Essa divergência se agravou porque, nestes três anos e meio de governo Bolsonaro, vocês mantiveram o mesmo apoio, fazendo-se cegos e surdos à necessidade de separar o joio do trigo, no dizer de uma parábola que conhecem melhor que eu.
Imagino que agora, com a revelação desse escândalo com três pastores envolvendo o Ministério da Educação, possamos rediscutir e restabelecer o diálogo.
Como já deixei claro, nunca coloquei em debate vocês e outros familiares e amigos por serem evangélicos. A questão da opção religiosa é individual e cada um tem a liberdade de crer ou ser o que achar melhor para si.
Minha divergência vinha do fato de achar um absurdo vocês e as entidades dirigentes dos evangélicos apoiarem um candidato à presidência que, exceto o nome Messias, nada tinha de evangélico.
Um apoio em troca de vantagens, verbas, cargos e ministérios.
Ora, gente de Deus não faz acordo com o Diabo, existem numerosos versículos bíblicos a esse respeito.
Alguns líderes evangélicos já se pronunciaram porque – e sobre isso já escrevi mesmo artigos – o evangelismo brasileiro de uma maneira geral vai ter além da cobrança terrena a “cobrança divina” , podemos dizer, por ter se envolvido com corruptos e com políticos desonestos, em lugar de usar os templos e os cultos e as pregações apenas para falar do Evangelho e não para fazer propaganda política em favor de pessoas.
Foi um enorme êrro, que vai ter um custo em termos de perda da imagem e da credibilidade no Brasil.
Mas, é claro, pode ser que, ouvindo só a propaganda do governo nas rádios, tvs e Internet, vocês prefiram continuar acreditando nos pastores e, por tabela, no presidente Bolsonaro.
Se vocês, se seus líderes fizerem isso, não preciso ser profeta para dizer que o estrago dentro das igrejas será bem maior, pois a falta de credibilidade gerará a descrença.
Na vida, as vezes temos a chance de corrigir erros cometidos.
É sua chance, de sua igreja, do seu pastor.
E se fizerem isso voltarei a respeitá-los.
Uma abraço fraterno de quem acredita num mundo melhor.
Rui Martins.
(Carta publicada também no Facebook e Youtube. A versão vídeo está em https://youtu.be/VC-51al5bgk )