos os seguidores do ilustre senador que esse menino prodígio foi muito bem educado social e politicamente e, portanto, jamais apoiaria um governo militarizado, teocrático e anticiência. Lamento ver uma notícia tão feliz sendo usada de forma equivocada e politizada pelos seguidores”, escreveu Marcela.
De forma equivocada e politizada, Girão reuniu no Senado, no dia 30 novembro, um bando de golpistas, inclusive os terroristas que participaram da noite de terror do dia 12 de dezembro, e pretendiam explodir o Aeroporto de Brasília na Noite de Natal.
De forma politizada e enganosa, Girão foi para os Estados Unidos levar manifesto bolsonarista que considera vítimas os golpistas e terroristas presos pelos ataques 'as sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro. O mentiroso documento era endereçado ao Comitê de Direitos Humanos da ONU — cuja sede é em Genebra. Um bando de giras e Girão:
TURISTAS DO GOLPE. Portinho, Van Hatten, Girão e Malta com Danese (C). Documento que levaram aos Estados Unidos deveria ser entregue em Genebra (crédito: Reprodução/Redes sociais)
Os terroristas e parceiros George Washington de Oliveira Sousa e Alan Diego Rodrigues, estranha e misteriosamente estiveram presentes em uma reunião no Senado Federal, que ocorreu em 30 de novembro, e discutiu as denúncias de Bolsonaro, que afirmou que faltou isonomia nas inserções nas rádios durante o período eleitoral.
Sentados no plenário, a parelha esteve junto de nomes importantes do bolsonarismo, como o senador eleito Magno Malta (PL-ES) e o deputado cassado Daniel Silveira (PTB-RJ).
A derrota de Bolsonaro, nos dois turnos das eleições presidenciais, motivou a esdrúxula reunião de senadores e deputados golpistas na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor, para discutir a fiscalização das inserções de propagandas políticas eleitorais. O requerimento foi do senador Eduardo Girão (PODEMOS/CE) orientado pelo jurista Ives Gandra.
Uma técnica de tortura em que os dedos das mãos de pessoas encarceradas são fraturados já foi identificada
Casos ocorrem no Ceará, Roraima, Amazonas, Pará e Rio Grande do Norte
Uma técnica de tortura em que os dedos das mãos de pessoas encarceradas são fraturados já foi identificada em cinco estados pelo Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT). Segundo o órgão, a prática foi encontrada a partir da atuação da Força Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP), ligada ao Ministério da Justiça.
Coordenadora do MNPCT, a advogada Carolina Barreto Lemos revelou que o órgão começou a perceber a disseminação dessas ocorrências em locais de incursões realizadas pela FTIP, como Rio Grande do Norte e Ceará. Há registros, ainda, de presos com dedos quebrados em Roraima, Amazonas e Pará.
“Por óbvio, isso é uma forma completamente ilícita, não é algo que possa se justificar a partir de nenhum viés, não há nenhuma justificativa legal, isso se configura muito claramente enquanto um crime. Um crime de tortura porque é uma forma de castigar, de impor um castigo ilegítimo, injustificado, para além do castigo que é a própria privação de liberdade”, avalia a advogada. Acrescenta que a prática de se fraturar dedos está completamente fora dos padrões de uso proporcional da força.
Liderada por policiais penais federais, que coordenam os policiais penais mobilizados, a FTIP foi criada para ser empregada na resolução de crises, motins e rebeliões, no controle de distúrbios e no reestabelecimento da ordem e da disciplina nos sistemas prisionais. A força-tarefa foi empregada pela primeira vez no país em 2017, na Penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, diante de uma crise que resultou na morte de 26 presos.
A advogada lembra da declaração de Mauro Albuquerque, apontado por ela como um dos mentores da técnica de quebrar dedos. Ele defendeu a ação durante audiência pública na Câmara Municipal de Natal (RN), em 12 de setembro de 2017, após denúncias de maus-tratos contra presidiários no estado, quando era secretário estadual de Justiça e da Cidadania, conforme consta em relatório produzido pelo MNPCT, em 2019.
Albuquerque afirmou, durante a audiência, que “quando se bate nos dedos – falo isso não é porque não deixa marca nos dedos não... porque deixa marca – é para ele não ter mais força para pegar uma faca e empurrar num agente [policial], é para não ter mais força para jogar pedra”, aponta o relatório.
A FTIC não só fazia as intervenções nos momentos específicos de crises, mas realizou também treinamento de policiais penais nos estados, o que levou a uma repetição das ocorrências para além da atuação da própria força, ressalta a coordenadora do Mecanismo.
“E, com isso, dissemina-se as técnicas para além da sua atuação, a própria técnica de quebrar os dedos. Tanto é que, no fim do ano passado, em novembro, o órgão vai ao Rio Grande do Norte, que era o local que teve treinamento pela FTIP, apesar de a força não estar lá mais naquele momento, e identifica novamente [essa técnica] sendo usada”, relatou Lemos.
Tortura
Segundo a coordenadora do MNPCT, o uso dessa forma de tortura ainda não foi superado, inclusive porque a força-tarefa continua existindo e atuando, no entanto, com outro nome.
“A equipe não deixou de existir, ela mudou de nome, atualmente está sendo chamada de Focopen, que é Força de Cooperação Penitenciária. Se não me engano, mas completamente ela continua atuando, e, até onde a gente saiba, partindo dos mesmos os parâmetros anteriores”, diz.
A presidenta do Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura (CEPCT) do Ceará, Marina Araújo, confirma que a ação de fraturar os dedos das pessoas no cárcere não se trata de ocorrência pontual no estado e que a prática de tortura nas unidades prisionais cearenses é um fato identificado há alguns anos como padrão sistemático.
“Tanto quebra-dedos como posições de tortura são identificados, inclusive, como práticas que estão institucionalizadas, como sanções disciplinares que as pessoas internas hoje têm sido submetidas pela Administração Penitenciária a cumprir como procedimento disciplinar”, afirma.
Em ofício enviado na última quinta-feira (6) ao governo do estado do Ceará, a CEPCT - junto a outras entidades contra a tortura - denuncia 33 casos de tortura no período de um ano (julho de 2022 a junho de 2023), recebidos pelo Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e de Execução de Medidas Socioeducativas do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.
“O contexto de tortura foi identificado por diversos órgãos locais e familiares, tem sido denunciado exaustivamente, cotidianamente, e esse cenário já foi documentado e comprovado em diversos relatórios de órgãos inclusive nacionais. Como exemplo, a gente tem um relatório de 2019 do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura que identificou uma série de práticas de tortura e tratamento cruel dentro das unidades prisionais. Este mesmo cenário foi constatado pelo relatório de inspeções do Conselho Nacional de Justiça no ano de 2021”, revela Marina.
As denúncias do ofício incluem ainda 26 mortes de internos nas unidades prisionais cearenses entre 2019 e 2021, com base em dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ); e cinco suicídios de agentes penais cearenses somente no ano de 2021, conforme aponta o relatório da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do estado.
Os dados do CNJ - que apontaram as 26 mortes no sistema prisional do estado - são divergentes do que foi divulgado pelo governo, o que demonstra problemas em relação à transparência, segundo Marina.
“Foram identificadas pela Secretaria de Segurança Pública somente quatro mortes no mesmo período analisado pelo CNJ. Então, tem um ponto que é sobre a transparência de dados e sobre acesso à informação de casos de tortura e de mortes nas unidades prisionais que precisa também ser pontuado”, alerta.
Combate
A coordenadora do MNPCT, Carolina Lemos, salienta que técnicas de tortura de modo geral são muito disseminadas pelo Brasil e que estão estruturalmente presentes na atuação das forças dentro do sistema prisional.
“Elas se repetem, ainda que não tenha tido um intercâmbio direto entre os estados. Então, às vezes o que a gente vê em Minas Gerais vai ter algo parecido com o Amazonas ou Paraná, porque tem uma disseminação dessas técnicas históricas”, analisa.
Em relação ao combate e prevenção de tortura no país, Carolina aponta que é necessário um controle externo para atingir o objetivo. “É fundamental um trabalho sistemático e qualificado de prevenção dessas práticas por meio da ação fiscalizatória, que é você fazer as visitas não anunciadas, chegar de surpresa nas unidades para ver o que está acontecendo de fato”, salienta.
Além do controle por meio das Defensorias Públicas e dos Ministério Públicos, ela destaca a importância dos Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura estaduais, além do nacional, que tem a função exclusiva de fazer visitas regulares, produzir relatórios e recomendações para as autoridades.
Segundo a advogada, a ideia dos mecanismos é que as visitas regulares a espaços de privação de liberdade contribuam para uma mudança na medida em que esses espaços que estão longe dos olhos do público vão ser sujeitos a um olhar externo regular.
“A natureza preventiva se dá justamente com essa possibilidade de estar sempre sujeito a um olhar externo. É claro que o Brasil é um país de tamanhos continentais, então, mesmo um órgão nacional, ele sozinho não dá conta disso porque não consegue estar tão sistematicamente em 27 unidades da federação”, diz. Acrescenta que é fundamental também que os estados tenham seus mecanismos estaduais, que existem hoje em apenas seis unidades da federação.
De acordo com essa medida, o Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura (CEPCT) do Ceará tem trabalhado pela aprovação de projeto de lei sobre o tema, para criar um Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura, um órgão autônomo com peritos especializados para garantir as visitas e a prevenção à tortura em unidades de privação de liberdade no estado. A minuta do projeto está desde 2018 nas mãos do Poder Executivo para que apresente à Assembleia Legislativa, informa o comitê.
“Outro ponto também fundamental é destacar que somente a instalação de câmeras nos fardamentos de policiais penais não vai resolver o problema. A gente acredita que as condições de apuração e investigação, e também de reparação das vítimas e das suas famílias, bem como a responsabilização, são pontos principais para se garantir”, assegura a presidenta do comitê Marina Araújo.
Para ela, é importante fortalecer as estruturas de órgãos de fiscalização da atividade policial como a controladoria geral de disciplina, a delegacia de assuntos internos, e essas estruturas precisam estar fortalecidas pelo Poder Executivo, preconiza.
Governo
A Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará (SAP) informou, em nota, que considera as acusações infundadas e que “repudia a tentativa de ataque coordenado contra as políticas de ressocialização em larga escala da população privada de liberdade do Ceará”. Segundo a secretaria, o sistema recebe visitas regulares de instituições fiscalizadoras, como Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública, além de entidades de controle social, e mantém uma Ouvidoria própria, vinculada à Ouvidoria do governo estadual.
“O sistema prisional do Ceará virou um modelo de referência nacional em vários aspectos, com destaque para a ressocialização e a segurança física e emocional da sua população privada de liberdade. Entre os anos de 2009 até 2019, os presídios cearenses tiveram 210 presos assassinados. Desde que a SAP foi criada em 2019, esse número caiu para duas vidas perdidas de forma violenta, justamente nos primeiros meses de criação da pasta quando houve reação do crime perante a reorganização do sistema penitenciário cearense e assim permanece até hoje”, diz a nota.
Segundo a SAP, o estado realizou, nos últimos quatro anos, em parceria com a Defensoria Pública do Ceará, mais de 125 mil revisões processuais entre os internos do sistema penitenciário do estado, o que contribuiu para a redução de 30 para 21 mil pessoas em regime fechado. A Secretaria da Administração Penitenciária diz que foi a maior redução realizada no país.
Mensagens do celular do terrorista mostram detalhes da trama golpista que seria executada na véspera do Natal de 2022
por Denise Assis
EXCLUSIVO Portal Brasil 247
Mensagens inéditas do celular do empresário George Washington de Oliveira Sousa (Marabá), obtidas peloBrasil 247, revelam detalhes do plano terrorista para explodir uma bomba perto do Aeroporto Internacional de Brasília no dia 24 de dezembro de 2022. Em mensagens enviadas ao deputado federal Elieser Girão (PL-RN), e ao senador Eduardo Girão (Novo- CE), George Washington apelou para o uso dos CACs (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) em apoio ao plano terrorista. O deputado Elieser Girão, de megafone em punho, anunciou para os bolsonaristas: “coloquem os sapatinhos na janela. Teremos novidade no Natal”. A “novidade”, eram dezenas de vítimas que em consequência do atentado idealizado por George, poderiam ter ido pelos ares, no aeroporto da capital federal, na véspera dos festejos natalinos.
As mensagens constam em material enviado pela Polícia Civil do Distrito Federal no dia 22 de junho de 2023 à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que busca esclarecer o golpe do dia 8 de janeiro de 2023. Os documentos não estão sob sigilo e estão em domínio público da PCDF. O247teve acesso à documentação e conversou sobre o assunto com o deputado federal Rogerio Correia (PT-MG), integrante da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). Na avaliação do deputado, o material é muito importante para pautar os trabalhos da comissão que vai interrogar na próxima terça-feira (11/07), Mauro Cid (ajudante-de-ordem de Bolsonaro). Para Correia, os documentos “demonstram um envolvimento de várias pessoas com o terrorista George Washington, entre elas até deputados. Isso, segundo Rogerio Correia, desmancha a narrativa que Mauro Cid tem repetido, a de que para o próprio Bolsonaro o telefone de seu ajudante-de-ordens era apenas um muro de lamentações. Nas conversas trocadas no aplicativo de mensagens fica claro que as conversas não tinham nada de muro de lamentações. Era algo muito mais sério, que por pouco não foi concretizado. Só deu errado porque houve falha na última hora, ressaltou o deputado do PT.
“O que existe nesse material começa a mostrar que não apenas essas pessoas confessam que foram lá para isso, para poder estabelecer uma quebra, né, da democracia e ocupar os poderes para destituir o presidente eleito, mas também começa agora a aparecer uma organização por trás, inclusive, de atos que eles falavam que teriam que seriam atos que levados a cabo criariam um caos e dentro disso tem esse caso, que é o mais explícito do caminhão a bomba, mas tem também o fechamento de rodovias, que levariam ao caos. E aquele ato do dia 12 levaria a que setores das Forças Armadas fizessem uma intervenção para que o Bolsonaro voltasse. Que era o que eles esperavam para fechar e dar o golpe”, acrescentou o parlamentar.
Ao obter acesso ao celular de George Washington - um Samsung S21, IMEI: 351751190123219, de cor preta, com senha: GEGI2630 -, a Polícia Civil do DF avançou bastante nas investigações. A partir do conteúdo é possível, por exemplo, verificar que a afirmação de que o explosivo era destinado a postes de energia não condiz com a verdade, pois nosprintsde páginas das suas conversas saltam diálogos em que ele fala sobre colocar a bomba no caminhão, deixando claro que este já era o plano desde o início.
Primeiro a ser detido pelo atentado, em Auto de Prisão em Flagrante, George Washington encontra-se preso e foi condenado pela Justiça a 9 anos e 4 meses de prisão, em regime fechado, incurso nos crimes previstos nos artigos 12, 14 e 16, da Lei 10.826/2003, que versam sobre o porte ilegal de armas. O seu comparsa Alan Diego dos Santos Rodrigues se encontra preso e recebeu pena de cinco anos e quatro meses. Ambos foram condenados em primeira instância em 11 de maio, pela Justiça do Distrito Federal, podendo recorrer.
George Washington foi detido no mesmo dia 24, por suposto envolvimento no caso e contou que veio do Pará para Brasília, a fim de participar das manifestações (em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro – PL-, derrotado nas eleições), que ocorriam em frente ao quartel-general do Exército.
George foi localizado e preso por ordem do delegado-chefe adjunto, Paulo Renato Fayão, em um apartamento na região do Sudoeste e confessou que tinha intenção de explodir o artefato no aeroporto. Com ele, foi apreendido um arsenal com pelo menos duas espingardas, um fuzil, dois revólveres, três pistolas, centenas de munições e uniformes camuflados. No apartamento, foram encontradas outras cinco emulsões explosivas (clique aqui, para ver a relação completa:https://bit.ly/44elZIh). À época, George Washington disse que "queria dar início ao caos".
Hoje, infere-se, que o plano era forçar a decretação de uma Garantia da Lei e da Ordem – GLO, o que colocaria o poder em mãos do Exército.
A Polícia Militar do Distrito Federal detonou o explosivo após o artefato ser encontrado pelo motorista do caminhão-tanque, Jeferson Henrique Ribeiro da Silveira, estacionado no pátio do aeroporto, com combustível para aviões, na manhã de 24 de dezembro. O motorista não soube dizer quem havia deixado o material ali e a polícia descartou a participação dele no caso. A tentativa de explosão não impactou as operações no Aeroporto JK e o motorista, conforme verificação da PC-DF, não teve participação no caso.
Ao ser ouvido, George Washington afirmou que estava preparado para a “guerra”, aguardando uma convocação do Exército, pois era um defensor da liberdade, estando, em suas palavras, “para matar ou para morrer”.
Ele confessou sua participação no atentado daquela manhã, afirmando que, no dia 23/12, à noite, foi até o QG e deixou o artefato explosivo já preparado, com Alan Diego dos Santos Rodrigues, seu cúmplice no atentado. Disse também que acreditava que o explosivo “seria colocado tão somente em um poste para interromper a transmissão de energia para Brasília”. George, porém, foi enfático em asseverar que sua ação foi Ideológica” e “em defesa da liberdade”.
De posse das declarações, a Polícia Civil concluiu que ele não estava agindo sozinho e empreendeu diligências, a fim de chegar nos demais participantes da ação criminosa. Em um dos relatórios produzidos pela equipe de investigadores da DRACO, o de número 11/2023 3/ 45, a Polícia chegou aos seguintes nomes:
Alan Diego dos Santos Rodrigues, nascido aos 14/07/1990 em Comodoro/MT.Wellington Macedo de Souza, vulgo “Preso do Xandão” nascido aos 05/02/1975 em Fortaleza/CE. Conforme mencionado no referido relatório, foi possível verificar que Wellington Macedo de Souza circulou durante toda a madrugada do dia 24/12/2022 pelo aeroporto de Brasília. Ao que as diligências indicam, Wellington estava no veículo Hyundai/Creta de cor branca, placa GGH7D35, que é de propriedade de sua companheira Andressa Aguiar da Silva Macedo.
Andressa Aguiar da Silva Macedo, nascida no dia 05/02/1975 em Sobral/CE. Proprietária do veículo Hyundai/Creta, GGH7D35. De acordo com o mencionado no relatório nº 11/2023 – DECOR, no dia 06/01/2023, a equipe policial realizou acompanhamento do Hyundai/Creta de propriedade da companheira de Wellington Macedo de Souza, ocasião em que foi possível observar que outro indivíduo estava no veículo. “Em continuidade ao monitoramento do Hyundai/Creta, verificou-se que este saiu de Brasília no dia 09/01/2023 e, no dia 11/01/2023, já se encontrava em Foz do Iguaçu/PR. Tomamos conhecimento de que o referido veículo foi abordado pela Polícia Rodoviária Federal no dia 12/01/2023 no município de Ubiratã/PR. Em contato com a equipe policial que realizou a abordagem, tomamos conhecimento de que o motorista do Hyundai/Creta era Paulo Leandro Galdo Rodrigues, a mesma pessoa registrada no acompanhamento realizado no dia 06/01/2023”, concluíram os policiais.
Paulo Leandro Galdo Rodrigues, nascido no dia 15/04/1980. Informamos, ainda, que, com o objetivo de identificar o maior número de indivíduos envolvidos no atentado à bomba no aeroporto de Brasília, foi realizada análise parcial do aparelho celular que estava na posse de George Washington de Oliveira Leal na ocasião de sua prisão.
George Washington apelou a congressistas radicais e às FAs, por golpe
Na data de 11/12/2022, um dia antes dos atos de vandalismo que marcaram Brasília, George enviou mensagens por meio do aplicativo Instagram ao General Elieser Girão, entre elas, um link de uma publicação que se refere à possível criação de uma força de segurança paralela pelo governo do presidente Lula. Em seguida, colocou-se à disposição para uma convocação das forças armadas.
A jornalista Mara Beatriz, de 44 anos, publicou nas redes sociais relato no qual denuncia que o marido, Janio, foi vítima de agressão por um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). O caso, conforme a profissional, ocorreu na madrugada deste sábado, 5, no bairro Jacarecanga, em Fortaleza.
Em entrevista ao O POVO, a esposa da vítima relatou que o marido tinha ido comprar algumas cervejas em um bar próximo à residência em que moram. "Quando estava andando, o carro veio por trás e desceram rapidamente três homens gritando 'seu petista', 'você fo*** nossas vidas, desgraçado' e 'merecia morrer'. Foi tudo muito rápido, ele apagou", conta.
A manada bolsonarista é covarde e medrosa. E motivada pelo temor de perder as mamatas no desgoverno de Bolsonaro.
A adolescente de 13 anos, símbolo da luta contra o feminicídio no Estado do Ceará, será beatificada em cerimônia presidida pelo representante do Papa Francisco, o cardeal brasileiro Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus. A celebração na cidade de Crato acontece na segunda-feira, 24 de outubro, dia do martírio de Benigna Cardoso da Silva em 1941.
Os romeiros esperam as presenças do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Lula da Silva. Parece que Bolsonaro desistiu de ir, para evitar provocações venezuelanas...
por Andressa Collet /Vatican News
O Papa Francisco será representado na beatificação da mártir Benigna Cardoso da Silva no Brasil pelo cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus. A cerimônia acontece no Parque de Exposição Pedro Felício Cavalcanti na cidade de Crato, no Ceará, na próxima segunda-feira, 24 de outubro, dia do martírio da adolescente de apenas 13 anos no ano de 1941. Danilo Sobreira, coordenador de Pastoral da Paróquia Senhora Sant'Ana de Santana do Cariri, cidade natal da mártir, conta um pouco sobre a história da futura Beata brasileira que nasceu em 15 de outubro de 1928, ficou órfã de pai e mãe muito cedo, foi adotada com os irmãos e criada até os 13 anos, idade do seu martírio:
"Benigna, em vida, foi vista como uma pessoa santa. Era muito dedicada aos estudos - era a primeira da classe, caridosa, amante da natureza e dos animais, extremamente religiosa, com assídua participação na Eucaristia aos domingos. Recebeu de presente uma bíblia do pároco na época que virou livro de cabeceira: ela lia as histórias e trazia para a sua vida como reflexão, transmitindo aos amigos e sendo até catequista por ensinar a Palavra de Deus. E também nutria devoção especial a Nossa Senhora do Carmo a quem sempre invocava para a livrar do inferno.
Aos 12 anos, começou a ser assediada por um rapaz chamado Raimundo Raul Alves Ribeiro que sempre rejeitou. Após várias tentativas de aproximação, ele armou uma emboscada por volta das 16h de 24 de outubro de 1941 após chegar da escola e quando ia buscar água próxima de casa: ele a abordou sexualmente. Ela rejeitou por ver no ato uma ofensa a Deus e, em consequência, ele a golpeou várias vezes com facão, tirando a sua vida. Desde então, ela é invocada como mártir, heroína da castidade, mártir da pureza."
A devoção à Menina Benigna
Espontaneamente - e por muitas décadas - as pessoas iam até o local onde ela foi assassinada para rezar e pedir a sua intercessão, acender velas e colocar flores. O local do martírio foi marcado na época com uma cruz fincada no chão, que depois se tornou um monumento. Em 2004, um grupo de leigos provenientes de Natal-RN decidiram, então, celebrar uma missa na data e no local do martírio em Santana do Cariri. Mas, como o local é de difícil acesso e de propriedade privada, o povo construiu próximo dali uma capela, construída de pedra cariri, em 2005.
A partir daí as romarias começaram a ser promovidas, cresceram e ganharam mais importância quando a Igreja assumiu a causa em 2013, tendo início o processo diocesano para a beatificação. Já em 2019, o público estimado na romaria chegou a 30 mil pessoas. Para 2022, então, a cidade espera receber - sobretudo pela cerimônia de beatificação - cerca de 60 mil pessoas.
Complexo de Benigna ficará pronto em 2023
Para os próximos anos, então, a região do Cariri espera melhor receber os devotos da mártir com o "Complexo de Benigna" que já está com 35% dos trabalhos concluídos e fica próximo à capelinha do martírio que existe até hoje. A previsão de entrega da obra está prevista para agosto de 2023. O local vai contar com uma estátua da futura Beata de mais de 20 metros e um espaço para oração que será chamado de Santuário de Benigna, como explica Ypsilon Felix, secretário de Cultura de Santana do Cariri-CE:
"Fruto de uma parceria entre governo do Estado e do Município, com acompanhamento da Paróquia Sant'Ana, aqui da diocese de Crato, está sendo construído um lindo complexo turístico religioso que contará com uma grande estátua da primeira Beata do Ceará, com infra-estrutura de acolhimento para os romeiros da Mártir Benigna Cardoso. São mais de 48 mil metros quadrados de área, com capacidade para abrigar mais de 100 mil romeiros, com áreas para estacionamento, ambulantes e grandes celebrações."
Ciro Saboya Ferreira Júnior ainda teria tentado agredir o condutor do outro veículo em Fortaleza
O filho mais velho do ex-ministro Ciro Gomes foi preso em novembro de 2012, após se envolver em uma acidente de trânsito em Fortaleza, Ceará. Segundo o portal Terra, Ciro Saboya Ferreira Júnior, 27 anos, teria tentado agredir o condutor do outro veículo. Com a chegada da Polícia Militar, ele teria tentado subornar os agentes.
Ciro Júnior foi levado para o 2° Distrito Policial. Ainda segundo o portal Terra, após ser informado da prisão, Ciro Gomes foi até a delegacia, onde acompanhou o depoimento do filho.
Na recepção do prédio, um major da PM exigiu que a imprensa deixasse o local sob pena de prisão por desacato.
Na abordagem policial, Ciro recusou-se a fazer o teste do bafômetro embora apresentasse, de acordo com um policial que não quis se identificar, visíveis sinais de embriaguez. O policial afirmou, ainda, que o condutor tentou subornar os policiais entregando a carteira, que continha R$ 40.
Diante da posição do motorista, lhe foi dada voz de prisão. Ciro foi conduzido ao 2º Distrito Policial, no bairro Meireles, onde prestou depoimento.
São Paulo - Um dos filhos do ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes (PDT), conforme versão familiar, foi baleado durante uma tentativa de assalto em Fortaleza. O incidente com Ciro Saboya Ferreira Gomes, de 30 anos na época, ocorreu próximo à Praia de Iracema, por volta das 21h em janeiro de 2016.
Em nota divulgada, os pais de Cirinho, como é conhecido, disseram que ele foi ferido com um tiro, mas sem maior gravidade.
Ciro Saboya Ferreira Gomes é filho do ex-governador com a ex-senadora Patrícia Saboya, que ocupa atualmente o cargo de conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Hoje com 36 anos, Cirinho tem profissão desconhecida.
Ciro não entregou as obras da Transnordestina (R$ 11,2 bilhões) e depois foi trabalhar para o empresário que deveria construir a ferrovia
O ex-senador Eunício Oliveira, do MDB do Ceará, fez duras acusações contra o presidenciável Ciro Gomes, "coronelzinho político decadente de meia pataca, mentiroso e dissimulado".
Segundo Eunício Oliveira, Ciro foi demitido por incompetência, por não entregar as obras da Transnordestina. Depois disso, ele foi trabalhar para o bilionário Benjamin Steinbruch, que deveria construí-la. Eunício também falou sobre uma mala de dinheiro que o presidenciável teria recebido e anunciou uma ação de despejo de apartamento de luxo contra o pedetista.
Ciro Gomes, vocês licitaram a Transnordestina. Vc pediu demissão para presidir a empresa que ganhou, obra de R$ 11,2 bi, vc prometeu 1.753 km e entregou 81. Vc foi demitido por incompetência. Ciro, nos governos Dilma e Lula, que tanto critica, vcs indicaram 6 diversos ministros.
E a licitação da Ponte Estaiada, que o MP do CE pediu a anulação por prejuízos ao Erário. Tem gente séria no Ceará que garante que isso rendeu uma boa mala de dinheiro entregue em mãos, dentro de uma Topic.
Tem ainda o depoimento do Joesley Batista de que o Governo de vocês no Ceará só liberava o Fundo de Desenvolvimento Industrial mediante pagamento de propina? A PF, que eu respeito, chama isso de extorsão.
Ciro Gomes, eu não devo nada à Justiça. Quem foi que a PF acordou de madrugada para fazer busca e apreensão sobre pagamentos de R$ 11 mi em propinas durante as obras de reforma da Arena Castelão disfarçados de doações eleitorais?
Ciro, vc vendeu seu apt para pagar dívidas com a Justiça e eu comprei. Vc mora lá e tem vida nababesca, com dinheiro do Fdo Partidário, mas não paga aluguel, entrarei com uma ordem de despejo. Ciro, vc é um Ciro, vc vendeu seu apt para pagar dívidas com a Justiça e eu comprei. Vc mora lá e tem vida nababesca, com dinheiro do Fdo Partidário, mas não paga aluguel, entrarei com uma ordem de despejo. Ciro, vc é um coronelzinho político decadente de meia pataca, mentiroso e dissimulado.
Quando se trata de passados ditatoriais, a transição entre ditadura e democracia precisa oferecer mecanismos para a reparação das graves violações aos direitos humanos, decorridos de períodos autoritários. Para isso, são necessárias medidas que promovam na esfera política, jurídica e social a memória, associada às dimensões de Justiça, verdade e reparação, para apaziguar a cólera e recuperar, até certo ponto, os traumas vividos por uma sociedade.
Nesse sentido, tudo o que fazemos – justiça, verdade, medidas de reparação- tem de estar inspirado pela reconciliação, mas a reconciliação verdadeira, não a falsa reconciliação que na América Latina se pretendeu como desculpa para a impunidade. A única maneira de se ter uma reconciliação séria e verdadeira é através dos mecanismos de justiça, verdade e reparação (MENDÉZ, 2007, p. 171).
Porém, nem sempre esses três estágios desenvolvem-se de maneira harmônica como descrito anteriormente. No caso do Brasil, os agentes do autoritarismo do Estado não foram sequer julgados pela violência cometida, muito menos foram punidos. A reparação das vítimas pode ter ocorrido, em certa medida, pelos discursos homologados nas narrativas historiográficas, mas sem nenhuma atuação judiciária, o que configura um enorme esquecimento.
No Brasil, temos uma grande profusão de pesquisas e levantamentos documentais sobre a tortura, dentre eles o realizado pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo que resultou na elaboração do livro “Brasil: nunca mais”, publicado em 1985. Porém, na dimensão jurídica e política dos anos de 1980 e 1990 não ocorreram esforços para responsabilizar o Estado pelas violações durante a ditadura militar. Os governos democráticos após 1985 não se empenharam na luta pela verdade, justiça e reparação das vítimas do regime autoritário.
Pelo contrário, ocorreu no Brasil, após a ditadura, a imposição do esquecimento do tema ditadura nas esferas jurídicas e simbólicas, já que esse processo se deu como uma alternativa para “cicatrizar” as feridas do passado doloroso, servindo de argumento para “esquecer” a memória política do país. O que pode ser confirmado pela célebre colocação do presidente José Sarney em defesa da anistia: “(...) É necessário um esforço nacional para, de uma vez por todas, sepultarmos esses fatos no esquecimento da História. Não remexamos nesses infernos, porque não é bom para o Brasil” (SILVA apud BRITO, 2017, p. 35).
Desse modo, há um movimento que intercala três categorias: verdade, justiça e reparação. Sendo que, em casos de recuperação bem sucedida desses passados traumáticos, primeiro se apura os fatos para depois estabelecer a justiça. Ela se efetivará com a punição ou absolvição, para posteriormente iniciar uma política de reparação das vítimas e seus descendentes. No caso do Brasil, não percebemos claramente essa trajetória, pelo contrário, constatamos um longo processo de esquecimento, o que parece ser muito diferente dos embates em torno da memória na Argentina.
Na Argentina, a questão da memória surge em íntima conexão com os crimes. Desaparecimentos, torturas e perseguição feita pelo terrorismo de Estado da última ditadura militar. Embora a luta pela memória (verdade e justiça) tenha começado no trabalho das organizações de direitos humanos durante a própria ditadura (por exemplo, Madres de Plaza de Mayo), podemos dizer que a construção da memória está fortemente ligada à investigação realizada pela Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (CONADEP), a publicação de seus resultados no Relatório Nunca Mais e no Julgamento das Juntas Militares em 1985 (GONZALEZ, 2014, p. 34).
Na Argentina é fundada a Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (CONADEP), criada pelo presidente Raúl Alfonsín em dezembro de 1983, no início da redemocratização, para investigar as violações aos direitos humanos durante a ditadura militar.
Além disso, desde a época de ditadura são vivenciadas ações diárias na Argentina de “ritos de recordação” do passado sensível, como as passeatas semanais das Mães e Avós da Praça de Maio e dos “HIJOS” (Filhos, pela Justiça contra o Esquecimento e o Silêncio) que praticam os “escraches”. “Escrachar” significa colocar alguém em evidência, mostrar a face de quem quer se esconder, utilizando, por exemplo, uma fotografia. As formas de escrache adotadas pela agrupação “HIJOS” foram diversas, tais como manifestações com o uso de pinturas e músicas que visam revelar a face de um agente de Estado que praticou violência durante a ditadura. Uma das estratégias mais comuns foi à colocação de cartazes nas casas de repressores em que se afirmam: “Perigo: aqui mora um assassino”.
Enquanto no Brasil, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) que tem por finalidade apurar graves violações de Direitos Humanos ocorridas entre 1946 e 1988 só foi constituída quase 50 anos depois da implantação da ditadura militar. Esse processo, portanto, insere-se numa grande demanda por memória que tem se revelado marcante, sobretudo nos dias atuais. Leia mais