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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

24
Fev22

Ao mercado, Bolsonaro volta a blasfemar, para atacar o sistema eleitoral: "se Deus me colocou ali, só Deus me tira de lá"

Talis Andrade

moisés Rembrandt.jpg

Moisés com os dez mandamentos. Rembrandt

 

 

O Terceiro Mandamento está em Êxodo 20:7 – “Não tomarás o Nome do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o Seu Nome em vão.”

 

Terceiro Mandamento: guardar domingos e festas

 

Blasfemar significa insultar ou difamar Deus, dizendo mentiras sobre Ele. Quem blasfema mostra desprezo. 

Deus não tem candidato preferencial no reino deste mundo, seja fulano ou sicrano. 

Durante palestra em evento do banco BTG Pactual, no reinado do bezerro de ouro, Jair Bolsonaro voltou a atacar o sistema eleitoral e, pessoalmente, ministros das cortes superiores, especialmente Alexandre de Moraes. “Se Deus me colocou ali, só Deus me tira de lá” foi uma de suas frases.

Alexandre de Moraes presidirá o Tribunal Superior Eleitoral durantes as eleições presidenciais deste ano.

Em um momento de sua heresia, aos gritos, Bolsonaro mandou seu recado ao mercado: o de que deve contestar, em nome de Deus, o resultado das eleições, e continuará em clima de atrito com a corte eleitoral. 

Disse que a população não deveria aceitar o “quem vencer venceu”, e falou em fraude nas eleições: “não tem como comprovar que o sistema é fraudável e nem que não é fraudável”.

Bolsonaro se imagina um mito, um deus. O sistema não é fraudável. Ele, sim, é uma fraude. É o pior presidente que um país pode ter. Foi para a presidência do Brasil e levou toda a família de parasitas: o filho 01, Flávio Bolsonaro senador; o filho 02, Carlos Bolsonaro vereador do Rio de Janeiro; o filho 03, Eduardo Bolsonaro deputado federal por São Paulo; o filho 04, Renan Bolsonaro, não estuda nem trabalha, comprou uma luxuosa mansão em Brasília, imitando o filho mais velho.

dez mandamentos
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21
Jan21

Militares, crimes e a tentação autoritária

Talis Andrade

Por Roberto Amaral

O general comandante do exército não gostou do artigo “Na pandemia, exército volta a matar brasileiros”, de Luiz Fernando Viana, (Época. 17.1.2021) e mandou o general chefe do centro de comunicação social do exército responder à revista. O subordinado cumpre à risca o mandato do chefe, e, no melhor (embora canhestro) estilo do velho e expurgado florianismo, ou lembrando os tempos do grotesco marechal Hermes da Fonseca, mais que defender a corporação, supostamente injuriada, desanca o jornalista acusado de blasfêmia e tenta intimidar a revista, ou seja, investe contra a liberdade de imprensa: 

“(...) O Exército Brasileiro exige imediata e explícita retratação dessa publicação, de modo a que a Revista Época afaste qualquer desconfiança de cumplicidade com a conduta repugnante do autor e de haver-se transformado em mero panfleto tendencioso e inconsequente”. 
 
O segundo general, por força do hábito, certamente, se expressa como se estivesse dando ordem a um subordinado. Ora, senhor, não existe "imediata retratação" na democracia: o general comandante que busque na Justiça uma possível reparação, nos termos da lei, como qualquer cidadão pode buscar.
 
Agora, conjecturemos. E se a revista não for acometida de medo e pusilanimidade, que farão os dois generais? Se tal é a pena que pesa como espada de Dâmocles sobre o periódico, que estará reservado ao articulista? Fosse nos idos do Estado Novo, ditadura imposta ao país pelas tropas do ministro da guerra, general Eurico Gaspar Dutra, os militares fechariam a revista e o coronel Filinto Muller prenderia o jornalista nas enxovias do DOPS no Rio de Janeiro. Nos idos da ditadura de 1964, os fardados cassariam os direitos políticos do articulista e o confinariam em Fernando de Noronha, como fizeram com Hélio Fernandes. 
 
Mas que fazer agora, quando o regime ainda é o democrático e constitucional? Ameaçam a livre expressão de pensamento, princípio das democracias ocidentais incorporado à nossa ordem constitucional como direito fundamental desde o primeiro texto republicano. Renunciam ao direito de resposta, que implica a contestação do articulado, e ingressam no campo fácil das ameaças e da intimidação, artifício aliás muito cômodo, embora cediço, para quem pode usar a espada como último argumento.

Em síntese: além de arrogantes, os dois generais atentam contra a Constituição o que constitui crime, pelo qual devem ser representados pelo Ministério Público.

Mas o texto dos generais, ademais de não responder ao artigo indigitado, repito, encerra uma série de imprecisões, ou inverdades, que, de tanto serem repetidas, tomam foros de verdade. Comento algumas delas. Não é certo, por exemplo, que devemos nossa unidade territorial aos militares. A expansão é obra de mamelucos, negros escravizados, índios, e da ação genocida de bandeirantes saídos de São Paulo, mas saídos também da Bahia, de Pernambuco, do Maranhão, do Pará e do Amazonas. Segue-se o povoamento do sertão, obra do povo, a que se reporta Capistrano de Abreu. A integridade territorial, por outro lado, foi obra de nordestinos, na colônia, e de gaúchos na colônia e no império em guerras que consumiram milhares de vidas. No Império foi obra da Regência, confirmada e consolidada na república pela diplomacia do Barão do Rio Branco.
  
É verdade que nossos soldados foram para os campos da Itália, já ao final da guerra (1944), combater as tropas do Eixo, mas é igualmente verdade que fomos à guerra contra a insistente resistência dos generais Eurico Gaspar Dutra, Ministro do Exército, e do todo poderoso general Góes Monteiro, chefe do estado maior da força, como está fartamente documentado. Aliás, na reunião do ministério (27 de janeiro de 1942) que decidiu pela beligerância, a proposta foi apresentada pelo civil Getúlio Vargas, contra o parecer do ministro da Guerra. 
  
De outra parte, há certas e incômodas verdades que os generais não comentam, como a “guerra do Desterro”(1894) e o “ajuste de contas” do sanguinário coronel Moreira César, como não têm uma só palavra sobre o covarde massacre dos beatos de Antônio Conselheiro, para proteger os interesses dos latifundiários da Bahia. Ainda na República, em 1937, lembro o bombardeio do Caldeirão, no Ceará, contra os camponeses do beato Lourenço, evento esquecido à direta e à esquerda. Não sei se a marinha registra com orgulho a Revolta da Chibata, de 1916. 

Estamos falando em fatos recentes, republicanos. Mas não foi diverso o papel do exército no império, sufocando, à custa de muito sangue, as tentativas de independência e republicanismo que caracterizaram, por exemplo a Confederação do Equador (1824), esmagada, como a Revolução Praieira (1849), com a mesma fúria que antes se abatera sobre a Revolução pernambucana de 1817 e que terminou com o fuzilamento do Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo, que passou à história como Frei Caneca e hoje é pranteado como santo e herói.

O articulista da Época a ele não se refere, mas a historiografia séria desqualifica qualquer entusiasmo cívico diante de nosso papel na guerra do Paraguai.

Os militares sustentaram, até a exaustão, em nome dos grandes proprietários, dois impérios, cujas bases radicavam no escravismo e na estagnação, uma das raízes do atraso de hoje. Preferiram, sempre, um país tacanho, de analfabetos e mal alimentados, de deserdados da terra, a tocar nos privilégios da classe dominante, sejam os velhos latifundiários do Império, sejam os grandes fazendeiros da primeira república, seja o empresariado rentista, improdutivo, de nossos dias.
 
O progresso é visto como ameaça, pois pode desestabilizar o statu quo do mando secular.

E os militares brasileiros, a quem a nação deve outros serviços, jamais se notabilizaram na defesa da democracia. Na República a golpearam insistentemente desde as ditaduras dos marechais Deodoro da Fonseca (1889-1891) e Floriano Peixoto (1891-1894) até hoje. Vide o golpe de 1937, arquitetado por Góes Monteiro e operado por Eurico Dutra; o golpe de 1954 operado pelas três forças e que teve no general Juarez Távora um de seus comandantes, a tentativa de golpe contra as eleições de 1955 (que teve entre seus líderes o general Canrobert Pereira da Costa e o brigadeiro Eduardo Gomes); a intentona de 1961, encabeçada pelos três ministros militares e o chefe do estado maior do exército, general Cordeiro de Farias; o golpe de 1964, que nos legou 20 anos de ditadura, com seu rol de cassações de direitos políticos, prisões, torturas e assassinatos, muitos levados a cabo em dependências militares, como o assassinato de Mário Alves Alves de Souza Vieira, no quartel da polícia do exército no Rio de Janeiro, e de Stuart Angel, na base aérea do Galeão.

Sempre na defesa da ordem (pleiteada por todos os privilegiados), dos interesses da grande propriedade da terra, da burguesia e do capital internacional, contra a emergência dos interesses populares, travando o processo histórico. 

O fato é este: até hoje não se fizeram as reformas necessárias para transformar a nação em país soberano, como a reforma agrária pedida desde o primeiro império por José Bonifácio. Aliás, por defender “reformas de base” um presidente da República foi deposto e implantada, pelos militares, uma ditadura, pesadelo que ainda nos assombra.

As democracias não falecem por doença congênita. Jovens ou maduras elas são assassinadas, e só há uma arma capaz de atingi-las mortalmente: a espada, seja empunhada por uma sedição, seja por um golpe de Estado. No Brasil e no mundo o golpe de Estado é a forma que as forças dominantes dispõem para chegar ao poder evitando os percalços de eleições. Ele ou é dado diretamente pelas forças armadas, ou é levado a cabo com seu assentimento cúmplice. Mas em qualquer hipótese nenhum golpe de Estado se sustenta sem o poder militar. No Brasil ele foi agente de todos os golpes de Estado levados a cabo com sucesso. E foi ele que abriu caminho para a aventura do capitão insidioso, e hoje lhe dá proteção. 
 
Os militares, portanto, na medida em que sustentam e participam do comando do governo, até mesmo (e com escandalosa inépcia) na administração da saúde (onde pontifica a estultice de um general da ativa), estão solidários com todos os seus erros e crimes, inclusive os de lesa-pátria, como a política externa que nos transforma em aliados subalternos do império do Norte e seus interesses.
  
Dessa obviedade histórica não podem fugir. Resta-nos supor que as forças armadas ainda conservem – porque nem todos os generais estão ocupando sinecuras no governo – capacidade de reflexão e, antes que seja irremediavelmente tarde, revejam o papel que estão cumprindo, contra a história que pretendem representar, contra os interesses do país e de seu povo, contra a vida e a esperança. 
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29
Mai20

"Chamar Bolsonaro de profeta é blasfêmia contra o Espírito Santo"

Talis Andrade

carlos-dan-martinez-profeta (1).jpg

 

 

 

II - Bolsonaro é Moloque, o deus que exigia o sacrifício de vidas

por Alexandre Gonçalves 
The Intercept
___

Os profetas do velho testamento eram homens que defendiam a vida do povo ante a opressão dos governantes, denunciando desvios morais e espirituais de reis e religiosos. O pastor André Mendonça sabe – se não sabe teria, como pastor e teólogo, obrigação de saber. Como chamar uma pessoa que biblicamente pode ser adjetivada de ímpio, incrédulo, iníquo e como eu já o chamei reiteradas vezes, filho de Belial, expressão hebraica que era usada para pessoas cruéis, maliciosas, tais como os homens de Gibeá (Juízes 19:22 e 20:13) e os filhos do sacerdote Eli (I Samuel 2:12) que roubavam e consumiam as ofertas entregues ao templo pelo povo de profeta? Como chamar de profeta alguém que disse frases como essas?

“O erro da ditadura foi torturar e não matar”. (Entrevista à rádio Jovem Pan, junho de 2016).

“No período da ditadura, deviam ter fuzilado uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique, o que seria um grande ganho para a nação”. (Declarações difundidas pela Band, maio de 1999).

“Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”. (Na sessão da Câmara, em abril de 2016, quando votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, referindo-se a um torturador da ditadura, condenado por tortura).

“Deus acima de tudo. Não tem essa historinha de estado laico não. O estado é cristão e a minoria que for contra, que se mude. As minorias têm que se curvar para as maiorias”. (Encontro com apoiadores na Paraíba, fevereiro de 2017).

“Seria incapaz de amar um filho homossexual. Não vou dar uma de hipócrita aqui: prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí. Para mim ele vai ter morrido mesmo”. (Em uma entrevista para a revista Playboy, junho de 2011).

“Como eu estava solteiro naquela época, esse dinheiro de auxílio-moradia eu usava para comer gente”. (Resposta ao ser questionado pelo jornal Folha de S. Paulo se usou o dinheiro do benefício para comprar seu apartamento).

“Conselho meu e eu faço: eu sonego tudo que for possível. Se puder, não pago, porque o dinheiro vai pro ralo, pra sacanagem. Prego sobrevivência. Se pagar tudo o que o governo pede, você não sobrevive”. (Entrevista à Band, em 1999).

Volto a perguntar: em que sentido bíblico, cristão ou teológico podemos chamar o autor das iníquas frases acima de profeta?

O pastor Antonio Carlos Costa, também presbiteriano, em sua conta no twitter, escreveu:

 
Foto do perfil, abre a página do perfil no Twitter em uma nova aba
Antônio C. Costa 
@antonioccosta_
Se Bolsonaro é profeta, Jeremias, Isaías, Miqueias, Amós e os apóstolos são - com sua ênfase no amor, na justiça e nos direitos humanos -, uns românticos idiotas; e o próprio Cristo um pacifista tolo desconectado do mundo real dos homens, que só conhece a linguagem da violência.
12:48 PM · 30 de abr de 2020
 
 

Para o teólogo e pastor batista de tradição pentecostal e assembleiana, Kenner Terra, um dos autores do brilhante livro “Experiência e Hermenêutica Pentecostal”, o pastor André Mendonça cometeu o pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo, pecado tido como imperdoável segundo a teologia bíblica: “Chamar Bolsonaro de profeta é blasfêmia contra o Espírito Santo, porque ele nunca empoderaria alguém para louvar torturador ou promover a violência. Tal declaração atribui ao Espírito o que é próprio do Mal. Para esse tipo de bajulação nojenta não há salvação”.

Eu teria uma lista extensa de pastores e teólogos cristãos que se manifestaram de maneira igualmente indignada contra essa fala do pastor André Mendonça (insisto em chamá-lo de pastor para que fique mais escandalosa essa fala vil e minha crítica teológica). Como nós, que carregamos o nome de Cristo como adjetivo de nossa fé (cristão), podemos aceitar isso? Vou aumentar a ênfase com a questão que agora nos deparamos: a vida humana e o apreço que alguém que se diz cristão deveria ter a ela.

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28
Mai20

Bolsonaro é Moloque, o deus que exigia o sacrifício de vidas

Talis Andrade

The statue on display at the Roman Colosseum is similar to this depiction of the pagan deity Moloch from the National Cinema Museum in Turin, Italy. | Wikimedia Commons/Jean-Pierre Dalbéra

Estátua do deus Moloque no Coliseu, Roma
 
 
por Alexandre Gonçalves 
The Intercept
___

RECENTEMENTE, em mais um ato de notório apelo ao apoio dos cristãos no Brasil, Bolsonaro nomeou como ministro da Justiça e Segurança Pública o “terrivelmente evangélico” pastor presbiteriano André Mendonça. Ele não foi nomeado pelos seus conhecimentos na área de segurança pública. Aliás, segurança pública, principal área do ministério a ele entregue, nunca foi sua área de especialização. Servidor público de carreira na Advocacia-Geral da União, coube a ele, como chefe da AGU, defender os atos de Bolsonaro durante esse período de pandemia.

Fez a AGU divulgar nota alertando que iria à justiça caso governadores adotassem medidas coercitivas extremas, como a prisão dos que desrespeitavam a quarentena, desautorizando ações como a do governador de São Paulo, João Doria.

Faz parte das competências da AGU defender a administração pública, mas isso deve se dar dentro do princípio constitucional da moralidade e do interesse público. Defender ações do governo que vão de encontro a todas as ações mundiais no combate ao coronavírus não estão dentro daquilo que podemos chamar de uma defesa pautada nos mais caros princípios da moralidade e do interesse público.

Qual é a relevância dessa nomeação neste momento? O pastor André Mendonça não foi escolhido pelo seu currículo no serviço público. Foi selecionado por pertencer a uma ala da igreja evangélica, ainda majoritária, que defende Bolsonaro com um messianismo jamais visto na igreja evangélica, pelo menos nestes meus mais de 25 anos como pastor. O primeiro sinal claro dos motivos dessa escolha foi seu primeiro pronunciamento quando assumiu o cargo. Mendonça usou um termo bastante conhecido pelos evangélicos ao se referir a Bolsonaro: profeta.

Além do agradecimento beirando à adulação, prática comum daqueles que veem a carreira pessoal como um fim em si mesmo, o novo ministro da Justiça fez uma menção teológica das mais vergonhosas, em um tom para alcançar a massa evangélica que ainda apoia cegamente o presidente. A fala absolutamente vergonhosa destoa completamente do linguajar e estilo de um pastor e teólogo oriundo de uma igreja tradicional reformada. Poderia ser dita por pastores como Robson Rodovalho, da Sara Nossa Terra, ou pelo excêntrico “apóstolo” Agenor Duque, da Plenitude do Trono de Deus, ambos neopentecostais, mas não combina com um presbiteriano, o que torna a situação ainda mais escandalosa.

O pastor André Mendonça sabe exatamente o que é um profeta. Também sabe o peso de suas palavras para os evangélicos quando ele, pastor de uma denominação histórica e respeitável como a Igreja Presbiteriana do Brasil aponta para um homem como Bolsonaro e o chama de profeta. Esse peso toma ares de autoridade também pelo fato de ele ser agora o titular de um dos mais importantes ministérios da República. Ele sabe que profeta, em seu sentido bíblico, era alguém levantado por Deus para denunciar os desvios dos poderosos durante o período de Israel no velho testamento. Profetas bíblicos como Amós (4:1) que combateu os poderosos que oprimiam os pobres com palavras fortes:

Ouçam esta palavra, vacas de Basã, vocês que estão no monte de Samaria, que oprimem os pobres, esmagam os necessitados e dizem aos maridos: ‘Tragam vinho e vamos beber!’ O Senhor Deus jurou pela sua santidade que virão dias em que vocês serão arrastadas com ganchos; até as últimas de vocês serão levadas com anzóis de pesca. [Continua]

 

 

 

 
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