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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

07
Nov22

Jornalista narra agressão de bolsonaristas ao marido em Fortaleza: "Sentimento de medo"

Talis Andrade

Jornalista denuncia agressão de bolsonaristas ao marido em Fortaleza.(foto: Reprodução/Instagr...

 

A vítima usava uma camisa vermelha que fazia menção ao "orgulho de ser nordestino"



A jornalista Mara Beatriz, de 44 anos, publicou nas redes sociais relato no qual denuncia que o marido, Janio, foi vítima de agressão por um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). O caso, conforme a profissional, ocorreu na madrugada deste sábado, 5, no bairro Jacarecanga, em Fortaleza.

Em entrevista ao O POVO, a esposa da vítima relatou que o marido tinha ido comprar algumas cervejas em um bar próximo à residência em que moram. "Quando estava andando, o carro veio por trás e desceram rapidamente três homens gritando 'seu petista', 'você fo*** nossas vidas, desgraçado' e 'merecia morrer'. Foi tudo muito rápido, ele apagou", conta.

A manada bolsonarista é covarde e medrosa. E motivada pelo temor de perder as mamatas no desgoverno de Bolsonaro.Image

 

21
Out22

Menina Benigna: primeira Beata do Ceará e símbolo contra a violência à mulher e combate à pedofilia

Talis Andrade

beata ceeará.jpg

 

 

Menina Benigna será beatificada em 24 de outubro

 

A adolescente de 13 anos, símbolo da luta contra o feminicídio no Estado do Ceará, será beatificada em cerimônia presidida pelo representante do Papa Francisco, o cardeal brasileiro Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus. A celebração na cidade de Crato acontece na segunda-feira, 24 de outubro, dia do martírio de Benigna Cardoso da Silva em 1941.

Os romeiros esperam as presenças do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Lula da Silva. Parece que Bolsonaro desistiu de ir, para evitar provocações venezuelanas... 

por Andressa Collet /Vatican News

O Papa Francisco será representado na beatificação da mártir Benigna Cardoso da Silva no Brasil pelo cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus. A cerimônia acontece no Parque de Exposição Pedro Felício Cavalcanti na cidade de Crato, no Ceará, na próxima segunda-feira, 24 de outubro, dia do martírio da adolescente de apenas 13 anos no ano de 1941. Danilo Sobreira, coordenador de Pastoral da Paróquia Senhora Sant'Ana de Santana do Cariri, cidade natal da mártir, conta um pouco sobre a história da futura Beata brasileira que nasceu em 15 de outubro de 1928, ficou órfã de pai e mãe muito cedo, foi adotada com os irmãos e criada até os 13 anos, idade do seu martírio:

"Benigna, em vida, foi vista como uma pessoa santa. Era muito dedicada aos estudos - era a primeira da classe, caridosa, amante da natureza e dos animais, extremamente religiosa, com assídua participação na Eucaristia aos domingos. Recebeu de presente uma bíblia do pároco na época que virou livro de cabeceira: ela lia as histórias e trazia para a sua vida como reflexão, transmitindo aos amigos e sendo até catequista por ensinar a Palavra de Deus. E também nutria devoção especial a Nossa Senhora do Carmo a quem sempre invocava para a livrar do inferno. 

Aos 12 anos, começou a ser assediada por um rapaz chamado Raimundo Raul Alves Ribeiro que sempre rejeitou. Após várias tentativas de aproximação, ele armou uma emboscada por volta das 16h de 24 de outubro de 1941 após chegar da escola e quando ia buscar água próxima de casa: ele a abordou sexualmente. Ela rejeitou por ver no ato uma ofensa a Deus e, em consequência, ele a golpeou várias vezes com facão, tirando a sua vida. Desde então, ela é invocada como mártir, heroína da castidade, mártir da pureza."

 

A devoção à Menina Benigna

 

Divulgada a programação da beatificação da Mártir Benigna

Espontaneamente - e por muitas décadas - as pessoas iam até o local onde ela foi assassinada para rezar e pedir a sua intercessão, acender velas e colocar flores. O local do martírio foi marcado na época com uma cruz fincada no chão, que depois se tornou um monumento. Em 2004, um grupo de leigos provenientes de Natal-RN decidiram, então, celebrar uma missa na data e no local do martírio em Santana do Cariri. Mas, como o local é de difícil acesso e de propriedade privada, o povo construiu próximo dali uma capela, construída de pedra cariri, em 2005.

A partir daí as romarias começaram a ser promovidas, cresceram e ganharam mais importância quando a Igreja assumiu a causa em 2013, tendo início o processo diocesano para a beatificação. Já em 2019, o público estimado na romaria chegou a 30 mil pessoas. Para 2022, então, a cidade espera receber - sobretudo pela cerimônia de beatificação - cerca de 60 mil pessoas. 

 

Complexo de Benigna ficará pronto em 2023

 

Para os próximos anos, então, a região do Cariri espera melhor receber os devotos da mártir com o "Complexo de Benigna" que já está com 35% dos trabalhos concluídos e fica próximo à capelinha do martírio que existe até hoje. A previsão de entrega da obra está prevista para agosto de 2023. O local vai contar com uma estátua da futura Beata de mais de 20 metros e um espaço para oração que será chamado de Santuário de Benigna, como explica Ypsilon Felix, secretário de Cultura de Santana do Cariri-CE:

"Fruto de uma parceria entre governo do Estado e do Município, com acompanhamento da Paróquia Sant'Ana, aqui da diocese de Crato, está sendo construído um lindo complexo turístico religioso que contará com uma grande estátua da primeira Beata do Ceará, com infra-estrutura de acolhimento para os romeiros da Mártir Benigna Cardoso. São mais de 48 mil metros quadrados de área, com capacidade para abrigar mais de 100 mil romeiros, com áreas para estacionamento, ambulantes e grandes celebrações."

 

 

09
Set22

Filho de Ciro Gomes é preso após acidente de carro em Fortaleza

Talis Andrade

Filho De Ciro Gomes Colide Em Carro Tenta Subornar Policiais E é Preso Com  Drogas Ciro Nogueira E O Filho Ciro Saboya L Foto Reproducao Tribuna Do  Ceara O Filho Do Ex-Ministro

Ciro Saboya Ferreira Júnior ainda teria tentado agredir o condutor do outro veículo em Fortaleza

 

O filho mais velho do ex-ministro Ciro Gomes foi preso em novembro de 2012, após se envolver em uma acidente de trânsito em Fortaleza, Ceará. Segundo o portal Terra, Ciro Saboya Ferreira Júnior, 27 anos, teria tentado agredir o condutor do outro veículo. Com a chegada da Polícia Militar, ele teria tentado subornar os agentes.

Ciro Júnior foi levado para o 2° Distrito Policial. Ainda segundo o portal Terra, após ser informado da prisão, Ciro Gomes foi até a delegacia, onde acompanhou o depoimento do filho.

Na recepção do prédio, um major da PM exigiu que a imprensa deixasse o local sob pena de prisão por desacato.

Matéria original: Correio 24h
Filho de Ciro Gomes é preso após acidente de carro em Fortaleza

Na abordagem policial, Ciro recusou-se a fazer o teste do bafômetro embora apresentasse, de acordo com um policial que não quis se identificar, visíveis sinais de embriaguez. O policial afirmou, ainda, que o condutor tentou subornar os policiais entregando a carteira, que continha R$ 40.

Diante da posição do motorista, lhe foi dada voz de prisão. Ciro foi conduzido ao 2º Distrito Policial, no bairro Meireles, onde prestou depoimento.

09
Set22

O filho Cirinho, hoje com 36 anos, foi baleado

Talis Andrade

Filho de Ciro Gomes deve deixar hospital até esta segunda-feira

Cirinho, 36 anos, quando foi baleado

por Lucas Hirata /Revista Exame

- - -

São Paulo - Um dos filhos do ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes (PDT), conforme versão familiar, foi baleado durante uma tentativa de assalto em Fortaleza. O incidente com Ciro Saboya Ferreira Gomes, de 30 anos na época, ocorreu próximo à Praia de Iracema, por volta das 21h em janeiro de 2016.

Em nota divulgada, os pais de Cirinho, como é conhecido, disseram que ele foi ferido com um tiro, mas sem maior gravidade.

Ciro Saboya Ferreira Gomes é filho do ex-governador com a ex-senadora Patrícia Saboya, que ocupa atualmente o cargo de conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Hoje com 36 anos, Cirinho tem profissão desconhecida. 

31
Ago22

Eunício Oliveira denuncia mala de dinheiro para Ciro e anuncia ação de despejo contra presidenciável

Talis Andrade

Ciro é condenado por chamar Eunício de "cachorro mentiroso" e  "picareta-mor" | Carlos Mazza | OPOVO+

 

Ciro não entregou as obras da Transnordestina (R$ 11,2 bilhões) e depois foi trabalhar para o empresário que deveria construir a ferrovia

 

O ex-senador Eunício Oliveira, do MDB do Ceará, fez duras acusações contra o presidenciável Ciro Gomes, "coronelzinho político decadente de meia pataca, mentiroso e dissimulado".

Segundo Eunício Oliveira, Ciro foi demitido por incompetência, por não entregar as obras da Transnordestina. Depois disso, ele foi trabalhar para o bilionário Benjamin Steinbruch, que deveria construí-la. Eunício também falou sobre uma mala de dinheiro que o presidenciável teria recebido e anunciou uma ação de despejo de apartamento de luxo contra o pedetista.

Eunício Oliveira
Ciro Gomes, vocês licitaram a Transnordestina. Vc pediu demissão para presidir a empresa que ganhou, obra de R$ 11,2 bi, vc prometeu 1.753 km e entregou 81. Vc foi demitido por incompetência. Ciro, nos governos Dilma e Lula, que tanto critica, vcs indicaram 6 diversos ministros.
 
E a licitação da Ponte Estaiada, que o MP do CE pediu a anulação por prejuízos ao Erário. Tem gente séria no Ceará que garante que isso rendeu uma boa mala de dinheiro entregue em mãos, dentro de uma Topic.
 
Tem ainda o depoimento do Joesley Batista de que o Governo de vocês no Ceará só liberava o Fundo de Desenvolvimento Industrial mediante pagamento de propina? A PF, que eu respeito, chama isso de extorsão.
 

Ciro Gomes, eu não devo nada à Justiça. Quem foi que a PF acordou de madrugada para fazer busca e apreensão sobre pagamentos de R$ 11 mi em propinas durante as obras de reforma da Arena Castelão disfarçados de doações eleitorais?

Ciro, vc vendeu seu apt para pagar dívidas com a Justiça e eu comprei. Vc mora lá e tem vida nababesca, com dinheiro do Fdo Partidário, mas não paga aluguel, entrarei com uma ordem de despejo. Ciro, vc é um Ciro, vc vendeu seu apt para pagar dívidas com a Justiça e eu comprei. Vc mora lá e tem vida nababesca, com dinheiro do Fdo Partidário, mas não paga aluguel, entrarei com uma ordem de despejo. Ciro, vc é um coronelzinho político decadente de meia pataca, mentiroso e dissimulado.

11
Jul22

Memória da Ditadura: Verdade, justiça e reparação

Talis Andrade

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Quando se trata de passados ditatoriais, a transição entre ditadura e democracia precisa oferecer mecanismos para a reparação das graves violações aos direitos humanos, decorridos de períodos autoritários. Para isso, são necessárias medidas que promovam na esfera política, jurídica e social a memória, associada às dimensões de Justiça, verdade e reparação, para apaziguar a cólera e recuperar, até certo ponto, os traumas vividos por uma sociedade.

Nesse sentido, tudo o que fazemos – justiça, verdade, medidas de reparação- tem de estar inspirado pela reconciliação, mas a reconciliação verdadeira, não a falsa reconciliação que na América Latina se pretendeu como desculpa para a impunidade. A única maneira de se ter uma reconciliação séria e verdadeira é através dos mecanismos de justiça, verdade e reparação (MENDÉZ, 2007, p. 171).

Porém, nem sempre esses três estágios desenvolvem-se de maneira harmônica como descrito anteriormente. No caso do Brasil, os agentes do autoritarismo do Estado não foram sequer julgados pela violência cometida, muito menos foram punidos. A reparação das vítimas pode ter ocorrido, em certa medida, pelos discursos homologados nas narrativas historiográficas, mas sem nenhuma atuação judiciária, o que configura um enorme esquecimento.

No Brasil, temos uma grande profusão de pesquisas e levantamentos documentais sobre a tortura, dentre eles o realizado pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo que resultou na elaboração do livro “Brasil: nunca mais”, publicado em 1985. Porém, na dimensão jurídica e política dos anos de 1980 e 1990 não ocorreram esforços para responsabilizar o Estado pelas violações durante a ditadura militar. Os governos democráticos após 1985 não se empenharam na luta pela verdade, justiça e reparação das vítimas do regime autoritário.

Pelo contrário, ocorreu no Brasil, após a ditadura, a imposição do esquecimento do tema ditadura nas esferas jurídicas e simbólicas, já que esse processo se deu como uma alternativa para “cicatrizar” as feridas do passado doloroso, servindo de argumento para “esquecer” a memória política do país. O que pode ser confirmado pela célebre colocação do presidente José Sarney em defesa da anistia: “(...) É necessário um esforço nacional para, de uma vez por todas, sepultarmos esses fatos no esquecimento da História. Não remexamos nesses infernos, porque não é bom para o Brasil” (SILVA apud BRITO, 2017, p. 35).

Desse modo, há um movimento que intercala três categorias: verdade, justiça e reparação. Sendo que, em casos de recuperação bem sucedida desses passados traumáticos, primeiro se apura os fatos para depois estabelecer a justiça. Ela se efetivará com a punição ou absolvição, para posteriormente iniciar uma política de reparação das vítimas e seus descendentes. No caso do Brasil, não percebemos claramente essa trajetória, pelo contrário, constatamos um longo processo de esquecimento, o que parece ser muito diferente dos embates em torno da memória na Argentina.

Na Argentina, a questão da memória surge em íntima conexão com os crimes. Desaparecimentos, torturas e perseguição feita pelo terrorismo de Estado da última ditadura militar. Embora a luta pela memória (verdade e justiça) tenha começado no trabalho das organizações de direitos humanos durante a própria ditadura (por exemplo, Madres de Plaza de Mayo), podemos dizer que a construção da memória está fortemente ligada à investigação realizada pela Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (CONADEP), a publicação de seus resultados no Relatório Nunca Mais e no Julgamento das Juntas Militares em 1985 (GONZALEZ, 2014, p. 34).

Na Argentina é fundada a Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (CONADEP), criada pelo presidente Raúl Alfonsín em dezembro de 1983, no início da redemocratização, para investigar as violações aos direitos humanos durante a ditadura militar.

Além disso, desde a época de ditadura são vivenciadas ações diárias na Argentina de “ritos de recordação” do passado sensível, como as passeatas semanais das Mães e Avós da Praça de Maio e dos “HIJOS” (Filhos, pela Justiça contra o Esquecimento e o Silêncio) que praticam os “escraches”. “Escrachar” significa colocar alguém em evidência, mostrar a face de quem quer se esconder, utilizando, por exemplo, uma fotografia. As formas de escrache adotadas pela agrupação “HIJOS” foram diversas, tais como manifestações com o uso de pinturas e músicas que visam revelar a face de um agente de Estado que praticou violência durante a ditadura. Uma das estratégias mais comuns foi à colocação de cartazes nas casas de repressores em que se afirmam: “Perigo: aqui mora um assassino”.

Enquanto no Brasil, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) que tem por finalidade apurar graves violações de Direitos Humanos ocorridas entre 1946 e 1988 só foi constituída quase 50 anos depois da implantação da ditadura militar. Esse processo, portanto, insere-se numa grande demanda por memória que tem se revelado marcante, sobretudo nos dias atuais. Leia mais

 

Ellen Natucha Pedroza

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03
Dez21

Moro, a marcha para o estado de exceção

Talis Andrade

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Geuvar
E eis que a besta surge das profundezas...
 

 

Com Moro no poder, haveria a volta do aparelhamento da Polícia Federal pelos delegados da Lava Jato; um retorno dos abusos do Ministério Público Federal

11
Ago21

Mudança do clima acelera criação de deserto do tamanho da Inglaterra no Nordeste

Talis Andrade

Área desertificada

Área desertificada no interior de Alagoas, onde fenômeno atinge 32,8% de todo o território estadual, o maior percentual em todo o Semiárido

 

 

  • por João Fellet /BBC News 

 

O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado em 9/8, reforça que o Brasil abriga uma das áreas do mundo onde a mudança do clima tem provocado efeitos mais drásticos: o Semiárido.

O relatório aponta que, por causa da mudança do clima, a região — que engloba boa parte do Nordeste e o norte de Minas Gerais — já tem enfrentado secas mais intensas e temperaturas mais altas que as habituais.

Essas condições, aliadas ao avanço do desmatamento na região, tendem a agravar a desertificação, que já engloba uma área equivalente à da Inglaterra (leia mais abaixo).

Criado na ONU e integrado por 195 países, entre os quais o Brasil, o IPCC é o principal órgão global responsável por organizar o conhecimento científico sobre as mudanças do clima.

O documento apresentado nesta segunda (AR6) é o sexto relatório de avaliação produzido desde a fundação do órgão, em 1988.

 

'Área seca mais densamente povoada'

"O Nordeste brasileiro é a área seca mais densamente povoada do mundo e é recorrentemente afetado por extremos climáticos", diz o relatório.

O IPCC afirma que essas condições devem se agravar: se na década de 2030 o mundo deve atingir um aumento de 1,5°C em sua temperatura média, em boa parte do Brasil os dias mais quentes do ano terão um aumento da temperatura até duas vezes maior.

Em várias partes do Semiárido, isso significa verões com temperaturas frequentemente ultrapassando os 40°C.

mapa da desertificação no Semiárido

 

Mapa aponta diferentes graus de desertificação no Semiárido

 

Hoje, segundo o IPCC, o mundo já teve um aumento de 1,1°C na temperatura média em relação aos padrões pré-industriais.

Para limitar o grau do aquecimento, é preciso que os países reduzam drasticamente as emissões de gases causadores do efeito estufa — como o gás carbônico, produzido pelo desmatamento e pela queima de combustíveis fósseis, e o metano, emitido pelo sistema digestivo de bovinos.

 

Morte da vida no solo

Para o meteorologista e cientista do solo Humberto Barbosa, professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), temperaturas extremas põem em xeque a sobrevivência no Semiárido de micro-organismos que vivem no solo e são cruciais para a existência das plantas.

Há dois anos, Barbosa diz ter encontrado temperaturas de até 48°C em solos degradados no interior de Alagoas.

"A vegetação não crescia mais ali, independentemente se chovesse 500 mm, 700 mm ou 800 mm. Não fazia mais diferença, pois toda a atividade biológica do solo não respondia mais", afirma.

Sem vida no solo, aquela região se tornou desértica, como tem ocorrido em várias outras partes do Semiárido.

Na Ufal, Barbosa coordena o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), que desde 2012 monitora a desertificação no Semiárido.

Imagem de satélite

 

Imagem de satélite mostra núcleo de desertificação em Gilbués (PI), um dos principais no Semiárido brasileiro

 

Em 2019, o laboratório revelou que 13% de toda a região estava em estágio avançado de desertificação. Essa área engloba cerca de 127 mil quilômetros quadrados.

"Na nossa região, naturalmente não haveria um deserto, só que a gente tem hoje um deserto", ele diz.

Barbosa explica: segundo a ciência, climas desérticos (ou áridos) são aqueles onde o índice de chuvas é inferior a 250 mm por ano. Nessas condições, a sobrevivência de plantas e animais é bastante difícil — daí o aspecto vazio de boa parte das paisagens desérticas.

Mas essas condições climáticas não se aplicam a nenhuma região do Brasil, nem mesmo o Semiárido, que continua a receber entre 300 mm e 800 mm de chuvas ao ano.

Ainda assim, a mudança do clima e o desmatamento criaram paisagens desérticas na região.

"O solo dessas regiões foi perdendo a atividade biológica, embora as chuvas continuem acima do que se espera para uma região desértica. Esse é o paradoxo", diz Barbosa.

Ele afirma que, nesse estágio, é praticamente impossível reverter o fenômeno. "O custo da recuperação de áreas desertificadas é alto, e no Brasil não temos capacidade econômica para fazer esse tipo de investimento."

 

Maior seca da história

Entre 2012 e 2017, o Semiárido enfrentou a maior seca desde que os níveis de chuva começaram a ser registrados, em 1850. Essa seca, que é atribuída às mudanças climáticas, ajudou a expandir as áreas desertificadas.

Barbosa diz que a pandemia dificultou a realização de viagens para medir o progresso da desertificação após 2019, mas tudo indica que o fenômeno segue avançando.

A área já desertificada equivale ao tamanho da Inglaterra, cerca de três vezes o tamanho do Estado do Rio de Janeiro, ou a 23 vezes a área do Distrito Federal. Essas terras não são todas contíguas e ocupam diferentes partes do Semiárido. Enfrentam, ainda, diferentes graus de desertificação, embora em todas o fenômeno seja considerado praticamente irreversível.

Alguns dos principais núcleos de desertificação ficam em Gilbués (PI), Irauçuba (CE), Cabrobó (PE) e no Seridó (RN).

Imagens de satélite de Cabrobó

Imagens de satélite mostram avanço da desertificação na região de Cabrobó (PE) em 1969..

Imagem de satélite

 

... e em 2020

 

Imagens de satélite mostram como os núcleos têm crescido nas últimas décadas, enquanto as áreas verdes que os circundam vão rareando.

No núcleo de Cabrobó, que ocupa uma vasta área nas duas margens do São Francisco, as poucas manchas verdes na paisagem se devem a lavouras irrigadas com a água do rio.

Os Estados mais impactados pela desertificação são Alagoas (com 32,8% de sua área total afetada pelo fenômeno), Paraíba (27,7%), Rio Grande do Norte (27,6%), Pernambuco (20,8%), Bahia (16,3%), Sergipe (14,8%), Ceará (5,3%), Minas Gerais (2%) e Piauí (1,8%).

 

Região mais impactada do Brasil

A desertificação no Semiárido brasileiro foi citada pelo IPCC em seu relatório anterior, de 2019, que teve o pesquisador Humberto Barbosa como coordenador de um capítulo sobre degradação ambiental.

O relatório apontou que 94% da região semiárida brasileira está sujeita à desertificação.

"A região semiárida é a mais impactada (pela mudança do clima) no Brasil, e é a região onde você tem os índices de desenvolvimento humano mais baixos do país", afirma Barbosa.

Com o agravamento das condições climáticas, diz ele, tende a se acelerar o êxodo de moradores rumo a outras partes do país.

 

O papel do desmatamento

Para os cientistas, está claro que a desertificação tem sido acentuada pelas mudanças climáticas e tende a aumentar se as alterações continuarem se intensificando.

Porém, a degradação dos solos do Semiárido também se deve a outra ação humana: o desmatamento na Caatinga, o ecossistema natural da região.

Segundo Humberto Barbosa, ainda não se sabe quanto da desertificação se deve ao desmatamento e quanto se deve às mudanças climáticas. "É muito difícil separar os dois processos."

Quarto maior bioma do Brasil, abarcando 11% do território nacional, a Caatinga já perdeu 53,5% de sua cobertura original, segundo o MapBiomas, plataforma que monitora o uso do solo no país.

O bioma vem sendo destruído desde os primeiros séculos da colonização do Brasil, quando grandes áreas de vegetação nativa passaram a ser derrubadas para dar lugar principalmente a pastagens para bovinos.

A pecuária, aliás, é apontada com uma das principais causas para a desertificação no Semiárido.

Imagem de satélite

Imagens de satélite mostram avanço da desertificação na região de Irecê (BA) em 1984...

Imagem de satélite

 

...e em 2020

 

O pesquisador Humberto Barbosa explica que, muitas vezes, os bois são criados em áreas relativamente pequenas, compactando o solo ao pisoteá-lo repetidas vezes.

Com o tempo, nem mesmo o capim cresce mais ali, e a terra fica totalmente exposta à radiação do sol. A degradação se completa quando a chuva atinge a terra nua, levando embora os últimos nutrientes do solo.

Embora a destruição venha ocorrendo há séculos, mais de um quarto do desmatamento da Caatinga ocorreu após 1985, segundo o MapBiomas.

E neste ano, os índices de desmatamento deram um salto preocupante. Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), até 1° de agosto, houve na Caatinga 2.130 focos de queimadas— o maior número em nove anos e uma alta de 164% em relação ao mesmo período de 2020.

Os focos se concentram no oeste do bioma, onde a Caatinga se encontra com o Cerrado na região de fronteira agrícola conhecida como Matopiba (nome formado pelas iniciais dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

Como em outros biomas, o fogo é geralmente usado na Caatinga para "limpar" uma área antes do plantio. Mas as chamas acabam degradando o solo e limitam sua vida útil para a agricultura, estimulando a busca por novas áreas quando ele se esgota.

 

Falta de políticas públicas

Humberto Barbosa diz que, apesar da gravidade da situação enfrentada pelo Semiárido e da perspectiva de piora, não há qualquer plano governamental para mapear a desertificação e combatê-la.

A última iniciativa do governo federal nesse campo, afirma, foi o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN), lançado em 2006, mas descontinuado.

Tampouco há um sistema nacional para monitorar o desmatamento na Caatinga e orientar ações de fiscalização e controle — diferentemente do que ocorre na Amazônia, que conta com os sistemas Prodes e o Deter, baseados em imagens de satélite.

 

E o futuro?

Segundo o relatório do IPCC, sem ações contundentes para conter a mudança do clima, a Caatinga e outras regiões semiáridas do mundo "vão muito provavelmente enfrentar um aquecimento em todos os cenários futuros e vão provavelmente enfrentar um aumento na duração, magnitude e frequência das ondas de calor".

"De forma geral, as secas se ampliaram em muitas regiões áridas e semiáridas nas últimas décadas e devem se intensificar no futuro", diz o texto.

Os maiores prejudicados pelas mudanças serão as populações locais: segundo o IPCC, elas tendem a enfrentar oscilações na quantidade e regularidade de água, o que impactará gravemente sua "segurança alimentar e prosperidade econômica".

 

11
Nov20

Moro tem “biografia manchada como juiz ladrão”

Talis Andrade

Motim no Ceará

O deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) criticou nesta segunda-feira (9) Sérgio Moro, após o jornal Folha de S. Paulo noticiar que o ex-ministro do governo Bolsonaro se reuniu com o apresentador Luciano Huck para tentar viabilizar uma aliança mirando a eleição presidencial de 2022.

 

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“O Sérgio Moro foi um juiz ladrão a serviço de um esquema ilegal e antidemocrático para fraudar processo político no Brasil. Ele é isso, apenas. Portanto uma biografia manchada de nódoa que não se apaga”, disse o parlamentar.

clayton moro e h.jpg

 

Ainda no domingo, Moro gravou um vídeo declarando apoio ao líder extremista Capitão Wagner (Pros), candidato à prefeitura de Fortaleza, apontado como responsável por organizar um motim de policiais na capital cearense em fevereiro deste ano.

Em resposta, o governador Flávio Dino (PCdoB) comentou que Moro “começou muito mal a sua tentativa de se reinventar como referência do centro, após servir a Bolsonaro e dele se servir”.

Márcio Jerry 
@marciojerry
O foi um juiz ladrão a serviço de um esquema ilegal e antidemocrático para fraudar processo político no Brasil. Ele é isso, apenas. Portanto uma biografia manchada de nódoa que não se apaga.
 

 

03
Abr20

A polícia política

Talis Andrade

São muitos os comportamentos das PMs que ultrapassam os limites legais, com a anuência de seus oficiais superiores, dos governos e da Justiça. O terror imposto nas favelas pela PM desconhece os limites da lei

 

por Silvio Caccia Bava

Le Monde

 

O motim da Polícia Militar do Ceará e a forma como o governo federal tratou a questão abrem um novo momento na escalada autoritária em nosso país. Para compreender o alcance dessa operação é preciso contextualizar esse motim e avaliar seus possíveis desdobramentos.

Com uma estrutura herdada da ditadura (1964-1985), as PMs contam com 425 mil policiais militares hoje no país,1 que devem obediência ao governo de cada estado da Federação. Uma força armada maior que o Exército brasileiro, que se estima tenha 300 mil militares. Em sua criação a PM foi concebida para o patrulhamento ostensivo e a preservação da ordem. Durante o período da ditadura, a PM passou a ser comandada por oficiais do Exército e também a combater o “inimigo interno”, ou seja, os críticos ao governo e todos aqueles que o governo viesse a designar como seus inimigos.

São muitos os comportamentos das PMs que ultrapassam os limites legais, com a anuência de seus oficiais superiores, dos governos e da Justiça. O terror imposto nas favelas pela PM desconhece os limites da lei. O assassinato sistemático de jovens negros moradores de favelas pela PM é denunciado como genocídio no âmbito internacional. A violenta repressão às mobilizações de rua, aos protestos da cidadania, é outra face da atuação dessa força repressiva. A tudo isso se somam as investidas da PM contra líderes de movimentos sociais, alguns executados por policiais. Um dos casos mais recentes é o de Daniel de Oliveira dos Santos, 40 anos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto de Minas Gerias, morto com um tiro na nuca pela PM no dia 5 de março deste ano.2

No motim ocorrido no Ceará, PMs lançaram mão de ações intimidatórias, ocuparam quartéis e buscaram disseminar o pânico na população. Ao estilo das milícias, em carros particulares, com o rosto coberto – usando bataclava – e de arma na mão, impuseram ao comércio local toque de recolher, e não se tem ideia ainda de quantos eles assassinaram.

O estado registrou 456 homicídios no mês, 312 deles durante a paralisação dos policiais militares, que durou treze dias. Foram 26 homicídios por dia, num total de 292 assassinatos a mais do que no ano anterior, um aumento de 178% no mês. Embora a imprensa tenha alegado que as mortes foram consequência do enfrentamento entre grupos rivais pelo controle do narcotráfico, o aumento da criminalidade serviu aos interesses da PM ao gerar pânico e insegurança na população, situação que melhora as condições da negociação de seus interesses na paralisação.

Há a preocupação da parte de governadores que o motim venha a se espalhar para outros estados. Alagoas, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Paraíba, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul estão entre os estados onde as PMs expressam insatisfação.3

O motim no Ceará e a insatisfação em outros estados têm origem em questões salariais e corporativas. Em sua maioria, as PMs estaduais não têm reajuste salarial há cinco ou seis anos. Além da questão salarial, entre suas reivindicações está a unificação do plano de carreira em nível federal, o que inclui um novo plano de cargos e salários, que viria a corrigir a existência de legislações estaduais diversas e desencontradas.

Embora proibidas pela Constituição, as greves dos policiais militares foram 52 entre 1997 e 2017.4 Os movimentos paredistas na área da segurança pública vêm se intensificando desde 2013, impulsionados por suas associações e pautas corporativas. As sucessivas anistias que o governo federal e estaduais deram aos amotinados geraram a sensação de impunidade e o empoderamento dessas corporações.

A situação se torna ainda mais delicada quando se verifica a letalidade da ação desses policiais. Em 2019, a PM matou 6.220 pessoas, o que corresponde a dezessete assassinatos por dia, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.5 E é preciso considerar também o envolvimento da PM com o crime organizado, com as milícias.

O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas recomendou, em 2012, a extinção da PM. A ONU denuncia a existência no Brasil de esquadrões da morte formados por policiais militares.

Tomando conhecimento da preparação do motim da PM, com a ocupação de quartéis, o Ministério Público do Ceará ingressou com uma Ação Civil Pública contra a Aspra (Associação dos Praças do Estado do Ceará), a APS (Associação dos Profissionais de Segurança Pública), a Assof (Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiro Militar do Estado do Ceará), a Aspramece (Associação de Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Ceará) e a ABSS (Associação Beneficente dos Subtenentes e Sargentos). A ação foi acatada e determinou-se a prisão dos policiais militares que aderirem ao movimento. Nem por isso policiais militares amotinados deixaram de paralisar os serviços de segurança nas cidades e ocupar quatro quartéis no estado.

Nesse cenário preocupante é possível reconhecer certa autonomia das PMs, que não se submetem nem ao Exército nem aos governadores. A Inspetoria Geral das Polícias Militares (IGPM), órgão do Exército brasileiro cujo objetivo são ações de controle sobre as polícias militares e os corpos de bombeiros militares, não se manifestou com relação ao motim.

Segundo o sociólogo José Claudio Souza Alves, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, especialista em milícias, “a estrutura de segurança pública é algo incontrolável. Eles têm uma autonomia de atuação muito grande. Mesmo governos de esquerda não exercem de fato poder e controle sobre essa estrutura”.6

Roberto Romano, professor da Unicamp, denuncia que “é grave que nenhum comandante militar se levante contra tal desmonte do monopólio legítimo da força física. Há toda uma vasta operação para desmontar o Estado brasileiro, aqui instaurando pequenas repúblicas conduzidas por milícias”.7 (Continua)

 

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