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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

06
Jul20

Moro e Dallagnol, cônsules dos EUA

Talis Andrade

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“Nossa influência aqui é muito maior do que nossas pegadas”. 

Liliana Ayalde, Embaixadora dos EUA no Paraguai e depois no Brasil, em telegrama ao Departamento de Estado [2009] vazado pelo wikileaks.

 

por Jeferson Miola

- - -

As provas documentais dos laços da Operação Lava Jato com o FBI trazidas a público pelo Intercept e Agência Pública [1/7] corroboram as suspeitas que veículos da imprensa independente aventavam pelo menos desde o final de 2014/início de 2015.

À época, Carta Maior, GGN, Brasil247, DCM, Viomundo e outras publicações lançavam suspeitas acerca da atuação de agências e órgãos do governo dos EUA por trás dos propósitos que moviam a Lava Jato e os movimentos de extrema-direita surgidos em 2013.

Na época, esta abordagem lamentavelmente foi recebida com desconfiança e incredulidade por autoridades do governo, dirigentes partidários e políticos da base de apoio do governo petista.

Em meio à catatonia reinante, na ocasião prevaleceu a crença – vê-se, agora, totalmente ingênua – de que tal hipótese não passava duma “exótica” teoria da conspiração. Como se percebe hoje, tratava-se não de teoria, mas de conspiração no sentido clássico do termo – inclusive com dispositivos de guerra híbrida dominados por militares.

O plano original da Lava Jato, fracassado no primeiro momento, era eleger o tucano Aécio Neves na eleição de outubro de 2014 ajudado por graves imputações de corrupção a petistas. Com a reeleição da presidente Dilma, a Operação chefiada por Moro e Dallagnol então passou a incendiar e desestabilizar o ambiente político para, junto com Globo, Eduardo Cunha, Temer, Aécio, Serra, FHC e malta, criarem o clima irresistível do impeachment.

O vazamento criminoso, para a Rede Globo, das conversas telefônicas entre Dilma e Lula, gravadas ilegalmente pelo então juiz Sérgio Moro [16/3/2016], foi o clímax do engajamento da Lava Jato na consecução do golpe. Com o sistema de justiça já corrompido pela Lava Jato, o STF, na figura de Gilmar Mendes, estuprou a Constituição para impedir a posse do Lula na Casa Civil, fato que poderia ter interrompido o prosseguimento do golpe.

A prisão ilegal do Lula [7/4/2018], fruto da farsa jurídica que envolveu desde a 1ª instância do judiciário até a Suprema Corte, passando pelo TRF4 e STJ, foi a contribuição transcendental dada pela Lava Jato para a manutenção do golpe e o aprofundamento do Estado de Exceção.

Somente com a prisão do Lula, associada a fraudes eleitorais gritantes acobertadas pelo TSE [fake news, WhatsApp, financiamento empresarial], a extrema-direita conseguiu tomar de assalto o poder para executar o catastrófico plano anti-soberania, anti-nação e anti-povo de que o país padece hoje.

Superada a surpresa inicial com as ações espalhafatosas e midiáticas da Operação, se pôde perceber com clareza a associação da Lava Jato com a conspiração. A investida golpista, coordenada com notável inteligência estratégica com participação estrangeira, não enfrentou maiores resistências para golpear um governo desprovido de sistemas de informações, de inteligência e contra-inteligência minimamente confiáveis.

Procuradores, policiais federais, juízes, empresários, políticos e grupos de mídia tiveram papel central no empreendimento golpista que derrubou a presidente Dilma Rousseff com o objetivo de reverter a inserção soberana e altiva do Brasil no sistema mundial que afrontava os interesses geopolíticos dos EUA.

Além de fortalecer a integração regional via MERCOSUL, durante os governos petistas o Brasil foi artífice da criação da UNASUL e da CELAC, esta última uma comunidade que congrega todos países latinos do hemisférico americano – ou seja, uma espécie de OEA latino-americana, sem EUA e Canadá.

Ao lado disso, em termos geopolíticos, o Brasil conquistou respeito e protagonismo em fóruns centrais de poder como G7, G20, OMC, FAO etc e, de sobra, fundou os BRICS e se tornou sócio de iniciativas relevantes deste bloco de competidores dos EUA [China e Rússia], como o Novo Banco de Desenvolvimento.

Thomas Shannon foi embaixador dos EUA no Brasil de 2010 a 2013. A estadia dele no país coincide com a eclosão de movimentos de rua de direita e extrema-direita e, também, com os episódios de espionagem da presidente Dilma e da PETROBRÁS por órgãos do governo dos EUA.

Em entrevista alguns anos depois da passagem pelo Brasil, já em 2019, Shannon confessou a contrariedade dos EUA com a proeminência do Brasil no cenário regional e mundial [aqui]. Segundo reportagem do Poder360, que entrevistou Shannon, “para os americanos, o projeto petista se opunha à ideia americana de eventualmente reavivar uma integração comercial do Alasca à Patagônia, nos moldes da Alca [Área de Livre Comércio das Américas]”.

Na visão de Shannon, era inaceitável para os EUA o projeto brasileiro de “construção de uma grande e coesa América do Sul”. Para ele, a unidade regional apregoada por Lula visava a formação de um bloco político “que compartilharia a mesma mentalidade progressista do Foro de São Paulo” [sic].

A reportagem ainda explicita que “os Estados Unidos eram o segundo parceiro estratégico mais importante para a Lava Jato — o primeiro era a Suíça, que já apurava o uso do sistema bancário daquele país por funcionários públicos e empreiteiras corruptas do Brasil”.

Esta interação e intercâmbio da Lava Jato com órgãos suíços e norte-americanos deu-se ilegalmente, sem amparo no ordenamento jurídico brasileiro e/ou em tratados de cooperação internacional e caracteriza um ato de grave violação à soberania do Brasil.

A matéria com Thomas Shannon cita que “as conversas da Lava Jato com autoridades estrangeiras ocorriam em Curitiba, mas contavam com o aval do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot”, que “poucos meses após a prisão dos primeiros executivos de construtoras, viajou ao Estados Unidos para encontros com representantes do Departamento de Justiça, do FBI e com o órgão que investigava se a corrupção na Petrobras tinha causado prejuízos a investidores americanos, a Securities and Exchange Comission”.

A sucessora de Shannon na embaixada dos EUA no Brasil foi Liliana Ayaled. Ela aterrissou em Brasília em 2013, no “rescaldo” das controvertidas jornadas de rua. E permaneceu no país até 2017, já com o processo do golpe consolidado.

Antes de servir no Brasil, Liliana Ayaled havia sido embaixadora dos EUA no Paraguai, onde fez test drive em neo-golpismos do século 21. Liliana supervisionou a farsa do impeachment sumaríssimo que golpeou o presidente Fernando Lugo em menos de 48 horas.

Em telegrama de 2009 vazado pelo wikileaks, Liliana Ayaled reportava ao Departamento de Estado dos EUA que “nossa influência [dos EUA] aqui é muito maior que nossas pegadas” [sic].

modus operandi dos EUA em conspirações e atentados contra a soberania de países e o direito à autodeterminação dos povos é amplamente documentado. Só contra Fidel Castro, os EUA realizaram 638 tentativas de assassinato. Uma média superior a 1 atentado terrorista em cada mês que Fidel esteve no comando da revolução cubana.

A história comprovou, mais cedo que se imaginava, que a Lava Jato fraudou a bandeira do combate à corrupção e corrompeu o sistema de justiça para materializar um projeto de poder ultraliberal, anti-soberania, anti-povo, anti-nação e subjugado aos EUA.

As novas provas divulgadas pelo Intercept/Agência Pública, que surgem depois de um “período de estiagem”, são altamente incriminadoras. Nas mensagens observa-se não só a promiscuidade dos elementos da força-tarefa com agentes do governo dos EUA; mas, sobretudo, uma relação de subordinação e obediência funcional a um governo estrangeiro.

Moro, Dallagnol e os integrantes da Lava Jato atuaram como agentes dos interesses econômicos, estratégicos e geopolíticos dos EUA no Brasil; atuaram como cônsules “representantes do governo romano nas províncias anexadas”.

Um simples levantamento das viagens e diárias pagas a policiais federais, procuradores e juízes da Lava Jato aos EUA entre 2005 e 2020 leva a achados surpreendentes. No cargo de ministro bolsonarista, Moro fez raríssimas viagens ao exterior, mas pelo menos 4 dessas raras viagens internacionais tiveram os EUA como destino, incluindo visitas ao Pentágono e ao Centro de inteligência e espionagem de El Paso.

São claríssimas, portanto, as evidências de que Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, embora pagos com dinheiro público, na realidade atuam como cônsules dos EUA no Brasil e servem a interesses estrangeiros, em detrimento dos interesses brasileiros.

 

 

 
26
Mai19

Lula: "Bolsonaro não acredita em democracia. Em quase todas as fotos ele simula uma pistola com a mão"

Talis Andrade

 

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Spiegel: Bolsonaro não é um representante da oposição tradicional…

Lula: Ele não é capaz na presidência. Por que ele ganhou de qualquer maneira? Vou citar uma frase do autor moçambicano Mia Couto: “Em tempos de terror, escolhemos monstros para nos proteger”. Lá vem um cara que tem sido um membro do parlamento por 28 anos, mas nunca conseguiu nada e consegue se vender como o “novo”. Ele não foi eleito porque seus seguidores acreditam que ele é a melhor alternativa, mas porque ele é contra o PT, foi uma eleição de protesto.

 

Spiegel: A democracia está em perigo no Brasil?

Lula: Bolsonaro não acredita em democracia. Ele e seu pessoal sabem apenas uma coisa: armas. Em quase todas as fotos ele simula uma pistola com a mão. Em primeiro lugar, ele enviou os médicos cubanos para casa, os únicos a garantir assistência médica em muitas regiões pobres. Então ele fez política ambiental e corroeu os direitos dos trabalhadores. Agora ele está falando de uma grande reforma previdenciária. Pode ajudar os bancos, mas não as pessoas. Esse homem é um perigo para o Brasil. Ele destrói tudo o que construímos.

 

Spiegel: Afinal, ele gosta do apoio das forças armadas.

Lula: Os militares que o apóiam parecem ter esquecido todos os princípios nacionalistas. Na minha opinião, isso não significa apenas proteger nossas fronteiras, mas também nossa biodiversidade, nossa água, nossa região amazônica, nossa indústria.

 

Spiegel: Você teve um bom relacionamento com as forças armadas durante o seu governo. Por que os generais estão se voltando contra você agora?

Lula: Eu também gostaria de saber disso. Se eu sair daqui um dia, quero ter uma conversa séria com vários oficiais. Eu não entendo porque o chefe do exército antes da eleição sugeriu ao Supremo Tribunal Federal a minha condenação, a fim de impedir a minha candidatura. Eu sempre tratei bem os militares durante o meu governo.

 

Spiegel: Os militares ameaçam tomar o poder se o governo Bolsonaro falhar?

Lula: Eu não quero que isso aconteça. O povo brasileiro não merece isso. Espero que Bolsonaro caia em si e ganhe o respeito como presidente deste país. Ele deveria aprender a se comportar civilizado. Se Bolsonaro cai, o vice deve assumir, isso é um general.

 

Spiegel: A sociedade brasileira está profundamente dividida …

Lula: Isso é verdade não só para o Brasil, mas também para a Alemanha, os EUA e outros países. Em todo lugar o ódio é alimentado. Quem semeia vento, vai colher tempestade. O Brasil está nessa situação.

 

Spiegel: A Venezuela está em uma crise ainda mais séria que a do Brasil. A líder do seu partido PT viajou para apoiar Nicolás Maduro. Por outro lado, o governo brasileiro, como a Alemanha e muitos outros, reconheceu Juan Guaidó como presidente interino.

Lula: Foi um erro que a Alemanha reconheceu Guaidó, você pode fazer isso com Angela Merkel. Que Donald Trump faz isso, tudo bem, mas a Alemanha não era obrigada a obedecer aos americanos. Ninguém pode se proclamar presidente. Tal ação destrói as instituições.

 

Spiegel: Guaidó se refere à Constituição.

Lula: Por que a oposição não desafiou a vitória eleitoral de Maduro no ano passado?

 

Spiegel: A eleição foi considerada manipulada.

Lula: Se ela foi manipulada, por que eles não a desafiaram? Eu não concordo com o que está acontecendo na Venezuela. Mas é um problema venezuelano. Eu sou pelo direito de autodeterminação dos povos. Quem quer governar na Venezuela, deve sentar-se com seus adversários e negociar, isso não está pronto. Guaidó é um pavão, ele não é confiável.

 

Spiegel: Você poderia imaginar concorrer à Presidência de novo?

Lula: Na minha idade – tenho 73 anos agora – nem sei se estou vivo em quatro anos. Temos que procurar novos candidatos, há pessoas boas dentro e fora do PT. Eu não estou pensando em uma candidatura agora. Eu me concentro na minha vida e minhas provações.

 

Spiegel: Senhor Presidente, agradecemos por esta entrevista.

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08
Nov17

Estados Unidos treinam exércitos de países vassalos para invadir Venezuela

Talis Andrade

Foi para o lixo da História a tão defendida autodeterminação dos povos.

 

Manchete hoje de um jornal da Venezuela

 

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Ganhou pouco destaque na imprensa golpista um tema que não pode passar despercebido. Um exercício militar será feito na região da Amazônia com participação dos EUA, Colômbia e Peru. Uma base militar temporária, pelo menos em tese, será montada na cidade de Tabatinga, no Amazonas. A cidade brasileira fica às margens do rio Solimões e faz fronteira com a Colômbia e o Peru.

 

A justificativa dada pelo Exército brasileiro é que se trata de um exercício de ajuda humanitária, chamado de Amazonlog 17. Nem o nome do evento é em português. O general “brasileiro” responsável, Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, defende:

 

“Nesse exercício, bom que a sociedade saiba, só quem está armado o Brasil, que vai dar segurança a essa base. É o país hospedeiro, como nós chamamos. Colômbia, Peru e os Estados Unidos vêm desarmados”.

 

Segundo o general, uma das justificativas do exercício seria a preparação para uma possível crise imigratória. Ou seja, uma onda de imigrantes venezuelanos ou da América Central entrando no Brasil. Porém, esse argumento é infundado quando se observa a posição do exercício no mapa. A cidade de Tabatinga não faz parte da rota de refugiados para o Brasil.

 

Em outro ponto da entrevista, o general admite a atividade constante dos EUA na Amazônia e no território brasileiro. Mas, diz que no contexto do exercício, essa presença seria boa. “Estando com a gente é muito melhor do que venham secretamente e façam pesquisas no interior na mata como nós vimos muitas vezes, eu que vivi na Amazônia por seis anos. Eles estão controlados e estão colaborando para um bem maior”, acrescenta Theophilo.

 

Na verdade, todos sabemos quais o interesse dos EUA no Brasil: tomar os patrimônios nacionais e ameaçar países vizinhos. Além disso, não é uma novidade essa postura de capacho do exército nacional e de alguns setores da direita. O fato novo é que tropas e aviões militares dos EUA, até algum tempo atrás, não transitavam livremente pelo nosso território.

 

O exército brasileiro, que deveria ser o defensor da soberania nacional e do território nacional, é terceirizado. E facilita a entrada dos maiores invasores e exploradores de países pobres no nosso território.

 

A vassalagem do Brasil foi noticiada pela Causa Operária.  Os candidatos derrotados nas eleições de 2016 Aécio Neves e o vice Aloysio Nunes, hoje chanceler do Brasil no governo Temer, promovem campanha aberta por uma intervenção militar na Venezuela. São contrários a autodeterminação dos povos.  

 

 

 

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