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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

31
Jul23

“Ciclo de cortes dos juros vai começar e espaço para isso é considerável”, diz Haddad

Talis Andrade
Imagem ilustrativa da imagem Charge do dia 31/07/2023
 
 

 

Em entrevista exclusiva, ministro da Fazenda afirma que quadro permite harmonizar política monetária e fiscal para crescimento sustentável

24
Set22

Censura (galeria de charges) Justiça manda UOL apagar matérias sobre os imóveis dos Bolsonaros

Talis Andrade

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Mansão de R$ 6 milhões de Flávio Bolsonaro autor do pedido de censura 

 

Demetrius Gomes Cavalcanti, desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, mandou o UOL retirar imediatamente as matérias sobre os 51 imóveis da família Bolsonaro comprados com dinheiro vivo. O nome disso é censura.

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O desembargador aceitou as alegações dos advogados de Flávio Bolsonaro (PL), em decisão liminar, revogou a decisão anterior do juiz Aimar Neres de Matos da 4ª Vara Criminal de Brasília, que tinha autorizado o UOL a manter a matéria no site, uma vez que não havia motivos para sua suspensão. Cavalcanti, por sua vez, afirmou que a reportagem “excedia o direito de livre informar”, por usar informações sigilosas, de um processo também sigiloso, que já tinha sido anulado pelo Supremo Tribunal de Justiça.

Trata-se de um absurdo porque uma das tarefas da imprensa é exatamente revelar ilícitos mantidos em sigilo. Não há na decisão do desembargador nenhuma contestação aos fatos narrados na reportagem.

Outra justificativa dada para retirar as matérias do ar é de que ela continha suposições indevidas sobre a origem do dinheiro vivo usado para comprar os imóveis, dando a entender que era proveniente de operações ilícitas, como as “rachadinhas”.

O UOL se posicionou nessa sexta (23), e afirmou ter sofrido censura, mas ainda assim acatou a decisão. Mas irá recorrer. A Folha de S.Paulo, que faz parte do mesmo grupo que o portal UOL, publicou uma coluna humorística criticando a liminar da justiça. O texto assinado por Renato Terra afirma ser “uma coluna contendo apenas informações” citando diversos episódios de corrupção envolvendo a família Bolsonaro.

No final, a coluna adiciona um parágrafo com uma receita, uma clara referência ao período da ditadura militar no Brasil, quando havia censores a serviço do governo para impedir a publicação de textos críticos. O jornal “O Estado de S.Paulo”, toda vez que era censurado, substituía a reportagem cortada por receitas culinárias e versos de Camões.

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14
Set21

Bolsonaro e a egocracia

Talis Andrade

 

por Frei Betto

Muitos temiam que Bolsonaro desse um golpe em 7 de setembro, fechasse o Congresso e o STF. Não foi o meu caso. Estou convicto de que o golpe já ocorreu em 2016 perpetrado, por traição, pelo então vice-presidente Michel Temer. O impeachment da presidente Dilma, sem nenhuma acusação consistente como base, pretextou firulas administrativas e fez semear o joio antidemocrático.


A farsa se fez tragédia. Um político desqualificado, punido pelas Forças Armadas por planejar atentados terroristas, vinculado a milícias criminosas e contumaz patrocinador de rachadinhas familiares, chegou à presidência da República. Homem de visível desequilíbrio emocional, indiferente à dor alheia (genocídio, carestia, inflação, crise hídrica, desemprego, queda do PIB etc.), move-se pela obsessão em três pautas: liberação do comércio e porte de armas; retorno ao voto impresso; e repetidas ofensas àqueles que dificultam seus arroubos antidemocráticos, como os ministros Alexandre de Moraes e Luiz Roberto Barroso.

Bolsonaro sabia não dispor de condições para emplacar, em 7 de setembro, o seu “AI-5”, o golpe no golpe. Em 1968, o golpe de Estado perpetrado em 1964 e que derrubou Jango, presidente democraticamente eleito, ganhou reforço com o golpe no golpe, que borrou a maquiagem supostamente democrática adotada pela ditadura militar.

Bolsonaro não tornou realidade suas bravatas antidemocráticas em 7 de setembro por lhe faltarem condições imprescindíveis ao êxito: apoio popular; conjuntura internacional favorável; e adesão das Forças Armadas. Na tropa, ele é tolerado, não apoiado. Daí seu apelo às polícias civil e militar, cuja parcela cumpliciada com a criminalidade advoga o “excludente de ilicitude” como carta branca que lhe permita consolidar-se como máfia.

Quem são os 23% que ainda apoiam Bolsonaro? Seus adeptos nem sabem o que é fascismo. São desprovidos de ideologia teoricamente consistente. Abraçam a egocracia, sistema de governo no qual os interesses individuais estão acima dos direitos coletivos.

O egocrata odeia leis. Adepto do vale-tudo, apregoa a violência como única via de alcançar suas ambições. Quem dele discorda não deve ser tolerado, deve ser física e/ou virtualmente eliminado. Em seus negócios, abomina fiscalização, sonega impostos e mira o sistema financeiro como um grande cassino.
 
O egocrata despreza princípios éticos, nutre preconceitos ao diferente, arvora-se no moralismo de quem clama contra a corrupção e, ao mesmo tempo, apoia políticos notoriamente corruptos que defendem suas teses.

O ideal de nação do egocrata é o bem-estar de sua família. Danem-se os miseráveis, morram os que se encontram em situação de rua e os contaminados pela Covid-19, proíbam-se movimentos populares e identitários, queimem-se os defensores do meio ambiente, aniquilem-se os povos indígenas, cale-se a imprensa crítica.

A egocracia é o regime do individualista que considera baboseira tudo que possa afetar sua liberdade de agir segundo seus interesses privados: Constituição, direitos humanos, princípios éticos. Adora um deus criado à sua imagem e semelhança. Movido pelo ódio, despreza a razão. E sua insígnia preferida é a arma de fogo, cujos disparos põem fim a todos os argumentos contrários à sua ganância.

É preciso levar a sério os egocratas. Isso implica denunciá-los, atuar intensamente por eleições democráticas em 2022, reforçar os movimentos sociais, participar das mobilizações virtuais e presenciais contra o atual (des)governo, fortalecer o trabalho de educação política junto aos setores populares.

Engana-se quem acredita no “mea culpa” de Bolsonaro após o fracasso das manifestações de 7 de setembro. A fera recua mas não perde a sua inata agressividade. Daí a importância de os brasileiros se mobilizarem contra o autoritarismo e a favor da democracia.

Convém refletir sobre o conto de Kierkegaard, que me foi remetido por Leonardo Boff:

Ocorria um incêndio nas cortinas do fundo do teatro. O diretor enviou então o palhaço, já pronto para entrar em cena, a fim de alertar a plateia acerca do risco que todos corriam. Suplicou que agissem para apagar as chamas. Como se tratava de um palhaço, todos imaginaram que era apenas um truque para fazer rir as pessoas. E elas riam, riam muito. Quanto mais o palhaço conclamava a todos, mais riam. Pôs-se sério e começou a esbravejar: “O fogo acaba de queimar as cortinas. Se não agirem, vai queimar todo o teatro e vocês juntos”. Todos acharam tudo aquilo muito engraçado, e comentavam que o palhaço desempenhava esplendidamente o seu papel.

O fato é que o fogo consumiu todo o teatro, com todas as pessoas dentro.

E termina Kierkegaard:

Assim, suponho eu, é a forma pela qual o mundo vai acabar no meio da hilaridade geral dos gozadores e galhofeiros, que pensam que tudo, enfim, não passa de mera brincadeira.

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