Internautas reagiram com humor e também críticas ao ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, que defende abertamente um golpe de estado. Segundo o militar, a intervenção das Forças Armadas pode ocorrer falseando o artigo 142 da Constituição. O gal criou o Dia do Foda-se.
Leandro Demori
Heleno acaba de dizer em um programa de rádio que, devido à experiência do nosso Exército no Haiti, eles estão prontos pra nos colocar no prumo atuando como “poder moderador”.
General, fiquei com uma dúvida aqui: depois disso vocês vão evitar que soldados sob o comando do Exército estuprem nossas mulheres ou vai ser como foi no Haiti?
Os filhos abandonados da ONU no Haiti
Vivi Reis
A "experiência" do Brasil no Haiti: denúncias de corrupção, violência, estupros e 265 crianças haitianas deixadas para trás por seus pais, alguns deles militares brasileiros.
Rodrigo_Moraes
Haitianos pedem indenização da ONU por estupros na época em que general Heleno comandava forças de paz.
Jesus Da Goiabeira
General Heleno é o Sérgio Reis de farda.
Lenio Luiz StrecK: Fala negacionista do general Augusto Heleno sobre artigo 142 deveria ser crime
Dorinha: General Heleno é Sérgio Reis de fraldão geriatra.
Reinaldo Azevedo: O "constitucionalismo" senil de Augusto Heleno
Aos Fatos
O ministro da Defesa, Walter Braga Netto disse, durante audiência na Câmara dos Deputados, que no período de governo militar de 1964 a 1985 não houve ditadura no Brasil. O que é FALSO.
O Congresso Nacional, onde Braga Netto declarou que não houve ditadura, foi fechado três vezes pelo regime militar. Congressistas tiveram mandatos cassados, houve extinção de partidos e aposentadoria compulsória de servidores.
Não se dá golpe sem uma lista de presos políticos, exílio e morte dos que defendem a Democracia, a Liberdade, a Fraternidade. A primeira decisão de Bolsonaro ditador seria cancelar as eleições livres, secretas e diretas de 2022. Para mais uma vez evitar a vitória de Lula nas urnas.
Bolsonaro foi eleito em 2018 com o golpe que derrubou Dilma em 2010, o apoio do presidente Michel Temer, a da farsa da lava jato e o tuitaço prepotente e inimigo da claridade do general Villas-Boas e as conspirações das vivandeiras da extrema direita e quarteladas.
As histórias de 265 crianças haitianas que seus pais, Capacetes Azuis (dentre eles brasileiros), deixaram para trás após manterem relações com suas mães, muitas vezes em troca de comida
SABINE LEE E SUSAN BARTELS
Criança na favela de Cité Soleil em Porto Príncipe. Agosto de 2013. NEKTARIOS MARKOGIANNIS
As narrativas revelam como meninas de apenas 11 anos eram estupradas e engravidadas pelos Capacetes Azuis, sendo depois “abandonadas na mais absoluta miséria”, conforme relatou um dos entrevistados. Tiveram que manter sozinhas os filhos que foram fruto desses relacionamentos porque os pais eram repatriados assim que a gravidez era conhecida. Inúmeras mulheres ficaram desamparadas a cargo de seus filhos, em condições de extrema pobreza e desigualdade, a maioria sem receber nenhum tipo de ajuda.
Uma missão envolvida em polêmica
polêmicaA Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH), a operação mais extensa desenvolvida pela organização no país caribenho (2004-2017), foi concebida originalmente com o objetivo de colaborar com instituições locais em um contexto de instabilidade política dominada pelo crime organizado. O mandato foi prolongado devido às catástrofes naturais: em 2010, o Haiti sofreu um terremoto, e em 2016 padeceu os arrasadores efeitos do furacão Matthew, acontecimentos que aumentaram a insegurança da situação política do país. Depois de 13 anos de missão, a MINUSTAH chegou ao fim em outubro de 2017, dando lugar à mais modesta Missão das Nações Unidas de Apoio à Justiça no Haiti (MINUJUSTH).
A MINUSTAH foi uma das missões mais polêmicas da ONU. Foi o foco de inumeráveis acusações de exploração e abusos sexuais: não são poucos os militares e funcionários que foram relacionados com violações dos direitos humanos que incluem exploração sexual, estupros e inclusive homicídios. (Ao longo desta reportagem, empregaremos indistintamente os termos pessoal, Capacetes Azuis e pacificadores para nos referirmos a membros estrangeiros, tanto militares quanto civis, associados à MINUSTAH.)
No que diz respeito à saúde pública, não existe nenhuma dúvida (de fato, a ONU reconheceu oficialmente) sobre a introdução acidental do cólera no Haiti por parte dos Capacetes Azuis. Mais de 800.000 habitantes do país precisaram de atendimento médico, e pelo menos 10.000 morreram por causa da doença.
Delmas 32, comunidade em Porto Príncipe, Haití. DOMINIC CHAVEZ
Numerosos meios de comunicação já revelaram que membros do pessoal da ONU ofereciam alimentos e pequenas quantidades de dinheiro a garotas menores de idade em troca de relações sexuais. Além disso, apontou-se a relação entre a MINUSTAH e um grupo secreto que realizou abusos sexuais de todo tipo com aparente impunidade: supostamente, pelo menos 134 Capacetes Azuis procedentes do Sri Lanka exploraram sexualmente nove meninas entre 2004 e 2007. Depois que esses fatos vieram à tona graças ao trabalho da Associated Press, em 2017, a MINUSTAH se tornou um paradigma da falta de contundência perante acusações de abusos sexuais. Como consequência daquela reportagem, 114 Capacetes Azuis foram obrigados a voltar ao Sri Lanka, mas nenhum foi processado ou julgado depois da repatriação.
Estudos exaustivos evidenciam que crianças concebidas em situações de guerra costumam crescer no seio de famílias monoparentais que sofrem condições econômicas extremamente precárias provocadas pelo conflito. As circunstâncias de que o pai estrangeiro esteja ausente e que o nascimento da criança ocorra fora do casamento geralmente desembocam em situações de estigma e discriminação.
Ainda não dispomos de muitos dados sobre as consequências de ser uma criança mestiça, filha de pai militar estrangeiro, e menos ainda conhecemos as experiências pessoais dos chamados filhos da MINUSTAH, crianças haitianas cujos pais são Capacetes Azuis. Esta é, justamente, uma das razões pelas quais decidimos atrair o foco para as histórias das pessoas afetadas pelas missões executadas pelas Nações Unidas. [Transcrevi trechos]