O governador da Flórida, o ultraconservador Ron de Santis, em agosto de 2023 em Iowa, nos EUA — Foto: Charlie Neibergall/ AP
Mistura de Bolsonaro com Trump. Pré-candidato à Casa Branca Ron DeSantis quer política linha-dura para a imigração
por Sandra Cohen
O Globo
Em campanha para obter a indicação do Partido Republicano à Casa Branca, o governador Ron DeSantis, da Flórida,disparou a retórica contra o fluxo de imigrantes brasileirosnos EUA com o intuito deangariar o voto conservadorde seus correligionários.
“Se você está no Brasil, você não tem o direito de vir para este país”, afirmou, em entrevista à emissora de rádio WGIR, de New Hampshire.
A declaração, em referência a brasileiros em geral, reforça a política linha-dura de imigração do governador, considerado o único com chances de desbancar o ex-presidente Donald Trump na indicação do partido às eleições do próximo ano. DeSantis juntou a Polônia e o Brasil no mesmo saco para dizer que seus cidadãos não são bem-vindos nos EUA.
“As pessoas vêm porque o povo americano acha que é do nosso interesse receber pessoas”, atestou.
Com isso, ele descarta, se eleito, conceder anistia aos que estão em situação irregular no paíse defende um sistema parecido com o do Canadá ou da Austrália, que foca nas habilidades e nas qualificações do imigrante para recebê-los.
Para ser mais específico, DeSantis quer acabar com a possibilidade de estender a cidadania à família do imigrante: “Um cidadão americano deve trazer ou cônjuge ou filhos estrangeiros. Mas trazer esses primos, tios e tal não é o caminho.Vamos nos livrar disso e nos concentrar mais nas necessidades dos americanos.”
Os EUA abrigam a maior população imigrante brasileira do mundo, segundo o Instituto de Política da Migração, ao think tank americano mantido pelo Carnegie Endowment for International Peace.
Metade dos brasileiros se concentra em três estados: Flórida (22%), Massachusetts (17%) e Califórnia (11%).
O governadorDeSantis vem implementando medidas repressivas para combater a entrada de pessoas no estado. Em junho passado, ele delineou propostas para uma abordagem mais severa em relação à população em situação irregular.
Isso inclui oenvio de militares dos EUA para a fronteira sul e a detenção e deportação de quem não tiver documentos apropriados. DeSantisdefende o fim da cidadania norte-americana automática aos nascidos no país e a construção de um muro na fronteira sul— ideias assimiladas de Trump, seu principal adversário no partido.
DeSantis pretende superá-lo com uma abordagem mais severa. Aliás, o slogan “Sem Desculpas”, de sua plataforma anti-imigração, é também um recado direto a Trump – o de que ele não conseguiu cumprir promessas e combater, em seu mandato, a imigração ilegal.
O jornal Le Monde publicou reportagem sobre os resultados de um sistema aplicado a partir de 2012 nas universidades federais brasileiras. "No Brasil, as cotas raciais fizeram ascender uma geração de negros graduados" é o título do texto assinado pelo correspondente do diário no Rio de Janeiro, Bruno Meyerfeld.
RFI - Estabelecido durante o governo da presidenta Dilma Rousseff,o mecanismo que favoreceu grupos até então mantidos à distância dos estudos superioresse espalhou na maior parte dos estabelecimentos de educação, públicos ou privados, diza matéria. O resultado é que em uma década, o número de estudantes negros nas universidades brasileiras deu um salto de 400%, publicaLe Monde.
Meyerfeld entrevistou jovens que puderam se beneficiar do sistema, como a carioca Layla Vitorio Peçanha, negra, filha de um eletricista e de uma empregada doméstica, que estudou Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e hoje termina um mestrado em Saúde Pública. Segundo ela, antes que o sistema de cotas entrasse em vigor, para ela - uma pessoa originária de um bairro pobre do Rio - entrar na universidade era como "ir à lua".
"Antes minoritários, hoje estudantes negros representam a metade dos estudantes do ensino superior", destacaLe Monde. A reportagem lembra que, em um Brasil marcado por três séculos de escravidão, apesar de a população negra ser majoritária, ela continuou, até o início da última década, excluída das universidades e dos melhores empregos. "As cotas originaram uma geração inédita, chamada de 'cotistas', que revoluciona hoje os fundamentos da sociedade brasileira", reiteraLe Monde.
O texto traz exemplos dessas mudanças em vários setores, da Justiça à Medicina. Em entrevista ao diário, Renato Emerson Nascimento dos Santos, professor de geografia na UFRJ, lembra que as cotas permitiram uma ascensão social inédita, resultando na formação de profissionais negros em meios extremamente fechados, como o da dermatologia, por exemplo.
Além disso, as cotas resultam em uma "afirmação positiva da identidade negra", diz a reportagem. Nos balanços oficiais, 55% da população brasileira se assume hoje como negra, uma proporção em aumento constante.
Racismo persiste
Le Mondeaponta, no entanto, queo sistema não resolveu o grave problema do racismo no Brasil, "onipresente nas formações de elite". O mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro "só piorou as coisas", reitera o texto, lembrando que o líder da extrema direita, abertamente contra cotas, cortou orçamento e bolsas nas universidades públicas.
A volta de Lula ao poder inspira esperança na população negra brasileira, dizLe Monde. Em seus dois primeiros mandatos, Lula tornou obrigatório o ensino da cultura afro-brasileira, publicou um estatuto de igualdade racial e encorajou o reconhecimento dos quilombos. Recentemente, assinou um decreto visando reservar aos negros ao menos 30% dos empregos no funcionalismo até 2025. A matéria também lembra que o líder petista nomeou representantes não brancos para ministérios, como a cantora Margareth Menezes para a pasta de Cultura e o advogado Silvio Almeida para a pasta de Direitos Humanos e Cidadania.
Mas há um longo caminho a ser percorrido, observaLe Monde. Os cotistas esperam que medidas também sejam aplicadas nas empresas privadas, onde apenas 0,7% dos cargos de direção são ocupados por pessoas não brancas.
Em SP, a bolsonarista Carla Zambelli, de arma de fogo em punho, persegue homem perto da Avenida Paulista. Em São Conrado, zona sul do RJ, a ex-jogadora de vôlei Sandra Mathias, chicoteia entregador com coleira. Os alvos de ambas são três pessoas negras: o jornalista Luan Araújo, e os entregadores Max Ângelo dos Santos e Viviane Souza. Fotos: Reproduções de redes sociais
Manifestação popular nessa quinta-feira, 20/04, em frente ao edifício onde mora Sandra Mathias, no luxuoso bairro de São Conrado, zona sul do Rio de Janeiro. Foto: Pedro dos Anjos
Não devem passar, nem passear
por Pedro dos Anjos /Viomundo
O cinismo é irmão siamês do sadismo. Os dois têm um caso nada secreto com o racismo.
A nostalgia pelo passado escravista alcança algumas e alguns que não o viveram, mas que dele tem uma “saudade” imensa.
Círculos do neonazismo americano – a imprescindível Adriana Dias nos alertou – defendem a restauração da escravidão no Brasil, de modo a torná-lo uma grandeplantationmoderna para alimentar a raça branca do norte global.
Em São Conrado, burgo na zona sul vizinho da Rocinha, a candidata a feitora, Sandra Mathias, foi decidida em busca deste passado nostálgico.
Assim como fizera a deputada bolsonarista Zambelli, em São Paulo, há alguns meses. Esta com arma de fogo na mão; D. Sandra com uma coleira feita de chicote.
Já não é mais a lembrança de Zumbi dos Palmares, nem do revoltoso da chibata João Cândido que atormenta a mente das bestas-feras supremacistas brancas.
Agora, nem a “redentora” Princesa Isabel escapa do ódio racista. A rua, o trabalho, a escola com a presença do povo preto causam uma enorme inquietação na branquitude desvairada.
Para restaurar a escravidão no Brasil, tem que haver audácia.
E isto não faltou às duas intrépidas racistas, que apostam na cumplicidade dos homens da lei.
A rebeldia impulsiva de ambas indicou aos machos, racistas como elas, porém hesitantes, qual é o caminho (o ogro Roberto Jefferson também tentou, mas fracassou).
Nessa quinta-feira, 20/04, houve uma manifestação popular em São Conrado, zona sul do Rio de Janeiro, em frente ao edifício onde mora Sandra Mathias.
Ela foi pacífica, porém combativa, como mostram estes quatro vídeos (veja aqui), que exibem militantes caminhando e se manifestando nas proximidades.
Confira-os.
Essa manifestação serviu para indicar a rota que a luta dos oprimidos deve tomar daqui para frente.
Luan Araújo, Max Ângelo e Viviane Souza nos inspiram a seguir esta estrada: a que faz justiça e não arrega diante da opressão racial e econômica.
Prisão para a D. Sandra! Prisão para a deputada Zambelli!
Ogras despudoradas que não podem passar – ou tampouco passear!
Vídeo antigo de Bolsonaro numa loja maçônica causou polêmica em razão das críticas de grupos evangélicos. Fake news que circula nas redes sociais associa Lula a satanismo. Escute as piores frases de Bolsonaro (vídeos)
Por g1
A primeira semana da campanha eleitoral para o segundo turno foi marcada por vídeos contra o ex-presidenteLula(PT) e o atual,Jair Bolsonaro(PL), candidato à reeleição. A segunda etapa da corrida presidencial estámarcada para o dia 30 deste mês.
As publicações viralizaram nas redes sociais e um dos vídeos foi usado em uma peça de propaganda eleitoral petista.
Maçonaria
Um vídeo antigo mostraBolsonaro discursando numa loja maçônica em uma fase pré-campanha de 2018, quando ele ainda não havia se lançado oficialmente à Presidência, mas já percorria o país. A polêmica se deve ao fato de que as igrejas evangélicas, grupo ao qual Bolsonaro faz acenos constantes em busca de votos, serem críticas à maçonaria. Em outro vídeo, Silas Malafaia, uma das influentes lideranças evangélicas que apoiam a sua reeleição, associa a maçonaria a "trevas".
Depois de esse vídeo vir à tona, passou a circular nas redes sociais umprint falso de uma publicação no Twitter atribuída a Bolsonaro em que ele diz: "Maçonaria será maior que o cristianismo no Brasil, por isso buscamos o apoio dessa gente. Cristãos, em sua maioria, são pobres e precisamos dos maçons que são ricos para bancar nossa campanha até o dia 30". A conta oficial de Jair Bolsonaro no Twitter não publicou o conteúdo atribuído a ele no print falso.Essa segunda imagem é uma montagem.
O próprio Vicky Vanilla divulgou um vídeo desmentindo o boato. "Esse pronunciamento faz parte de uma live que fiz e está sendo usado fora de contexto", diz. "O vídeo está sendo espalhado como uma fake news a meu respeito e a respeito do candidato Lula, que não tem qualquer ligação com a nossa casa espiritual", acrescenta.
Ainda sobre esse tema, outro vídeo que ganhou repercussão foi um publicado pela então vice-presidente da Comissão da Mulher Advogada da Ordem dos Advogados do Brasil em Uberlândia, Flávia Aparecida Moraes, na quarta (6) dizendo que"não vai mais alimentar quem vive de migalhas", se referindo aos moradores da região Nordeste do Brasil, que votaram em peso em Lula no primeiro turno. Após a repercussão da declaração, ela pediu licença do cargo.
Canibalismo
Propaganda do PT na volta do horário eleitoral resgata vídeo de 2016 em que Bolsonaro diz que comeria um indígena
O vídeo é de uma entrevista de Bolsonaro a um jornalista do "New York Times" em 2016, época em que o presidente ainda era deputado federal. A entrevista completa está nas redes sociais do presidente.
O presidente relata que um indígena que havia morrido estava sendo cozido pela aldeia. "É para comer. Cozinha por dois, três dias, e come com banana. Eu queria ver o índio sendo cozinhado. Aí o cara: 'Se for, tem que comer'. Eu como! Aí, a comitiva, ninguém quis ir", contou Bolsonaro.
Agressão a mulheres
Outro vídeo que ganhou repercussão nas redes sociais traz um trecho de uma entrevista antiga de Bolsonaro ao extinto programa humorístico da Band CQC - Custe o que Custar em que questionado se "já deu uns sopapos em alguma mulher alguma vez", ele responde: "Já".
É longa a lista de mulheres agredidas por Bolsonaro (vide tags): Conceição Aparecida Aguiar, Marinor Brito, Vera Magalhães, Preta Gil, Maria do Rosário, Patrícia Campos Mello, Daniela Lima
7.set.2022 - Passageiros de ônibus vaiam apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) e gritam o nome do ex-presidente Lula (PT), em Copacabana, no RioImagem: Lola Ferreira/UOL
Passageiros de um ônibus reagiram com vaias e aos gritos de Lula à passagem da motociata do presidenteJair Bolsonaro(PL) hoje em Copacabana, na zona sul do Rio.
Com o trânsito parado por batedores na rua Barata Ribeiro, um grupo que estava no ônibus 474, que faz linha entre os bairros Jacaré (zona norte) e Copacabana, saiu à janela para protestar contra a passagem de Bolsonaro, que chegou ao Rio no começo da tarde para os atos do 7 de Setembro.
Fotografados protestando contra o presidente no ato de 7 de Setembro no Rio, oito jovens negros foram retirados de ônibus pelos policiais logo depois
por O Antagonista
- - -
Oito jovens que foram fotografados vaiando e protestando, de dentro de um ônibus, contra a motociata de Jair Bolsonaro no Rio no 7 de Setembro, ontem, foram abordados pela Polícia Militar logo depois.
Segundo o site Metrópoles, os oito jovens negros foram retirados do ônibus e revistados por três policiais do Batalhão de Choque. O procedimento foi filmado por uma testemunha próxima.
No vídeo, é possível ver os PMS revirando as mochilas dos rapazes, verificando seus bolsos, tênis e celulares.
Passageiros de um ônibus que vaiaram a motociata de Jair Bolsonaro (PL) em Copacabana no 7 de Setembro foram revistados por PMs cerca de dez minutos após o protesto. O ônibus foi parado por agentes do Batalhão de Choque e somente os meninos foram revistados.
É preciso saber o paradeiro desses adolescentes, presos pela polícia racista que persegue favelados, negros e pobres.
Lula compara ato de Bolsonaro a Ku Klux Klan; afinal, o que é a KKK?
"Foi uma coisa muito engraçada, que o ato do Bolsonaro parecia uma reunião da Ku Klux Klan. Só faltou o capuz. Porque não tinha negro, não tinha pardo, não tinha pobre, não tinha trabalhador", afirmou.
Lula comparou os atos com a participação do presidente Bolsonaro com a organização que prega supremacia racial branca, o racismo e o antissemitismo: “não tinha negro, pardo, pobre e trabalhador”
por O Liberal
Durante comício realizado na noite desta quinta-feira (8), em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou sobre os atos de 7 de setembro, dia da Independência do Brasil, e comparou as manifestações pró-governo com a Ku Klux Klan, organização americana que prega a supremacia racial branca, o racismo e o antissemitismo.
“No ato do Bolsonaro, parecia uma reunião da Ku Klux Klan. Só faltou o capuz”, declarou Lula. “Porque não tinha negro, não tinha pardo, não tinha pobre, não tinha trabalhador. O artista principal é o velho da Havan que aparecia como se fosse o Louro José participando ativamente da campanha do Bolsonaro”, completou.
Também conhecida pela sigla KKK ou apenas Klan, a organização citada por Lula nasceu no século 19 nos Estados Unidos, no final dos anos 1860. O grupo terrorista defende o supremacismo branco e ficou conhecido por atos de violência contra negros e judeus.
Bolsonarista fanático, tenente-coronel Gleyson Azevedo da Silva não é parente de Lula da Silva. É um típico gorira fardado (vide tag)
Tenente-coronel Gleyson Azevedo da Silva também deve ficar de fora da equipe de fiscalização das eleições
por Felipe Frazão
- - -
Favorito para substituir o coronel do Exército Ricardo Sant'Ana, afastado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da fiscalização das eleições por espalhar desinformação, o tenente-coronelGleyson Azevedo da Silvatambém deve ficar de fora da equipe. O nome dele havia sido escolhido no Comando do Exército na noite desta segunda-feira, dia 8, mas a nomeação não deve ser oficializada peloMinistério da Defesa. Assim como o antecessor, o tenente-coronel fez postagens de viés político em redes sociais. A publicação mais direta envolve mensagens como "Lula na cadeia", "Fora PT". "Lula camalha".
Em ao menos três publicações antigas no Instagram, o tenente-coronel Gleyson Azevedo da Silva manifestou-se contra o PT, a esquerda e os ex-presidentesLuiz Inácio Lula da Silva, candidato ao Palácio do Planalto, e Dilma Rousseff.
"Segundo este canalha, que se autoproclama como o mais honesto, até o Eduardo Cunha seria mais honesto que aqueles que vejo doarem suor e sangue trabalhando ou tentando o serviço público", escreveu o tenente-coronel, em 2016. A mensagem era a legenda de um vídeo com o pronunciamento de Lula durante investigações da Operação Lava Jato, na qual seria condenado e preso - os processos por corrupção foram anulados.
Em publicação de outubro de 2014, durante o segundo turno naquele ano, que seria vencido pela petista, Azevedo escreveu "Fora Dilma" e "petralhas". Em março de 2016, ele republicou críticas à cantora Preta Gil, que questionava a diversidade racial em protestos de rua organizados pela direita, à época para pressionar pelo impeachment de Dilma: "Esquerda caviar", escreveu o tenente-coronel.
Puxa - saco, para agradar Bolsonaro o tenente-coronel Gleyson da Silva atacou Preta Gil:
Cotado para substituir coronel noTSE também fez postagens políticas pedindo ‘Lula na cadeia’
Ele no espelho. Em ao menos três publicações antigas no Instagram, o tenente-coronel Gleyson Azevedo da Silva manifestou-se contra o PT e xingou o presidente Lula da Silva com palavras ofensivas
Favorito para substituir o coronel do Exército Ricardo Sant’Ana, afastado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da fiscalização das eleições por espalhar desinformação, o tenente-coronel Gleyson Azevedo da Silva também deve ficar de fora da equipe. O nome dele havia sido escolhido no Comando do Exército na noite desta segunda-feira, dia 8, mas a nomeação não deve ser oficializada pelo Ministério da Defesa. Assim como o antecessor, o tenente-coronel fez postagens de viés político em redes sociais. A publicação mais direta envolve mensagens como “Lula na cadeia”, “Fora PT”.
Em ao menos três publicações antigas no Instagram, o tenente-coronel Gleyson Azevedo da Silva manifestou-se contra o PT, a esquerda e os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, agora candidato novamente ao Palácio do Planalto, e Dilma Rousseff.
“Segundo este canalha, que se autoproclama como o mais honesto, até o Eduardo Cunha seria mais honesto que aqueles que vejo doarem suor e sangue trabalhando ou tentando o serviço público”, escreveu o tenente-coronel, em 2016. A mensagem era a legenda de um vídeo com o pronunciamento de Lula durante investigações da Operação Lava Jato, na qual seria condenado e preso – os processos por corrupção foram anulados.
Em publicação de outubro de 2014, durante o segundo turno naquele ano, que seria vencido pela petista, Azevedo escreveu “Fora Dilma” e “petralhas”. Em março de 2016, ele republicou críticas à cantora Preta Gil, que questionava a diversidade racial em protestos de rua organizados pela direita, à época para pressionar pelo impeachment de Dilma: “Esquerda caviar”, escreveu o tenente-coronel.
Gleysson constava numa lista com ao menos mais dois oficiais nesta segunda-feira. Ex-professor universitário, consultor e professor de cursos preparatórios para concursos públicos, o oficial formou-se em Engenharia de Comunicações e fez mestrado em Engenharia Elétrica no Instituto Militar de Engenharia (IME). Em postagens, ele se define como “professor, palestrante e coach”.
Assim como Ricardo Sant’Ana, Gleyson também trabalha no Centro de Desenvolvimento de Sistemas (CDS) do Exército, chefiado pelo general de Divisão Eduardo Wolsk. O general Wolsk vai tocar o procedimento de apuração contra Sant’Ana.
O Exército ainda não decidiu se o coronel afastado pelo TSE passará por uma sindicância, processo mais longo, ou por uma apuração de transgressão disciplinar, cujo rito é mais veloz. Ele está sujeito a punições previstas no Regulamento Disciplinar do Exército, que vão da advertência à exclusão.
Haverá abertura de prazo para que ele se defenda, mas oficiais já avaliam que as evidências são robustas e que o militar foi irresponsável no uso de seu perfil pessoal. O caso, no entendimento de outros militares da ativa, tumultua e contamina a participação da Defesa na fiscalização das eleições.
Os militares disseram que o ministro Edson Fachin, presidente do TSE, atropelou as intenções do Exército de trocar Sant’Ana. Para um deles, não havia necessidade de Fachin excluir o coronel por conta própria, mas os oficiais militares reconhecem que houve demora na escolha do substituto.