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Paulo Preto, por Renato Aroeira
Paulo Vieira de Souza, conhecido no mundo do crime como Paulo Preto, por lavar mais branco o dinheiro dos tucanos mil vezes milionários, foi preso no dia 6 de abril pela Polícia Federal. A prisão preventiva foi determinada pela Justiça Federal, que também autorizou a busca e apreensão em sua residência.
Aconteceu que os policiais esqueceram o cofre de Paulo Petro, operador das campanhas eleitorais do PSDB, e intocável traficante de moedas para os paraísos fiscais.
Paulo Preto é suspeito de receber R$ 173 milhões de propina em obras da Prefeitura de São Paulo.
Um boletim de ocorrência diz que ladrões levaram um cofre da casa de Paulo Preto, enquanto o ex-diretor da Dersa estava preso na Operação Lava Jato. Segundo Sergio dos Santos Júnior, caseiro da propriedade, homens armados assaltaram a casa duas vezes, nos dias 28 e 29 de abril.
No BO, feito pelo caseiro no dia 30 de abril, consta que foram levados, além do cofre, a quantia aproximada de R$ 7.300, joias, quatro relógios, um jogo de faqueiro de prata com 130 peças, três televisores, um par de tênis, três óculos escuros, uma bolsa de viagem e dois perfumes femininos.
O caseiro, Sérgio dos Santos Júnior, disse ter sido rendido por dois invasores, que “usavam touca de motoqueiro e tinham armas de fogo”.
Gilmar Mendes revogou a prisão de Paulo Preto nesta sexta (11).
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Entre 2009 e 2011, segundo o Ministério Publico Federal (MPF), Paulo Preto comandou o desvio de 7,7 milhões de reais destinados ao reassentamento de indivíduos desalojados pela Dersa durante a construção do trecho sul do Rodoanel, do prolongamento da avenida Jacu Pêssego e da Nova Marginal Tietê, na Grande São Paulo.
A Promotoria da Suíça informou aos investigadores brasileiros que o ex-diretor da Dersa tinha quatro contas naquele país. Elas foram abertas em 2007, por meio de uma offshore no Panamá. Em fevereiro de 2017, o dinheiro foi transferido para um banco nas Bahamas.
Passaram meses e mais meses. Demorou quase uma década depois da denúncia da Promotoria da Suiça.
Em 22 de março, a Lava Jato em São Paulo denunciou Paulo Preto e outros três suspeitos por formação de quadrilha, inserção de dados falsos em sistema público e peculato.
Ameação ao PSDB: "Não se larga um líder ferido"
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Paulo Preto dirigiu a Dersa, que administra as rodovias de São Paulo, entre 2005 e 2010 - nas gestões de Serra e Alckmin. Delatores da Odebrecht afirmaram que ele pedia propina e caixa dois em nome do PSDB em troca de obras viárias. Ele foi acusado da mesma prática por delatores da OAS e Andrade Gutierrez, e pelo lobista Adir Assad.
Em 2010, Souza foi acusado por correligionários de embolsar cerca de 4 milhões de reais doados por empreiteiras para a campanha de Serra à Presidência da República. O hoje senador tucano tentou à época se distanciar do ex-diretor da Dersa, dizendo não saber “quem é Paulo Preto” e que “nunca” tinha ouvido “falar dele”.
Acuado, Preto respondeu com uma ameaça velada. Ele disse que Serra o “conhecia muito bem” e que “não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada, não cometam esse erro”. O senador, então, saiu em defesa do ex-diretor da Dersa. “Evidentemente, sabia do trabalho do Paulo Souza, que é uma pessoa muito competente. A acusação contra ele é injusta, ele é totalmente inocente”, disse o tucano.
Os senadores Aloysio Nunes (PSDB-SP) e José Serra, assim como Preto, são investigados no STF por suspeita de obter vantagens indevidas a partir de esquemas de cartel para construção do trecho sul do Rodoanel.
MP da Suíça aponta depósitos numerosos
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Pouco mais de um mês após ser nomeado diretor de engenharia da Dersa, em 24 de maio de 2007, Paulo Vieira de Souza, considerado operador do PSDB, abriu quatro contas no banco Bordier & Cie, em Genebra, segundo documento sigiloso que as autoridades suíças enviaram ao Brasil.
Entre 2007 e 2009, durante o governo de José Serra (PSDB), as contas receberam “numerosas entradas de fundos”. No começo de 2017, quando Paulo Preto decidiu transferir os recursos da Suíça para as Bahamas, as quatro contas tinham um saldo de US$ 34,4 milhões. O valor equivale a R$ 121 milhões.
Ainda de acordo com o comunicado do Ministério Público da Confederação Suíça, do qual o jornalista Mário Cesar Carvalho teve acesso, as quatro contas de julho de 2007 não foram as primeiras abertas pelo operador na Suíça. “Em 1993, ele e sua mulher à época começaram a operar com o banco Bordier & Cie, cada um com uma conta. Os procuradores suíços não detalham no documento o saldo dessas contas”.
Na última semana, a Folha também revelou que o ex-diretor da Dersa é acusado de ter recolhido um suborno de R$ 173 milhões em obras da Prefeitura de São Paulo. As obras foram contratadas entre 2008 e 2011, na administração do então prefeito, Gilberto Kassab (PSD), ministro de Ciência e Tecnologia do presidente Michel Temer.
As cifras, a maior já revelada. Até hoje, uma das maiores propinas da Lava Jato foi relatada pela Andrade Gutierrez na construção da usina de Belo Monte, de R$ 150 milhões. Os valores repassados a Paulo Preto foram levantados a partir de depoimentos de delatores da Odebrecht, como Carlos Armando Paschoal e Roberto Cumplido, ex-diretores da empreiteira.
Escrevinhador: quem é Paulo Preto, ferido na estrada
José Serra e Paulo Preto: líder do que? líder de quem?
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de Rodrigo Vianna:
por Rodrigo Vianna (texto datado de 12.10.2011)
“Não se abandona um líder ferido na estrada”. A frase, pungente, marcou a campanha de 2010 – tanto quanto a bolinha de papel que atingiu a cabeça de Serra, e que o “JN” da Globo tentou transformar num atentado.
O líder – ferido e abandonado – era Paulo Preto. E o destinatário do recado (sempre é bom lembrar) era José Serra. Paulo Preto estava magoado quando proferiu a frase. A revista “Istoé” havia publicado – em agosto de 2010 – reportagem bastante longa, mostrando o perfil de Paulo. “Veja” e “Época” haviam dado reportagens discretas sobre o sujeito, chamado de “homem-bomba tucano”.
Nada disso repercutiu. A velha mídia fingiu que Paulo Preto era um caso menor. E não era. No primeiro debate do segundo turno, Dilma trouxe Paulo Preto à tona. Colou Paulo Preto na testa de Serra. O tucano fingiu-se de morto. Disse que nem conhecia Paulo Preto. Magoado, Paulo proferiu então a frase – certeira feito uma flecha: “não se abandona um líder ferido na estrada”.
Até hoje, não conseguimos saber. Paulo Preto era líder do que? Pelo que se sabe, é um ex-funcionário da estatal paulista Dersa – que construiu obras milionárias, como o Rodoanel. Teria trabalhado também no Palácio do Planalto, na época de FHC. Imaginem se fosse um petista e tivesse trabalhado perto de Lula! Mas Paulo Preto não era propriamente um “líder político”. Que tipo de negócios Paulo Preto liderava para se intitular assim: “um líder ferido na estrada”?
Agora, fica mais claro. Parece que, entre outras atividades, ele se dedica a liderar advogados. Paulo Preto aderiu à onda de processos contra jornalistas – que inunda a Justiça. Paulo Henrique Amorim acaba de revelar que Paulo Preto resolveu processar o titular do Conversa Afiada. Agora, são 40 processos contra PH Amorim. Ali Kamel da Globo – um dos que processam PH Amorim – resolveu abrir processos também contra esse escrevinhador, contra Azenha, Marco Aurélio (blog “Doladodelá”), Nassif – entre outros. Perto de Ali Kamel, Paulo Preto ainda é um amador…
Mas voltemos ao tucano. Um homem ferido e abandonado não teria tempo para se dedicar a processos. Pelo visto, Paulo Preto já foi recolhido pelos companheiros. Talvez ainda esteja ferido. Mas já não parece abandonado à beira da estrada.
Curioso é saber: o que esse homem tem a ver com as investigações da “Operação Castelo de Areia” – suspensa por ordem (!?) da Justiça. Em reportagem do R-7, ano passado, já se dizia que Paulo Preto fora citado na Castelo de Areia.
Um passarinho me contou que fatos novos sobre a “Castelo de Areia” podem aparecer em breve. Só que dessa vez Paulo Preto não estará sozinho à beira da estrada.
A conferir.
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