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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

14
Out22

Foto de Bolsonaro em caminhão "canibal" viraliza após declaração sobre "comer índio"

Talis Andrade

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Registro é do fotojornalista parceiro da Fórum, Eduardo Matysiak, feito na Marcha Para Jesus de Curitiba; presidente foi ao TSE para censurar vídeo em que aparece dando declaração absurda. Charges de Marcio Vaccari

 

por Ivan Longo

- - -

O vídeo resgatado por internautas esta semana que mostra Jair Bolsonaro (PL) falando em "comer índio" segue repercutindo e, nesta sexta-feira (7), uma imagem viralizou graças ao assunto. 

Trata-se de uma foto que mostra o presidente em um caminhão de som com a inscrição "canibal". O registro foi feito pelo fotojornalista Eduardo Matysiak, parceiro da Fórum, durante a Marcha Para Jesus de Curitiba (PR), em 21 de maio deste ano.

 

Confira

Bolsonaro: Problema é PT e tipo de gente saída de rincões - 16/09/2022 -  Poder - Folha

 

Entenda 

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em entrevista ao jornal americano The New York Times, em 2016, na época em que ainda era deputado federal, que só não comeu carne humana de um indígena em Surucucu porque ninguém quis ir com ele.

Além disso, ele disse também que só não teve relações sexuais com mulheres famintas no Haiti por falta de higiene. O vídeo com a íntegra da entrevista está no canal do YouTube do presidente.

 

Assista

 

Tentativa de censura 

A campanha de Bolsonaro entrou com ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que o vídeo da campanha de Lula (PT), onde o presidente fala que comeria carne humana, seja retirado do ar. 

O vídeo em questão é uma entrevista de Bolsonaro para o The New York Times onde, o então deputado federal Jair Bolsonaro (PL) declara ao jornalista Simon Romero que só não comeu a carne humana de um indígena porque ninguém quis acompanhá-lo. 

Irritada, a direção da campanha de Bolsonaro declarou que a frase do presidente "foi tirada de contexto" e alegam que na entrevista Bolsonaro fala sobre a sobrevivência na selva e que, às vezes, é necessário comer "carne humana, de índio, de animal, de qualquer coisa". 

Bolsonaro diz o seguinte ao jornalista do NYT: "Eu queria ver o índio ser cozinhado. Daí o cara: se for, tem que comer. Eu como [...] morreu um índio e eles estão cozinhando [...] eles cozinham o índio, é a cultura deles. Cozinha por três dias e come com banana [...] eu comeria o índio sem problema nenhum".

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11
Out22

Alguém precisa parar Damares Alves

Talis Andrade

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E o povo, já pergunta com maldade/onde está a normalidade?/Onde está a normalidade?  

 

por Denise Assis

- - -

Peço licença ao mestre Noel Rosa para parodiar a sua magistral composição: “Onde está a honestidade?”. Primeiro, porque perguntar pela honestidade a esta altura desse governo é jogar palavras ao vento. Segundo que, sim, há algo de anormal nas figuras que compõem ou compuseram esse governo que aí está e quer continuar, mesmo que as pesquisas apontem que 51% da população o rejeite.  

Lamentavelmente, os 49% que o toleram, o fazem a tal ponto que passam por cima de situações inarredáveis: o potencial canibalismo do chefe de governo e a perversão de sua ex-ministra da família, da mulher, ou seja lá do que for que ela não deveria conduzir, (Damares Alves foi Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos) porque não tinha, não tem e não terá nunca perfil para a pasta. A ex-ministra, independente dos traumas sofridos – e principalmente por eles – deveria estar em tratamento psicanalítico, a fim de fechar suas feridas, e não contaminando discursos públicos com suas neuroses advindas dos abusos na infância. (Relatados pela própria).

Ao contrário disso, lhe deram poder para falar a uma plateia onde havia crianças. Sem o menor equilíbrio, usando de fantasias que são suas, (e não da esquerda, como atribui), poluiu a ingenuidade e a pureza das crianças presentes, descortinando para elas um mundo de perversidades (e perversões que são suas), prematuramente. Quantas delas chegaram em casa querendo saber dos pais o que era aquilo que ouviram? Quantas não saíram de lá apavoradas, com medo de perder os dentes para o tal do “sexo oral”? Quantas irão espremer os pais em busca de uma explicação precoce para essas novidades de que jamais tiveram notícia?  

O que estou aqui falando tem base em relatos pessoais. Tanto do presidente quanto de sua ministra. Há registros das falas de Damares e vídeos da revelação de Bolsonaro. Portanto, TSE, sua decisão (de mandar a campanha do PT retirar do seu programa o vídeo a respeito), embora deva ser acatada, é o que diz a lei, é questionável porque cassa o direito dos cidadãos de saberem como pensa e quais os valores do seu governante.

E o que é a normalidade? Haverão de me perguntar. Não sei. Só sei é que deveria haver decoro e regras para se ocupar cargos no alto escalão, compatíveis com o comportamento médio da população.

E se aqui a fala de Bolsonaro não reverberou, lá fora estarreceu editores dos grandes veículos, que estamparam em suas páginas o potencial canibalismo do presidente do Brasil. O fato de ter admitido que poderia fazer um gesto de tal natureza, já bastaria para ser, sim, notícia, e não “fake News”, como quer o TSE. Fake News, senhores do TSE, é deixar alguém atribuir a outros as suas fantasias sexuais ou fazer acusações sem provas. Aliás, mais que fake News, é a perversidade sendo esparramada indistintamente. 

Alguém precisa parar Damares Alves, pelo bem das nossas crianças, às vésperas de comemorar o seu dia. Moralismo? Não. Prudência.   

08
Out22

Presidenta da Casa Rui Barbosa defende Bolsonaro e normaliza canibalismo

Talis Andrade

 

Leticia Dornelles comparou declaração do presidente, de que comeria indígena, com acidente aéreo na Cordilheira dos Andes, em 1972

 

O vídeo, que viralizou esta semana com as declarações de Jair Bolsonaro (PL), durante entrevista ao jornal estadunidense The New York Times, em 2016, de que só não comeu carne humana de um indígena em Surucucu porque ninguém quis ir com ele, chocou o país.

Porém, ainda há pessoas que tentam defender o que disse o presidente da República. Leticia Dornelles, presidente da Casa Rui Barbosa, foi às redes sociais para normalizar as afirmações de Bolsonaro, comparando suas declarações com uma das maiores tragédias ocorridas na América do Sul.

“O voo uruguaio 571 transportava 45 pessoas. Caiu na Cordilheira dos Andes em outubro de 1972. Os 33 sobreviventes ficaram 72 dias perdidos no gelo. Faltou alimento. Aconteceu o horror. São monstros? Não. Pode imaginar o trauma? Tirado de contexto, eles seriam canibais? Raciocine”, postou Leticia.

A comparação, no mínimo infeliz, foi com o que ocorreu no dia 13 de outubro de 1972, quando o time de rugby do Uruguai viajava para Santiago do Chile. O avião caiu na Cordilheira dos Andes, a mais de 4 mil metros de altitude.

Os passageiros que não morreram no acidente, após mais de 70 dias sem serem resgatados, tiveram de se alimentar de carne humana para sobreviver. Ou seja, havia uma situação limite, nada semelhante ao que relatou Bolsonaro.

“Morreu o índio e eles estão cozinhando, eles cozinham o índio, é a cultura deles. Cozinha por dois três dias, e come com banana. Daí eu queria ver o índio sendo cozinhado, e um cara falou, ‘se for ver, tem que comer’, daí eu disse, eu como! E ninguém quis ir, porque tinha que comer o índio, então eles não me queriam levar sozinho, e não fui”, disse Bolsonaro na entrevista.

Vale ressaltar que a Casa Rui Barbosa é um dos principais centros de intelectuais, pensadores e pesquisadores do Brasil.

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07
Out22

Primeira semana da campanha para o 2º turno é marcada por vídeos contra Lula e Bolsonaro; conheça os principais

Talis Andrade

Bolsonaro agride mulher e coloca mandato em jogo no Parlamento - Correio do  Brasiltesoureiro on Twitter: "Sempre foi valente com a imprensa. Mas só com as  mulheres. BOLSONARO ODEIA MULHERES https://t.co/9sLOSKyTTr" / Twittertesoureiro on Twitter: "Sim, ele falou isso. Pode conferir aí no Google.  BOLSONARO ODEIA MULHERES https://t.co/9TwyvvU8zb" / Twitter

Por g1

A primeira semana da campanha eleitoral para o segundo turno foi marcada por vídeos contra o ex-presidente Lula (PT) e o atual, Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. A segunda etapa da corrida presidencial está marcada para o dia 30 deste mês.

As publicações viralizaram nas redes sociais e um dos vídeos foi usado em uma peça de propaganda eleitoral petista.

 

Maçonaria

 

Um vídeo antigo mostra Bolsonaro discursando numa loja maçônica em uma fase pré-campanha de 2018, quando ele ainda não havia se lançado oficialmente à Presidência, mas já percorria o país. A polêmica se deve ao fato de que as igrejas evangélicas, grupo ao qual Bolsonaro faz acenos constantes em busca de votos, serem críticas à maçonaria. Em outro vídeo, Silas Malafaia, uma das influentes lideranças evangélicas que apoiam a sua reeleição, associa a maçonaria a "trevas".

 

Depois de esse vídeo vir à tona, passou a circular nas redes sociais umprint falso de uma publicação no Twitter atribuída a Bolsonaro em que ele diz: "Maçonaria será maior que o cristianismo no Brasil, por isso buscamos o apoio dessa gente. Cristãos, em sua maioria, são pobres e precisamos dos maçons que são ricos para bancar nossa campanha até o dia 30". A conta oficial de Jair Bolsonaro no Twitter não publicou o conteúdo atribuído a ele no print falso. Essa segunda imagem é uma montagem.

 

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Satanismo

 

Nas redes sociais, foram compartilhadas mensagens associando Lula a um homem identificado como Vicky Vanilla, que seria satanista. Em nota, o PT negou qualquer relação entre o homem e o ex-presidente e acusou grupos bolsonaristas no Telegram e WhatsApp de compartilharem a mentira.

O próprio Vicky Vanilla divulgou um vídeo desmentindo o boato. "Esse pronunciamento faz parte de uma live que fiz e está sendo usado fora de contexto", diz. "O vídeo está sendo espalhado como uma fake news a meu respeito e a respeito do candidato Lula, que não tem qualquer ligação com a nossa casa espiritual", acrescenta.

 

Xenofobia contra nordestinos

BOLSONARO NO NORDESTE - Jônatas Charges - Política Dinâmica

Em uma live, Bolsonaro associou a vitória petista no Nordeste no primeiro turno das eleições ao analfabetismo na região. O presidente afirmou que "esses estados do Nordeste estão sendo há 20 anos administrados pelo PT" e que "onde a esquerda entra, leva o analfabetismo, leva a falta de cultura, leva o desemprego".

Ainda sobre esse tema, outro vídeo que ganhou repercussão foi um publicado pela então vice-presidente da Comissão da Mulher Advogada da Ordem dos Advogados do Brasil em Uberlândia, Flávia Aparecida Moraes, na quarta (6) dizendo que "não vai mais alimentar quem vive de migalhas", se referindo aos moradores da região Nordeste do Brasil, que votaram em peso em Lula no primeiro turno. Após a repercussão da declaração, ela pediu licença do cargo.

 

Canibalismo

Propaganda do PT na volta do horário eleitoral resgata vídeo de 2016 em que Bolsonaro diz que comeria um indígena — Foto: Reprodução

Propaganda do PT na volta do horário eleitoral resgata vídeo de 2016 em que Bolsonaro diz que comeria um indígena

 

A campanha de Lula usou em inserções de TV nesta sexta-feira (7) um vídeo de 2016 em que Bolsonaro diz que comeria "sem problema nenhum" um indígena em ritual de aldeia.

O vídeo é de uma entrevista de Bolsonaro a um jornalista do "New York Times" em 2016, época em que o presidente ainda era deputado federal. A entrevista completa está nas redes sociais do presidente.

O presidente relata que um indígena que havia morrido estava sendo cozido pela aldeia. "É para comer. Cozinha por dois, três dias, e come com banana. Eu queria ver o índio sendo cozinhado. Aí o cara: 'Se for, tem que comer'. Eu como! Aí, a comitiva, ninguém quis ir", contou Bolsonaro.

 

Agressão a mulheres

 

Outro vídeo que ganhou repercussão nas redes sociais traz um trecho de uma entrevista antiga de Bolsonaro ao extinto programa humorístico da Band CQC - Custe o que Custar em que questionado se "já deu uns sopapos em alguma mulher alguma vez", ele responde: "Já".Bolsonaro despreza as mulheres e isso pode ser determinante para a sua  derrota - ISTOÉ Independente

É longa a lista de mulheres agredidas por Bolsonaro (vide tags): Conceição Aparecida Aguiar, Marinor Brito, Vera Magalhães, Preta Gil, Maria do Rosário, Patrícia Campos Mello, Daniela LimaDia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher: compare Lula a Bolsonaro  - Lula
 
 

05
Out22

Quem é mais doente Arthur de Val ou Bolsonaro?

Presidente do Brasil diz que mulher negra é suja

Talis Andrade

Mulheres ucranianas, antes vetadas no exército, combatem russos na linha de  frente | Montedo.com.brLACNIC News | Ayitic Goes Global: primeiras mulheres haitianas formadas em  habilidades digitais

Para as elites brasileiras são aceitáveis a xenofobia, o racismo, a misoginia, o machismo contra países com uma população de maioria negra. 

A supremacia branca cassou o mandato do deputado Arthur do Val (Mamãe Falei) porque declarou as mulheres ucranianas "são fáceis porque são pobres".

Numa entrevista que concedeu ao jornal New York Times, Jair Bolsonaro disparou comentários relacionados ao canibalismo e agressões xenófobas às mulheres haitianas. 

Em um dado momento da entrevista, Bolsonaro diz que estava numa tribo indígena e não comeu carne humana por falta de companhia. 

Ele também disse que só não fez sexo com uma mulher haitiana “pela falta de higiene”. 

26
Fev20

Tumulto, desorganização e caos

Talis Andrade

brasil do foda-se.jpg

 

por Gustavo Conde

E bate aquela impressão terrível de que toda essa reação a mais uma quebra de decoro de Bolsonaro é só um jogo de cena para manter a plateia canibalizando a própria indignação, naquele eterno e fraudulento "agora vai".

A internet, realmente, criou uma zona de conforto bestial, que nos convida ao texto de repúdio, à lacração, ao salvo-conduto que é defender a democracia protegidos da violência da polícia, mas que, por outro lado, nos aprisiona na mesmice sedutora do discurso.

O fato de eu estar aqui escrevendo esse texto e não na rua com um megafone já diz tudo também sobre como me sinto e como irão me ver: um covarde que atrapalha a reação heroica de setores importantes da sociedade brasileira contra os desmandos de Bolsonaro.

Eu poderia ir para Brasília com minha barraca e acampar em frente ao STF com um cartaz de basta, mas esse gesto também só seria alçado ao real se alguma mídia alternativa fosse lá e fizesse uma matéria comigo de cara feia, no turbilhão do heroísmo abnegado que vira meme e vive de reiniciar o 'sistema'.

A linguagem é importante, mas ela também cansa. Eu continuo achando uma abominação estúpida o gesto de tomar uma retroescavadeira e estourar amotinados assassinos, mas, sinceramente, eu entendo quem gosta.

Por duas razões: primeiro, porque quem gosta fica alardeando seu gosto pelas redes sociais ao invés de pegar a sua retroescavadeira e também partir para cima da bandidagem. Ou seja: é um gostar tão digital e inútil quanto o não gostar.

Segundo porque a proliferação de notas de repúdio em defesa da democracia produz a sensação infame de que estamos todos adorando a estética da vitimização associada à inércia: são todas notas lindas, edificantes, históricas que, no entanto, vão se acumulando como registros burocráticos da nossa catástrofe institucional.

A língua e o sentido também precisam das instituições para produzirem o seu efeito prático. No atual estado de coisas, a linguagem também perde seu poder de significação e produzir notas exige um esforço a mais do que simplesmente repudiar o horror com a gramática bem comportada dos textos institucionalizados.

É preciso mudar o tom, o ethos - e nenhuma dessas notas chegou perto de realizar essa mudança. Ou: é preciso gritar, não argumentar.

Daí, a deferência compreensiva dirigida aos "retroescavadeiristas": quem aguenta tanta falação inútil?

Na minha covardia de escrever mais um texto e não pegar em uma metralhadora para resolver tudo isso de uma vez, sou obrigado a dizer: está todo mundo gostando.

Senão na cara lavada e digitalizada do ser, na cara suja que habita as profundezas de nosso inconsciente político. É bom ter um Bolsonaro produzindo o autoaniquilamento do humano para que eu possa dignificar minha identificação comigo mesmo: "estou do lado certo da história e não me curvei ao discurso de ódio".

Bolsonaro é como o pai genocida da psicanálise: como elemento que me esmaga e me bloqueia, ele permite a minha entrada no universo simbólico, única forma de existência para quem perdeu a luta no campo selvagem dos instintos assassinos.

Bolsonaro é a minha garantia de que eu não sou um animal (como ele).

Chama-se isso também de síndrome autoconfirmatória: há uma imensa demanda por ouvir e ler aquilo em que já acreditamos de antemão - tanto na direta quanto na esquerda.

É por isso que este texto que aqui se desenrola deve estar provocando sensações desagradáveis nos leitores. Peço, covardemente, desculpas por isso.

A nossa condição político-simbólica é das mais complexas e limítrofes. Não venceremos a antissubjetividade bolsonara com palavras institucionalizadas, nem com retroescavadeiras animalizadas.

A condição de se dizer 'basta' também nos é tóxica - além de ser um gesto pequeno-burguês que habita o lodaçal da infâmia paralisante.

Quem leva a sério quem diz 'basta'?

Eu, tampouco, irei oferecer qualquer espécie de solução. Esse gesto de 'oferecer soluções' também já cavou os estertores da repetição estéril. Eu quero o tumulto, a desorganização, o caos.

O país está 'organizado' demais, 'bem comportado' demais.

Querer combater o bolsonarismo assim é como querer jogar xadrez com uma zebra: ela dará um coice no tabuleiro.

Este episódio de quebra de decoro, portanto, é só mais um capítulo da nossa caminhada agônica para o precipício.

A gente fala de Lula - o mais impressionante enunciador político da história - e quer multiplicar sua capacidade de gerar o sentido em uma sociedade selvagem como a brasileira, mas os patrulheiros da bestialização evocam 'culto à personalidade' e exterminam a possibilidade de virar o jogo com amor e esperança, essas duas palavras que causam calafrios nos progressistas céticos de bem.

A gente pede mais debate e os trogloditas semi democráticos emergem triunfantes em manada, rasgando contra a 'esquerda cirandeira', "que só gosta de problematizar as coisas".

'A gente' quem, cara pálida? A gente que não tem vergonha em falar de amor, de esperança e de democracia, A gente que não gosta de hegemonias de discurso digital. A gente que não tem medo de errar. A gente que não escreve ou fala para agradar plateias e sim para tirá-las do discurso modorrento da repetição infinita.

A gente que não quer autoconfirmação de nada, mas, justamente, a não confirmação de tudo, o novo, a zona desconhecida, aquilo que torna a minha condição de humano aprisionado no universo simbólico menos chata e previsível.

Vamos todos juntos para mais uma rodada de blefes, lacrações, defesas da democracia, ataques à democracia, besteiróis variados e textos glorificando a morte da esquerda.

A gente se mata mais um pouco e se diverte.

 

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