Devido à ausência de foro por prerrogativa de função, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, determinou, na última quarta-feira (7/6), o envio à Justiça do Distrito Federal da ação penal na qual o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é réu por injúria devido a declarações dirigidas à deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).
Em dezembro de 2014, Maria discursou no Plenário da Câmara em defesa das vítimas da ditadura militar. Em seguida, Bolsonaro, à época deputado pelo PP-RJ, foi à tribuna para dizer que não ia estuprá-la porque ela não merecia. Mais tarde, ele repetiu a declaração em entrevista ao jornal Zero Hora. Afirmações foram feitas no Twitter Jair Bolsonaro, quando ainda era deputado, se desentendeu com a deputada Maria do Rosário e chamou ela de vagabunda...
Bolsonaro disse em 2014 que não estupraria Maria do Rosário porque ela não merecia
Maria do Rosário apresentou queixa-crime contra o então deputado. Em 2016, a 1ª Turma do STF recebeu a peça e instaurou a ação penal. Já em 2019, o processo foi suspenso, devido à imunidade temporária adquirida por Bolsonaro ao assumir a Presidência da República, válida para fatos criminais anteriores ao mandato.
Na nova decisão, Toffoli ressaltou que Bolsonaro perdeu o foro especial após o fim do seu mandato presidencial no último ano. Assim, o STF não tem mais competência para julgar o caso. O magistrado também explicou que a instrução processual ainda não está encerrada, ou seja, o processo ainda não está pronto para julgamento. Com informações da assessoria de imprensa do STF.
Quatro dias após os ataques de bolsonaristas que depredaram a Praça dos Três Poderes, em Brasília, 46 deputados americanos do partido Democrata enviaram carta ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na qual pedem que o governo do país tome medidas para que o território americano não seja usado como "refúgio" pelo ex-mandatário brasileiro Jair Bolsonaro, a quem os parlamentares conectam à invasão do Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF) no domingo (8/1).
"O ataque ilegal e violento em 8 de janeiro contra as instituições do governo brasileiro foi construído sobre meses de invenções pré e pós-eleitorais do Sr. Bolsonaro e seus aliados, alegando que a eleição presidencial de 30 de outubro havia sido roubada", afirmam os parlamentares a Biden, exortando o presidente a "cooperar totalmente" com o Brasil para esclarecer o papel de Bolsonaro no episódio. A carta foi enviada na noite de quarta-feira (11/01).
Bolsonaro está na Flórida desde o dia 30 de dezembro. Ele deixou o Brasil em um voo das Forças Armadas Brasileiras sem passar a faixa ao sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, e entrou nos EUA antes do fim oficial de seu mandato, possivelmente de posse de passaporte e visto diplomáticos - concedidos a chefes de Estado.
Bolsonaro costuma repetir que sempre jogou dentro das "quatro linhas da constituição" para refutar acusações de envolvimento com atos violentos. Sobre os atos de domingo, ele disse que "fugiam à regra" pela violência. Após os distúrbios de domingo, porém, o ex-presidente chegou a compartilhar em redes sociais um vídeo que dizia que Lula "não foi eleito", e sim "escolhido pelo STF e pelo TSE".
Depois de uma breve internação nos EUA por causa de uma obstrução intestinal, Bolsonaro disse à CNN que pretende voltar ao Brasil "nos próximos dias". Antes, o plano, segundo ele, era ficar até o final de janeiro nos EUA.
Nesta quarta (11/1), o secretário de Estado americano Anthony Blinken afirmou que o Brasil não solicitou formalmente cooperação para investigação nem entrou com pedido para extradição de Bolsonaro.
Revogação do visto
"O Sr. Bolsonaro voou para a Flórida antes do final de seu mandato (…) e estamos preocupados com os relatos de que ele atualmente reside em Orlando. Os EUA não devem dar abrigo a ele ou a qualquer autoritário que tenha inspirado tamanha violência contra as instituições democráticas. (…)", recomendam os parlamentares americanos, na carta a qual o Washington Post e a BBC News Brasil tiveram acesso.
Os legisladores prosseguem, pedindo que Biden revogue o visto diplomático americano de Bolsonaro.
"Segundo nosso entendimento, já que o Sr. Bolsonaro entrou nos Estados Unidos quando ainda era presidente do Brasil, ele pode ter feito isso com um visto A-1, que é reservado para indivíduos em visitas diplomáticas ou oficiais. Como ele não é mais o Presidente do Brasil e tampouco exerce atualmente o cargo de oficial brasileiro, solicitamos que reavalie sua situação no país para verificar se há base legal para sua estada e revogue qualquer visto diplomático que ele possa possuir", dizem os parlamentares.
A recusa de Bolsonaro em participar da transferência de poder, as inúmeras acusações sem provas de fraude eleitoral e seus ataques a membros do STF são listados pelos parlamentares americanos como indícios de que ele esteve por trás das cenas de destruição na capital federal no último domingo.
Na carta a Biden, os parlamentares pedem que o presidente coloque o FBI, a polícia federal americana, para investigar se e como os ataques à Praça dos Três Poderes foram planejadas em território americano. E que responsabilize legalmente possíveis mentores e financiadores dos atos em Brasília que estejam baseados na Flórida.
Bolsonaro é aliado próximo ao ex-presidente Donald Trump e a alguns de seus principais assessores, como Steve Bannon e Jason Miller.
As imagens dos ataques em Brasília, estampadas na capa dos principais jornais americanos, remetem os americanos à memória da invasão ao Capitólio por trumpistas em 6 de janeiro de 2021. O episódio, ocorrido no momento em que o Congresso dos EUA certificava a vitória de Biden, é considerado uma ferida aberta no país que se orgulha de ser a democracia mais antiga do planeta. Cinco pessoas morreram e centenas foram presas e respondem a processo - ou já estão condenadas - pelos atos.
'Conhecemos em primeira mão o impacto'
"Dois anos atrás, os EUA enfrentaram um ataque semelhante à nossa democracia. Conhecemos em primeira mão o impacto — imediato e de longo prazo — quando funcionários do governo subvertem as normas democráticas, espalham desinformação e fomentam o extremismo violento", escreveram os deputados na carta.
Após os ataques, Biden telefonou a Lula para expressar apoio e convidou o colega brasileiro a visitar a Casa Branca em fevereiro. O ex-presidente dos EUA Bill Clinton também telefonou a Lula e Barack Obama foi às redes sociais dizer que o sucesso da democracia no Brasil importa ao mundo todo.
A carta é a formalização de um mal-estar que circula entre a base democrata no Congresso o último domingo. A missiva foi liderada por Joaquín Castro, representante sênior da minoria democrata no Comitê de Hemisfério Ocidental da Câmara. À CNN americana, Castro disse no começo da semana que "os EUA não deveriam ser um refúgio para o autoritário que inspirou terrorismo doméstico no Brasil".
Outros colegas de Castro também vieram a público se posicionar. Uma das estrelas jovens e da ala mais esquerdista do partido, a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, conhecida como AOC, parte da ala mais à esquerda dos democratas, tuitou: "Os EUA devem deixar de dar guarida a Bolsonaro".
Mas mesmo figuras tidas como moderadas, como o deputado Gregory Meeks, assinaram a declaração a Biden.
A carta que pede revogação do visto de Bolsonaro e investigação pelo FBI tem uma dupla função: expressar eventuais sentimentos da Casa Branca que, politicamente, seriam sensíveis demais para a administração admitir em público e indicar ao governo Biden o que sua base congressista deseja ver acontecer.
Nesta quarta (11/1), 35 deputados americanos e 39 brasileiros divulgaram uma declaração conjunta na qual afirmam que "atores autoritários e antidemocráticos da extrema direita" agem em conluio para atacar as democracias do Brasil e dos EUA.
"Não é segredo que agitadores da extrema direita no Brasil e nos EUA estão coordenando esforços", escrevem os parlamentares, citando encontros o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, e de ex-assessores de Donald Trump, como Jason Miller e Steve Bannon, que "encorajaram Bolsonaro a contestar os resultados das eleições no Brasil". A declaração foi costurada peloWashington Brazil Office.
Os americanos acompanham de perto a movimentação política no Brasil. Antes da posse de Lula, os democratas fizeram uma articulação para destravar a nomeação da nova embaixadora americana no Brasil, Elizabeth Bagley, após quase dois anos sem representante de mais alto nível em Brasília.
Em setembro, poucos dias antes do primeiro turno, o Senado dos EUA aprovou resolução na qual recomendava que a Casa Branca reconhecesse o resultado do pleito tão logo ele fosse anunciado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Biden levou menos de 40 minutos para parabenizar Lula. A mesma resolução recomendava rompimento das relações bilaterais em caso de golpe militar no Brasil.
"Forças Armadas são instituições do Estado brasileiro. Não são instituições de quem está comandando o Estado", disse Múcio. Foto: José Cruz/Agência Brasil
Escolhido por Lula para ocupar a Defesa a partir do próximo ano, classificou sanha golpista de ‘falta de patriotismo’
Em suas primeiras declarações já na condição de futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro garantiu que “as Forças Armadas não apoiam qualquer movimento desses”, em referência a estímulos golpistas de grupos que não aceitam o resultado das eleições. O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), indicou hoje (9) o nome de Múcio para a pasta. Ele é considerado próximo de militares, mas será o primeiro civil a ocupar o posto em cinco anos. Ele defende que sua missão é pacificar e despartidarizar Exército, Marinha e Aeronáutica.
“Temos três forças. Sou capaz de dizer, hoje, que existem preferências distintas nessas três forças. Então, temos seis forças. Exército, Marinha e Aeronáutica que apoiam Bolsonaro e Exército, Marinha e Aeronáutica que apoiam Lula”, disse em entrevista para a GloboNews nesta tarde. Contudo, o futuro ministro avalia que existe ainda um movimento que foge desta regra. “Temos ainda os militares da reserva que ocuparam espaço na Esplanada”, comenta.
São estes militares que foram indicado aos montes por Bolsonaro para os mais diversos cargos no governo. Múcio defende que “precisamos colocar as coisas nos seus devidos lugares”. Isso porque “as Forças Armadas são instituições do Estado brasileiro. Não são instituições de quem está comandando o Estado. A sociedade respeita as Forças Armadas pela sua união, força e responsabilidade”, argumentou.
Defesa e patriotismo
Múcio afirmou que as Forças Armadas, sob comando de Jair Bolsonaro, chegaram a “exercitar a falta de patriotismo” através de estímulos golpistas. “Muitos que conclamam por golpe falam em patriotismo. Mas isso é falta de patriotismo”, defende.
Então, o futuro ministro disse que “precisamos juntar a todos. Nunca esse país precisou tanto que tivéssemos a consciência de que com um tropeço qualquer na democracia, todos sairemos prejudicados”.
De acordo com Múcio, existe um caminho concreto para preservar a integridade republicana e democrática das Forças Armadas. “As instituições estão preservadas. Então, precisamos apenas voltarmos para nossas funções. Comandante do Exército cuidar do Exército. É uma volta ao que sempre foi. A despolitização e a despartidarização das Forças Armadas. É uma coisa absolutamente necessária.”
O ministro
Múcio é considerado articulador. Ele foi presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) entre 2018 e 2020, ministro das Relações Institucionais entre 2007 e 2008, durante o governo Lula, e deputado federal por quase 20 anos (cinco mandatos) pelos partidos PFL, PSDB e PTB.
Ele é natural de Recife e formado em Engenharia Civil. Em 2014, quando ocupava cargo de ministro do TCU, votou pela reprovação das contas da presidenta Dilma Rousseff (PT). Ele também já recebeu elogios do presidente Bolsonaro. Hoje, durante a entrevista, ele amenizou as ameaças golpistas do presidente. Disse que “o entorno é pior do que ele”, mas que Bolsonaro “colocou sua digital” no movimento golpista. Em sua cerimônia de saída do TCU, em 2020, Bolsonaro disse: “Zé Múcio, se me permite, eu sou apaixonado por você, Zé Múcio. Gosto muito de vossa excelência”.
O empresário pastor evangélico Ivonélio Abrahão da Silva, 48, se apresenta como “Apóstolo Abrahão” e fundador da igreja MIRN (Movimento Internacional Restaurando as Nações). Com sede em Belford Roxo (RJ), a MIRN tem como slogan “a igreja da família feliz”. As redes sociais de Ivonélio, nas quais colocou como foto do perfil uma bandeira do Brasil, são alimentadas por basicamente três tipos de mensagens: sua participação em cultos, textos e vídeos a favor de uma empresa de supostos “investimentos financeiros” na qual seu filho atua, Patrick Abrahão, 24, e propaganda a favor da reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Nesta quarta-feira (19), Patrick foi preso pela Polícia Federal sob suspeita de movimentar um esquema financeiro com uso de criptomoedas e esmeraldas que teria prejudicado mais de 1 milhão de “investidores” em 80 países. A operação se chamou “La Casa de Papel” pois, segundo a polícia, o grupo, que já investia em pedras preciosas, vinhos e viagens, pretendia também montar um banco próprio.
Nas eleições de outubro, o “Apóstolo Abrahão”, Ivonélio, compartilhou no Instagram, onde tem 92,6 mil seguidores, mensagens a favor da reeleição de Jair Bolsonaro, incluindo um vídeo do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), preso sob acusação de ameaçar o ministro do STF Alexandre de Moraes, e outro citando Deus e o número eleitoral de Bolsonaro.
Em 2018, seu filho Patrick, que hoje tem 3 milhões de seguidores no Instagram, também fez campanha para Bolsonaro. Usando uma camiseta com o nome do então candidato, participou de pelo menos uma carreata em União dos Palmares, em Alagoas, onde a igreja MIRN tem uma filial.
O pastor Ivonélio também é “amigo de longa data” do deputado federal e pastor Marco Feliciano (PL-SP), um dos principais bolsonaristas no meio evangélico – a expressão “longa data” foi usada em vídeo pelo próprio parlamentar. “Estou aqui para me confraternizar com o senhor e com a igreja, com a sua família, por mais esse ano inspirador de vida que Deus tem nos dado. Sucesso, espero revê-lo em breve, um beijo no coração do Patrick e tô com muita saudade”, disse o deputado no vídeo postado em maio de 2018.
Patrick Abrahão empilha, nas redes sociais, fotos ao lado de carros de luxo, dentro de aviões e hotéis de luxo, aparentando viver uma vida agitada em lugares paradisíacos como Dubai e Cancun, no México. Casado com uma cantora gospel, Perlla, que tem 2,5 milhões de seguidores no Instagram, Patrick costuma publicar vídeos e mensagens motivacionais, como “dicas para alavancar o seu crescimento pessoal”, tudo girando em torno da empresa Trust Investing.
Um dos vídeos se chama “Primeiro milhão aos 21 anos, minha história no marketing multinível”. Ele alega que, durante a sua infância, ou seja, apenas cerca de dez anos antes do “primeiro R$ 1 milhão”, seu pai Ivonélio gerenciava uma padaria e recebia “R$ 300 ao mês para sustentar nossa casa”. Agora tudo tinha mudado. Atrás de Patrick aparece uma Range Rover pintada com a inscrição “eu confio Trust Investing”.
Em setembro de 2020, Patrick publicou mensagens com pelo menos três fotografias ao lado do deputado Marco Feliciano, numa delas afirmando que o parlamentar é seu “segundo pai que Deus me deu”. Também o chama de “amigo e meu pastor”. Em outra postagem, aparece dando de presente ao deputado um boneco de John Wick, um personagem do cinema, um assassino de aluguel interpretado pelo ator Keanu Reeves. O boneco Wick presenteado ao deputado, que pode ser comprado por R$ 500 na internet, carrega uma espingarda.
Em outra foto com Feliciano, Patrick colocou a hashtag #trustinvesting e escreveu: “Quero com muita alegria desejar bem vindo ao nosso amigo Pastor e deputado federal Marco Feliciano! É um prazer tê-lo conosco no mesmo intuito de ajudar milhares de pessoas pelo mundo inteiro! Obrigado pelo carinho e pela confiança de sempre”. Procurado, Feliciano respondeu à Agência Pública (ver abaixo).
‘Somos 1 milhão’, comemorou filho do pastor
Patrick criou uma certa “Rede PP”. No começo deste ano, divulgou a comemoração de que “somos 1 milhão”. “Hoje nossa família soma 1 milhão de pessoas. Há um tempo atrás eu não imaginava que poderia alcançar tanta gente.”
Essa “rede” foi explicada pelo próprio Patrick em um vídeo publicado em agosto de 2019, quando ele ainda não ostentava viagens caras ao exterior. Ele disse que os “investidores” da Trust Investing poderiam começar com US$ 15 e chegar ao máximo de US$ 100 mil. Depois do “investimento”, 65% do capital “vai para que a empresa opere dentro do mercado financeiro”, incluindo “duas mesas na Europa e uma no Brasil” e outros “investimentos como arbitragem de criptomoedas”, em especial a Bitcoin. Com o “lucro”, disse Patrick, a empresa “nos paga uma porcentagem” que vai de “0,1% a 5% ao dia”, com um máximo de 20% ao mês. Deu um exemplo: a empresa receberia do investidor US$ 100 e pagaria “
Por fim, Patrick disse que o “investidor” poderia também “desenvolver sua rede, criar sua equipe e poder expandir sua equipe”. Para essas pessoas, a Trust iria pagar dois tipos de “bônus”, como o “de indicação direta”. A empresa iria “reconhecer o esforço” do investidor sobre cada novo membro da rede e pagaria “10% sobre o valor aplicado”. Ou seja, se esse amigo investir US$ 1 mil, o investidor que o atraiu receberia na mesma hora uma “comissão” de US$ 100.
Em agosto de 2021, Patrick postou um vídeo que mostra uma multidão reunida no que chamou de “Mega evento Trust Investing”, com “inúmeros líderes e investidores e com a presença de vários convidados especiais, dando um up nos nossos trabalhos”. Segundo Patrick, foram “mais de 3 mil pessoas”. A festa teve telão e chuva de papel picado. Os membros da Trust aparecem chegando em carros de luxo. Vestindo um blazer brilhante, o pastor Ivonélio discursou no palanque e disse, para a câmera, “mais um evento da Rede PP, tenho certeza de que vai marcar sua história e marcar sua vida”.
Meses depois, a Trust começou a não pagar seus “investidores”, sob alegação de que houve um ataque hacker. Em março de 2022, Patrick anunciou, ao lado do “presidente” da Trust, Diego Chaves, que o problema já estava resolvido e que haveria “um plano de reparo”. Segundo Chaves, o “hackeio foi de mais de US$ 800 milhões”. Ele confirmou que havia pessoas “que ainda não recuperaram 100% do seu investimento, devido ao hackeio”.
De acordo com as investigações da Polícia Federal, a Trust Investing simplesmente não existe no Brasil, embora os responsáveis tenham dito que estava sediada na Estônia. Segundo a PF, o processo todo era uma pirâmide financeira, segundo o qual os clientes não eram obrigados, mas podiam atrair novos membros sob a promessa de incríveis taxas de retorno, de 20% ao mês ou 300% ao ano. Tal rentabilidade, segundo os especialistas, é impossível no mercado financeiro por meio de operações legais.
O esquema da pirâmide financeira precisa sempre agregar novos investidores. Com esse dinheiro novo é que são pagos os supostos “rendimentos”. Mas, em algum momento, o sistema desaba.
Segurança paga pela igreja
As imbricações entre Ivonélio, sua igreja, Patrick e a Trust Investing estão sendo mapeadas pela Polícia Federal. A investigação já descobriu, por exemplo, que a igreja de Ivonélio remunera a empresa de segurança privada encarregada da segurança pessoal do pastor, de seu filho e dos três principais outros operadores da Trust Investing – Diego Ribeiro Chaves, Fabiano Lorite de Lima e Cláudio Barbosa. Para a PF, as questões da igreja se misturam às da Trust e o pastor Ivonélio promove o filho e suas empresas em suas redes sociais.
O relacionamento do pastor com a Trust é explícito em diversos vídeos na internet. Em março passado, por exemplo, Ivonélio participou de uma live de 40 minutos ao lado do filho, Patrick, no qual explicou que “iniciamos nosso trabalho no ano de 2019 e toda conferência, toda reunião, nós oramos a Deus, buscamos a presença de Deus”. Contou que estava participando de reuniões que duraram “quatro a cinco dias”, “de oito a dez horas por dia”, com “executivos” para discutir “o plano de reestruturação” da Trust Investing. Naquele momento, a empresa estava sendo cobrada por diversos investidores, pois havia parado de pagar sob alegação de ter sofrido um ataque hacker. “Tudo o que a maioria dos senhores, ou todos que gostariam de ouvir, é que ninguém ficará sem receber”, tentou acalmar Ivonélio.
O pastor se apresenta na live como “do corporativo” ou dos “top 20”. “Em nome do corporativo eu venho aqui dizer que, na realidade, nós – em nome dos top 20 – pedimos para adiar um pouco mais para que a gente pudesse melhorar tudo aquilo que a empresa nos propôs no dia 21.” Nesse vídeo, Patrick diz que os hackers “roubaram, sim, muito dinheiro”.
Em outro exemplo contundente, um dia antes da deflagração da Operação La Casa de Papel, Ivonélio publicou um vídeo na sua rede social no qual aparece ao lado do filho e do “diretor de marketing” da Trust Investing, Fabiano Lima, que apresentou o pai e filho evangélicos como “líderes, amigos que estão aqui representando toda sua rede do Brasil, a maior rede do Brasil” e que estariam relatando “ameaças, pessoas que perderam a paz porque acreditam e pensam que Trust não vai voltar”. Lima disse que tem o compromisso “de pagar todos filiados no Brasil, na Espanha, em todos os países do mundo”.
“Deus abençoe a tua vida, Deus abençoe Diego, enfim. Pra mim é uma alegria muito grande estar aqui, Fabiano, porque você não mudou, continua a mesma pessoa desde quando eu o conheci. A Trust Investing, como o Patrick meu filho falou, tivemos momentos extraordinários, maravilhosos, tá, eu particularmente realizei sonhos que eu nunca na minha vida pensei em realizar, essa é a verdade. Foi através da Trust Investing. Momento difícil, quem não tem. Se passa. Obstáculo se pular, essa é uma realidade”, disse o “Apóstolo Abrahão”.
A PF já sabe que o pastor tinha, no início do ano, dois carros de luxo em seu nome, dois Porsche, um Boxster e um Cayenne V6, que passam de R$ 600 mil cada um no mercado.
No vídeo, Ivonelio diz ainda que “não só no Brasil, como a nossa equipe fora do Brasil, quero que todo mundo saiba que nós estamos aqui num momento difícil também, para dar a mão, juntos de mãos dadas somos mais fortes”. “Vamos voltar a sorrir”, disse o pastor.
‘Perplexidade e tristeza’, diz Feliciano sobre prisão de Patrick
A Agência Pública indagou ao deputado Marco Feliciano o que significa ser “bem-vindo”, como dito por Patrick no vídeo de 2020, ou seja, se ele prestou algum tipo de serviço à Trust Investing. Por escrito, o parlamentar respondeu: “Nesta data fui convidado para ministrar na igreja que seu pai [Ivonélio] pastoreava. Nunca trabalhei, nem nunca recebi nada desta empresa. Quero crer que era um bem-vindo a minha chegada ao culto e que a pregação ajudaria pessoas que estariam assistindo a transmissão ao vivo pela internet”.
Feliciano disse que recebeu a notícia da prisão de Patrick “com muita perplexidade e profunda tristeza”. “Conheci Patrick quando era solteiro, em um evento evangélico dirigido pelo seu pai que é pastor. Ele disse que minhas pregações o tocaram”. Sobre Ivonélio, o deputado disse que “somos irmãos de fé. Nos conhecemos na igreja. Estive com eles duas vezes, em dois cultos”. O deputado disse ainda que “não conhece” nem tem como avaliar o trabalho da Trust Investing e da igreja MIRN.
A Pública tentou manter contato com a igreja MIRN, mas o telefone indicado na internet não completava. Também tentou contato com os advogados de Patrick e de Ivonélio, mas não conseguiu localizá-los.
Nos vídeos que postou na internet, Patrick dizia que “a empresa é maravilhosa, é algo jamais visto dentro do mercado” e que suas operações tinham “sustentabilidade e transparência”. “Nossa empresa é nova no mercado, porém com uma experiência gigantesca”, disse Patrick em agosto de 2019. Em um vídeo, Ivonélio disse que o trabalho da Trust “tem mudado a vida de centenas de milhares de pessoas”.
Em 6 de outubro de 1988 fiz meu primeiro controle difuso de constitucionalidade. Recebi uma pilha de "Processos Judicialiformes" (os jovens nem imaginam o que seja isso) e escrevi que a Lei 4.611 não estava recepcionada. O juiz acatou a suscitação e passei a trabalhar sem o entulho da velha Lei.
Começava ali meu namoro com a Constituição. Porque com o constitucionalismo eu já estava enrabichado de há muito. Cambicho, como se chama enamorado em gauchês! Afinal, fizera mestrado bem antes, em 1983-84.
Na Introdução do meu livro 30 anos da Constituição em 30 julgamentos, escrevo a trajetória do Direito de lá para cá. Minha ode à Constituição e à Jurisdição constitucional está ali, "esculpida em carrara". Minha ode a essa balzaquiana. A Constituição é paradigma. Não só limita: constitui.
É isso. Sempre disse que a Constituição constitui. Cheguei a brincar com a palavra: A Constituição constitui-a-ação! Algo do tipo "como fazer coisas com a Constituição" imitando John Austin (how to do things with words).
2. As canções que escrevi pra você, Constituição!
As dezenas de livros que escrevi são minhas canções para a Constituição. Parafraseando o disco de Maria Bethânia (das músicas de Roberto Carlos), As Canções que você fez pra mim, poderia dizer "As canções que fiz pra você, Constituição". Porque você é a razão da existência do Direito. Por isso você tem cláusulas pétreas. Por isso construímos um quarto do pânico da democracia, para nos protegermos quando chegarem os bárbaros. Para nos protegermos quando a choldra vier atirando fogos e pregar o fechamento do STF. A Constituição nos constitui. Percebem a força dessas palavras?
Mas exatamente por isso estou em pânico institucional. A chave do quarto do pânico não está conosco. Está com o invasor.
3. Tantas lutas já travadas e, agora... a Constituição foi estapeada em um dia em que deveria ser enaltecida
Como diz Ferrajoli, e isso está em livros meus dos anos 90: garantismo é fazer democracia no e pelo Direito. Porque a Constituição é norma. Não é uma folha de papel. Não é política. Bebe na política, na moral, mas o Direito é que limita a política e não o contrário.
Constituição, meus caros. A constituição que constitui. Que funda o paradigma da filtragem institucional da política e da moral. O Direito sob sua melhor luz que nos coloca sob nossa melhor luz. Sei que não é fácil: há anos luto contra o desencantamento do Direito, tomado por ceticismo e teorias políticas de poder que lhe tiram o mínimo de autonomia.
No Brasil tudo é épico. Tudo é renhido. E tinha que ser, como na luta pela presunção da inocência, por margem apertada.
Meus textos são canções desafinadas cantadas por um menestrel que, jurassicamente, acredita no constituir da Constituição. Sim, com muita honra,
"hoje eu ouço as canções que fiz para a Constituição".
Algumas mais tristes. Com sofrências. Algumas em dueto. E algumas árias.
Tristemente, vemos o presidente da República fazendo palanque político usando a estrutura pública para campanha eleitoral no 7 de setembro. Tudo transmitido ao vivo e em cores. Até o porteiro de qualquer tribunal sabe que a lei eleitoral veda esse tipo de procedimento.
O problema é: o direito consegue dar uma resposta? As instituições funcionam?
O ex-ministro Ayres Brito disse muito bem: Bolsonaro violou a Constituição sob vários ângulos. "Nossa Constituição foi estapeada", conclui.
Pronto. Nada mais precisa ser dito. Ele disse o quantum satis.
Militares faziam treino para apresentação durante o 7 de setembro; Comando Militar do Leste fala que ocorrência foi ‘pontual’, causada por ‘evento meteorológico ocasional’; presidente Bolsonaro não visitou os feridos hospitalizados
por Pedro Medeiros /O Dia
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Os três paraquedistas caíram durante a tarde. Eles carregavam uma bandeira preta com brasão do exército e paraquedas nas cores do Brasil
Rio - Um dos militares acidentados durante treinamento na Zona Sul do Rio para a demonstração em homenagem aos 200 anos da Independência segue internado com quadro de saúde estável. Segundo o Corpo de Bombeiros, há relato de salvamento de mais um paraquedista que caiu no telhado de um edifício, em Ipanema.
O primeiro acidente foi registrado às 15h25 nas proximidades da Rua Raul Pompeia com a Rua Souza Lima, em Copacabana, Zona Sul carioca. De acordo com o Corpo de Bombeiros, Izaquiel Luiz, 35, teve ferimentos graves e foi levado para o Hospital Municipal Miguel Couto. Posteriormente, a Secretaria Municipal de Saúde informou que o militar foi transferido para o Hospital de Força Aérea do Galeão, na Zona Norte do Rio. O quadro de saúde é considerado estável, informou a unidade.
Três paraquedistas do Exército Brasileiro caíram em Copacabana e Ipanema, na Zona Sul do Rio, nesta terça-feira (6). Um deles ficou preso em cima de uma árvore.
Às 16h, os Bombeiros foram acionados para resgatar outro ferido, identificado como Roberto Pereira, de 40 anos, suboficial da Aeronáutica, que caiu em cima de um telhado de um imóvel na Rua Antônio Parreiras, altura do número 60, em Ipanema. De acordo com os Bombeiros, o paraquedista Pereira recusou o atendimento e embarcou em uma ambulância do Exército. Não há informações sobre o seu estado de saúde.
Já a terceira vítima, ainda não identificada, caiu no meio da Rua Francisco Sá, em Copacabana, e não se feriu.
O universitário Alexandre Nobre, 26 anos, que passava pelo local, contou que presenciou a queda. "Eu estava indo para academia e de repente ele caiu no meio da rua. Por sorte o trânsito estava lento na hora e ele caiu bem na frente de um táxi. Logo as pessoas foram ajudar e ele se levantou e saiu da rua sem muita dificuldade", disse.
Os três paraquedistas carregavam uma bandeira preta com brasão do Exército e paraquedas nas cores do Brasil. Em nota, o Comando Militar do Leste informou que militares são atletas de alto nível e que caso foi causado por "evento meteorológico ocasional".
"A Equipe de Salto Livre do Exército Brasileiro, os Cometas, e a Equipe Salto Livre da Força Aérea Brasileira, os Falcões realizaram, na tarde de hoje (6), treinamento para demonstração em homenagem aos 200 anos da Independência. Alguns militares pousaram fora do local previsto por conta de rajadas de vento, evento meteorológico ocasional. A ocorrência é pontual, não existe registro histórico. Ressalta-se que as equipes são compostas por atletas de alto nível e participam de competições nacionais e internacionais com resultados expressivos", disse o CML.
Ministros Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski foram empossados presidente e vice-presidente do TSE. Foto Antonio Augusto/Secom/TSE
por Danilo Vital /ConJur
Ideais republicanos, respeito pelas instituições, vocação pela democracia, liberdade de expressão, garantia do Estado Democrático de Direito e tempo de união foram os principais temas abordados pelo ministro Alexandre de Moraes, no discurso preparado para sua posse no Tribunal Superior Eleitoral.
Na noite de terça-feira (16/8), ele reuniu membros do Judiciário, do Legislativo e do Executivo, embaixadores, ministros de Estado, o presidente Jair Bolsonaro, quatro ex-presidentes da República e outros dois presidenciáveis na sede do tribunal, em Brasília, em um evento maiúsculo pós-epidemia a menos de dois meses da eleição.
Ao discursar diante dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, além de diversas outras autoridades, Moraes relembrou seu histórico pessoal, reforçou seu discurso de combate à desinformação e às fake news e, além disso, conclamou por um novo tempo de união.
Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, refutou muitas das estratégias usadas pelo presidente para atacar o sistema eleitoral, momentos que geraram rodadas de aplausos. Mas em diversos momentos chamou a atenção para a importância da presença do presidente da República no momento de transição da presidência do TSE.
Veja os principais trechos do discurso do presidente do TSE
Histórico pessoal
Hoje tomo posse no honroso cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral com os mesmos ideais com os quais iniciei formação acadêmica pela tradição da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em 1986: respeito à Constituição Federal; devoção aos direitos fundamentais, realização de Justiça rápida, efetiva e eficiente; fortalecimento das instituições; e concretização e aperfeiçoamento da democracia, pressupostos essenciais para o desenvolvimento do Brasil. Com humildade e serenidade, firmeza e transparência, juntamente com meus colegas de tribunal, direcionarei todos meus esforços para dar continuidade ao belíssimo trabalho que vem sendo realizado pelo TSE sob o comando do ministro Luiz Edson Fachin na organização das eleições gerais de 2022.
Elogios a Fachin
Nessa oportunidade, reitero meus cumprimentos ao ministro Luiz Edson Fachin, reafirmando minha honra em poder ter convivido durante sua presidência no tribunal. A firmeza de caráter, a excelência de postura e o competente trabalho são características natas do ministro Fachi, que nos deixa um importante legado de incansável e intransigente defesa do Estado Democrático de Direito.
O vice ideal
Faço um cumprimento especial ao ministro Ricardo Lewandowski, que me honrou com a possibilidade de compartilhar a responsabilidade da condução da Justiça Eleitoral, como amigo e companheiro de departamento da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e, mais que isso, meu professor e professor do ministro Toffoli, de teoria geral do estado, no longínquo ano de 1986, quando ingressei nas Arcadas. Durante esses 37 anos, minha admiração e amizade só foram crescentes. É uma tranquilidade poder contar nesse importante momento do país com parceria de um dos homens públicos mais competentes e experientes do país.
Michelle Bolsonaro, Michel Temer, Lula, José Sarney e Dilma Rousseff na posse de Alexandre no TSE
Respeito pelas instituições
A Justiça eleitoral não poderia comemorar melhor e de maneira mais honrosa seus 90 anos de instalação. Com a presença, nessa cerimonia, do chefe de Estado de governo, presidente Jair Bolsonaro, do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do presidente da Câmara, Arthur Lira, do nosso presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, bem como dos ex-presidentes da República, José Sarney, Dilma Roussef, Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer. E com a presença de 22 governadores de estado.
Essa cerimônia simboliza o respeito pelas instituições como único caminho de crescimento da República e a força da democracia como único regime politico, onde todo poder emana do povo e deve ser exercido pelo bem do povo. Somos 156,4 milhões de eleitores aptos a votar. Somos uma das maiores democracias do mundo em termos de voto popular — estamos entre as quatro maiores. Mas somos a única democracia do mundo que apura e divulga os resultados eleitorais no mesmo dia, com agilidade, segurança, competência e transparência. Isso é motivo de orgulho nacional.
Histórico conturbado
A Justiça eleitoral atua com competência e transparência, honrando — e continuará a honrar — sua histórica vocação de concretizar a democracia e a autêntica coragem para lutar contra forças que não acreditavam no Estado Democrático de Direito e que pretendiam, à época de sua instalação, continuar capturando a vontade soberana do povo, desvirtuando os votos que eram colocados nas urnas.
Aqueles aqui presentes que, como eu, atuaram como promotor eleitoral — eu em Aguaí (SP) — ou fiscais sabem bem do que estou falando: o desvirtuamento das urnas, os votos riscados, a caneta que se colocava no punho. E a Justiça Eleitoral, com coragem, competência e transparência, simplesmente encerrou essa nefasta fase da democracia brasileira.
A vocação pela democracia e a coragem de combater aqueles contrários aos ideais constitucionais e aos valores republicanos de respeito à soberania popular permanecem nessa Justiça Eleitoral e nesse Tribunal Superior Eleitoral, que continuamente vem se aperfeiçoando, principalmente com a implementação e melhoria das urnas eletrônicas.
Segurança das urnas
O aperfeiçoamento foi, é e continuará sendo constante. Sempre, absolutamente sempre para garantir total segurança e transparência ao eleitorado nacional, como demonstra a implementação da biometria, que só não foi finalizada em virtude da trágica pandemia da Covid-19.
Esse aperfeiçoamento sempre será constante e permitiu que, em todas as últimas eleições, os resultados fossem conhecidos no mesmo dia da votação. Importante destacar — isso me veio à mente quando o discurso já estava pronto, mas deu tempo de incluir — que se somarmos os votos dados no primeiro e segundo turnos das eleições gerais em 2018, temos aproximadamente 180 milhões de votos. 180 milhões de vezes que brasileiras e brasileiros apertaram a urna eletrônica, confirmaram seu voto e a Justiça Eleitoral computou e depois proclamou o resultado.
A democracia que todos queremos
A Justiça Eleitoral nada mais é do que um instrumento constitucional para o exercício seguro e transparente das escolhas democráticas pelos brasileiros e brasileiras, em respeito à soberania da vontade popular, um valor estruturante essencial e imprescindível na construção e fortalecimento de uma democracia estável, justa, igualitária e solidária. Tenho absoluta certeza que é democracia que todos nós aqui presentes queremos para o Brasil.
Liberdade
A mais importante — e aqui não há nenhuma dúvida —, garantia da democracia configura-se na liberdade do exercício do direito de voto e deve ser efetivada, tanto com observância do sigilo do voto, plenamente garantido pelas urnas, quanto pela possibilidade de o eleitor receber todas as informações possíveis sobre os candidatos — suas opiniões, preferências, propostas — pela imprensa, redes sociais, por informações dos candidatos, durante a campanha eleitoral.
A liberdade no exercício do direito ao voto exige a ampla liberdade de discussão e de informação, no sentido de proporcionar ao eleitor a escolha livre e consciente. Impedir qualquer coação, opressão por grupos políticos ou econômicos. A liberdade do direito de voto depende preponderantemente da ampla liberdade de discussão, de maneira que deve ser garantida aos candidatos a ampla liberdade de expressão e manifestação, possibilitando ao eleitor acesso às informações necessárias para o exercício da livre destinação do seu voto.
Liberdade de expressão
Tanto a liberdade de expressão quanto a participação política em uma democracia representativa só se fortalecem em ambiente de total visibilidade e possibilidade de exposição crítica das diversas opiniões sobre os principais temas de interesse do eleitorado e seus próprios governantes. A democracia não resistirá nem existirá onde a liberdade de expressão for ceifada, pois constitui essencial condição ao pluralismo de ideias, valor estruturante para funcionamento do sistema democrático.
Nesse cenário, a livre circulação de ideias, pensamentos e críticas visa a fortalecer o Estado Democrático de Direito e democratização do debate no ambiente eleitoral, de modo que a intervenção da Justiça Eeleitoral deve ser mínima, em preponderância ao direito de liberdade de expressão dos candidatos, candidatas e do eleitorado. É plena a proteção constitucional da exteriorização da opinião, o que não permite a censura prévia pelo poder público. Entretanto, essa plena proteção constitucional não significa impunidade. Não significa a impossibilidade posterior de análise e responsabilização por eventuais informações injuriosas, difamantes, mentirosas e fraudulentas. O direito à honra, intimidade, vida privada e à imagem formam a proteção da dignidade da pessoa humana, salvaguardando espaço instransponível por intromissões externas.
Discursos de ódio
A Constituição Federal não permite a propagação de discurso de ódio, de ideias contrárias à ordem constitucional e ao Estado Democrático de Direito. Tampouco a realização de manifestações pessoais, nas redes sociais ou por meio de entrevistas visando rompimento do Estado de Direito ou a consequente instalação do arbítrio.
A constituição não permite, de maneira irresponsável, a efetivação do abuso no exercício de direito constitucionalmente consagrado. Não permite liberdade de expressão como escudo protetivo para prática de discurso de ódio, ameaça, violência, infrações penais e toda sorte de atividades ilícitas.
Não canso de repetir e não poderia deixa-lo de fazê-lo: liberdade de expressão não é liberdade de agressão; não é liberdade de destruição da democracia; de destruição das eleições; da dignidade e da honra alheias. Liberdade de expressão não é liberdade de propagação de discurso de ódio e ideias contrárias à ordem constitucional e ao Estado de Direito. Inclusive durante a propaganda eleitoral, uma vez que a plena liberdade do eleitor para escolher seu candidato depende da tranquilidade e confiança nas instituições democráticas e no próprio processo eleitoral.
Papel da Justiça Eleitoral
A intervenção da Justiça Eleitoral será mínima, porém célere, firme e implacável no sentido de coibir práticas abusivas ou divulgações de notícias falsas ou fraudulentas. Principalmente naquelas escondidas no covarde anonimato das redes sociais, as famosas fake news. E assim atuará a Justiça Eleitoral, de modo a proteger a integridade das instituições, o regime democrático e a vontade popular. A Constituição Federal não autoriza que se propaguem mentiras, que se atente contra a lisura e a normalidade das eleições.
Democracia sempre
A democracia não é um caminho fácil, exato ou previsível. Mas é o único caminho. A democracia é uma construção coletiva daqueles que acreditam na liberdade, na paz, no desenvolvimento, na dignidade da pessoa humana, no emprego, no fim da fome, na redução das desigualdades, na prevalência da educação, na garantia de saúde de todas as brasileiras e brasileiros. É a construção coletiva de todos que acreditam na soberania popular. E de todos que acreditam e confiam na sabedoria popular, que acreditam que nós todos somos passageiros. As instituições devem ser fortalecidas, pois são permanentes, imprescindíveis para um Brasil melhor e de sucesso e progresso, para um Brasil com mais harmonia, justiça social, igualdade e solidariedade, com mais amor e esperança.
Tempo de união
A presença de todos no Tribunal da Democracia nos honra e dignifica a Justiça Eleitoral. A presença do presidente da República, Jair Bolsonaro, do chefe do Poder Judiciário, ministro Luiz Fux, dos presidentes da Câmara, deputado Arthur Lira, e do Senado, senador Rodrigo Pacheco, do procurador-geral da República, Augusto Aras, e todos os ministros do Supremo Tribunal Federal, dos 22 governadores, dos prefeitos de grandes capitais, das mais altas autoridades dos três Poderes e quase cinco dezenas de embaixadores demonstra que é tempo de união. É tempo de confiança no futuro. E, principalmente, tempo de respeito, de defesa, fortalecimento e consagração da democracia. Viva a democracia. Viva o estado de direito. Viva o Brasil. E Deus abençoe o povo brasileiro.
Priscila morreu com um tiro no peito; para Polícia Civil, ela cometeu suicídio
Delegado da Polícia Civil foi para a cirurgia e exame de detecção de pólvora não foi feito nele, apenas em Priscila Delgado, que, segundo as investigações safadas, cometeu suicídio
por Arthur Stabile e Paulo Eduardo Dias /Ponte
O exame residuográfico, que detecta presença de pólvora, não foi feito nas mãos do delegado Paulo Bilynskyj, 33 anos, que ficou ferido apósuma briga que terminou com a morte da namorada dele, a modelo Priscila Delgado, 27. O caso aconteceu (20/5), em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, e está sendo investigado.
Segundo o registro da ocorrência, o exame não foi feito porque Bilynskyj estava passando por uma cirurgia após ser baleado. De acordo com a Polícia Civil, que Bilynskyj é delegado, Priscila teria atirado contra ele e, depois,se matado com um tiro no peito. O teste em Priscila deu positivo para a presença de pólvora. O de Paulo não foi feito.
Para o perito forense particular Eduardo Llanos, a ausência dessa prova “chama muito a atenção”. “É feito o exame residuográfico na maioria dos casos, mesmo nas mãos de vítimas feridas ou bandidos feridos quando levados a hospital”, explica.
O profissional considera que houve um erro que compromete a versão do delegado. “Não há como dar 100% de crédito à história que ele está contando. Por que omitir uma prova que pode confirmar a inocência do delegado?”, questiona.
Hernández também detalha que o exame residuográfico é um dos elementos da investigação, mas não o único. “Há elementos secundários, como tatuagem, a fuligem, a queimadura, [em que] dá para estimar qual foi a distância do tiro. Se o orifício de entrada da lesão apresenta tatuagem, que são de pólvora em combustão, e num raio de 10 a 30 centímetros, eu afirmaria que foi homicídio. Tiros à queima-roupa, em curta distância, eu falaria que foi suicídio. Dificilmente a pessoa vai se matar com um tiro no peito e não vai encostar a arma. Tanto na temporal, no peito, no palato, também”, analisa.
O perito Eduardo Llanos destaca que, mesmo com o exame residuográfico dando positivo, existe a possibilidade de a pessoa não ter atirado e ter sido “contaminada” pelo disparo alheio. “Se eu deflagro um projétil de arma de fogo em um local fechado, há mais fácil concentração do chumbo nas vestes e nas mãos”, detalha. “Eu posso passar minhas mãos na de outra pessoa e vou transferir esses resíduos e vai parecer que a outra pessoa também deflagrou um projétil”, exemplifica.
Há outra possibilidade de o chumbo ficar na mão de uma vítima, como explica Llanos. “Também pode ser um ato de defesa. Quando há a possibilidade de quem vai deflagrar o projétil, a pessoa tenta se proteger e também vai ficar com resíduos de pólvora nas mãos”.
Além disso, ele cita que as vestimentas do delegado, quando socorrido, e a análise de seu celular tem relevância na investigação. “Segundo o que se comenta, ele estava no banho, tem que ver se chegou até o elevador com quais roupas. Se estava vestido, não é de se confiar no depoimento”, explica.
Outro lado
No apartamento do casal foram apreendidas armas e munições, entre elas duas pistolas, dois fuzis, uma metralhadora e uma espingarda. A defesa informou que todas são legalizadas e que já entregou os registros para a polícia.
“Me parece que foi uma situação muito inusitada dizer que uma mensagem interceptada por ela de uma ex-namorada do doutor Paulo pudesse despertar nela uma ira ao ponto dela disparar todas essas vezes contra o doutor Paulo, e depois virar essa arma para o seu próprio peito e disparar um tiro mortal”, declarou o advogado da família de Priscila, José Roberto Rodrigues da Rosa, ao programa.
Publicação feita pelo delegado na manhã que ele foi baleado
Na versão de Bilynskyj, ele estava tomando banho quando Priscila entrou no banheiro com uma arma e disparou em sua direção diversas vezes. O motivo seria mensagens que ela leu no celular dele.
O delegado, então, teria corrido ao elevador para pedir ajuda. Policiais militares acionados o socorreram e, depois, foram até o apartamento e encontraram a modelo caída no chão com um tiro no peito. Ele não detalhou para a polícia se viu a modelo disparando a arma contra si mesma ou se ouviu o tiro e associou ao suicídio. Paulo atua como instrutor de tiros e é um defensor do armamento para defesa pessoal. Ele mantém um canal no YouTube chamadoProjeto Policialcom mais de 350 mil seguidores e dá aulas na Estratégia Concursos, instituição que prepara para concursos públicos, entre eles o da carreira policial.
O cientista forense Sérgio Hernandez faz análise semelhante e destaca que quem teria que ter feito a solicitação dessa perícia é o delegado que registrou a ocorrência. “Houve negligência, omissão. Todos os casos balísticos, onde se efetue tiros de arma de fogo, tanto a vítima, como o suspeito, o agressor, eles devem passar pela coleta de resíduos, obrigatoriamente, para verificar se essas pessoas efetuaram ou não os tiros”, explica.
Segundo ele, o disparo no peito é comum em casos de suicídio, mas para detecção do que realmente houve é preciso analisar o sentido do tiro e o direcionamento. “Se foi de frente para trás, se foi de baixo para cima, de cima para baixo, esquerda para direita ou direita para esquerda”, explica o cientista forense.
O perito alerta que os exames de trajetória da bala tem fundamental importância no caso, bem como de “hematologia forense”, responsável por analisar o comportamento do sangue.
“E outra coisa, se essa suposta infidelidade ou ciúme é verdadeiro, é preciso ser periciado o celular. Existe uma infinidade de provas que são necessárias para determinar a dinâmica e a responsabilidade de qualquer um deles no caso”, destaca.
Em entrevista aoFantástico, da TV Globo, a advogada Priscila Silva da Silveira, que representa o delegado Paulo Bilynskyj, afirma que só será possível saber o que aconteceu naquele dia após a conclusão das investigações. “É a perícia e o Paulo, quando ele foi extubado”, disse a defensora.
Também em entrevista aoFantástico, familiares de Priscila Delgado de Barrios afirmaram que não acreditam na versão de Paulo de que a modelo atirou nele e depois se matou. “Primeiro pelo pouco tempo que ela teria de manuseio com arma. Não acredito que ela teria essa vontade de querer matar outra pessoa. Ela não gostava que maltratasse animal, ela preservava muito a vida, as relações”, disse um parente.
Todo poder que Paulo Bilynskyj tem... vem de suas relações tenebrosas com a família Bolsonaro, principalmente com o deputado federal por São Paulo Eduardo Bolsonaro, de residência desconhecida.
Bilynskyj foi nomeado embaixador dos Bolsonaro na propaganda e criação de clubes de tiro. E de milícias eleitorais armadas.
Eduardo Bolsonaro e Paulo Bilynskyj na inaguração de um clube de tiro
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Pastor de Michelle Bolsonaro é acusado de acobertar golpe de colega em fiéis Dona de casa que perdeu R$ 726 mil reais apresentou mensagem em que é ameaçada por Josué Valandro Jr., pastor que orou ao lado de Bolsonaro em 2018 Leia mais: https://bit.ly/3ztymC7
Juiz Renato Borelli, que determinou a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro, vem sofrendo ataques e ameaças de bolsonaristas e de "grupos de apoio" ao ex-ministro
Segundo a assessoria de imprensa da 15ª Vara Federal de Brasília, Borelli vem recebendo “centenas de ameaças” originárias de "grupos de apoio" ao ex-ministro. "Os pedidos de investigação já foram encaminhados para a PF [Polícia Federal]", destacou a corte por meio de nota.
Apesar das acusações feitas pelos bolsonaristas, Borreli já condenou políticos de variados espectros e partidos políticos.
Determinou que João Paulo Cunha devolvesse R$ 11 milhões aos cofres públicos e Marcos Valério, R$ 536,4 mil.
Determinou que Bolsonaro fosse obrigado a usar máscara em 2020 com R$2mil/dia de multa por descumprimento.
Determinou suspensão da assistência médica da Câmara ao ex-deputado Rocha Loures (MDB), ex-assessor especial de Temer, e obrigou o emedebista a devolver salários recebidos no período em que esteve afastado.