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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

12
Out23

Dois estados: o caminho para a paz

Talis Andrade
 
 
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por Carlos Marun

Correio Braziliense

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No final do Século XIX nasceu o Movimento Sionista, que pregava a volta dos judeus para a Palestina, de onde haviam sido expulsos pelos Romanos há quase dois mil anos, e o estabelecimento ali de um Estado Nacional Judeu.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a divulgação das atrocidades nazistas este movimento se fortaleceu. Os judeus passaram a migrar em maior número para lá e a contar com crescente apoio internacional. Inicialmente, lutaram contra os ingleses, que ocupavam a região. Cumpre lembrar que ali o terrorismo foi utilizado pelos judeus como estratégia de guerra, tendo ficado célebre a explosão do Hotel King David, onde morreram dezenas de ingleses. Esse atentado foi praticado pelo grupo Irgun, comandado por Menahem Begin, que veio a se tornar, décadas depois, primeiro-ministro de Israel.

Em 1947, com o mundo justamente sensibilizado diante do absurdo do Holocausto, a ONU, tendo como seu secretário-geral nosso compatriota Oswaldo Aranha, decidiu que a Palestina fosse dividida entre judeus e palestinos. Os árabes não aceitaram e Israel foi a Guerra em 1948, vencendo de forma heroica e espetacular. Cumpriu-se parte do estabelecido na Resolução da ONU já citada. Foi criado o Estado de Israel. Já os territórios palestinos ainda em poder dos árabes foram divididos: Gaza ficou com o Egito e a Cisjordânia com a Jordânia. Jerusalém também resultou dividida ao fim desta Guerra. A parte oriental sob o domínio da Jordânia e a ocidental sob o domínio de Israel. Não foi criado a Palestina porque se pensava que isto referendaria as fronteiras de Israel, coisa com o que o mundo Árabe não concordava. Porém, ficou estabelecido que a Cisjordânia e a Faixa de Gaza era onde deveria ser estabelecido o Estado da Palestina.

A guerra não acabou e os conflitos continuaram. Em 1956, apoiado por uma coalizão anglo-francesa, Israel ocupou o Sinai e o Canal de Suez. A reação da ONU foi grande e a coalizão teve que recuar. Ali pela primeira vez soldados brasileiros participaram de uma Força de Paz e o nosso Batalhão Suez fez história por lá.

Em 1967 veio a Guerra dos Seis Dias, quando realmente ameaçado pelo Pan-Arabismo de Gama Abdel Nasser, o líder do Egito na época, Israel atacou primeiro e venceu, neste curtíssimo espaço de tempo, o Egito, a Jordânia e a Síria. Ao fim desta rapidíssima guerra, Israel ocupava militarmente o Sinai e a Faixa de Gaza do Egito, as Colinas de Golan da Síria, e a Cisjordânia, inclusive toda Jerusalém, da Jordânia. 

Aí chegou 1973. Há exatos 50 anos, também no Yom Kippur, Egito e Síria lançaram um grande ataque a Israel. No primeiro dia, o Exército egípcio atravessou o Canal de Suez e destruiu a Linha Bar-Lev, um conjunto de trincheiras construído paralelamente ao Canal de Suez e tido como inexpugnável.

Mísseis SAM fornecidos pela Rússia aos árabes fizeram com que Israel pela primeira vez visse ameaçado o seu controle dos céus da região. Estes mísseis eram uma novidade, e "seguiam" as aeronaves em função do calor dos motores. Aviões americanos cedidos à Israel eram abatidos às dezenas todos os dias. Os Estados Unidos estabeleceram uma ponte aérea para o envio de armamentos para Israel e novos aviões decolavam da América para ao chegar entrarem imediatamente em combate. O Estado Judeu resistiu, mas correu risco real de perder. Isso abriu caminho para um processo de paz. Israel devolveu o Sinai, e o Egito reconheceu a existência de Israel. Isso, na prática, representou a vitória do Estado Judeu na Guerra pela sua existência. Aí começou uma segunda Guerra, a dos palestinos pela existência de sua Pátria.

O processo continuou, algumas vezes lento e em outras acelerado. Os Palestinos, que haviam optado pelo terrorismos como forma de luta começaram a repensar está situação.

Chegamos em 1993, a Oslo, quando Arafat e Rabin, dois "homens da guerra" e heróis dos seus povos, trocaram sob o olhar de Clinton um constrangido mas simbólico aperto de mãos. Aconteceu o reconhecimento mútuo. Pareceu que a paz estava chegando…

 

 

Ao voltar a Palestina, Arafat foi recebido como um herói e venceu com cerca de 90% dos votos a eleição para a presidência da recém-criada Autoridade Nacional Palestina. Os extremistas foram arrasados nas urnas e o Hamas nem existia. Já em Israel a situação foi diferente e, em novembro de 1995, em um Sabath, Itzak Rabin, após participar de uma manifestação onde mais de cem mil israelenses celebravam a paz, foi assassinado por um judeu com um tiro pelas costas. Na sequência, a maioria do eleitorado de Israel referendou este assassinato, elegendo Netanyahu e optando pela solução por via da Guerra. Infelizmente esta opção permanece até hoje.

Este ataque do Hamas atinge o arrogante mito da segurança absoluta de Israel pregado por Netanyahu. Ele convenceu a maioria dos Israelenses que o importante não era a Paz, mas a segurança. Esqueceu da primeira e agora falhou de forma humilhante na segunda. Isto pode abalar a confiança daqueles eleitores israelenses que confortavelmente assistiam os foguetes lançados pelo Hamas errarem o alvo ou serem abatidos pelos moderníssimos sistemas anti-misseis israelenses. Existem em Israel muitos cidadãos que querem a paz. Desejo que isto faça com que eles sejam mais ouvidos e que sejam abertas negociações sérias para que voltemos a solução "Dois Estados" proposta por Oswaldo Aranha.
 

Até lá muitíssimos Palestinos já estão morrendo e morrerão, já que deixaram claro que não mais aceitam se render. Mas Israel também terá que contar seus mortos enquanto insistir em não ouvir o seu grito de "Eu quero uma pátria".

Por fim, desejo o fim desta matança. Espero sinceramente que desta guerra advenha, como há 50 anos, um avanço no processo de Paz, o qual passa necessariamente pela implantação de dois Estados, Israel e Palestina, livres e soberanos.

28
Jun21

Mais um escândalo: governo comprou R$ 5,2 bilhões de vacina CanSino, representada por empresa de amigo de Ricardo Barros

Talis Andrade

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247 - O governo de Jair Bolsonaro pode estar envolvido em mais um esquema de corrupção na compra de vacinas, além da indiana Covaxin, cujo caso veio à tona na CPI da Covid na última sexta-feira (25). Tratam-se agora de suspeitas na compra da vacina Convidecia, do laboratório chinês CanSino.

Desta vez, a empresa intermediária é a BelCher Farmacêutica Brasil, com sede em Maringá, terra do líder do governo, Ricardo Barros, que teve o nome citado na sexta pelo deputado Luis Miranda como alguém que comandava o esquema na Covaxin, do qual Bolsonaro sabia e não fez nada. Um dos sócios da empresa é Daniel Moleirinho, cujo pai é parceiro político de Barros.

As revelações foram feitas pelo jornalista Hugo Souza, em seu Facebook. Em um outro texto, ele ainda resgatou uma relação mais antiga entre o líder do governo e a Precisa, representante no Brasil da fabricante da vacina indiana, Barath Biontech, desde quando a empresa fornecia preservativos femininos ao Ministério da Saúde.

"Há 15 dias, meados de junho, o Ministério da Saúde assinou intenção de compra de 60 milhões de doses de uma vacina contra a covid-19 chamada Convidecia, do laboratório chinês CanSino. O preço é de nada menos que 17 dólares a dose, mais cara que a Covaxin. A se confirmar o negócio, que está na dependência da Anvisa, será a vacina mais cara negociada pelo Brasil (É dose única, mas a Janssen também e custa US$ 10)", escreveu o jornalista.

Hugo Souza detalha a próxima relação de Ricardo Barros com o empresário Francisco Feio Ribeiro Filho, conhecido como Chiquinho Ribeiro, e lembra que a Belcher Farmacêutica do Brasil, há um ano, "foi alvo da Operação Falso Negativo, contra empresas que se lambuzaram em superfaturamentos aproveitando-se da dispensa de licitação para aquisição de testes rápidos de covid-19".

O contrato do Ministério da Saúde, lotado de políticos do “Centrão” em áreas estratégicas para aquisição de vacinas, tem intenção de compra de 60 milhões de doses da vacina CanSino.

Em coluna na Revista Fórum, o jornalista Renato Rovai informa que o governo federal iria pagar 17 dólares por dose - quer dizer, R$ 5,2 bilhões por 60 milhões de doses, conforme revelou a CNN em 23 de junho. Trata-se do valor mais alto de todas as vacinas compradas pelo governo, incluindo a superfaturada Covaxin, 15 dólares.

Rovai lembra que o paranaense Emanuel Catori, diretor presidente da Belcher Farmacêutica do Brasil, junto com os empresários bolsonaristas Luciano Hang, das lojas Havan, e Carlos Wizard, "liderou um movimento para que empresas privadas conseguissem permissão para comprar e distribuir imunizantes, criando o ‘camarote das vacinas’. Em março deste ano, ele esteve em Brasília para uma conversa com o governo federal acerca deste tema".

Leia abaixo o texto de Hugo Souza sobre o caso:

Atenção, CPI e colegas jornalistas:

O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, apontado ontem por Luis Miranda como o homem acobertado por Bolsonaro na fraude da Covaxin, é próximo do empresário Francisco Feio Ribeiro Filho.

Conhecido como Chiquinho Ribeiro, o dono da Pneumar foi presidente da Urbamar, empresa de urbanização de Maringá, quando Barros foi prefeito da cidade, lá no início da década de 90. Na declaração de Imposto de Renda de Barros para o exercício 2002 aparece o nome de Francisco Feio Ribeiro Filho na seção "pagamentos e doações efetuados", e o valor de R$ 16 mil, algo que hoje seria em torno de R$ 50 mil, pela correção IPCA.

Quando Chiquinho Ribeiro completou 70 primaveras, em 2016, o irmão de Ricardo, Silvio Barros - que também já foi prefeito da terra do Marreco -, publicou no Instagram uma foto sua e de sua consorte na comemoração: "festa linda, merecida e abençoada do nosso amigo Chiquinho Ribeiro".

Quando Cida Borghetti, esposa de Ricardo Barros, tornou-se governadora do Paraná, em 2018, Chiquinho foi parar na direção da Companhia de Saneamento do estado (Sanepar).

Há dois meses, Cida Borghetti foi nomeada por Bolsonaro para o Conselho de Administração de Itaipu Binacional, rendendo o indefectível Carlos Marun e com salário de R$ 27 mil para participar de umas reuniões.

Há 15 dias, meados de junho, o Ministério da Saúde assinou intenção de compra de 60 milhões de doses de uma vacina contra a covid-19 chamada Convidecia, do laboratório chinês CanSino. O preço é de nada menos que 17 dólares a dose, mais cara que a Covaxin. A se confirmar o negócio, que está na dependência da Anvisa, será a vacina mais cara negociada pelo Brasil (É dose única, mas a Janssen também e custa US$ 10).

Estamos falando de um negócio de mais de R$ 5 bilhões. Para quem não queria "vaChina", que coisa, hein?Image

A representante da CanSino no país é a Belcher Farmacêutica do Brasil, com sede em... Maringá. Há um ano, em julho do ano passado, a Belcher foi alvo da Operação Falso Negativo, contra empresas que se lambuzaram em superfaturamentos aproveitando-se da dispensa de licitação para aquisição de testes rápidos de covid-19.

Um dos sócios da Belcher é Daniel Moleirinho Feio Ribeiro, que é filho de... Chiquinho Ribeiro. 

No dia 6 de janeiro de 2021, há poucos meses, portanto, foi aberta em Maringá a empresa Rcy Brasil & Belcher Spe Ltda, com atividade principal de "Comércio atacadista de medicamentos e drogas de uso humano". No quadro de sócios e administradores da novíssima firma consta a Belcher e a Ribetech Participacoes Sociais LTDA, pessoa jurídica com capital social de mil reais representada pela pessoa física Francisco Feio Ribeiro Filho - Chiquinho Ribeiro, o velho conhecido de Ricardo Barros. 

A Rcy Brasil & Belcher funciona no mesmo endereço da Belcher em Maringá, no número 21102 da rua Rodolfo Cremm, numa construção tipo galpão rodeada por terrenos baldios, segundo mostra o último registro feito pelo Google Street View, em 2020. A farmacêutica maringaense que é parte em um contrato de mais de R$ 5 bilhões com o Ministério da Saúde, para compra de vacinas, tem o número de identificação do seu imóvel-sede apenas e tão somente escrito à mão no poste de ligação de energia.

Cereja: informações da imprensa dão conta de que por trás do pedido de liberação da vacina Convidecia na Anvisa estão Luciano Hang, Carlos Wizard, além do outro sócio da Belcher, Emanuel Catori. Hang e Wizard são os dois grandes empresários brasileiros mais próximos do presidente da República. Um anda na garupa, o outro é do gabinete paralelo.

Pode ser apenas mais uma grande Convidecia, digo, coincidência, já que este é o país delas, vide a lista de condôminos do Vivendas da Barra.

Mas acho que convinha dar uma olhada no tocante a essa cuestão aí. Talquei?

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