'Picanha trans': pastor André Valadão faz publicação com teor transfóbico
por Clara Mariz /Estado de Minas /Correio Braziliense
O pastor André Valadão fez uma publicação de cunho transfóbico em suas redes sociais, na noite dessa quinta-feira (16/2). A publicação repercutiu na internet e gerou revolta entre os seguidores do líder da Igreja Batista da Lagoinha, que reside nos Estados Unidos.
Em seu instagram, Valadão postou uma montagem de uma placa de preço de supermercado escrito: “Picanha trans, nasceu coxão duro, mas se sente pica nha”. Na legenda, o pastor comentou que “tá desse jeito”. A publicação faz referência às pessoas transgênero, que se identificam ao gênero oposto ao do seu nascimento.
Apesar de fazer postagens de cunho conservador, parte dos seguidores não aprovaram o conteúdo do post. “Já parou ‘pra’ pensar se Jesus faria essa postagem? Já pensou em acolher e amar, ao invés de zombar? Cada dia percebo que você é uma pessoa oposta ao Jesus que você diz que segue. Uma pena”, disse uma seguidora.
“Sinceramente, essa postagem foi desnecessária. Como que quer ganhar essas vidas pra Jesus se fica zombando deles? Pode estar atacando pessoas que estão precisando ouvir somente uma palavra de amor, de cuidado, uma palavra de Jesus. As pessoas estão perdidas e quem seria usado por Deus para ajudá-las estão mais perdidas ainda”, disse outra pessoa.
Nikolas Ferreira apoia postagem
Entre os comentários a favor de Valadão, o do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), o menino de 26 anos, que não namora, não noiva e não casa, se destaca. O parlamentar afirmou que não iria comentar a publicação por não “aguentar mais processo”.
No Dia Internacional da Mulher, Nikolas utilizou a tribuna do plenário da Câmara dos Deputados para fazer um discurso de teor transfóbico. Vestindo uma peruca loira, o deputado mais votado do país ironizou as mulheres trans e afirmou que, com o adereço, se "sentia mulher". Em determinado momento, também em tom jocoso, o parlamentar se autointitulou de "deputada Nikole".
"As mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres", disse Nikolas, em parte do pronunciamento transfóbico, feito durante sessão que fez alusões ao Dia Internacional das Mulheres.
O discurso foi repudiado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL): "O plenário da Câmara dos Deputados não é palco para exibicionismo e muito menos discursos preconceituosos. Não admitirei o desrespeito contra ninguém. O deputado Nikolas Ferreira merece minha reprimenda pública por sua atitude no dia de hoje”.
O deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) rotulou Nikolas como “moleque de quinta série”. A também deputada Duda Salabert (PDT-MG) entrou com uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal para que o "parlamentar responda criminalmente pelas suas falas”. “Entendemos que imunidade parlamentar não blinda nenhum deputado de ato criminoso”, comentou.
Já a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspenda as redes sociais do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) por disseminação de desinformação sobre a população trans.
Caso o pedido de bloqueio das redes sociais não seja acatado, Erika pede a imediata exclusão das postagens com conteúdo transfóbico. Além disso, a deputada pede o impedimento da realização de novas publicações que incitem preconceito contra a população trans.
Documento, que foi entregue nesta quinta-feira (9/2) ao Conselho de Ética do Senado, afirma que Damares foi "peça central para o projeto de genocídio Yanomami perpetrado pelo governo Bolsonaro"
por Victor Correia
O PSol protocolou nesta quinta-feira (9/2) um pedido de cassação do mandato da senadora Damares Alves (Republicanos-DF) por omissão e participação direta na tragédia dos ianomâmis, em Roraima, quando ocupava o ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos no governo de Jair Bolsonaro (PL). A representação foi entregue ao Conselho de Ética do Senado Federal.
“Damares tem participação diretana tragédia vivida pelos ianomâmis e deve responder por isso”, declarou o líder da bancada do Psol na Câmara dos Deputados, Guilherme Boulos (PSol-SP).
O presidente do PSol, Juliano Medeiros, afirmou que Damares nem deveria ter sido empossada ao cargo no Senado. “Como parte do plano de extermínio do povo ianomâmi, ela sequer deveria ter tomado posse. Mais uma prova das disfunções de nossas instituoções”, afirmou.
A representação argumenta que a ex-ministra utilizou a máquina pública para promover uma política “etnocida e racista” não só contra os ianomâmis, mas também contra outros povos originários. O documento, que traz fotos anexas feitas na Terra Indígena Yanomami mostrando a situação de crise humanitária vivida pelos indígenas, afirma ainda que Damares “agiu com descaso e ausência de medidas de proteção aos povos indígenas”. O PSol pede que seja aberto um processo disciplinar contra a senadora, e eventual cassação de seu mandato.
O Conselho de Ética do Senado Federal não se reúne desde 2019, mas o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), jádeclarou que o colegiado será reaberto.
A entrega simbólica da representação foi feita nesta quinta-feira pelo deputado pastor Henrique Vieira (PSol-RJ) e pela deputada Luciene Cavalcante (PSol-SP). O pedido diz ainda que “Damares foi peça central para o projeto de genocídio Yanomami perpretado pelo governo Bolsonaro”.
Deputado pede esclarecimentos ao governador no prazo de 48 horas após declaração contra as ações do governo Lula para evitar o terrorismo bolsonarista. Flavio Dino responde a Zena
Líder do PT na Câmara, o deputado federal Reginaldo Lopes (MG) pediu nesta terça-feira (17) ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que determine ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), esclarecimento após ochefe do Executivo mineiro acusar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)de falta de iniciativa para punir os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) envolvidos nos atos terroristas em Brasília (DF), no último dia 8, quando eles invadiram o Congresso, o Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).
A peça, também assinada pelo novo líder eleito do partido, deputado Zeca Dirceu, pede esclarecimentos ao governador, no prazo de 48 horas, de acordo com informações publicadas nesta terça pelojornal O Tempo.
O governador cada vez mais essência e aparência da Cássia Kis, a rezadeira dos acampamentos militares, sempre gritando "Selva" com a esposa do golpista Villas Boas, segundo a nota dos parlamentares, fez "uma afirmação torpe, reprovável, caluniosa, incompatível com a dignidade e estatura de quem governa um dos maiores e mais importantes Estado da Federação, na medida em que, entre outras aleivosias, tenta responsabilizar as próprias vítimas do ataque, que teriam, por suas autoridades e comportamentos, feito 'vista grossa' para permitir e viabilizar o resultado criminoso ocorrido, na dimensão por todas conhecida".
Um golpe, previsto para ser sangrento, com a explosão de uma bomba em um caminhão tanque, repleto de querosene, na noite véspera de Natal.
O caso aconteceu no sábado (24). O caminhão estava próximo ao aeroporto de Brasília, quando o motorista denunciou à polícia a presença de um artefato explosivo, que depois foi detonado.
A Justiça do Distrito Federal aceitou a denúncia contra três pessoas acusadas de envolvimento.
À época, a Polícia Militar foi acionada após o motorista do caminhão perceber o objeto estranho no veículo e alertou policiais na área. A decisão do juiz Osvaldo Tovani, da 8ª Vara Criminal de Brasília, é da primeira instância e atende denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), a partir das investigações da Polícia Civil.
Segundo a denúncia, George Washington Oliveira de Sousa, Alan Diego dos Santos Rodrigues e Welligton Macedo de Souza montaram o artefato e entregaram o material para que fosse colocado no caminhão de combustível por Wellington Macedo de Souza.
Os réus vão responder na Justiça pelo crime de explosão, quando se expõe “a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos”. A pena é de 3 a 6 anos de prisão e multa.
No entanto, o Ministério Público considera que é preciso aumentar a pena em 1/3, já que o crime foi cometido tendo como alvo depósito de
Já as acusações de atos de terrorismo vão ser enviadas para a Justiça Federal, instância competente para analisar se estão configurados crimes contra o Estado Democrático de Direito.
Os investigadores dizem que o plano foi feito no acampamento montando em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, por onde passaram bolsonaristas radicais com ideias golpistas.
Segundo a investigação, a ideia inicial dos criminosos era que o explosivo fosse colocado próximo a um poste, para prejudicar a distribuição de energia elétrica na capital. De última hora, a decisão mudou e o objeto foi colocado no caminhão de combustível, carregado de querosene de aviação.
“O objetivo dos denunciados era cometer infrações penais que pudessem causar comoção social a fim de que houvesse intervenção militar e decretação de Estado de Sítio”, afirma a denúncia.
“Já em Brasília-DF, em frente ao Quartel General, em 23/12/2022, George, Alan e Wellington e outros manifestantes não identificados, elaboraram o plano de utilização de artefato explosivo para detonação em lugares públicos”, completa o documento.
Ainda segundo a denúncia, a Polícia Civil afirma que horas após a identificação do explosivo, Alan e George se falaram por uma ligação de aplicativo de mensagens e trocaram imagens do explosivo. A partir da análise de geolocalização, foi possível identificar que um carro que seria da esposa de Wellington também circulou pelos arredores do aeroporto no dia.
A Justiça também atendeu ao pedido de MP de enviar a parte da investigação sobre organização criminosa para a Procuradoria-Geral da República, para que o caso seja analisado no âmbito da Operação Nero, que investiga os atos de vandalismo do dia 12 de dezembro em Brasília.
George Washington de Oliveira Sousa, durante audiência de custódia realizada no dia 26/12
@77_frota
Wellington Macedo, acusado de tentar explodir um caminhão tanque no Aeroporto de Brasília, andava no Governo Bolsonaro com Damares no Ministério dos Direitos Humanos, Bolsonaro no Palácio.
Flávio Dino responde a Zema: 'Fica feio se colocar como sub-Bolsonaro'
por Ana Mendonça
O ministro da Justiça, Flávio Dino, respondeu o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que acusou o governo federal de fazer “vista grossa” aos ataques terroristas às sedes dos Três Poderes. Para Dino, “fica feio se colocar como um sub-Bolsonaro”
O ministro ainda chamou o governador mineiro de “candidato” e classificou como “deplorável” sua fala afagando terroristas. A declaração foi dada em entrevista exclusiva ao programa Fórum Onze e Meia, da TV Fórum.
“Me espanta que o governador Zema tente vestir a roupa do Bolsonaro. Não cabe nele... É preciso que ele tenha algum amigo sincero que diga a ele... Primeiro porque Minas Gerais é a terra de Tiradentes, de Tancredo Neves, é a terra da democracia... Então não é possível que um governador de modo vil se alinhe à extrema direita para proteger terrorista”, disse.
Para Dino, “fica feio” porque Zema foi um dos governadores presentes na reunião com Lula depois dos ataques terroristas. “E por que que não falou? Por que ele não perguntou a mim, que estava lá? Por que não perguntou ao presidente da República, que estava lá? Seria mais decente do que falar posteriormente”, seguiu.
“Um apelo que eu faço ao governador: num momento grave é preciso ter ponderação. Imagine se alguém tivesse dito no dia seguinte à tragédia de Brumadinho que ele sabia e deixou acontecer para poder ganhar dinheiro? Como ele se sentiria? Isso parece aquela história do estupro, que uma mulher é estuprada e ao mesmo tempo é acusada de ser a culpada porque estava de vestido curto... Nós não somos agentes do que aconteceu. Nós somos vítimas... Não é vitimização, nós somos vítimas”, continuou o ministro de Lula.
Em seguida, o ministro insinuou que as declarações de Zema foram feitas por uma possível candidatura em 2026. “Eleição tem em 2026. Agora não acho que seja adequado o candidato querer se colocar na agenda sendo uma espécie de sub-Bolsonaro, fica feio... Acho que é deplorável esse tipo de coisa acontecer”, disparou o ministro.
Neste domingo, 11, Come Ananás identificou bastões de beisebol com a inscrição “Direitos Humanos” à venda nos marketplaces da Americanas, Magazine Luiza, Submarino, Casas Bahia e Shoptime, além de no Mercado Livre. Um terror, o Brasil.
Mônica Bergamo conta na Folha de S.Paulo que o candidato a deputado federal Guilherme Boulos e a candidata a deputada estadual Ediane Maria, ambos do Psol, panfletavam na última sexta-feira, 9, no centro da cidade paulista de São Bernardo do Campo, quando, lá pelas tantas, um homem se aproximou e se apresentou assim:
“Eu sou Bolsonaro”.
Ato contínuo, o homem levantou a camisa para mostrar uma pistola enganchada na cintura, chegando a levar a mão ao punho da arma.
É o bolsonarismo no modo The Walking Dead, a série de terror do tipo apocalipse zumbi que é uma das mais assistidas da história da TV por assinatura no Brasil. Em The Walking Dead, lá pelas tantas, lá por uma das suas 11 temporadas, aparece um grupo de carniceiros liderados por aquele que é o grande vilão da série, mais do que os zumbis: um torturador e assassino especialmente sádico chamado Negan.
Os seguidores de Negan, autodenominados “Salvadores”, nunca se apresentam com seus verdadeiros nomes a quem lhes aparece pela frente, sobrevivente, nas estradas onde vagam os mortos-vivos. Apresentam-se, sempre, os apoiadores de Negan, como uma extensão ou personificação do seu líder, geralmente antes de atirar. Aproximam-se e se apresentam assim:
“Eu sou Negan”.
A frase é, digamos, um sucesso de vendas na internet:
A 11ª e última temporada de The Walking Dead acaba de estrear no Brasil.
Lucille e Direitos Humanos
Na série, Negan mata pessoas arrebentando-lhes o crânio com um bastão de beisebol revestido com arame farpado. Em 2020, a reportagem do Uol flagrou numa loja online brasileira um bastão idêntico àquele, inspirado em The Walking Dead, com a diferença de que Negan batizou seu bastão de “Lucille” e o bastão à venda no Brasil foi chamado de “Direitos Humanos”.
“Nos anos 1990, Júlio Lancellotti, padre e coordenador da Pastoral Povo da Rua, recebeu uma denúncia dos menores internos da antiga Febem (hoje, Fundação Casa) na cidade de São Paulo. Os menores relataram torturas com surras de porretes e cassetes personalizados pelos próprios agentes da unidade. Segundo ele, os porretes foram customizados especialmente para a prática — e houve um cuidado em gravar, com um pirógrafo, inscrições como “ECA” (em referência ao Estatuto da Criança e do Adolescente), “direitos humanos” e alguns até com o nome de Lancelotti”, informou, naquela feita, a reportagem.
Em maio último, o repórter Ivan Finotti, da Folha, visitou um evento de lançamento de um fuzil numa loja de armas em São Paulo, e contou que um produto chamou sua atenção: “bastões de beisebol, mas não para rebater bolas. São bastões de beisebol feitos para machucar pessoas. Como posso saber disso? Lendo as palavras escritas em cada um: ‘Amansa Loco’, ‘Respeito’ e ‘Direitos Humanos’. O pior era o que estava escrito ‘Diálogo'”.
Neste domingo, 11, Come Ananás identificou bastões de beisebol com a inscrição “Direitos Humanos” disponíveis nos marketplaces da Americanas, Magazine Luiza, Submarino, Casas Bahia e Shoptime, além de no Mercado Livre, onde 11 unidades já tinham sido vendidas. Os prints estão logo abaixo.
A grande "greve geral" esperada entre empresários bolsonaristas contra a vitória de Lula e continuação de Bolsonaro no governo como ditador não ocorreu
A grande "greve geral", nacional, esperada entre empresários bolsonaristas contra a vitória de Lula, pelo golpe bolsonarista, pela volta da ditadura não ocorreu. O que se viu, nesta segunda-feira (07), foi pequenos focos de bolsonaristas nas ruas de poucas cidades do país.
Os grupos dos apoiadores de Jair Bolsonaro no WhatsApp e Telegram dissipavam que o ato seria um marco e um grande ruído, com o objetivo de anular o resultado democrático das eleições.
Empresários golpistas ligados a Bolsonaro foram os principais disseminadores da convocação, pedindo para que empresas, indústrias e fábricas fechassem nesta segunda (07). Mas não houve nenhum registro de paralisação.
Senadora Kátia
@KatiaAbreu
“Pessoal, eu já vi greve por falta de estradas, falta de luz, água, falta de pagamento e até por falta de reajuste. MAS GREVE, POR FALTA DE VOTO É A PRIMEIRA VEZ.” Recebi de um amigo e não resisti.
Ivan Valente
@IvanValente
Fracassou a greve patronal chamada pela extrema direita golpista. Parece que só o Bolsonaro aderiu, mas ele não conta, não trabalha nunca.
E esses criminosos se querem cidadãos de bem. Como eram os nazistas, os fascistas, os franquistas, os salazaristas. Todos fascínoras de família! Mensagens sugerem marcar com estrelas as casas de quem votou em Lula no norte do RS | GZH
gauchazh.clicrbs.com.br
Mensagens sugerem marcar com estrelas as casas de quem votou em Lula no norte do RS | GZH
Estas e outras práticas de assédio eleitoral foram denunciadas ao Ministério Público por advogadas no município de Casca
Gilmar
@CartDasCavernas
GENERAL vai perder a mamata e os viagra tudo.
Guilherme Boulos
@GuilhermeBoulos
O grande Lewis Hamilton agora é cidadão brasileiro. Lula nem assumiu e a Câmara já está melhor frequentada!
Oyama: 'Bloqueio de estradas fracassa e bolsonarismo terá de achar onde se acomodar'
A essa altura, sem qualquer registro de paralisação relevante no país, é possível dizer que a tal "greve geral" convocada por bolsonaristas fracassou. Também os bloqueios nas rodovias federais neste momento são eventos raros.
Deputados estaduais e federais que se elegeram neste ano convocaram ou defenderam protestos por intervenção militar após Bolsonaro perder eleição; juristas explicam possíveis crimes que estariam cometendo
O deputado estadual reeleito Sargento Rodrigues ( Washington Fernando Rodrigues - PL-MG) publicou um vídeo no story do Instagram (postagem que tem duração de 24h), nesta quarta-feira (2/11), incentivando a população a ocupar as ruas para que as Forças Armadas tomem o poder, ou seja, deem um golpe.
“Passando aqui para deixar uma singela contribuição para reflexão de todos os patriotas. Hoje, 2 de novembro de 2022, assistimos a belíssimas manifestações e exemplo de cidadania por todo o Brasil”, disse. “Mas, se queremos de fato alcançar nosso resultado de forma efetiva, de forma prática, nós devemos ter como exemplo o que aconteceu no Egito em fevereiro de 2011, onde 20 milhões de egípcios ocuparam a praça em frente à sede do governo e só saíram de lá depois de o ditador Hosni Mubarak foi destituído e o poder entregue às Forças Armadas. Se queremos, de fato, o reestabelecimento da ordem constitucional, o respeito à democracia e à nossa bandeira, devemos canalizar as nossas energias para um único local: a Praça dos Três Poderes”.
Na cidade de São Paulo, a presidente interina da Câmara Municipal, vereadora Rute Costa (PSDB), também postou em seu Instagram uma mensagem explicitamente golpista, mostra o jornal Folha de S.Paulo.
“Se ele já foi descondenado, ele também pode ser deseleito”, escreveu em referência ao presidente eleito Lula, que teve as condenações da Operação Lava Jato anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após terem sido constatadas a incompetência da Justiça Federal de Curitiba (PR) para julgar o caso e a parcialidade do então juiz, hoje senador eleito, Sergio Moro (União Brasil), em abril de 2021. Com isso, Lula não teve um julgamento técnico e com amplo direito de defesa e, por isso, não é considerado culpado, já que a Constituição Federal prevê a presunção de inocência até que a pessoa seja condenada e não seja possível mais recorrer. Sem dever à Justiça, ele retomou seus direitos políticos e pode voltar a concorrer a um cargo eletivo.
De acordo com o jornal O Globo, o apoio da deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL-SP) aos bloqueios feitos por caminhoneiros em rodovias fez o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinar a suspensão de todas as suas redes sociais por considerar que as postagens são “ilegais” e “de natureza grave” com “grande potencial” para tumultuar as eleições em andamento – um processo que termina “somente com o ato da diplomação”, em dezembro, – e que “atingem a integridade e a normalidade do processo eleitoral, incentivando, com base em falsas acusações de fraude, a recusa dos resultados e intervenção militar”.
Nas eleições de 2018, por exemplo, movimentos de esquerda protestaram dois dias depois de Jair Bolsonaro ter sido eleito presidente. No entanto, destacaram que se tratava de um posicionamento de “resistência” e não de negar o resultado das urnas. “As eleições acabaram no domingo, mas as fake news continuam. Nós lançamos esse ato de resistência democrática e eles se apressaram em dizer que a gente não reconhecia o resultado das eleições, que nós éramos maus perdedores”, declarou o deputado federal eleito e presidenciável na época Guilherme Boulos (PSOL-SP). “Nós reconhecemos, sim, o resultado das eleições. Nós não somos o Aécio Neves em 2014”.
“Golpe de estado é crime, não é um processo revolucionário, não é um levante popular, é dizer ‘Exército, intervenha ali’. Você está pedindo que um órgão de Estado se use do seu poder de Estado para interferir no curso normal do que é definido pela Constituição”, explica.
O jurista aponta que a imunidade parlamentar não acoberta cometimento de crime e não pode ser usada para atentar contra a ordem constitucional. “Em que sentido que o candidato dele foi prejudicado? Ele mostrou alguma evidência? Ele, como parlamentar, demonstrar irresignação é direito dele, mas pedir para que pessoas entreguem o poder às Forças Armadas porque o candidato dele perdeu é golpe de Estado”, pontua.
“Isso pode até explicar a postura da família Bolsonaro que não está diretamente incentivando as manifestações, o próprio Bolsonaro manda esses recados dúbios para não se ver ele próprio enfrentando uma ação que pode torná-lo inelegível por até oito anos pelo menos”, pondera.
Para o professor de Direito Constitucional, Teoria do Direito na FGV e especialista em STF Rubens Glezer, essa interpretação “estapafúrdia” do artigo é uma maneira de buscar respaldo para os atos. “É uma tentativa de fingir constitucionalidade, de poder fingir que estão pedindo uma ditadura como democratas”, analisa.
Para a professora Raquel Scalcon, o uso pode estar atrelado à falta de compreensão ou má-fé. “Aqui a desinformação/fake news está desempenhando um papel relevante, infelizmente. E as próprias Forças Armadas também não deslegitimam esse discurso, não se manifestam contra isso, o que torna a situação mais delicada”, pondera.
Hugo Albuquerque concorda. “O candidato [Bolsonaro], de certa forma, admitiu a derrota. O ministro da Casa Civil deu início ao processo de transição na forma da lei. Essas pessoas estão irresignadas pelo o quê? Levar as pessoas para um quartel para se manifestar pelo o quê se não apresentaram nenhum tipo de evidência de fraude na votação ou se o candidato foi prejudicado?”, diz.
Outro exemplo foi ainvasão do Capitólio, nos Estados Unidos, em janeiro de 2021, que deixou cinco mortos e mais de 180 policiais feridos por apoiadores do ex-presidente Donald Trump, derrotado no pleito presidencial, que alegava fraude sem provas.
“Além de a gente ver como a lei nacional é, é muito importante olhar para fora e ver essas experiências desastrosas de tentativa de desestabilização do ambiente democrático em períodos pós-eleitorais que são organizados e capitaneados por grupos de extrema-direita, muitas vezes profissionais nisso, que acabam levando um conjunto de pessoas nem iriam se juntar a esse tipo de manifestação”, afirma.
Eduardo Bolsonaro defendeu o golpe e que o pai conversasse com Steve Bannon.
Denise Dora, diretora da ONG Artigo 19, explica que manifestação e liberdade de expressão são direitos humanos, mas não absolutos. “Você pode fazer atos de solidariedade porque o seu candidato não ganhou, mas não pode organizar um movimento coletivo de ataque ao sistema eleitoral”, sinaliza. “No Brasil, temos tanto o direito ao protesto quanto a norma que delimita até onde esse direito pode se estender se faz um ataque às instituições”, aponta, ao citar a nova Lei de Segurança Nacional, aprovada em 2021.
Hugo Albuquerque, advogado e mestre em Direito Constitucional pela Pontifícia Uninversidade Católica de São Paulo (PUC-SP), concorda com Dora e exemplifica que os manifestantes, incluindo parlamentares, violam o artigo 286 do Código Penal, que revisou aLei de Segurança Nacional em 2021, sobre criar “animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade”.
Raquel Scalcon, advogada criminalista e professora de Direito na Fundação Getúlio Vargas em São Paulo (FGV-SP), também soma o enquadramento, no caso dos bloqueios de rodovias, do artigo 359-L, que prevê “tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais”, também incluído pela nova Lei de Segurança Nacional. A Agência Pública fezdenúncias de coações a passageiros para serem liberados. “Não se trata de um movimento legítimo, mas que busca reverter o resultado legítimo de um processo eleitoral”, afirma.
“Imunidade parlamentar não é impunidade parlamentar, ela diz respeito mais a um aspecto processual [por quem um deputado pode ser julgado e não sofrer perseguição pela atuação política] do que material, e isso não quer dizer que o Ministério Público não possa agir contra um parlamentar que está tentando violar a ordem”, enfatiza. Denise Dora também indica que parlamentares podem “responder processos para discutir a legitimidade de seus mandatos, sofrer sanções, podem se tornar inelegíveis”, a depender do tipo de engajamento de autoridades engajadas nesses atos quando já ocupam um cargo público, mas se preocupa com uma Procuradoria-Geral da República omissa, já que Augusto Aras declarou que os bloqueios de rodovias eram “indesejáveis, mas compreensíveis”.
Outro ponto é de que existe um consenso de juristas de que o artigo 142 da Constituição Federal, que define que as Forças Armadas “destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”, não autoriza uma intervenção militar para “restaurar a ordem” nem interferir no Executivo ou no Legislativo pelo princípio de separação dos poderes previsto na Constituição, apesar de os grupos bolsonaristas insistirem em invocá-lo para os protestos.
“É uma forma de angariar essa contradição do discurso que é realizado por esse grupo, como se fossem defensores da Constituição. Uma contradição também presente no discurso do presidente [Bolsonaro], que usa um bordão de que ele é o agente que age dentro das quatro linhas da Constituição, mas ele tomou ao longo do seu governo uma série de medidas para implodir o projeto constitucional e usou do seu poder por meio decretos sobre orçamento público e nomeação de cargos administrativos para inviabilizar, por exemplo, normas constitucionais que demandavam proteção ao meio ambiente.”
“Atos “ANTIdemocráticos”!? Um monte de velhinhos(as), adultos segurando bandeiras do Brasil e crianças cantando o hino nacional brasileiro. Se isso é antidemocrático o que a esquerda sempre faz ao destruir patrimônio público e privado, pichar muros e tocar fogo e em carros é o que? Terrorismo? Claro que não! Democracia que eles defendem é outro nível!”, escreveu capitão Alden (Alden Jose Lazaro da Silva).
E há quem participou ativamente dos atos, como o deputado federal eleito Coronel Ulysses (Ulysses Freitas Pereira de Araujo -PL-AC), em frente ao Comando de Fronteira Acre, onde funciona o 4º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS). “Parabéns aos acreanos que estão em frente ao 4º BIS. São famílias que dão um exemplo de fé e coragem, exercendo o direito de liberdade e expressão de forma ordeira, pacífica e patriótica. Deus, Pátria, Família e Liberdade”, escreveu.
O deputado estadual de Santa Catarina Sargento Lima (Carlos Henrique de Lima -PL) também fez uma live no protesto em frente ao 62º Batalhão de Infantaria de Joinville. “A população simplesmente não aceita o resultado das eleições. Um candidato sem popularidade vencer as eleições? Esse é o motivo da revolta”, diz, próximo a um cartaz branco com letras vermelhas pedindo “intervenção federal”. O parlamentar afirma que está transmitindo o protesto “antes que derrubem a página” e em contraponto à imprensa. “É uma manifestação pacífica, com crianças, mulheres, todo o povo brasileiro nas ruas totalmente inconformado com o resultado das eleições”, prossegue.
Scalcon esclarece que não são os métodos que definem um protesto ser democrático, mas o motivo de estar sendo realizado. “É uma linha muito tênue, sem dúvida. Contudo, a sua finalidade não é constitucional, porque se busca questionar o resultado de uma eleição absolutamente legítima. O problema não são apenas os métodos em si, mas a finalidade dos bloqueios. Essa finalidade não está amparada pela ordem constitucional. Pelo contrário”, afirma.
Denise Dora, da Artigo 19, ainda lembra que é preciso fazer um olhar para casos fora do Brasil, como a derrubada do presidente eleito da Bolívia, Evo Morales, em 2019, em que a deputada Jeanine Añez se autoproclamou presidente (e que acabou presa e condenada em 2022 por participação no golpe de Estado). Añez já era citada por Bolsonaro há seis meses por receio de ter um destino igual ao dela.
Ainda que algumas de nossas flores tenham ido ao chão, nada será capaz de deter a primavera que tomará as ruas no dia 2 de outubro com a eleição de Lula
por Ádamo Antonioni
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Não é de hoje que a esquerda sente na pele a escalada da violência no Brasil. Com a ascensão da extrema-direita no poder, consequentemente, uma névoa sombria de terror e medo sobrevoa o país desde 2018. A morte de Marielle Franco no Rio de Janeiro, que ainda hoje permanece um mistério sobre quem seria o mandante do crime, e do capoeirista Moa do Katendê na Bahia por um bolsonarista, eram um prenúncio dos tempos difíceis que tivemos que enfrentar desde então.
Como já cantara Caetano Veloso em 1969 durante os tenebrosos anos de chumbo: “Atenção ao dobrar uma esquina. [...] É preciso estar atento e forte”. É triste imaginar que nossa geração está muito perto de viver aqueles dolorosos momentos de repressão que a geração de Caetano viveu com o golpe de 1964.
Novamente estamos às voltas de uma tentativa de golpe com o atual ocupante do Palácio do Planalto que, diariamente, ataca as instituições como STF (Supremo Tribunal Federal), desqualifica o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e espalha desinformação entre seus apoiadores quanto às urnas eletrônicas.
Diante desse cenário que tanto nos causa espanto e medo, podendo desestimular alguns do campo progressista ou desmobilizar outros, resumi nesta espécie de decálogo, os mandamentos para que a militância possa resistir e sobreviver até o primeiro turno das eleições presidenciais que acontecem neste domingo, 02 de outubro:
1-Mantenha a esperança viva
A esperança de dias melhores é o que nos motiva. Apesar do sofrimento que vivemos nestes últimos anos, temos a esperança de que amanhã, aliás, a partir de 1º de janeiro de 2023, haverá de ser outro dia. E que nossos ideais como igualdade, solidariedade, justiça social e respeito à diversidade, hão de se tornar realidades. Manter a esperança viva é ter a coragem para se levantar e lutar. “Esperançar”, como diria Paulo Freire.
2-Proteja os seus e a ti mesmo
O bolsonarismo é responsável por dois assassinatos de petistas só neste ano de 2022. Marcelo Arruda no Paraná e Benedito dos Santos, no Mato Grosso. Fora as agressões como de uma mulher em Angra dos Reis (RJ) depois de criticar Jair Bolsonaro e de uma janela com bandeira do PT ser alvo de tiros no Recife (PE). É preciso criar redes de apoio e proteção para cuidar dos nossos, especialmente, dos grupos mais vulneráveis à violência política, como mulheres e população LGBTI+. Evite andar sozinho nas ruas e redobre a atenção, sobretudo, se tiver identificado com as cores vermelhas associadas à esquerda. Mantenha o telefone de contato de seus amigos/as atualizado.
3-Não entre em discussões vãs na internet
As redes sociais criam uma falsa sensação de debate político. Muitos que participam das discussões já possuem sua opinião formada e querem apenas “trollar”, isto é, enfurecer ou perturbar uma conversa. Além disso, segundo pesquisa do ITS- Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro), cerca de 50% dos tuítes pró-Bolsonaro foram impulsionados por bots, ou seja, robôs que apresentam comportamento automatizado para passar a sensação de engajamento digital. As chances de você estar “batendo boca” e perdendo seu tempo com uma máquina atrás de um perfilfake, geralmente sem foto, é muito grande.
4-Não ceda à provocação nas ruas
No último final de semana, o MBL (Movimento Brasil Livre) utilizou um adolescente para provocar a equipe de campanha de Guilherme Boulos, candidato a deputado federal pelo PSOL, que fazia um ato na Av. Paulista. Após confusão, o MBL acionou policiais para prender Boulos ilegalmente. A extrema-direita é intolerante e agressiva, age com provocações e insinuações para que percamos a linha e respondamos com baixaria. Mas a melhor resposta que podemos dar será nas urnas no dia 2 de outubro.
5-Orgulhe-se de suas cores e símbolos
É hora de ostentar nossas cores, sim. E por que não? O vermelho da cor do sangue que corre em nossas veias, a estrela, o martelo e a foice que mostra união da classe trabalhadora do campo e da cidade, a bandeira do arco-íris, as palavras de ordem estampadas nas camisetas. E no dia 2 de outubro, vá com um livro para sua sessão de votação, assim como fizemos em 2018. O livro é o símbolo mais potente contra este governo negacionista, terraplanista e obscurantista.
6- Não se desespere
Se se receber uma desinformação em seu WhatsApp ou vê-la circulando nas redes sociais, mantenha a calma. Respire. Jamais a compartilhe. Denuncie. Nesta reta final, o bolsonarismo vai inundar as redes com mamadeiras de todos os tipos para espalhar pânicos morais, desinformar e tentar causar confusão na população. Repito: denuncie nas próprias plataformas que já disponibilizam campos próprios para isso.
7-Busque fontes confiáveis para se informar
Se se deparar com alguma informação duvidosa, com dados confusos ou em tom alarmista, busque os sites que trabalham com checagem de informações, os chamadosfact-checking, como Agência Lupa, Aos Fatos, Boatos.org, Comprova, E- Farsas e Fato ou Fake, são alguns deles.
8-Não espalhe fake news
A dimensão ética nunca pode deixar de estar no horizonte de atuação do campo progressista. Por mais tentadora que possa ser, temos que resistir às armas do inimigo e levar sempre a verdade, a informação correta e os fatos concretos.
9-Fale com amorosidade
Nesta reta final, há muitos indecisos e pessoas propensas à abstenção. Esteja aberto ao diálogo, mas fale com amorosidade, expressão utilizada por Paulo Freire, para se referir ao processo pedagógico de profundo amor ao ser humano. A amorosidade fala do compromisso com a justiça, da superação das opressões, mas também escuta com paciência e respeita as opções políticas alheias. Procure convencer essas pessoas sobre a importância do comparecimento às urnas no dia da votação e da necessidade de derrotar o ódio e o autoritarismo já no primeiro turno.
10- Não esqueça o título de eleitor
Verifique com antecedência seus documentos, título e documento de identidade com foto. Também veja seu local de votação, sessão e endereço, caso precise se deslocar por causa do trânsito, etc. Quanto antes puder checar esses pormenores, mais cedo poderá se precaver de eventuais contratempos.
Falta pouco. Olha só o quanto já enfrentamos e superamos até aqui.
Resistimos como a flor de lótus que renasce a cada dia em meio à adversidade.
E ainda que algumas de nossas flores tenham ido ao chão, nada será capaz de deter a primavera que tomará as ruas no dia 2 de outubro com a eleição de Lula para presidente do Brasil.
Trechos da minha coluna na Folha desta sexta. Cotejem com o DataFolha: “Está hoje nas mãos dos mais pobres salvar a democracia no Brasil (…) Até a semana passada, o mundo bruto que Bolsonaro representa e vocaliza, em que uma pistola é última expressão do argumento, encontrava
na camada da população que recebe até dois salários mínimos o seu limite. Num outro corte, que não é o de renda, mas que também conhece a exclusão, as mulheres constituíam uma barreira importante — aquelas mesmas evocadas em palanque pelo presidente dito “imbrochável”, que fez
de Michelle mero instrumento da sua autoglorificação. E, como também evidenciavam os números, o Nordeste era outro território inóspito para o destruidor de instituições.”
(PSOL) foi ameaçado por um canalha armado em São Bernardo. O cara disse: “Sou Bolsonaro”. Algum presidenciável vai culpar a “polarização”? Há gente flertando c/ fascistoides de olho em 26. Se fascitoides vencerem, pode não haver 26.
“Cegos de tanta luz”. É a melhor imagem para definir os fanáticos. Nada veem além da própria crença. Cobrei q Ciro deixasse claro q ñ é “polarização” q mata, mas quem incentiva a destruição do adversário. E só Bolsonaro faz isso. Passei a ser tratado como arauto do voto útil. É
falo sobre polÍtica, digamos, aristotelicamente, mas ñ faço política desde os 21, qdo deixei de ser militante. Faz 40 anos. E sou obsessivamente lógico. Se a “polarização” (termo q rejeito), então, existe, ñ será rompida em três semanas, certo? E todos têm direito à neutralidade,
é claro!, entre o assassino e o assassinado; entre a facistização e a democracia; entre o algoz e a vítima. Ou melhor: têm direito de tentar essa neutralidade pq neutros não são e não serão: os cegos de tanta luz se juntam, pois, a assassinos, fascitoides e algozes. Sem mistério.
Patricia Lelis e Eduardo Bolsonaro (Foto: ABR | Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados)
"Estou indo lá testemunhar com provas", afirmou a jornalista
247 -A jornalista Patricia Lelis afirmou nesta segunda-feira (22) que odeputado Eduardo Bolsonaropediu à Polícia Federal que tomasse seu depoimento por ela ter chamado o filho de Jair Bolsonaro de "pau pequeno".
"Estou indo lá testemunhar com provas. Mas um dia normal na republica das bananinhas bolsonarista", afirmou Patricia.
Patrícia Lélis
Eduardo Bolsonaro pediu a polícia que aproveitasse que eu estou em Brasília para prestar depoimento sobre o porque eu o chamei de pau pequeno. Estou indo lá testemunhar com provas. Mas um dia normal na republica das bananinhas bolsonarista.
Aí sei broxa, já que você não me deixa em paz e não sai das minhas redes sociais, aproveita pra ver isso aqui, eu dizendo mais uma vez QUE VOCÊ E TODA A SUA FAMÍLIA AINDA VÃO SER PRESOS, BANDIDOS!
Ao meu advogado peço desculpas, sei que deve ser uma merda ter estudado tanto pra no fim ficar atuando em processo sobre tamanho do pau alheio.
Que pode uma jovem sem pai empresário golpista, que além dos estudos, tem a beleza que muitas vezes pode ser uma fragilidade diante da misoginia, do machismo, do estupro, do aborto? Que pode uma garota quando tem de enfrentar um pastor empresário, deputado federal e proprietário de uma igreja? Que pode uma jornalista quando tem de enfrentar o filho miliciano do presidente do Brasil e deputado federal mais votado da história das urnas eletrônicas? Só há um caminho para se salvar de uma morte encomendada, misteriosa: o exílio.
A matança sistemática de pobres pretos pelas polícias vai ser parte do debate eleitoral? Quais as propostas para superar esse horror?
por Julian Rodrigues /A Terra É Redonda
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Entre 25 a 30 corpos. Nem o número de exato de pobres favelados que foram executados cruel e sumariamente pela polícia do Rio de Janeiro na madrugada do último dia 24 de maio a gente sabe. Há um ano, em maio de 2021, 28 trabalhadores e trabalhadoras foram assassinados no Jacarezinho pela mesma Polícia Militar fluminense sob o comando de Wilson Witzel, ex-juiz que ganhou de presente o governo estadual do Rio ao se associar à Jair Bolsonaro.
A PM (e a civil) do Rio mataram 1814 pessoas em 2019 e 1245 em 2020 – dados oficiais. A violência da polícia do Rio de Janeiro recrudesceu (mesmo considerando que as forças policiais brasileiras são as que mais matam e mais morrem em todo mundo).
O bolsonarista do PSC que virou governador, o tal Wilson Witzel – oportunista ex-juiz que pegou carona na onda neofascista, já tinha anunciado a barbárie em sua campanha eleitoral: “ o correto é matar o bandido (…) a polícia vai fazer o correto: vai mirar na cabecinha e… fogo – para não ter erro”.
Necropolítica institucional abertamente transformada em ativo propagandístico. Tipo assim: um aprofundamento da violência de Estado contra jovens, pobres, pretos. Retórica e política reacionárias/hipócritas da tal “guerra às drogas” sempre manuseadas pelas classes dominantes contra o andar de baixo.
Lula e uma nova segurança pública
Chegou a hora de enfrentar a hegemonia neofascista e conservadora nesse tema e salvar vidas, uma demanda que exige romper com o senso comum. É necessário questionar de peito aberto com embasamento científico o desenho atual das polícias mais as políticas proibicionistas e de encarceramento em massa. Propor nova abordagem, nova legislação, novas políticas – romper com a inércia.
Em 2023, a PEC 51, proposta pelo ex-senador fluminense do PT, Lindberhg Farias, inspirada nas contribuições de Luiz Eduardo Soares, fará aniversário: 10 aninhos. Essa emenda constitucional abriu o debate sobre a retirada do caráter militar das forças de segurança estaduais e a reorganização da política nacional de segurança pública.
O número de mortes violentas no Brasil é altíssimo – sempre rondando o patamar de 60 mil por ano. Ocorre que justamente quem deveria nos proteger e evitar essas mortes se associa ao genocídio. Em 2021, mais de 6 mil brasileiros e brasileiras foram assassinados por policiais. Ou seja:10% (pelo menos) do morticínio é de responsabilidade das PMs.
Nós – do PT, da esquerda, dos setores progressistas – nunca enfrentamos essa questão de frente. Geralmente ignoramos o elefante na sala, ou pior, repetimos as piores práticas conservadoras – muito além de pactos pragmáticos (os governos estaduais do PT que o digam!).
“O que eu defendo claramente é que sou contra a criminalização da maconha e do usuário. Não tem sentido a polícia pegar um usuário e tratar como se fosse criminoso. No entanto, este é um assunto que tem de ser tratado com muita seriedade”. Lulão mesmo foi quem proferiu essa sábia declaração em 2015, em um debate com jovens no ABC.
Creio que um novo governo Lula tem como um de seus desafios fundamentais cessar o genocídio e o encarceramento em massa de jovens, pobres pretos. Somos milhões de pessoas que votaremos em Lula com a expectativa de que um governo de esquerda possa girar a chave e abrir um novo período na história. Sem medo de ser feliz, sem medo de falar a verdade.
Mimetizar o adversário nunca deu certo. Afasta-nos de nossos objetivos e compromissos históricos. Nos apequena. Pior: indistingue-nos, aos poucos, de nossos inimigos de classe.
Ou seja: fazer cosplay de político evangélico-militar-reacionário que promete porrada, polícia nas ruas, bandido na cadeia e coisas do tipo só fortalece a hegemonia deles e contraria o que nós somos e nossa própria razão de existir como esquerda.
Cessar a matança e o encarceramento da juventude pobre, preta e periférica. Parar com a guerra às drogas. Reconstruir o aparato policial para que deixe de ser dispositivo moedor de carne jovem/preta/pobre.
Assim: é preciso que desde já, a campanha Lula Presidente incorpore de alguma forma esse tema. Sem cair em provocações da extrema direita temos que sinalizar desde já novas perspectivas.
Marqueteiros e senso comum à parte, vamos pensar nas milhares de mães trabalhadoras, pobres, pretas que perdem seu filhos de maneira violenta. Tratar de sinalizar uma nova democracia, na qual o Estado não seja apenas um dispositivo de morte para quem mora nos lugares “errados”.
Lula tem muita sensibilidade e abertura para discutir essa questão. Tem empatia e entende o problema. Temos que pular as barreiras do pragmatismo (sempre de plantão) e convencer o PT e a direção da campanha para a urgência desse tema. Uma questão programática incontornável. Na campanha e no futuro governo (oxalá).