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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

24
Jan22

Xadrez do grande negócio de Sérgio Moro com a Alvarez & Marsal

Talis Andrade

 

Peça 1 – a indústria do compliance

Quando se decidiu que o COAF ficaria com o Banco Central, Moro arrancou um decreto de Bolsonaro que permitiu a indicação dos delegados Erika Marena e Márcio Anselmo - do grupo da Lava Jato.

22
Mar21

Nova petição da defesa de Lula comprova crime de lesa-pátria cometido pela Lava Jato

Talis Andrade

Pin em SAAB

Procuradores da "lava jato" queriam envolver EUA em caso de compra de caças

por ConJur

Embora não ligassem para a quebra de empresas brasileiras, os procuradores da extinta "lava jato" de Curitiba queriam defender os interesses da multinacional norte-americana Boeing. A informação consta em uma nova leva de mensagens enviadas pela defesa do ex-presidente Lula ao Supremo Tribunal Federal nesta segunda-feira (22/3).

Além do entreguismo puro e simples, os integrantes do Ministério Público Federal no Paraná sempre estiveram de olho em parte de eventuais multas aplicadas contra empresas nos Estados Unidos. 

As conversas envolvem a compra de nove caças da sueca Saab. A operação, que visava atualizar a frota da Força Aérea Brasileira (FAB) envolveu três gestões, começando com Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e sendo concluída no governo de Dilma Rousseff (PT). 

Ainda assim, os procuradores queriam pegar Lula por suposto tráfico de influência na negociação dos caças e, para isso, resolveram envolver autoridades dos Estados Unidos.

"Vou verificar a situação da SAAB Gripen junto aos EUA, mas em princípio não são emissoras de ações lá. Então para haver o interesse americano, precisaremos identificar alguma conta bancária ou transmissão de email que tenha se valido de provedor americano (o que é fácil)", diz o procurador Paulo Galvão a colegas em 5 de agosto de 2016. 

"Não sei se eles conseguem atuar só com base no fato de uma empresa americana ter sido prejudicada na concorrência", prossegue. A empresa citada é a Boeing, uma das companhias que participou das negociações das aeronaves, mas acabou perdendo a concorrência para a Saab.

Como a "lava jato" considerava que o material disponível não era o suficiente para imputar crimes a Lula, já que "sem a intervenção [do ex-presidente] no financiamento, o fato é atípico", eles pretendiam identificar "um servidor público da ativa" na época da compra dos caças "para ser denunciado em conjunto" com o petista. 

"Importante destacar, à luz dos mesmos diálogos, que os membros da 'força-tarefa' agiram como uma espécie de despachantes de agências estrangeiras, em especial do DoJ [Departamento de Justiça dos EUA] e da SEC [Securities and Exchange Commission]", afirmou a defesa do ex-presidente no documento enviado ao STF. 

Defendem Lula os advogados Cristiano ZaninValeska MartinsEliakin Tatsuo e Maria de Lourdes Lopes.  

 

"Nada de anormal"


Conforme mostrou a ConJur em 1º de março deste ano, o MPF não via "nada de anormal" na compra dos caças suecos. O ex-presidente acabou virando réu mesmo assim. 

Dois meses antes da apresentação da denúncia formal pelo MPF do Distrito Federal, o assunto foi abordado pelo procurador identificado como "Orlando SP", provavelmente Orlando Martello, que atuava no Paraná. 

Orlando comenta que as investigações apontaram não haver "nada de anormal" na opção pelos caças suecos, mostrando que "a questão foi vista mais como uma opção política justificável".

21 Sep 16
• "12:56:41 Orlando SP Sobre os caças. Nada de anormal na escolha. Tinha escolha normal, mas dentro da aeronáutica a questão foi vista mais como uma opção política, justificável em razão de transferência de tecnologia. Não correu boato sobre a escolha. Houve um upgrade no equipamento, depois de fechado o contrato, no valor aproximado de 1 bi. O detalhe é que uma empresa brasileira do RS foi constratada para auxiliar na implementação dos programas, transferência de tecnologia etc., mas o boato aí é que tinha favorecimento para filho de brigadeiro. A questão, entretanto, foi investigada pelo MP(F) e arquivaram a questão".

Rcl 43.007

 
19
Jul19

"A SOBERANIA DE UM PAÍS É COISA SAGRADA"

Talis Andrade

Entrevista que ex-presidente Lula

concedeu a Marco Weissheimer

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Sul21: Gostaria de começar por um dos fatos mais recentes da conjuntura que é a chamada Vaza Jato, com a divulgação de mensagens envolvendo o então juiz Sergio Moro, o procurador Deltan Dallagnol e outros procuradores ligados à Operação Lava Jato. Hoje ministro da Justiça, Sergio Moro esteve ontem (2) na Câmara dos Deputados falando sobre o assunto. Ao mesmo tempo que nega a veracidade dos conteúdos divulgados, ele diz que, mesmo que fossem verdadeiros, não trariam nada demais. Nesta audiência, Moro não reconheceu, mas também não negou, que o jornalista Glenn Greenwald esteja sendo investigado pela Polícia Federal pela publicação das mensagens no The Intercept. Como o senhor, que também foi alvo de vazamento de comunicações, está avaliando esse caso e o significado do que foi divulgado até agora?

Lula: Estamos vivendo um momento sui generis no Brasil. O Moro está se transformando em um boneco de barro. Ele vai se desmilinguir. Como Moro e a força tarefa da Lava Jato, envolvendo procuradores e delegados da Polícia Federal, inventaram uma grande mentira para tentar me colocar aqui onde estou, eles agora têm que passar a vida inteira contando dezenas e dezenas de mentiras para tentar justificar o que eles fizeram, tudo isso com muita sustentação da Globo. A Globo faz um esforço incomensurável para manter a ideia de que os vazamentos são falsos, são obra de hackers, etc. Mas ela não se preocupou com isso quando divulgava vazamentos ilícitos que recebia do Dallagnol e do Moro. Minha família que o diga.

Agora, eles tentam passar para a sociedade a ideia de que, quem está criticando o Moro, é contra a investigação de corrupção. Temos a oportunidade de colocar esse debate em dia. Em primeiro lugar, um juiz não combate a corrupção. Quem combate a corrupção é a polícia. O Ministério Público acusa e o juiz apenas julga. E o juiz não deve julgar com base na cara do réu, mas sim com as informações que ele tem nos autos do processo, avaliando se são verdadeiras ou mentirosas. Eu não estou falando do conjunto da Lava Jato porque se alguém roubou tem que estar preso. Foi para isso que o PT, tanto no meu governo quanto no governo da Dilma, criou todos os mecanismos jurídicos para colocar ladrão na cadeia.

Eles agora tentam salvaguardar o comportamento do Moro e da força tarefa acusando os que são contra eles de serem favoráveis à corrupção. O dado concreto aqui é que estou falando do meu caso e no meu caso eu posso olhar para você como se estivesse falando para o Moro e dizer “Moro, você é mentiroso. Dallagnol, você é mentiroso e os delegados que fizeram o inquérito são mentirosos. Eu sei que é difícil e duro falar isso. É uma briga minha, um cidadão de 73 anos de idade, contra o aparato do Estado, contra a Receita Federal, Polícia Federal, Ministério Público e uma parte do Poder Judiciário. Somente quem sabe que eu estou dizendo a verdade é o Moro, o Dallagnol, o delegado que fez o inquérito e Deus.

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Sul21: Quais seriam essas mentiras exatamente?

Lula: No meu caso, todas. Eles sabem que eu não sou dono do apartamento, eles sabem as mentiras que contaram para trazer o caso para Curitiba, porque ele deveria ter sido julgado em São Paulo, eles sabem que eu não sou dono do sítio de Atibaia. Acontece, meu caro, que não era possível dar o golpe na Dilma e deixar o Lula ser candidato a presidente em 2018. Era preciso tirar o Lula da jogada. Para fazer isso, era preciso criar um empecilho jurídico e aí inventaram essa quantidade enorme de mentiras a meu respeito.

O Moro deveria mostrar que é um homem decente entregando o celular dele à Polícia Federal que é subordinada a ele. O Dallagnol poderia entregar o celular dele. Enquanto está sob suspeita, o Moro poderia pedir licença do Ministério da Justiça e não ficar se escondendo atrás do cargo. Se ele mentiu, precisa ter coragem de assumir o que fez. A Lava Jato é uma operação que se transformou em um partido político. A Globo se apoderou da Lava Jato em um pacto que ela fez com Moro e Dallagnol. Todas as mentiras que eles contavam eram transformadas em verdade no Jornal Nacional. Eu digo isso porque sou a grande vítima disso. Deve ter mais de 100 horas do Jornal Nacional contra o Lula e deve ter mais de 100 horas favorável ao Moro. Ainda agora vejo o esforço da Globo tentando tornar o Glenn um bandido para manter o Moro, que agora esquece tudo. Quando a gente ia prestar depoimento, ele fazia perguntas sobre fatos de quinze, vinte anos atrás. Só faltava perguntar: “quando você estava no útero da sua mãe, você se mexia para a direita ou para a esquerda?”. Ele agora esquece tudo, não sabe mais o que falou no telefone. Ele sabe da conversa dele com o Dallagnol e da conversa do Dallagnol com os procuradores. Só falta coragem para assumir.

O seu Moro tem que ter a coragem de dizer a verdade. Ele, um dia, nem que seja no dia da extrema-unção, vai ter que pedir desculpas à sociedade brasileira pela mentira desvairada que ele contou ao meu respeito. É só isso que eu quero. Quem roubou neste país que vá pra cadeia, seja pequeno, grande ou médio. Mas quem é inocente tem que ser absolvido. A única coisa que eu quero é que alguma instância do Poder Judiciário leia o mérito do meu processo e tome uma decisão. Depois da mentira do Moro veio a mentira do TRF4. Eles nem leram o meu processo. O presidente do TRF4 não tinha nem lido e disse que a sentença do Moro era excepcional. Eu fui julgado a toque de caixa, antes que prescrevesse, porque o objetivo era não permitir que eu fosse candidato em 2018. Não é Possível, em pleno século 21, alguém ser vítima do Poder Judiciário como estou sendo. Eu não creio que todo poder Judiciário é assim, mas essa parte se notabilizou por mentir a meu respeito.

petrole entreguismo petrobras pré sal _eua.jpg

 

Sul21: Em uma das conversas divulgadas, envolvendo Moro e Dallagnol, é feita uma referência de que seria preciso ouvir os americanos para realizar uma determinada ação, o que trouxe de novo à baila o tema de uma possível interferência externa, em especial dos Estados Unidos, na Lava Jato. Desde o governo Temer e agora com o governo Bolsonaro, temos visto o desmonte de alguns setores estratégicos da economia nacional, como a desativação do pólo naval, a venda da Embraer para a Boeing ou o acordo com os Estados Unidos envolvendo a base de Alcântara. Como o senhor vê essa possível articulação externa da Lava Jato?

Lula: Durante muito tempo na minha vida eu disse que não era adepto de teorias da conspiração. Hoje, por tudo o que tenho acompanhado pela imprensa nacional e internacional e pelas informações que recebo, pela pressa do pagamento da Petrobras aos acionistas americanos em detrimento dos acionistas brasileiros, pelos interesses que o pré-sal despertou nos Estados Unidos, mudei de opinião. É importante lembrar que, quando nós descobrimos o pré-sal, os americanos retomaram o funcionamento da quarta frota que tinha sido desativada depois da Segunda Guerra Mundial. É importante lembrar também que foram roubados segredos da Petrobras, de um contêiner, e até hoje não se identificou quem fez isso. Quem pagou o pato foram os coitados dos vigias da Petrobras.

Hoje, estou certo de que há interesses do Departamento de Justiça dos Estados Unidos em desmontar esse país. Não é possível acreditar que tudo aconteceu a partir do nada. Estou convencido que o pré-sal está no meio disso. Estou convencido que os americanos nunca aceitaram a ideia da lei da partilha que nós fizemos para que o petróleo fosse nosso, nunca aceitaram a ideia de que o povo brasileiro voltasse a ser dono do petróleo e que a Petrobras tivesse 30% de tudo. Também nunca aceitaram a nossa ideia de criar um fundo social para garantir ao povo brasileiro o direito de ter acesso à ciência, tecnologia, educação e saúde.

Em nome de combater a corrupção, destruíram as empresas de engenharia brasileiras. Lembro, quando eu era presidente, quantas vezes os governantes queriam entrar no Brasil para competir com as nossas empresas. Ao mesmo tempo, você fica assistindo a uma política de governo que tem como objetivo não produzir nada novo, mas só vender o que tem. Se o Exército brasileiro não tomar cuidado, até os terrenos onde eles fazem treinamento serão vendidos e eles terão que treinar só em vídeo games. A ideia deles é vender tudo. Essa é a única razão que explica o Guedes na Fazenda. O que está acontecendo no Brasil é um desmonte generalizado sem perspectiva de geração de emprego, de aumento de renda ou de manter a seguridade social dando ao trabalhador brasileiro a tranqüilidade na velhice. É o Brasil voltando ao século dezoito, voltando a ser colônia. Embora você não tenha a monarquia portuguesa mandando, você tem o imperador Trump dando ordens e o nosso presidente batendo continência.

Isso tudo assusta. O que aconteceu com a Embraer e a Boeing não me agradou. A Embraer era uma empresa muito respeitada no mundo, que disputava com a Bombardier a posição de terceira empresa de aviação do mundo. Nós éramos altamente competitivos em aviões de porte médio. É lamentável nós ficarmos sem uma empresa do porte da Embraer. Daqui a pouco nem o caça C-90, que estava sendo produzido pela Embraer, vai mais ser brasileiro. Tudo isso significa abrir mão da soberania do país. A soberania de um país é coisa sagrada, da qual nenhum país sério abre mão. Os americanos não abrem mão, a Rússia não abre mão, a China não abre mão, mas o Brasil está abrindo. Abrir mão da soberania significar abrir mão do controle de suas fronteiras, da ciência e da tecnologia, do controle da nossa floresta, da nossa fauna, da biodiversidade, da água, das riquezas do solo e do subsolo. Significa abrir mão, inclusive, da proteção de uma nação de 210 milhões de habitantes. [Leia mais]

 

 

15
Mar19

Xadrez do grande negócio do combate à corrupção

Talis Andrade

DESTRUIÇÃO DAS INSTITUIÇÕES

A maior ameaça ao país, o quadro que levou à barbárie e ao fenômeno Bolsonaro, foram os poderes amplos conferidos à Lava Jato, a insubordinação de juízes e procuradores de primeira instância, cada qual criando seu território de poder particular

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24
Jul18

O Brasil escoa pelo ralo: os casos Embraer e Braskem

Talis Andrade

 por André Araújo

juan hervas pirataria cortar os gastos sociais e e

 

 

O preço pago pelo MDB ao PSDB para que os tucanos apoiassem o impeachment da Presidente Dilma foi a entrega de toda a área econômica do novo Governo ao PSDB. O PSDB tem uma visão de Brasil como Pais colonial inteiramente submetido ao guarda chuva imperial dos EUA, todo o núcleo dos economistas neoliberais que cercam o PSDB é constituído de agregados ao sistema financeiro americano, formados nos EUA e com mente colonizada até o ultimo grau.

 

Esse grupo “ au grand complet” vê o Brasil como um Porto Rico em tamanho maior, sonham com maior atrelamento ao comando americano como uma dependência subordinada. A esse núcleo duro de economistas neoliberais se enlaçam hoje a grande mídia e o Partido da Justiça, ai incluindo juízes e procuradores alinhados ao modelo jurídico representado pelo Departamento de Justiça, absorvendo e importando para o Brasil suas doutrinas, práticas e ativismos que se transformam no Brasil em missões a cumprir.

 

É nesse contexto que o Estado brasileiro está se desfazendo de instrumentos valiosos de poder estratégico e sustentação de seu desenvolvimento, ferramentas todas elas criadas e DESENVOLVIDAS PELO ESTADO, como a Petrobras, a Embraer, a Braskem, a Eletrobrás, instrumentos que fizeram o Brasil ter o maior crescimento econômico do mundo entre 1950 e 1980.

 

O Brasil agora, sob a regência dos economistas neoliberais tucanos, se desfazem desses instrumentos porque na visão deles o Brasil tem que depender da Exxon, da Boeing, da Dow, não deve ter estatais de tipo algum, embora 92% das reservas de petróleo do mundo sejam de empresas estatais assim como são estatais 13 das 20 maiores petroleiras globais, sendo que as 4 primeiras são estatais, o padrão estatal como instrumento estratégico não saiu de moda.

 

O NÚCLEO COLONIZADO DE ECONOMISTAS NEOLIBERAIS

 

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Esse grupo domina desde o Plano Real os mecanismos centrais de manejo da economia brasileira, a começar do Banco Central, comandado por esse grupo mesmo nos governos do PT. São pessoas da classe média alta, cujo perfil é ter estudado em universidades americanas, ter assimilado o “american way of life” em todos seus maneirismos, atitudes e modo de ver a vida e o mundo. Os filhos, quando estudam no Brasil, são em escolas bilíngues apenas como preparação para terminar a educação nos EUA e mais ainda, morar nos EUA é o sonho, as férias são sempre nos EUA onde muitos têm casa, férias no Brasil é visto como castigo.

 

A ideia de um Brasil com aspirações de potência no modelo BRIC é para eles uma aberração. O Brasil não deve ser nada, apenas uma plataforma de mercado lincada completamente com a economia americana, um modelo de Porto Rico ou Panamá, para eles o Brasil não tem capacidade de ser outra coisa, dessa visão decorre a politica econômica.

 

A noção de um grande País que já teve um Imperador Habsbugo, uma cultura complexa multiétnica e multirracial, maior Pais do Hemeisferio Sul, maior potência ecológica por sua floresta tropical, uma rica e exclusiva História, completamente diferente das repúblicas caudilhescas da América Espanhola, maior Pais de imigração italiana, árabe e japonesa entre todos, maior País católico, um sucesso cultural pela capacidade de mesclagem, sem paralelo no mundo, maior potência agro pecuária e já superando os EUA, nada disso interessa ao núcleo colonizado que comanda a economia brasileira.

 

O CASO EMBRAER

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O Jornal O GLOBO, em abjeta manchete em letras garrafais, edição de 6 de julho de 2018 “ ACORDO COM A BOEING DÁ NOVO IMPULSO Á EMBRAER”, confirma sua vocação de porta voz desse grupo de economistas neoliberais, dos quais 80% são cariocas, na sua sina de acabar com qualquer vestígio de alguma coisa nacional que tenha a marca Brasil. A manchete é uma completa mistificação.

 

A EMBRAER não precisa de impulso da Boeing, tem uma carteira de encomendas de 18,5 bilhões de dólares, suficiente para ocupar suas fábricas por 6 anos. Que impulso a Boeing vai dar? Muito ao contrário, há 120 empresas aéreas no mundo padronizadas em aviões da AIRBUS e não comprarão aviões Boeing. Uma EMBRAER independente poderia vender a essas empresas, sendo uma divisão da Boeing não mais.

 

Países que tem problemas comerciais e diplomáticos com os EUA, e hoje a fila está aumentando por causa das loucuras de Trump, não comprarão mais aviões da EMBRAER porque agora o produto é americano, com os controles tecnológicos super restritivos que são padrão da política comercial americana e no futuro podem bloquear venda de peças e modernização de aeronaves. Não é previsão. Isso acontece agora com muitos países.

 

Produto brasileiro não tem qualquer restrição no mundo, ao contrário, é sempre bem visto. Um produto de fabricante americano tem restrições em grande número de Países. Para quem não sabe, TODAS as subsidiárias de empresas americanas no mundo estão sujeitas às leis americanas.

 

Fábricas brasileiras de multinacionais americanas nos tempos do embargo à Cuba NÃO podiam vender um parafuso à Cuba. Todas essas unidades recebem formulários semestrais de relatórios do Departamento de Comércio para preencher com seus destinos de exportação, estejam essas fabricas no Brasil, no Japão ou na Alemanha. Cansei de assinar esse tipo de relatórios que são rigidamente obedecidos pelas multinacionais americanas.

 

O EPISÓDIO DRESSER INDUSTRIES

 

A EMBRAER vai perder vendas e não ganhar “impulso” como abjetamente diz o jornal sabujo O GLOBO. A Rússia sob sanções americanas, a China em guerra comercial com os EUA, o Irã em pé de guerra com os EUA, vão comprar produtos com o selo da Boeing? Claro que não.

 

Quanto ao controle da EMBRAER pela Boeing, o Brasil perde completamente a direção estratégica dessa empresa que tem Brasil no nome. Como divisão da Boeing todo o projeto tecnológico passa para controle americano, eles decidirão a nova família de jatos, a E-3, onde será fabricada, com que peças e componentes, com qual mão de obras e engenharia, todo processo industrial muda de comando e quem já vendeu empresa para multinacionais americanas sabe como eles são rápidos na conversão de uma empresa independente para uma simples divisão de um grande grupo.

 

A divisão de jatos comerciais, que é a que foi vendida à Boeing, é responsável por 90% do lucro total da Embraer. As divisões que NÃO foram vendidas são as mais fracas, a de defesa e a de jatos executivos que DEPENDIAM da divisão de jatos comerciais, o pulmão da EMBRAER, para seu fluxo de caixa. A EMBRAER é valiosa pela sua área de jatos comerciais.

 

No setor de jatos executivos a concorrência é acirrada, existem no mundo mais de 20 fabricantes, a área de defesa depende de governos, é difícil ganhar a concorrência, é complicado fabricar, é difícil receber, o que garantia o grupo EMBRAER era exatamente a divisão que vai para a Boeing.

 

Em 1982 a filial francesa da fabricante americana de compressores Dresser Industries recebeu uma encomenda da petroleira estatal da então União Soviética para fornecer os compressores para um novo gasoduto ligando os campos de gás da Sibéria à Europa Ocidental. A encomenda era importante para a Dresser (France). Noticiado o pedido russo, o Departamento de Comércio dos EUA, invocando o Export Administration Act de 1979, VETA o negócio por ser contra o interesse estratégico dos EUA. A empresa era americana, mas a fábrica era na França. O governo francês não teve duvida, NACIONALIZOU a fábrica francesa da Dresser e manteve a encomenda. O conflito de jurisdição ficou famoso.

 

Depois do acordo com a Boeing, a Embraer estará sujeita aos controles americanos de exportações administrados pelo Departamento de Comércio, que poderá vetar exportações para uma série de países sob sanções dos EUA, como Rússia e Irã.

 

Se a Embraer, agora legalmente sob controle de uma corporação americana, desobedecer o controle politico do governo dos EUA, os dirigentes da Boeing poderão ser presos e a Boeing multada em varias vezes o valor da encomenda, assim, nem se sonha em não cumprir a legislação. É uma absurda aplicação extraterritorial da lei americana, mas as subsidiárias estrangeiras de corporações americanas se consideram sujeitas à lei americana, esse é um conflito absurdo que o resto do mundo finge não ver, uma completa violação do conceito de soberania dos países em seu território.

 

Países como o Brasil aceitam sem pestanejar, como no caso da Petrobras estar sendo processada pelo Departamento de Justiça dos EUS por alegados atos de corrupção praticados no Brasil, a EMBRAER foi processada e multada em US$180 milhões por alegados atos de corrupção praticados na República Dominicana, a lei americana com jurisdição universal rege atos praticados fora dos EUA por empresas não americanas.

 

O CASO BRASKEM

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A petroquímica é uma extensão da indústria petrolífera, foi criada no Brasil basicamente no Governo Geisel como prolongamento (“downstream”) da atividade básica da Petrobras, extração e refino de petróleo. Depois de vários formatos, iniciados com o modelo chamado de “tripartite”, estatal + nacional privada + multinacional, foram criadas uma série de empresas petroquímicas que depois de varias etapas foram reunidas na BRASKEM, um guarda chuva corporativo entre Petrobras e Odebrecht.

 

Agora, graças à LAVA JATO, esse grande sistema está sendo vendido a um grupo apátrida que se esconde atrás de um biombo holandês, a Lyonell Basell, empresa que faliu em 2011 e cujo espólio foi comprado pela holding ACCESS INDUSTRIES, de Nova York, por sua vez controlada pelo russo-americano-israelense-britânico Len Blavatnik, oligarca cuja fortuna de 21 bilhões de dólares foi formada nos obscuros processos de privatização dos bens da ex-União Soviética.

 

Blatvatnik , residente em Moscou, aparece como um dos principais acionistas da petroleira siberiana TNK, parte do imenso complexo petrolífero estatal da ex- URSS. A TNK foi vendida à British Petroleum-BP, em 2003, por 55 bilhões de dólares, ficando Blavatnik com 7 bilhões de dólares, base de sua fortuna. Len é até hoje acionista e está no board da UC Rusal, maior produtora mundial de alumínio.

 

A partir de seus ativos russos Blatvanik formou seu império, hoje com 200 companhias, entre as quais a Warner Music, pela qual pagou 3,3 bilhões de dólares, a grife de luxo Tory Burch, grande numero de hotéis como o Faena de Buenos Aires, Grand Hotel du Cap Ferrat, na Riviera, um prédio histórico em Kensington Palace Gardens em Londres, pelo qual pagou 200 milhões de libras. Blavatnik tem sua própria produtora de filmes, com sucessos como “The Butler” e “ Mr.Holmes”, do produtor Lee Daniels. Tentou comprar a MGM sem sucesso.

 

A Lyondell Basell por sua vez é uma das três maiores petroquímicas no mundo, só nos EUA tem 22 complexos industriais , a sede americana é em Houston em duas super torres modernas de escritórios, tem também 9 fábricas na Europa e uma no Brasil, em Pindamonhangaba.

 

Também no Brasil a Access Industries através de uma subsidiária controlava a firma de telecomunicações NEXTEL, que vendeu sua operação brasileira por US$ 70 milhões.

 

Len Blatavnik se esmera nos contatos políticos, na Inglaterra virou “Sir” por sua doação de 75 milhões de libras à Universidade de Oxford, outros milhões para a Royal Opera House, o Tate Gallery, onde construiu um prédio exclusivo com seu nome, a Universidade de Cambridge, onde patrocina um programa de bolsas.

 

Em Israel Len Blavatnik é um dos mais próximos amigos do Premier Benjamin Netanyau, na Rússia é muito próximo ao Presidente Vladimir Putin através de seu sócio Viktor Vekselberg, um dos melhores amigos de Putin.

 

Nos EUA Len Blvatnik é um grande doador de fundos para campanhas dos dois partidos, em 2011 doou para a campanha de Obama e também para o Republicano Mitt Romney; em 2015-16 doou novamente para os dois Partidos, para Hillary Clinton e Andrew Cuomo, eleito governador de Nova York, para os Republicanos dou 7,35 milhões de dólares e 1 milhão para a festa de posse de Donald Trump, mas também doou para as campanhas de senadores, especialmente de Marc Rubio, John Mc Cain e Lindsay Graham. O incrível é que também doou para um grupo anti-Trump dentro do Partido Republicano, mas seus lobistas americanos são todos ligados ao circulo politico do Presidente Donald Trump. (Veja aqui)

 

Por sua rede de doações eleitorais entrou no radar o Promotor Especial Robert Mueller e está sendo investigado como um dos dutos de doações russas para campanhas eleitorais americanas, dada a proximidade de Blavatnik com o líder russo Vladimir Putin através do circuito Vekselberg, as ligações politicas na Rússia são complexas e fechadas.

 

Em outubro devem estar concluídas as negociações para que a Lyonell Basell compre o controle da BRASKEM, que assim ficará em mãos limpas, como deseja a cruzada moralista brasileira, afinal as credenciais de compliance da ex-falida Lyondell Basell e do oligarca russo controlador final do negocio, são impecáveis especialmente no corredor Odessa-Londres-New York-Tel Aviv-Amsterdam.

 

Len Blavatnik, considerado na lista do Sunday Times como o homem mais rico do Reino Unido, é o líder da sofisticada comunidade de “oligarcas” russos residente em Londres, aqueles que de repente apareceram como “donos” das empresas estatais russas sem que se conhecesse como e quanto pagaram por elas.

 

Quanto a Braskem, trata-se de empresa contaminada pela “maior corrupção da história do mundo” segundo o professor Villa, visto que os sócios são Petrobras e Odebrecht. Sua venda deve-se à derrocada financeira da Odebrecht e a política de “privatização banca” da Petrobras, uma reação à lenda da “Petrobras quebrada” propagada para dar cobertura à liquidação de ativos da empresa sem licitação, tudo na conta da cruzada moralista.

 

Os 25 oligarcas russos residentes em Londres tem 4 dos dez maiores iates do mundo, times de futebol, jatos privados Boeing 737, as mais caras mansões de Londres. Perto deles os corruptos brasileiros são trombadinhas de feira, com a venda Braskem para os oligarcas russos de Londres, a moralidade brasileira estará resgatada.

 

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