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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

19
Jun22

Caso Dom e Bruno: ativistas protestam em Bruxelas e eurodeputada denuncia campanha de difamação promovida por Bolsonaro

Talis Andrade

ImageAtivistas protestam diante do Parlamento Europeu, em Bruxelas, contra a desmatamento e em busca de justiça apos o desaparecimento do do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira na Amazônia.Ativistas protestam diante do Parlamento Europeu, em Bruxelas, contra a desmatamento e em busca de justiça apos o desaparecimento do do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira na Amazônia.

Ativistas protestam diante do Parlamento Europeu, em Bruxelas, contra a desmatamento e em busca de justiça apos o desaparecimento do do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira na Amazônia. REUTERS - JOHANNA GERON

O assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira também causou indignação no Parlamento Europeu e protestos em Bruxelas. A deputada do Partido Verde e vice-presidente da delegação do executivo europeu para o Brasil, Anna Cavazzini disse que as mortes “são notícias terríveis”, que confirmam a situação difícil dos ativistas ambientais e dos direitos humanos que atuam no Brasil.

“Expresso minhas profundas condolências às suas famílias e amigos. As autoridades brasileiras devem investigar imediatamente os antecedentes destes assassinatos e levar os responsáveis à Justiça”, disse a eurodeputada nessa quinta-feira (16).

Cavazzini ressaltou que “esses assassinatos são também consequência da difamação de ativistas de direitos humanos e ambientais promovida pelo presidente Bolsonaro, além do desmantelamento das legislações ambiental e de direitos humanos no país”. Para ela, “o atual e o futuro governo brasileiro devem fazer todo o possível para assegurar que ativistas de direitos humanos, ambientais e climáticos sejam melhores protegidos no futuro”.

Mais cedo, uma delegação da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) protestou em frente ao prédio do Parlamento Europeu, em Bruxelas, exigindo respostas sobre o desaparecimento do jornalista e do indigenista, no Vale do Javari. Ativistas do movimento Extinction Rebellion estavam também presentes no protesto desta.

 

Simulação de enforcamentos em praça pública

 

Carregando cartazes com os rostos de Dom Phillips e Bruno Pereira, alguns militantes usavam macacões com os dizeres “Cena de crime climático”, enquanto outros simulavam um enforcamento em praça pública.

No início da semana, as lideranças indígenas do Brasil participaram de várias reuniões no Parlamento Europeu. Eles ressaltaram a importância de uma forte legislação anti-desmatamento, que respeite os direitos internacionais dos povos indígenas e que inclua diretrizes e sanções de rastreabilidade das commodities em todos os biomas do Brasil. A Europa está debatendo a adoção de uma lei anti-desmatamento.

A delegação é composta pelos coordenadores executivos da APIB, Dinamam Tuxá, Eunice Kerexu e Kretã Kaingang, pelo coordenador jurídico da APIB, Eloy Terena, e pelas lideranças indígenas Crisanto Rudzo Tseremey’wa, Edilena Krikati e Cassimiro Tapeba.

 

Denúncias em solo europeu

 

Bruxelas tem sido palco de inúmeras visitas de líderes indígenas brasileiros em busca do envolvimento da União Europeia em suas lutas. No mês passado, a líder indígena Maria Leusa Kaba Munduruku esteve na Bélgica para denunciar as mineradoras e explicar que elas são responsáveis por prejudicar grupos indígenas e destruir a floresta tropical mais importante do mundo. Munduruku tentou convencer os legisladores do bloco europeu a reforçar propostas para responsabilizá-los.

“Vim à Europa para denunciar isso e dizer às pessoas que compram ouro que ele vem com o sangue indígena, e elas são culpadas por isso também” afirmou Munduruku ao site de notícias Politico. “Eles são os perpetradores da violência que está acontecendo no Brasil”.

A Comissão Europeia divulgou, em fevereiro passado, uma proposta com novas regras para responsabilizar as empresas que fazem negócios na União Europeia e que são responsáveis por abusos dos direitos humanos em suas cadeias de suprimento. A iniciativa também contempla dar às vítimas o direito de processar por danos. A proposta ainda está sendo discutida no Parlamento Europeu.Image

 
15
Nov21

Confira na íntegra o discurso de Lula em conferência no Parlamento Europeu (vídeo)

Talis Andrade

 

 Nesta segunda (15), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da Conferência de Alto Nível da América Latina, promovida pelo bloco social democrata no Parlamento Europeu, em Bruxelas. O evento, intitulado Juntos durante a crise para uma nova agenda progressista, reuniu líderes da Europa e da América Latina para discutir maneiras de o mundo sair mais forte da pandemia a partir de uma agenda progressista. Lula fez a palestra principal do evento, ao final da qual foi aplaudido de pé.

A reunião também contou com a participação de José Luis Rodríguez Zapatero, ex-Primeiro Ministro da Espanha (2004-2011) e Claudia Nayibe López Hernández, prefeita de Bogotá, Colômbia, entre outras figuras políticas de destaque internacional.

Disse Lula: Brasil tem jeito – apesar do projeto de destruição colocado em prática por um bando de extremistas de direita 

 

Eu quero começar falando não da América Latina, nem da União Europeia, nem de algum país, continente ou bloco econômico em particular, e sim do vasto mundo em que vivemos todos nós – latino-americanos, europeus, africanos, asiáticos, seres humanos das mais diferentes origens.

Vivemos em um planeta que tenta a todo momento nos alertar de que precisamos de novas atitudes e de uns dos outros para sobreviver. Que sozinhos estamos vulneráveis às tragédias ambientais, sanitárias e econômicas. Mas que juntos somos capazes de construir um mundo melhor para todos nós.

No entanto, ignoramos esses alertas. Insistimos em não aprender com os erros do passado.

O resultado da nossa falta de compreensão está à vista de todos: pandemia, desigualdade, fome, emergências climáticas que no futuro próximo poderão comprometer a sobrevivência da espécie humana na Terra.

Apesar de tudo isso, quero reiterar aqui minha crença inabalável na humanidade.

Não nasci otimista – aprendi a ser. Porque vi em vários momentos da minha vida o quanto um ser humano é capaz de realizar, e o quanto um povo é capaz de construir, quando existe força de vontade e geração de oportunidades.

Quem vive hoje no Brasil, ou acompanha o noticiário sobre o país, tem todos os motivos para estar pessimista. Mas aonde quer que eu vá, faço questão de dizer:

Acreditamos num mundo cada vez mais plural, unido em torno de valores como solidariedade, cooperação, humanismo e justiça social. Acreditamos numa nova governança mundial, começando pela ampliação do Conselho de Segurança da  ONU, e vamos continuar lutando por ela.

Acreditamos que somos capazes de construir no mundo uma economia justa, movida a energia limpa, sem a destruição do meio ambiente e livre da exploração desumana da força de trabalho. 

Acreditamos que outro Brasil é possível, outra Europa é possível e outro mundo é possível – porque, num passado muito recente, fomos capazes de construí-lo.

Podemos ser felizes juntos. E seremos.

Muito obrigado a todos.

sem a menor noção do que seja cuidar de um país e de seu povo.

O Brasil tem jeito, apesar dos 19 milhões de brasileiros que passam fome. Apesar dos 19 milhões de desempregados e desalentados, que já desistiram de procurar um novo emprego. Apesar dos ataques constantes contra a população negra e indígena. Apesar do avanço da destruição do meio ambiente, inclusive na Amazônia.

E apesar, sobretudo, das mortes de mais de 610 mil brasileiros, muitas delas evitáveis – caso houvesse por parte do atual governo o interesse em combater com seriedade o coronavírus.

Apesar de tudo, digo com total convicção: o Brasil tem jeito. Sei disso porque num passado muito recente nós fomos capazes de reconstruir e transformar o país, e temos plena capacidade de reconstrui-lo outra vez.

Da mesma forma que acredito que o Brasil tem jeito, acredito também que o mundo tem jeito. Apesar dos 750 milhões de pessoas que passam fome, apesar dos 5 milhões de mortos pela Covid-19, apesar da desigualdade que não para de crescer, apesar dos conflitos étnicos, religiosos e geopolíticos que não raro alimentam as guerras.

Como disse no início desta fala, meu otimismo não nasce do acaso, mas da experiência. Acredito que a humanidade tem jeito porque estou aqui hoje, neste Parlamento Europeu, reunido com representantes de países que em meados do século 20 eram inimigos ferozes no campo de batalha, numa das maiores  carnificinas da história.

60 milhões de pessoas morreram na Segunda Guerra Mundial. É bem provável que os antepassados de vocês tenham lutado em lados opostos. Que tenham matado, morrido e sofrido na pele as atrocidades da guerra.

Vocês e seus países teriam, portanto, razões para se odiarem uns aos outros. No entanto, são protagonistas de uma das mais extraordinárias experiências da história moderna, que foi a construção da União Europeia.

Vocês estão hoje aqui, neste Parlamento Europeu, em clima de paz, buscando juntos soluções para a construção de uma Europa melhor.

Conhecemos o imenso poder de destruir que o ser humano tem em suas mãos, e que ele tantas vezes não hesitou em usar. Mas não podemos jamais esquecer que a humanidade tem também uma extraordinária capacidade de construir e reconstruir.

A União Europeia, o Parlamento Europeu e vocês, senhoras e senhores eurodeputados, são portanto exemplos dessa virtude humana. A União Europeia não é perfeita, como nada é, mas é um patrimônio da humanidade, como exemplo de cooperação e construção da paz entre os povos.

Senhores deputados e senhoras deputadas

Somos 7 bilhões e seiscentos milhões de seres humanos habitando este planeta. Homens, mulheres, crianças e velhos, ricos e pobres, pretos, brancos, gente de todas as cores.

Cada um de nós carrega dentro de si o seu universo particular. Somos diferentes uns dos outros, cada qual com sua individualidade, mas unidos todos por uma certeza ancestral: o ser humano não nasceu para ser sozinho.

O que me faz lembrar do pequeno trecho de uma das grandes obras primas da Bossa Nova, esse gênero musical brasileiro que conquistou o mundo. Um verso que diz o seguinte: “É impossível ser feliz sozinho.”

A verdade é que não é possível sermos felizes enquanto milhões de crianças ao redor do mundo vão dormir esta noite com fome, e acordarão amanhã sem saber se terão o que comer. 

Não é possível sermos felizes em meio a tamanha desigualdade, que cresceu de forma inaceitável em plena pandemia. Os ricos ficaram muito mais ricos e os pobres, ainda mais pobres.

A desigualdade entre ricos e pobres manifesta-se até mesmo nos esforços para a redução das mudanças climáticas.  O 1 por cento mais rico da população do planeta vai ultrapassar em 30 vezes o limite necessário para evitar que um aumento da temperatura global ultrapasse a meta de 1,5 grau centígrado até 2030.

O 1 por cento mais rico, que corresponde a uma população menor que a da Alemanha, está a caminho de emitir 70 toneladas de gás carbônico per capita por ano.

Enquanto isso, os 50 por cento mais pobres do mundo emitirão, em média, apenas uma tonelada per capta por ano, segundo estudo produzido pela ONG Oxfam e apresentado recentemente na COP 26.

A luta pela preservação do meio ambiente para mim é indissociável da luta contra a pobreza e por um mundo menos desigual e mais justo.

É preciso deixar bem claro que o otimismo, a esperança e a fé não podem ser jamais sinônimos de resignação. Por conta disso, eu me considero um otimista indignado.

Em 2009, os países ricos se comprometeram em aumentar para 100 bilhões de dólares ao ano, a partir de 2020, a contrapartida para os países em desenvolvimento preservarem a natureza e enfrentarem as mudanças climáticas. Esse compromisso não foi cumprido, e agora está sendo postergado para mais dois anos, ou seja, a partir de 2023, a transferência de 100 bilhões ao ano para enfrentar a emergência climática.

Iniciativa louvável, que merece ser celebrada. Mas não podemos esquecer que na crise de  2008, os Estados Unidos destinaram 700 bilhões de dólares para salvar da falência bancos que de forma irresponsável investiram em títulos imobiliários podres.

Na mesma época, o G-20 destinou mais 1,1 trilhão de dólares aos países emergentes e ao comércio mundial, para combater os efeitos da crise.

É preciso lembrar também que os Estados Unidos gastaram 8 trilhões de dólares nas guerras pós-11 de setembro. Quantia suficiente para eliminar a fome no mundo e preparar o planeta para lidar melhor com as mudanças climáticas. E que no entanto foi usada para causar a morte direta de mais de 900 mil pessoas em países como Iraque, Afeganistão, Síria, Iêmen e Paquistão. Sem contar as mortes provocadas pela perda de água, esgoto e infraestrutura relacionadas com a guerra.

Ou seja, não faltam recursos para salvar bancos e para causar a morte ou o deslocamento forçado de milhões de seres humanos. Mas na hora de salvar vidas humanas ou o próprio planeta em que vivemos, a solidariedade dos países ricos é dezenas de vezes menor. 

Uma das maiores alegrias que tive quando presidente do Brasil, e mesmo depois de deixar a Presidência, foi percorrer o mundo, a convite dos mais diferentes países, para falar dos nossos extraordinários avanços econômicos e sociais.

Tive a honra de conduzir o Brasil ao posto de 6ª maior economia mundial. E de fazer do país um exemplo para o mundo de como é possível superar a extrema pobreza e a fome, com total respeito à democracia, em um curto espaço de tempo.

Vocês podem, portanto, imaginar o quanto dói participar de grandes eventos internacionais como este e ter que declarar o quanto o Brasil andou para trás desde o golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff e a chegada da extrema direita ao poder.

O Brasil vive hoje uma tragédia social, econômica, ambiental e sanitária sem precedentes. Temos 2,7 por cento da população mundial. No entanto respondemos por 12 por cento das mortes por Covid registradas no mundo.

Choramos a morte de mais de 610 mil brasileiros. Não chegamos a essa trágica estatística por alguma fatalidade, e sim pela atitude criminosa do atual governo.

O atual presidente ironizou a gravidade da doença. Zombou dos mortos. Atrasou o quanto pôde a compra das vacinas. Fez propaganda enganosa e distribuiu medicamentos comprovadamente ineficazes contra o vírus.

Deixou faltar oxigênio em hospitais. Incentivou e promoveu aglomerações. Induziu a população à desconfiança quanto à eficácia das máscaras. Ajudou a espalhar fake news contra as vacinas, chegando a dizer que elas podem levar as pessoas com HIV a desenvolverem AIDS.

Experiências com medicamentos ineficazes, usando seres humanos como cobaias involuntárias, chegaram a ser realizados no Brasil, reeditando os horrores do nazismo.

Além disso, cerca de 116 milhões de brasileiros, metade da nossa população, vive hoje em situação de insegurança alimentar, de moderada a muito grave. Desses, cerca de 19 milhões, quase duas vezes a população da Bélgica, chegam a passar um dia inteiro sem ter o que comer.

Isso está acontecendo no Brasil, que é o terceiro maior produtor mundial de alimentos.

E está acontecendo porque o Brasil, que em 2014 saiu do Mapa da Fome da ONU pela primeira vez na história, hoje copia o que o neoliberalismo trouxe de pior ao mundo: alta concentração de renda, baixa geração de empregos, destruição de direitos trabalhistas, desmonte das políticas sociais, ausência do Estado, abandono dos mais pobres à própria sorte.

O resultado dessa trágica equação não poderia ser outro: miséria, fome, desesperança.

Mas eu estou aqui para dizer outra vez a vocês e ao mundo: o Brasil tem jeito. Porque ele é muito maior do que qualquer um que tente destruí-lo.

O Brasil é o país que num passado muito recente encantou o mundo com as suas políticas inovadoras, que retiraram da extrema pobreza 36 milhões de pessoas – o equivalente à soma das populações inteiras de Portugal, Suécia, Dinamarca e Irlanda.

O Brasil é o país que assumiu voluntariamente diante do mundo o compromisso de reduzir em 75 por cento o desmatamento na Amazônia, como forma de conter a emissão de gases poluentes.

E cumprimos antecipadamente nossa promessa – entre 2004 e 2012, nós, de fato, reduzimos em 80 por cento o desmatamento da Amazônia, contribuindo para minimizar o avanço das mudanças climáticas.

Infelizmente, os países ricos, justamente os principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa, não cumpriram a sua parte. Talvez porque os ricos acreditem que tenham como se proteger, e as mudanças climáticas afetarão com maior intensidade os mais pobres, o que é a triste realidade.

Mas o que eles esqueceram é que todos nós – ricos e pobres – precisamos do mesmo oxigênio para respirar, precisamos de água limpa para sobreviver, precisamos de um planeta saudável, onde nossos filhos possam viver com saúde e paz.

Felizmente, essa era de trevas que se abateu sobre o planeta, por conta da ascensão de governos de extrema direita pelo mundo afora, emite claros sinais de que está chegando ao fim.

Partidos e candidatos progressistas vêm conquistando importantes vitórias. Isso está acontecendo em vários países, e estou certo de que vai acontecer também no Brasil, a partir da eleição presidencial do ano que vem.

O Brasil voltará a ser uma força positiva no mundo. Voltaremos a ser criadores de políticas públicas capazes de mudar para melhor o nosso planeta.

Acreditamos num mundo multipolar. Voltaremos a ter uma política externa altiva e ativa. Vamos fortalecer o Mercosul, reconstruir a União de Nações Sul-Americanas, a Unasul, e ampliar nossas parcerias com a União Europeia. 

Vamos aperfeiçoar os termos do acordo Mercosul-União Europeia.Não queremos uma América Latina voltada exclusivamente para o agronegócio e a mineração. Temos total capacidade de sermos também países industrializados, tecnologicamente avançados.

O acordo hoje se encontra paralisado, por conta da desconfiança de países europeus quanto ao cumprimento dos compromissos ambientais assumidos pelo governo brasileiro.

Temos imensas extensões de terras agricultáveis, temos tecnologia, pesquisas agropecuárias avançadas. Nossa produção de alimentos não precisa desmatar a Amazônia para exportar soja ou criar gado. As atividades criminosas dos que destroem o meio ambiente devem ser punidas, e não podem prejudicar toda a economia brasileira.

Temos uma biodiversidade extraordinária, e os nossos biomas haverão de se regenerar após a extinção do atual governo, que estimula o desmatamento e as queimadas, o avanço do garimpo em áreas de proteção ambiental, os ataques aos povos indígenas.

O povo brasileiro não quer que essa destruição continue. Os brasileiros querem a Amazônia viva e de pé. E para isso, é necessário construir alternativas sociais e de desenvolvimento, com ciência, tecnologia e o protagonismo e respeito aos povos que vivem na floresta, seus saberes e sua cultura.

Meus amigos e minhas amigas,

Acreditamos num mundo cada vez mais plural, unido em torno de valores como solidariedade, cooperação, humanismo e justiça social. Acreditamos numa nova governança mundial, começando pela ampliação do Conselho de Segurança da  ONU, e vamos continuar lutando por ela.

Acreditamos que somos capazes de construir no mundo uma economia justa, movida a energia limpa, sem a destruição do meio ambiente e livre da exploração desumana da força de trabalho. 

Acreditamos que outro Brasil é possível, outra Europa é possível e outro mundo é possível – porque, num passado muito recente, fomos capazes de construí-lo.

Podemos ser felizes juntos. E seremos.

Muito obrigado a todos.

15
Nov21

Lula é aplaudido de pé por eurodeputados após discurso no Parlamento Europeu (vídeo)

Talis Andrade

Eurodeputados aplaudem Lula de pé no Parlamento Europeu

 

247 - O ex-presidente Lula foi aplaudido de pé pelos eurodeputados que acompanharam seu discurso no Parlamento Europeu, em Bruxelas, Bélgica, nesta segunda-feira (15). O pré-candidato do PT conduz uma turnê pela Europa e se posiciona como o verdadeiro líder do Brasil, enquanto o chefe de governo, Jair Bolsonaro, está nos Emirados Árabes Unidos articulando o desmonte da economia nacional.

Lula participou da Conferência de Alto Nível da América Latina, promovida pelo bloco social democrata no Parlamento Europeu. O evento reuniu líderes da Europa e da América Latina para discutir maneiras de o mundo sair mais forte da pandemia da Covid-19 a partir de uma agenda progressista. Lula fez a palestra principal do evento, ao final da qual foi ovacionado. 

A eurodeputada Inmaculada Rodríguez-Piñero compartilhou o momento em seu Twitter. "Ovação merecida para Lula no Parlamento Europeu, após um discurso que não deixa ninguém indiferente", escreveu. 
 

 

15
Nov21

“O juiz que me processou está sob suspeição. Ele me colocou na prisão por ‘fato indeterminado’, porque queria ser ministro do presidente que ele ajudou a eleger’, disse Lula no Parlamento Europeu

Talis Andrade

Lula no Parlamento europeu

 

por Paloma Varón, especial para a RFI - Radio França Internacional de Bruxelas

O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu nesta segunda-feira (15) o encontro ‘Dia da América Latina’, organizado pelo grupo Socialistas e Democratas do Parlamento Europeu, em Bruxelas. Lula, que não admite estar em campanha nem ser candidato para 2022, não nega ter "boas relações" com Geraldo Alckmin (PSDB), cotado para ser seu vice.

Em uma coletiva de imprensa alguns minutos antes da conferência, Lula agradeceu a solidariedade da Europa quando esteve preso e na luta contra o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2016. Lula falou dos seus 580 dias de prisão e aproveitou para alfinetar o ex-juiz Sergio Moro, que se filiou ao Podemos no último dia 10 e deve concorrer à presidência em 2022.

“O juiz que me processou está sob suspeição. Ele me colocou na prisão por ‘fato indeterminado’, porque queria ser ministro do presidente que ele ajudou a eleger’, disse Lula.

Durante a entrevista, Lula não hesitou em criticar Bolsonaro. “Se ele pudesse, venderia tudo: o que tem e o que não tem”, disse, sobre o projeto de destruição em curso e sobre o desmantelamento da Petrobras e do BNDES.

“O sonho dele, todo dia, é desfazer cada coisa que nós criamos”, disse Lula, após a deputada europeia que organizou o evento, a espanhola Iratxe García Pérez, ter elogiado o programa o Bolsa Família, que ela considera como “um exemplo para o mundo.”

Apesar de já ter dito que seria candidato à presidência em 2022 à revista francesa Paris Match, Lula desconversou durante a coletiva de imprensa. Mas disse que se sente em forma e confiante e que vai se casar (com sua namorada, Janja Lula) antes do pleito.

“O vice é muito importante”

Questionado pela RFI sobre os rumores de que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) seria seu vice, Lula mais uma vez desconversou: “Eu já tenho 22 candidatos vices e oito ministros da Economia, quando eu ainda nem decidi ser candidato. O vice é uma pessoa que tem de ser levada muito a sério, porque o vice pode ser presidente. Podem acontecer muitas coisas. O vice tem que ser uma pessoa que soma com o presidente e não que diverge”, afirmou.

Em seguida, ele reafirmou suas boas relações com o ex-governador de São Paulo: “Eu tenho uma histórica relação de respeito com o Alckmin, eu fui presidente quando ele foi presidente. Nós conversamos muito. Não há nada que tenha acontecido entre mim e o Alckmin que não possa ser reconciliado”.

“Política às vezes é como jogo de futebol. Você derruba o cara, ele cai chorando de dor, mas depois que termina o jogo eles se encontram, se abraçam, vão tomar uma cerveja e discutir sobre o próximo jogo’, disse Lula usando uma de suas metáforas mais recorrentes, a do futebol.

“Política é assim, quando não há ofensa moral, quando não há ofensa pessoal, eu acho que nas divergências políticas todo mundo joga bruto porque todo mundo quer ganhar. Eu disputei as eleições de 2006 com o Alckmin, mas eu quero lhe dizer que tenho um profundo respeito por ele”, concluiu. 

Lula não respondeu sobre uma possível comparação de Alckmin, cujo partido começou o processo de impeachment de Rousseff, com Michel Temer.

 

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