Uma menina deposita flores para as vítimas em frente à escola Vladimir Ribnikar, dois dias depois que um garoto de 13 anos usou as armas do pai para matar oito colegas e um guarda, em Belgrado, Sérvia, na sexta-feira, 5 de maio de 2023.AP - Darko Vojinovic
O presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, anunciou nesta sexta-feira (5) um grande plano de desarmamento após duas chacinas em menos de 48 horas neste pequeno país dos Bálcãs. De acordo com a ONG suíça Small Arms Survey, a Sérvia foi, em 2018, o terceiro país do mundo em termos de circulação de armas de fogo, atrás apenas dos Estados Unidos e do Iêmen, com 39 armas por 100 habitantes. Como isso pode ser explicado?
Os dois tiroteios, nos quais um total de 17 pessoas morreram, horrorizaram os sérvios. Seu presidente prometeu reduzir drasticamente o número de armas legais e enfrentar o problema das armas ilegais com o objetivo de alcançar o "desarmamento quase completo daSérvia".
O governo disse em um comunicado que queria "reduzir em 90% o número de armas pequenas em poder de indivíduos e empresas". O Ministério do Interior da Sérvia também "lançará um apelo público aos detentores de armas ilegais e dispositivos explosivos para que os entreguem [às autoridades] dentro de um mês, sem risco de processo".
A promessa de Vucic foi feita após a prisão, nesta sexta-feira (5), de um homem suspeito de matar oito pessoas e ferir pelo menos 14 outras.
Na década de 1990, como resultado das guerras que levaram ao fim da Iugoslávia e dos conflitos subsequentes nas diferentes áreas da região, um grande número de armas de fogo circulava nos Bálcãs. Já em 1989, sob o regime de Tito, 6,1 milhões de armas leves foram registradas, de acordo com um relatório do Ministério da Defesa e do Instituto de Relações Institucionais e Estratégicas da França (Iris), em 2017.
O fim dos combates levou a uma diminuição da demanda, mas não levou a uma diminuição do número de armas em circulação. A manutenção da indústria de armas local é um dos motivos, de acordo com o Iris. "Seja na Sérvia, na Croácia ou em Montenegro, armas pequenas e leves continuam a ser produzidas", explica o relatório. O relatório também destaca o "desvio dos estoques do exército" e a "corrupção", ligados em particular aos "baixos salários dos trabalhadores e à baixa remuneração dos soldados".
De acordo com a Small Arms Survey, havia, em 2018, 2,7 milhões de armas de fogo de propriedade de civis na Sérvia, para 7 milhões de habitantes. Dessas, 1,18 milhão estavam oficialmente registradas e 1,53 milhão não registradas.
Alguns dos fuzis de assalto usados nos ataques terroristas de 13 de novembro de 2015 em Paris foram produzidos pela antiga fábrica de armas da Iugoslávia. Em janeiro do mesmo ano,os assassinos do Charlie Hebdousaram um lançador de foguetes dos Bálcãs, informou a agência AFP em 2021.
O presidente da Sérvia prometeu "desarmar" o país reduzindo o número de licenças de porte de armas e enfrentando o problema das armas ilegais, que tem sido desenfreado desde as guerras da década de 1990. "Menos armas significará menos perigo para nossas crianças"
Texto por RFI
A chegada da primavera geralmente é sinônimo de terraços lotados em Belgrado, a capital da Sérvia. No entanto, neste sábado (6), a populaçéao demonstrou choque e raiva depois que dois tiroteios mataram 17 pessoas em 48 horas, causando comoção no pequeno país dos Bálcãs.
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As pessoas estão se perguntando: "Por quê? Na quarta-feira, um estudante de 13 anos em uma área nobre do centro de Belgrado abriu fogo em uma escola, matando oito colegas, sete meninas e um menino, além de um zelador.
Menos de dois dias depois, enquanto aSérviaainda estava se recuperando do choque de outro massacre, um homem de 21 anos assassinou oito pessoas com um rifle automático e feriu outras 13 em dois vilarejos a cerca de 60 quilômetros de Belgrado. Ele foi preso após várias horas de fuga.
Neste sábado (6), o segundo dia delutonacional declarado pelas autoridades, o trauma era palpável nas ruas de Belgrado.
As pessoas continuavam a se reunir do lado de fora da escola Vladislav Ribnikar, a maioria com lírios de calla nas mãos, e faziam fila para assinar um livro de condolências em uma mesa em frente à entrada da escola, guardada pela polícia.
As calçadas ao redor da escola foram transformadas em santuários improvisados, com montes de flores, brinquedos, cartas e poemas, em meio às manchas de cera que pingavam das velas.
Última homenagem
"Meu filho queria prestar sua última homenagem aos amigos", disse à AFP Zoran Radojicic, um farmacêutico de 51 anos, depois de assinar o livro de condolências, dizendo que estava "triste, mas acima de tudo com raiva".
O bairro, normalmente movimentado, mergulhou no silêncio, quebrado apenas por soluços abafados e o crepitar das chamas de velas.
"Todos nós somos culpados: os pais, o governo e o sistema educacional", disse Todor Dragicevic, um médico de 28 anos. "Não conseguimos resolver os problemas", concluiu.
NaSérvia, cerca de 39 em cada 100 pessoas possuem uma arma, a taxa mais alta da Europa para a posse de armas por civis, de acordo com o instituto de pesquisa Small Arms Survey (SAS).
As armas são uma parte importante da cultura do país, após séculos de ocupação, rebelião e guerra.
Apesar disso, os tiroteios são raros e os assassinatos em escolas são inexistentes na história recente daSérvia. O presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, prometeu "desarmar" o país reduzindo o número de licenças de porte de armas e enfrentando o problema das armas ilegais, que tem sido desenfreado desde as guerras da década de 1990. "Menos armas significará menos perigo para nossas crianças", disse ele.
Mas alguns questionam outras possíveis causas dos assassinatos. "Há muito mais agressividade na sociedade", disse Tamara Dzamonja Ignjatovic, presidente da Associação de Psicólogos daSérvia.
Suavizando o golpe
A mídia pró-governo glorifica o estilo de vida dos criminosos. Gângsteres condenados são as estrelas de programas de TV populares.
O próprio presidente Vucic mostrou imagens de corpos desmembrados de supostos criminosos em uma entrevista ao vivo em 2021, dizendo que era importante que os cidadãos "vissem com que tipo de monstros estamos lidando".
"Infelizmente, o comportamento ultrajante de um ser humano em relação a outro é incentivado, seja em reality shows ou no parlamento", disse Dzamonja Ignjatovic.
Mas a tragédia também mostrou um lado mais pacífico daSérvia. Após os tiroteios, as pessoas atenderam aos pedidos de doação de sangue e milhares saíram às ruas para prestar suas homenagens.
"Muitas pessoas demonstraram solidariedade e empatia, o que é o mais importante hoje (...) Não podemos voltar no tempo, mas podemos amenizar o golpe", disse Dzamonja Ignjatovic.
por Ana Carolina Albuquerque de Barros, André Antiquera Pereira Lima & Miguel Kupermann /Cult
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Recentemente, por motivo que nada tem a ver com a atuação parlamentar, alguns senadores e deputados da chamada bancada da Lava Jato voltaram a ter um protagonismo que há algum tempo tinham perdido.
Surfando na onda da trágica descoberta de ameaças à vida de autoridades públicas, aproveitaram o repentino palco para amplificar seus gritos contra o processo penal democrático e contra os direitos e garantias que não são apenas do réu, mas sim de todo cidadão.
Esse apelo exacerbado, cego e idiota ao punitivismo não é novidade, nem em nossa sociedade e muito menos para estes parlamentares novatos. Afinal, suas carreiras políticas decolaram muito antes de suas candidaturas, quando ainda se apresentavam apenas como paladinos da justiça, preocupados em combater a corrupção.
Mas qual seria o problema no desejo de combater a corrupção?
Nenhum, não fossem os meios empregados – desenfreados e muitas vezes ilegais – e a elevação deste desejo à categoria de uma ideologia política que, ao fim e ao cabo, suprime a própria política.
Isso porque se criou uma ideologia que apresenta um projeto político próprio – no aspecto econômico e de governança administrativa, por exemplo – que é mascarado por um discurso ancorado em um conceito abstrato.
Afinal, o que querem dizer quando falam em “combate à corrupção”? Será que eles ou seus interlocutores sabem qual o sentido que estão atribuindo à palavra corrupção? Será que nós sabemos?
Para alguns, talvez, combater a corrupção significa combater o crime chamado “corrupção”; para outros, combater todo e qualquer crime que envolva a administração pública. Há os que entenderão se tratar do combate à forma de fazer política, ao “toma lá dá cá”: troca de cargos por base no Congresso ou a distribuição de emendas. Há, também, quem imagine uma cruzada contra a suposta “corrupção de todo dia”: dirigir no acostamento, furar fila ou parar na vaga de idoso.
São diversos os significados que se atribuem corriqueiramente ao termo corrupção, quase todos de essência moral, o que acarreta grandes problemas.
Desde 2013 – com mais ênfase após a Operação Lava Jato ganhar protagonismo nos noticiários –, o tema da corrupção vem se fortalecendo ainda mais como elemento central da disputa política. Há quem vote “contra a corrupção”, independentemente de todo e qualquer outro critério ou linha política, o que pode, justamente, alçar ao poder pessoas que fogem ao critério absoluto de moralidade imposto pela narrativa majoritária.
Isso aconteceu em 2018, quando se elegeu, por exemplo, alguém que inegavelmente possui vínculos com a milícia (destaque-se, crime organizado) ou mesmo com escândalos que envolvem peculato.
A bem da verdade, nos últimos anos a palavra corrupção passou a significar mais do que, de fato, significa. Essa reflexão pode ajudar a entender como historicamente chegamos até aqui, mas também a identificar um importante entrave para a superação dos problemas que a política enfrenta na atualidade, como a própria ascensão e consolidação do neofascismo como força política relevante.
Quando uma palavra passa a significar qualquer coisa que quem a disse quer, estamos com um grave problema. Hoje, parece que uma grande parcela da população entende que corrupção é qualquer tipo de imoralidade relacionada à coisa pública, independentemente de um regramento. Ou seja, qualquer coisa que a pessoa entenda como imoral, em seu âmbito subjetivo, ou até mesmo da qual discorde por alguma razão, passa a ser considerada corrupção.
Um bom exemplo é o do ex-juiz Sergio Moro. Atualmente, pode-se afirmar, sem medo de errar, que sempre foi um personagem da vida pública absolutamente avesso à política democrática.
Apenas para que não se cometa uma injustiça, cabe uma breve recapitulação: rasgou todos os direitos individuais e fundamentais enquanto era juiz, desprezou a constituição, se valeu de todos os estratagemas mais vis na tentativa de aniquilar aquele que tinha por inimigo pessoal e para se projetar politicamente.
Ainda, aliou-se umbilicalmente ao neofascismo, que insuflou e com o qual colaborou para que vencesse as eleições de 2018, impedindo um candidato que (provavelmente) iria vencer as eleições de concorrê-las e, mesmo depois de afirmar que seus aliados autoritários e antidemocráticos eram, eles também, corruptos (no sentido amplo da palavra), voltou aos seus braços, escancarando a sua completa ausência de valores e a busca incessante pela autopromoção às custas do discurso do inimigo.
Sim, inimigo, pois em sua linha de combate à corrupção não há interesse na verdade, na preocupação legítima de fortalecimento das instituições e na proteção da coisa pública. Há, sim, o combate a um inimigo escolhido muito tempo atrás e revelado ao longo da Operação Lava Jato.
Quando se coloca o outro na posição de inimigo, ele é descaracterizado como indivíduo, o que permite que se tolere tudo para combatê-lo, como se os fins justificassem os meios. Parece familiar?
Essa figura nefasta da história política usou a toga de fantasia e o tribunal como palco, com a Operação Lava Jato, para propagar ainda mais o discurso de que a corrupção pode ser tudo o que queremos que ela seja. Isso, talvez, tenha facilitado que muitos passassem a achar normal a tentativa de criminalizar a própria política.
Junto com seus parceiros de empreitada, por desprezarem a própria política democrática, passaram a imputar como crime o exercício regular da política, como ocorreu em tantos processos da Operação.
Que fique claro: o problema não está em imputar crime a quem de fato o cometeu. O que fizeram, contudo, foi criar, contra a lei, uma interpretação de que corrupção é tudo aquilo de que subjetivamente discordavam, o que é grave quando se discorda da própria política democrática.
Afinal, na democracia a maioria não sufoca a minoria sem debate, mas disputa com ela, negocia, forma alianças, cede espaço em troca de apoio. Isso, por si só, não é crime como tantas vezes foi imputado na Lava Jato.
Então, concluímos que não. Corrupção não é qualquer coisa. Corrupção é coisa séria, é um crime. E não venham com o discurso que caiu como uma luva nos novos tempos, segundo o qual todos os problemas da nação advêm exclusivamente da corrupção: “Ah, é que o brasileiro é corrupto, começa em casa, quando se fura uma fila. Como esperamos que os políticos não sejam corruptos se nós, enquanto sociedade, não respeitamos as regras?”.
Não podemos tratar com a mesma palavra condutas absolutamente distintas: furar fila não é o mesmo que pagar propina. Pagar propina não se confunde, em todos os casos, com negociação parlamentar. Imoralidade com a coisa pública não será sempre corrupção, sem qualquer delimitação legal do que ela significa.
Enquanto sociedade precisamos garantir um mínimo comunicacional em comum. Quando se atribui um sentido distinto à palavra proferida, perdemos a capacidade de dialogar. Vale dizer: não temos como nos entender se, quando um diz corrupção, o outro entende imoralidade. Essa falha comunicacional talvez explique um pouco as dificuldades de diálogo que o país enfrenta.
Mais que isso, a histeria coletiva em torno do termo corrupção, no sentido amplo que se refere ao que cada um discorda ou entende como fora de seus parâmetros de moralidade, esconde a verdadeira disputa política que está sendo travada.
Não sejamos ingênuos. A confusão interessa, e muito, para muita gente. Há uma bancada inteira da Lava Jato sobrevivendo politicamente, requentando carreiras decadentes, com base nesse sentimento. Há uma oposição inteira que esconde seus ímpetos autoritários e fascistas com base nesse discurso, com muito voto de gente que não pensa efetivamente assim, mas que é contra a temida corrupção e ignora todo e qualquer outro critério de escolha, até mesmo o histórico corrupto de determinados candidatos.
A esse eleitor, interessa somente o combate ao inimigo que lhe apresentaram. A quem constrói o discurso, realmente, interessa a manutenção da “fábrica” de inimigos, alargando o conceito para que se possa carimbar a pecha de inimigo público em qualquer um que lhe interesse.
No fim, esse combate não passa de uma fumaça que esconde os reais interesses políticos e, caso queiram, pode servir a qualquer grupo.
É evidente que a corrupção é algo grave. E mais, qualquer forma de enriquecimento pessoal ou partidário às custas de qualquer conduta ilícita é grave.
Entretanto, os problemas que advêm da política são políticos. A desigualdade social, a fome, a falta de saneamento não são consequências da falta de dinheiro em razão da suposta corrupção, como muito se fala por aí. Pelo contrário, advêm de escolhas políticas, de disputas de interesses de classe e, enfim, de tantos outros motivos.
Quando a sociedade como um todo – a imprensa incluída – mascara as disputas políticas, fazendo-as parecer sempre disputas morais, a sociedade perde a capacidade de articulação e de superação dos obstáculos apresentados pela própria política. Perde a referência, não sabe o que verdadeiramente quer ou do que discorda.
Não vale tudo para combater a corrupção, ainda mais se nem sabemos, como sociedade, o que queremos dizer com isso. O crime de corrupção deve ser combatido com instituições fortes, controle, fiscalização e investigação. Disso não há dúvidas.
Agora, não vale vilipendiar a Constituição e os direitos caros a todos. Não vale realizar disputa política, dizendo-se contra uma corrupção que só é supostamente praticada pelo seu inimigo, com o exclusivo objetivo de mascarar as reais intenções das medidas e políticas em discussão.
Corrupção é corrupção. Improbidade é improbidade, divergência política é divergência política e luta de classes é luta de classes.
Sem resolver esse problema, continuaremos convivendo com grupos políticos abestalhados, que gritam por violação de direitos e supressão de garantias constitucionais conquistadas a duras penas pelas gerações passadas, o que recentemente vimos Deltan Dallagnol fazer no Congresso Nacional: bradar contra o Habeas Corpus e dizer que o Ministério Público é injustiçado no processo penal, demonstrando que, realmente, vale falar qualquer coisa para ganhar um palco, mesmo que seja mentira.
Sem isso, não enfrentaremos os reais problemas com seriedade. Não seremos capazes de combater, com medidas que efetivamente surtam resultados, por exemplo, o crime organizado que ameaça essas mesmas autoridades e toda a sociedade. Não será com supressão de direitos que nossos problemas serão resolvidos.
Precisamos retomar a capacidade de falar e sermos entendidos, de debater, de disputar democrática e politicamente e compreender, de verdade, quais são as discordâncias e interesses de cada grupo. Sem isso, colocando tudo na conta da corrupção, inimigo imaginário que vale para um e para outro lado, não entenderemos qual a política que esperamos para o nosso país.
A democracia fez o novo presidente da República eleito, Lula, por mais de 60 milhões de votos, derrotando Bolsonaro, que obteve pouco mais de 58 milhões de votos. Mas, terminada a eleição, se viu grupos nas ruas pedindo golpe militar.
Bolsonaro, no seu discurso irônico e perdedor, mantém esse movimento golpista ao assim se manifestar: "Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir…."
A Lei nº 14.197/21, inclusive aprovada por Bolsonaro, traz definição de crimes contra "o Estado democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais, com emprego de violência ou grave ameaça" — é o que cita o Artigo 359-L, com pena de reclusão de quatro a oito anos, além da pena correspondente à violência. E o Artigo 359-M — tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído — prevê pena de reclusão, de quatro a 12 anos, além da pena correspondente à violência [1].
Atos que não usam a violência, mas ameaçam a democracia com pedidos de uso de violência pelas Forças Armadas, também são crime.
Há previsão legal do crime de "incitação ao crime" do D.L. nº 2.848, e o parágrafo único dos Artigos 286 e 287, que prevê a criação de "animosidade entre as Forças Armadas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade", é bem claro e objetivo (2).
Essas "manifestações" se iniciaram bloqueando estradas em todo o país. As manifestações ofenderam o direito de ir de vir constitucionalmente, conforme o inciso XV do Artigo 5 — é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens [3].
Elas se desdobraram, após omissão e participação de agentes do Estado, em frente a quartéis do Exército. Apesar da garantia constitucional de livre reunião do Artigo 5 no termo XVI [4]. Também podemos incluir as práticas do Decreto Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, os Artigos 319 e 320. [5].
De toda forma, o Judiciário precisa ser instado a proibir tais manifestações, que desvirtuam a ordem constitucional. Evidente que elas não estão isentas de proibição, conforme cita o Artigo 5 nos termos constitucionais, XVIII, XIX e XXXV [6].
Para advogados que eventualmente postam, participam ou incentivam, tais atos devem ser punidos. É dever, pelo artigo 2º do Código de Ética: "V – contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis". O artigo 34 veda advogar contra literal disposição de lei (VI - advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando fundamentado na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em pronunciamento judicial anterior) [7].
Aqueles advogados que se referem à decisão do STF no caso Lula — que anulou seus processos — com deselegância e desrespeito, postando, falando em público descumprem o dever de zelar pela justiça (XIII - fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, alegações forenses ou relativas a causas pendentes). Acima de tudo, advogado que incentiva, participa ou divulga atos antidemocráticos mantém atividade incompatível com a advocacia (XXV - manter conduta incompatível com a advocacia).
O incentivo de golpe militar é crime, mesmo sendo desarmado! A tentativa é crime contra o estado democrático. A omissão de atitudes ou a participação prevaricação. Aos advogados, infração ética.
Todos que desrespeitam a constituição devem ser punidos. Se agentes públicos, demitidos ou exonerados. Os demais, impedidos de participar de concurso público. Os advogados, suspensos por processo ético na OAB. Não é possível deixar de aplicar as punições com as leis vigentes
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem incita, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade. Incluído pela Lei nº 14.197, de 2021) (Vigência);
Apologia de crime ou criminoso
Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime: Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: (Vide ADPF 881) Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.). Além indulgência criminosa em relação àquele superior hierárquico que não tomar providências quanto aos que praticarem crimes (Condescendência criminosa).
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.)
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Disse Jair Bolsonaro que não “vai dar refresco para bandido”, e que pretende condecorar inclusive o policial que “matar” no exercício de sua função.
“Temos que mudar isso. Eu prefiro um cemitério cheio de bandido que de inocentes. Os Direitos Humanos têm que se colocar no seu devido lugar e cuidar das vítimas. Bandido é bandido, e comigo não vai ter vez”, disse Bolsonaro.
O presidente Jair Bolsonaro mantém apoio ao projeto de lei que acaba com as mordomias para ex-presidentes, de autoria dele mesmo e do ex-deputado Delegado Francischini (PSL-PR), que tramita na Câmara. Mas um assessor do presidente sugeriu à relatora do projeto, deputada Caroline de Toni (PSL-SC), que sejam mantidos pelo menos dois seguranças, por tempo determinado, para ex-presidentes ameaçados de morte. Por Jenifer Ribeiro dos Santos, in Gazeta do Povo, 19/03/2020.
O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta segunda-feira a recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de soltar presos que façam parte de grupos de risco do coronavírus. Bolsonaro disse que, se dependesse dele, ninguém seria solto, porque os presidiários "estão muito mais protegidos dentro da cadeia".
— A decisão não foi do governo federal, não foi do Ministério da Justiça. Veio do Conselho Nacional de Justiça. Eu, se depender de mim, não soltaria ninguém. Afinal de conta, estão muito mais protegidos dentro da cadeia, porque nós proibimos as visitas íntimas, proibimos as visitas também nos presídios, de modo que estão bem protegidos lá dentro — disse Bolsonaro, durante entrevista à RedeTV. In O Globo, por Daniel Gullino, 30/03/2020
Maioria dos bolsonaristas radicais foi para Complexo da Papuda. Representantes da Defensoria Pública inspecionaram local e relataram superlotação
Por Bruna Yamaguti, g1 DF
Sanitário da prisão onde estão terroristas que invadiram prédios dos Três Poderes, em Brasília — Foto: DPU/Reprodução
A maioria dos homens foi para osblocos 4 e 6 do Centro de Detenção Provisória II, no Complexo Penitenciário da Papuda. Quandoos presos chegaram ao local, no dia 10 de janeiro, representantes da Defensoria Pública do DF (DPDF) e da Defensoria Pública da União (DPU) fizeram uma inspeção para avaliar as condições do presídio, que está superlotado:
Os blocos 4 e 6 da Papuda têmcapacidade para 196 presos
Segundo a DPU, foram colocadas 12 pessoas em cada cela que tem capacidade para 8 presos.
Como são as celas?
Prisão onde estão terroristas que invadiram prédios dos Três Poderes, em Brasília — Foto: DPU/Reprodução
Segundo o relatório da Defensoria Pública, as celas onde estão os bolsonaristas radicais têm:
Uma pia
Um chuveiro com água fria
Um vaso sanitário
O banheiro fica à vista de quem passa no corredor, sem privacidade para os presos realizarem suas necessidades.
As portas das celas são chapeadas e há algumas ventanas, que permitem iluminação e ventilação "mediana". Há camas de concreto e colchões, no entanto, o tamanho das celas não foi divulgado "por questões de segurança".
Objetos e bagagens que estavam com terroristas que invadiram prédios dos Três Poderes, em Brasília — Foto: DPU/Reprodução
Os bens pessoais dos manifestantes foram inicialmente alocados em um banheiro desativado pois, segundo a administração da penitenciária, "não havia outro local adequado para guardar o grande volume de objetos". Uma etiqueta identificava o dono das bagagens (veja imagem acima).
A Polícia Federal (PF) encontrou mensagens que indicam movimentações bancárias suspeitasno telefone do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, uma das principais figuras políticas que trabalham ao lado de Bolsonaro. As irregularidades teriam sido feitas no gabinete do presidente da República e apontam pagamentos fracionados, quitação de contas da família e de pessoas relacionadas com a mulher de Bolsonaro, Michelle. As informações foram divulgadas após a quebra de sigilo bancário e telemático (de mensagens e outros meios de comunicação) de Cid.
Em inquérito aberto pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, Cid foi ouvido na operação que averigua o vazamento da investigação sobre o ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas eleições de 2018. No caso, o irmão de Mauro Cid, Daniel Cid, publicou em suas redes sociais parte do processo compartilhado por Bolsonaro. Na ocasião, o ataque hacker foi utilizado pelo presidente para comprovar uma possível fraude no processo eleitoral – que o elegeu. A quebra de sigilo bancário foi ordenada pelo ministro e na análise do material foram encontradas essas manifestações suspeitas.
Entre as mensagens que levantaram as suspeitas da PF se encontram recibos de pagamento de boletos de plano de saúde e até prestações mensais fixas destinadas a tia de Michelle, que cuida da filha do casal em alguns momentos. Conversas também mostram integrantes da Ajudância de Ordens – um grupo dentro do gabinete de Bolsonaro – abordando saques em espécie e depósitos fracionados – que, de acordo com as investigações, podem apontar uma tentativa de mascarar a origem do dinheiro. A PF apura se tais pagamentos foram feitos com dinheiro público e se as transações valores partiram de cartões corporativos da Presidência.
Em nota, a assessoria do gabinete de Bolsonaro afirma que “todos os recursos não têm origem no suprimento de fundos. O presidente nunca sacou um só centavo desse cartão corporativo pessoal”. Com relação a participação de Mauro Cid e os pagamentos realizados a tia de Michelle, o Palácio do Planalto frisa que “Cid não fazia transferência de conta a conta. Ele sacava o dinheiro para a conta do presidente não ficar exposta, com o nome dele no extrato de outra pessoa”.As outras despesas são justificadas em gastos pessoais feitos com a conta pessoal de Bolsonaro.
A área concedida para exploração de ouro é 60 vezes maior do que o Parque Ibirapuera, em São Paulo
247 -Em 14 de dezembro de 2022, na reta final do governo Jair Bolsonaro (PL), o general Augusto Heleno, então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, autorizou a exploração de ouro numa área de 9,8 mil hectares vizinha à Terra Indígena Yanomami, em Roraima, relata aFolha de S. Paulo.
Além de ministro do GSI, Heleno era secretário-executivo do Conselho de Defesa Nacional, "a quem cabe dizer sim ou não a projetos de exploração de minérios na área de fronteira", explica a reportagem. A área concedida para exploração de ouro é 60 vezes maior do que o Parque Ibirapuera, em São Paulo.
A autorização foi dada a Creusa Buss Melotto, que já cumpriu pena de prisão por tráfico de drogas e que foi denunciada pelo Ministério Público por suspeita de receptação de pneus roubados.
O governo Bolsonaro é acusado de ter sido não só negligente, mas de ter promovido o genocídio do povo Yanomami. A gravidade da situação dos indígenas provocou uma viagem de emergência do presidente Lula (PT) e de alguns de seus ministros a Roraima. O cenário na terra indígena Yanomami, onde habitam 30,4 mil pessoas, é de emergência em saúde pública. De acordo com a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, pelo menos 570 crianças yanomamis morreram de fome por contaminação por mercúrio nos últimos quatro anos, o que é uma consequência direta da atuação de garimpeiros ilegais.
Sobre a autorização que deu para o garimpo na região, Heleno afirmou que "esses assentimentos prévios de garimpo têm um longo processo para que sejam regulados".
"O processo está corretamente instruído e seguiu a tramitação normal", declarou a Agência Nacional de Mineração (ANM). "A ANM solicita apenas os documentos previstos na legislação minerária. Pesquisas de vida pregressa, judiciais ou afins não são de competência da ANM, cabendo aos órgãos específicos judiciais e de polícia", comunicou ainda.
[Que diabo faz a GSI na Agência Nacional de Mineração? GSI deu alguma jazida para os colegas traficantes de coca no avião presidencial? Os traficantes eram militares, inclusive um tenente=coronel, funcionários do GSI do general Augusto Heleno]
Principal investigado é o ajudante de ordens do ex-presidente, mas materiais mostram que o ex-presidente estava ciente de tudo
por Yahoo! /Metrópoles
Investigações que correm no Supremo Tribunal Federal (STF), obtidas pelo Metrópoles, conectam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à suposta existência de um ‘caixa 2’ dentro do Palácio do Planalto e o ligam à realização de atos antidemocráticos.
De acordo com a reportagem publicada pelos jornalistas Rodrigo Rangel e Sarah Teófilo, um homem de confiança de Bolsonaro gerenciava o suposto 'caixa 2', que funcionava com dinheiro vivo proveniente de saques feitos a partir de cartões corporativos da Presidência e de quartéis das Forças Armadas.
O dinheiro era usado, entre outras coisas, para pagar um cartão com despesas pessoais da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro – criado no nome de uma amiga dela, Rosimary Cardoso Cordeiro, funcionária do Senado - e para pagar contas pessoais do clã presidencial.
As investigações estão sob o comando do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Entenda
O tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid – conhecido como “coronel Cid” – é o personagem central das investigações. Homem de confiança de Bolsonaro, ele era:
Ajudante de ordens do ex-presidente até o final do mandato;
Guardião do celular de Bolsonaro, atendendo ligações e respondendo mensagens;
Responsável por tarefas corriqueiras da família, como pagar as contas – a mais sensível, no caso;
Camareiro real
Ele também era encarregado de pagar contas pessoais da família de Michelle.
Muitas das operações realizadas pela equipe de Cid era com dinheiro em espécie, na boca do caixa de uma agência bancária localizada dentro do Palácio do Planalto.
Versão palaciana do miliciano Fabrício José Carlos de Queiroz.
A partir daí, os investigadores começaram a enxergar fortes indícios de lavagem de dinheiro. Além dos saques a partir de cartões corporativos, Cid recebia valores provenientes de saques feitos por militares lotados em quartéis de fora de Brasília. Uma zona.
76% dos brasileiros não aprovam o vandalismo dos Bolsonaristas. "As massas estão sendo manipuladas por agitadores fascistas"
247- O cantor de sertanejo Léo demonstrou apoio a bolsonaristas. O vídeo com as declarações do artista apareceu nas redes sociais em um contexto de investigação da Polícia Federal contra apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) que, no último domingo (8), invadiram o Congresso, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF).
"Quem revoluciona este País é o cidadão. Põe a boca no trombone", disse o cantor em vídeo publicado no Twitter.
A filósofa Márcia Tiburi disse que "lideranças como esse cantor do sertanejo precisam ser responsabilizadas". "Afinal, as massas estão sendo manipuladas por agitadores fascistas como esse que aparece no vídeo".
Nesta quarta-feira (11), vários bolsonaristas chegaram aosistema prisionaldo Distrito Federal depois de serem presos pela PF.
Não esquecer que os cantores sertanejos são meeiros de prefeitos que foram beneficados pelo orçamento secreto de Bolsonaro+Centrão, e pelas pecs de todos os pecados.
Evidentemente, lideranças como esse cantor do sertanejo universitário precisam ser responsabilizadas. Afinal, as massas estão sendo manipuladas por agitadores fascistas como esse que aparece no vídeo :
Carol com Lula
@doceamargurah
Cantor Léo apoiando atos antidemocráticos. Algo precisa ser feito, pessoas que motivam esses atos tbm tem que pagar por isso.
Jornalista Leonardo Soppa diz que ex-presidente cometeu muitos crimes, em associação com pessoas perigosas
Ex presidente porque abandonou o cargo.
O jornalista Leonardo Stoppa afirmou, no programa Leo ao Quadrado, em parceria com o jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, que Jair Bolsonaro corre riscos maiores do que o da simples prisão. "Bolsonaro corre risco de cadeia e de ser eliminado", diz ele. "Cometeu muitos crimes e sabe de muita coisa, sobre muita gente".
Na entrevista, Stoppa também falou sobre os rumores da separação entre Jair e Michelle Bolsonaro. "Michelle não vai soltar nada sobre o Bolsonaro. Ela não pode matar a galinha dos ovos de ouro". Mas ele lembra que Bolsonaro perdeu a coroa e deixou de ser intocável.
Stoppa também afirmou que a autoria do brutal assassinato de Marielle Franco já deve estar desvendada. E disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ter todo cuidado antes de se mudar para o Palácio da Alvorada.