Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

05
Fev23

Justiça por Janaína (veja termos de qualificação e interrogatório)

Talis Andrade
 
Janaína Bezerra foi assassinada dentro da Universidade Federal do Piauí l Foto: Rede sociais
 
 

Aos 22 anos, a vida de Janaína foi ceifada com requintes de crueldade. A morte de Janaína Bezerra, estudante da Universidade Federal do Piauí, levou um pouco de cada um e cada uma de nós.

 

 

Anseio o que o futuro tem pra mim

Mais ainda o que penso ter no presente instante

Janaína da Silva Bezerra

 

No último sábado (28), a comunidade acadêmica da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e a sociedade piauiense sofreram um duro golpe. Todos fomos surpreendidos com o assassinato da estudante de Jornalismo, Janaína da Silva Bezerra, vítima de estupro, no próprio ambiente da universidade.  

Aos 22 anos, a vida de Janaína foi ceifada com requintes de crueldade. Esse caso nos provoca a refletir mais profundamente sobre o machismo e o ódio contra as mulheres, tão arraigados na sociedade e que estão na origem da violência sofrida por Janaína. Esse bárbaro assassinato também trouxe à tona o recorrente debate sobre a política de segurança executada na UFPI.

Leia também: “Não há desenvolvimento sem mulheres e negros”, diz Manuela

Nos últimos anos a instituição tem aparecido com frequência no noticiário policial em decorrência dos episódios de assaltos contra estudantes e docentes, entre outros crimes.

Janaína tinha foi assassinada na madrugada do sábado, vítima de estupro e violência praticados quando ela saía de uma calourada, numa sala de aula do Centro de Ciências da Natureza. O acusado de praticar o crime é o estudante do Programa de Pós-graduação em Matemática Thiago Mayson da Silva, que teve decretada sua prisão preventiva em flagrante.

 

Homenagens e protestos

 

A segunda–feira (31) seria apenas mais um começo de semana de atividades normais, em salas de aula, mas a UFPI parou. As aulas foram transferidas para os caminhos entre a Reitoria e o Centro de Ciências da Educação, até o Bloco de Jornalismo, onde Janaína estudava. Nesse dia a aula foi sobre denúncia, cobrança por justiça e punição para o assassino da estudante.

Estudantes protestam contra o assassinato ocorrido dentro da Universidade Federal do Piauí (UFPI)

 

O decorrer da semana foi marcado por manifestações estudantis e de professores, para cobrar da administração superior medidas urgentes com relação à segurança e a implementação de protocolos que coíbam o assédio e a violência de gênero, no âmbito da Universidade Federal do Piauí.

Leia também: FSM aborda luta antirracista e direitos básicos do povo

 

O fim de um sonho…

 

 É importante dizer que a Janaína seria a primeira de sua família a concluir um curso superior. A universitária almejava escrever uma nova história para si e para seus pais, que não mediam esforços para que ela conseguisse se manter em uma universidade pública.

Socorro Bezerra é mãe de Janaína, a primeira da família aingressar na universidade l Foto: Mateus Santos/ Viagora

 

Ela escrevia poemas e escreveu uma relevante reportagem sobre a violência que existe com relação ao apagamento de escritas negras. Na reportagem deixou explícita a sua postura de resistência e o seu senso de justiça ao falar da importância da representatividade negra na sociedade.

A morte de Janaína levou um pouco de cada um e cada uma de nós. E, no presente instante, como escreve em sua poesia, estamos em resistência, exatamente oito dias depois de sua partida, e com os pulmões arfando, para que não vejamos partir mais uma mulher vítima da violência.

Justiça por Janaína!

Janaína, presente!

Agora e sempre!

 

 
Essa moça está morta!': depoimentos de testemunhas e de preso por estupro e  feminicídio de estudante na UFPI montam quebra-cabeça do crime; veja |  Brasil | O Globo
 
 
O cruel assassino 
 

 

Leia aqui os termos de qualificação e interrogatório de Thiago Mayson da Silva Barbosa, Maria do Socorro Nunes da Silva genitora da vítima, Raynara da Silva Batista testemunha, Fabio Wanderson e Silva do Nascimento testemunha, Jean Carlos Cavalcante de Sa Coutinho testemunha, Francisco Charles Castelo Branco Santos condutor, idem exames periciais, boletins de ocorrência, auto de prisão em flagrante, crime hediondo, Lei Maria da Penha. Falta identificar o amigo Victor do tarado assassino, que talvez motiva o tardio segredo de justiça. 

 

 
EXCLUSIVO: Confira todos os depoimentos do Caso Janaína; novo nome foi  citado por Thyago - OitoMeia
 
 
 
 
02
Fev23

Safadamente defesa do assassino da estudante de jornalismo Janína Bezerra diz que posição sexual pode ter causado a morte

Talis Andrade
Janaína Bezerra.
Janaína Bezerra

 

Esquece o advogado que permanece no anonimato o primeiro ato de libertação feminina foi quando fêmea conseguiu fazer sexo olhos nos olhos com o parceiro

 

 

A defesa do cruel assassino da estudante Janaína Bezerra da Silva, Thiago Mayson da Silva Barbosa, de 28 anos, deu detalhes acerca do crime hediondo, o sadismo, o estupro, a enganosa versão machista do mestrando de matemática, que segue preso na Cadeia Pública de Altos.

Preferindo a covardia de não se identificar, a defesa revelou para a reportagem que a posição sexual (de quatro, com o rosto pressionado no colchão) pode ter motivado o trauma raquimedular, ou seja, contusão na coluna vertebral ao nível cervical, o que causou lesão da medula espinhal e a morte da estudante. Melhor explicado: O estuprador quebrou o pescoço da vítima. 

Esse advogado mentiroso nega que, nos primórdios da humanidade - o homem, a mulher das cavernas =, pela condição física, a posição da vagina da fêmea, da mulher, da semelhança entre os primatas, o homem fazia sexo: a mulher de quatro, como acontece com os macacos, os gorilas. E ainda hoje, para o prazer dos dois macho e fêmea. Sem citar os homossexuais. 

Para o advogado do tarado Thiago Mayson da Silva Barbosa, sexo constitui um quebra quebra de pescoço, o maior motivo de causa mortis em todos os tempos, em todas as civilizações. 

O advogado escondeu o sangue do sexo da vítima que manchou as vestes da jovem jornalista e poeta e que manchou o chão da Universidade Federal do Piauí. 

Publicou Meio Norte que o feminicida Thiago Mayson relatou não teria percebido sangue na vítima, pois na sala em que estavam não tinha luz e única entrada que tinha era de um basculhante.  A defesa pontuou também que o investigado passava boa parte do dia na UFPI por morar só e seus pais, que são separados, não viverem em Teresina. 

Thiago estava com a chave da sala de estudo onde o estupro teria acontecido porque os alunos do mestrado, doutorado e iniciação científica fazem o uso de uma sala de estudo coletivo. Outras 13 pessoas também tinham acesso à chave. Que abria "a única entrada um basculhante". Que diabo é basculhante em uma universidade? 

 

Estudantes ocupam reitoria da UFPI e pedem respostas sobre estupro e morte de aluna em sala da instituição

 

Por Ilanna Serena e Andrê Nascimento, g1 PI

- - - 

Entre as principais reivindicações dos estudantes, estão pautas relacionadas à segurança, como:

Reivindicaram também a poda de matos e árvores do campus Petrônio Portela e reparo da iluminação. Além disso, reivindicaram: a criação de uma ouvidoria exclusiva para receber denúncias de assédiomonitoramento por câmeras nos corredores e salas da universidade e paradas de ônibus.

Os estudantes destacaram a necessidade de que o Hospital Universitário (HU-UFPI) passe a realizar atendimentos de urgência e emergência. Janaína precisou ser encaminhada a um hospital em outra zona da cidade no dia em que foi encontrada na instituição. Outra reivindicação é a presença de vigilantes mulheres, com formação em combate ao racismo e LGBTfobia.

Pedem ainda a revogação da medida que proíbe calouradas; pagamento de indenização à família de Janaína; um dossiê que reúna o nome de Janaína e de todos os alunos que denunciaram casos de assédio; e a formalização do dia 28 de janeiro como um dia de memória à estudante assassinada.

 

 

"Não foi a calourada que matou a Janaína, então a gente não vai aceitar que seja criminalizada", alegou uma estudante.

 

Durante a conversa, a coordenadora de Avaliação e Regulação Acadêmica, Edna Magalhães, informou que a UFPI vai lançar um Protocolo de Combate à Violência Contra a Mulher.

Estudantes ocupam reitoria da UFPI e pedem respostas sobre estupro e morte de aluna em sala da instituição — Foto: Reprodução

Estudantes ocupam reitoria da UFPI e pedem respostas sobre estupro e morte de aluna em sala da instituição 

 

Ao final, a reitora em exercício Regilda Moreira se comprometeu a levar as reivindicações à administração superior da instituição, para adoção de medidas.

 

Não posso responder sozinha pela reitoria. Me comprometo com vocês a conversar com o reitor, levar isso pra administração. E enquanto reitora em exercício, garanto que podem me procurar, porque a gente só resolve as coisas com diálogo. Sou altamente sensível a tudo que aconteceu. Às vezes não depende só da administração, mas entendam que, o que tiver ao alcance da administração, vamos fazer. E vamos fazer o mais rápido possível. Estamos abertos pra ouvir vocês, nós somos a universidade", declarou.

 

 
Reitora em exercício da UFPI, Regilda Moreira, recebe reivindicações de estudantes — Foto: Pedro Melo

Reitora em exercício da UFPI, Regilda Moreira, recebe reivindicações de estudantes — Foto Pedro Melo

 

A ocupação aconteceu durante segundo dia de vigília e após assembleia entre os estudantes. Os alunos retornaram ao local às 7h da manhã desta terça-feira (31).

 

Vigília continua e alunos denunciam assédios

 

No encontro, representantes de movimentos sociais pela vida das mulheres e do movimento negro denunciaram casos de assédio ocorridos dentro da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e afirmaram que nenhuma das denúncias teve a devida atenção.

Durante vigília, amigos e estudantes da UFPI fazem homenagens para Janaína

Durante vigília, amigos e estudantes da UFPI fazem homenagens para Janaína

 

Há previsão de uma roda de conversas com um professor do futuro curso de psicologia do campus Teresina com alunos, funcionários e quem mais tiver interesse em participar. O momento deve acontecer nesta quarta-feira (01), às 16h.

Homenagens à Janaína Bezerra na UFPI.  — Foto: Andrê Nascimento / g1

Homenagens à Janaína Bezerra na UFPI. — Foto Andrê Nascimento / g1

 

A cultura do machismo e do estupro, e o estopim no caso de Janaína, bem como a perpetuação dessas práticas dentro da universidade e a falta do combate à esses atos criminosos foram também pauta na assembleia.

Em relato emocionante, a estudante do curso de História, Maria Clara, afirmou que o caso de Janaína foi um "ápice anunciado".

 

Não temos voz aqui dentro. Mesmo com todo o esforço que fazemos, somos assediadas. Não falamos com medo de reprovar. Mas eu sei que as únicas pessoas que podem mudar isso somos nós. Não deixem que a morte da Janaína seja esquecida”, disse.

 

 

Ela denunciou ainda já ter sido vítima de assédio dentro da sala de aula. “Um professor já me assediou e nada aconteceu. Temos medo. Porque quem coloca a ‘cara no mundo’ aqui dentro, corre o risco de ser expulsa e perseguida. Até alunos já foram denunciados como assediadores e estão impunes”, afirmou.

Membro do Centro Acadêmico de Jornalismo, Guilherme Cronenberg (à direita), fala sobre o caso.  — Foto: Andrê Nascimento / g1

Membro do Centro Acadêmico de Jornalismo, Guilherme Cronenberg (à direita), fala sobre o caso. — Foto: Andrê Nascimento / g1

 

O membro do Centro Acadêmico do curso de Jornalismo, Guilherme Cronemberg, comentou que poucas aulas estão acontecendo no curso, a depender dos professores.

“Ainda não há clima para estudar hoje. No Centro Acadêmico os estudantes colocaram flores e velas em homenagem a Janaína”, disse.

Segundo Guilherme, houve a ideia de deixar homenagens na porta da sala onde Janaína foi assassinada, mas que acabaram não acontecendo.

 

"Ontem até pensamos em começar lá e vir voltando, mas o local e o clima é muito pesado. Achamos melhor ficar aqui mesmo, na reitoria e nas homenagens no Centro Acadêmico", comentou Guilherme.

Estão presentes representantes da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Piauí (Adufpi), do Diretório Central dos Estudantes (DCE), do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal do Piauí (Sintufpi) e do Centro Acadêmico dos cursos de Jornalismo e Matemática, representantes movimentos sociais pela vida das mulheres e do movimento negro.

 

Estupro e morte na UFPI

 

Janaína da Silva Bezerra, 22 anos, foi estuprada e assassinada na madrugada do dia 28 de janeiro, sábado, durante uma festa de calourada ocorrida no espaço do Diretório Central dos Estudantes (DCE), no campus de Teresina, na Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Janaína Bezerra foi morta dentro da UFPI — Foto: Reprodução

Janaína Bezerra foi morta dentro da UFPI 

 

O suspeito, Thiago Mayson da Silva Barbosa, 28 anos, está preso. Ele é estudante do mestrado em matemática da instituição e foi encontrado com a jovem desacordada nos braços por seguranças da instituição, que conduziram a vítima e o suspeito ao Hospital da Primavera.

Conforme investigação da polícia, com base em colheita de provas e depoimentos, os dois já se conheciam e se encontraram na festa. O jovem, por usar uma das salas do mestrado para estudos, tinha a chave do local, onde levou a vítima.

Thiago Mayson teve a prisão decretada suspeito de ter matado a estudante de jornalismo na UFPI.  — Foto: Reprodução Rede Social

O assassino Thiago Mayson teve a prisão decretada suspeito de ter matado a estudante de jornalismo na UFPI

 

Ele chegou a relatar à polícia que os dois tiveram sexo consensual, até que a jovem desmaiou em dois momentos. Na segunda vez, ele saiu da sala com a jovem nos braços, segundo ele, para buscar ajuda. Os seguranças informaram, segundo a polícia, que a jovem tinha manchas de sangue nas partes íntimas e já estava sem pulsação.

 

No hospital, a equipe médica relatou que ela já chegou sem vida. O laudo do IML constatou que ela sofreu estupro e morreu em decorrência de ter tido o pescoço quebrado, o que pode ter acontecido por torção ou tentativa de asfixia

 

 
 
17
Out22

A nova barbaridade de Bolsonaro

Talis Andrade

Image

ImageImage

 

por Fernando Brito

- - -

A declaração de Jair Bolsonaro, em sua live de ontem, viralizou na Internet. Neste momento, “pintou um clima“. 

“Bolsonaro pervertido” e “Bolsonaro pedófilo” estão nos trending tops do Twitter, por causa da declaração, em vídeo ao final do post.



Eu parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas num sábado numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’ Entrei. 

Tinham umas 15, 20 meninas sábado de manhã se arrumando. Todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos se arrumando no sábado para que? Ganhar a vida. Você quer isso para a sua filha que está nos ouvindo agora?”

 


O “pintou um clima”, algo dito por ele próprio, é também uma “insinuação” de que Bolsonaro estava movido por “interesse sociológico” ao voltar de moto na casa da meninas? Ele por acaso acionou o Ministério da Família de Damares Alves para averiguar um possível caso de prostituição infantil? Não há qualquer menção a isso em sua fala.

Se o amigo leitor estiver passeando e encontrar “umas menininhas, três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas num sábado numa comunidade” vai “pintar um clima” e você vai lá na casa delas, pedir para entrar?

Sua companheira vai acreditar se você contar que foi lá apenas por “curiosidade”, como daquela vez em que você foi chamado a assistir um índio sendo cozido – carne que você comeria “sem problema nenhum” – e que só não aconteceu porque seus amigos não quiseram ir?

Tarados como este senhor, que querem sexo com adolescentes há muitos. Também há, infelizmente, usam isso para tentar se mostrar machos, imbrocháveis.

Mas um cidadão destes proclamar-se emissário de Deus no Brasil e pretender, em nome disso, ser presidente da República, é algo que só a irracionalidade reinante no Brasil torna possível.

Será que a nossa imprensa “limpinha e cheirosa” acha que fazer o que ela não faz, chamando a atenção para o tipo de apetites que tem Jair é “baixaria”?

E os homens e mulheres que votam Bolsonaro “em nome de Deus” vão passar pano dizendo que o “clima” era o de converter aquelas probrezinhas?

Bolsonaro e a menina de 14 anos

 
 
27
Set22

Mulheres Maltratadas por Fernanda Lopes de Oliveira Dutra

Talis Andrade

 

 

Mulheres Maltratadas

 

App em fase de testes vai facilitar acesso de mulheres a medidas de  proteção no Rio

 

 

Tantas mulheres pelo mundo,

Sofrendo agressão

De homem vagabundo

Que quer ser o valentão

 

Tantas Rosas e Marias

Que estão sendo maltratadas,

Por um monstro conhecido

Que deveria amá-las

 

Essas mulheres anônimas,

Que não muitas vezes não tem voz,

Não tem coragem de denunciar

Esse ato tão atroz

 

Mulheres dignas,

Que estão sendo espancadas,

Onde deveria ser seu lar,

Para sentir-se amada

 

Mulheres de todas as raças,

Mulheres de todos os credos,

Que estão sendo agredidas

Por homens perversos

 

E para esses homens sem coração,

Esses seres abomináveis,

Desejo somente a prisão

Por suas crueldades incontáveis

 

Autora: Rafaela Fernanda Lopes de Oliveira Dutra

23
Set22

Patrícia Lélis e o cabaré cristão evangélico dos últimos dias

Talis Andrade

Image

 
Patrícia Lélis 
@lelispatricia
Bom dia meus ungidos!!!! Vocês acharam que as denúncias acabaram?! Não mesmo. Hoje a denúncia é contra o Roberto Marinho, pastor e amigo de Feliciano. Segue oImage

 

Denúncias envolvem Silas Malafaia, Magno Malta, Damares Alves, a pastora e ex-deputada Flordelis e o próprio Marco Feliciano

 

por Ricardo Nêggo Tom

- - -

Acompanhando os escândalos sexuais envolvendo a cúpula do cristianismo brasileiro, pude ouvir o silêncio ensurdecedor de fiéis que acreditam na santidade de muitos desses pastores e pastoras mais devassos e pervertidos do que qualquer profissional da zona do meretrício. Que os profissionais da zona não se ofendam com a comparação. Tem casos de estupro, assédio sexual, abuso de menores, orgias, adultério, tem áudio de pastora conservadora elogiando o “varão” de homem casado e até relações homossexuais, prática que eles tanto condenam e demonizam. Estamos falando de uma igreja do jeito que o diabo gosta, e que talvez esteja sendo comandada pelo próprio na figura de líderes religiosos sem escrúpulos e sem nenhum respeito pelo nome do Deus que dizem seguir.

Pastor flagrado em “ato obsceno” com garoto menor é candidato a deputado[Pastor Nehemias tem em sua biografia uma condenação em primeira instância por “ato obsceno” com um garoto menor de idade, em 2005]

 

A jornalista Patricia Lélis, que em 2016 denunciou uma tentativa de estupro contra ela cometida pelo pastor e deputado Marco Feliciano, volta a carga em 2022 trazendo ainda mais denúncias e revelações sobre o que acontece nos porões obscuros do cristianismo evangélico brasileiro. Obviamente, ela precisa provar o que tem dito e publicado em suas redes sociais, a respeito de figuras como Silas Malafaia, Magno Malta, Damares Alves, a pastora e ex-deputada Flordelis e o próprio Marco Feliciano, a quem Patrícia agora acusa de promover orgias durante os eventos gospel que ele organiza e participa. Isto incluiria, segundo a jornalista e ex-secretária de Feliciano, a contratação de garotos de programa para satisfazer aos seus desejos sexuais menos héteros. Pelo visto, a máquina de passar cartão do pastor aceita depósito em espécie.Caso Marco Feliciano: qual lição pode ser extraída do fato?

Patrícia Lélis 
Talvez eu comece a expor algumas pessoas antes do esperado. A começar por Marco Feliciano. Eu não fui a única mulher que ele estuprou e abusou, eu apenas fui a única em que o caso se tornou público. Feliciano, vamos falar sobre suas orgias durante o evento dos Gideões?!
 
[Foram retirados da listas de pregadores do Gideões 2022 "vários nomes importantes que eram figuras sempre presentes, como Gilmar Santos e Abílio Santana, mas manteve Marco Feliciano e Junior Trovão"]
 
Apesar de as acusações serem graves, é importante que não se generalize o segmento como um todo, porque ainda existem pessoas sérias e comprometidas com o evangelho de Cristo. Porém, se analisarmos a conduta de tais líderes com relação a seus fiéis e ao evangelho distorcido e alienante que eles lhes oferecem, é possível concluir que sacanagem é a especialidade da casa. Afinal, uma coisa puxa a outra.
 
Quem rouba milhares de pessoas pobres e carentes através da imposição do dízimo, é bem capaz de organizar surubas com o dinheiro arrecadado em nome de Deus. E tais surubas, não em nome de Deus, é claro, seriam muito mais dignas do que o falso culto que eles celebram em suas igrejas. Desde que não envolvam estupros e aliciamento de menores de idade, uma acusação que Patrícia Lélis direciona ao senador Magno Malta, e que se espera que ela também possa provar. Logo ele, que se notabilizou pela sua luta contra a pedofilia.
 
A ex-namorada de Eduardo Bolsonaro, também conhecido como “bananinha”, devido a uma revelação feita pela mesma Patrícia de que ele tinha o “mito” pequeno, também aponta Silas Malafaia como uma espécie de Sultão do meio gospel, que costuma contratar garotas de programa para alegrar os bacanais ungidos que ele gosta de organizar. É a marcha para o prazer de um dos principais defensores da família cristã e tradicional brasileira. Eu fico imaginando o Malafaia participando de uma suruba com aquela voz estridente e irritante, obrigando as “irmãs” a dizerem amém após receberem a unção seminal do seu espírito de porco. A minha dúvida é: Será que eles também vão para o inferno ou a putaria para esses "ungidos de deus" é liberada através de um excludente de ilicitude divino?
Patrícia Lélis 
@lelispatricia
E aí você também vai inventar laudo falso pra ela? Somos todas loucas mentirosas? Lembrando que: Eu jamais quis expor outras vítimas, pensei muito antes de fazer isso. Nãos sejam uns filhos da puta com outras vítimas, como muitos foram comigo!
Patrícia Lélis 
@lelispatricia
·
A vítima mais recente que me procurou do Marco Feliciano, foi a Tahyline. Ela relata que foi perseguida por Feliciano e teve que chegar ao ponto de trocar se número.
Image
 
Image
 
Image
 
Image
 
 
Enquanto o cabaré evangélico brasileiro vai pegando fogo, eu fico aqui lembrando das vezes em que ouvi esses homens e mulheres de Deus apontando os seus dedos sujos para o “pecado” dos outros e oferecendo o fogo do inferno para aqueles que, segundo a moralidade cristã que eles defendem, são abomináveis aos olhos de Deus. Seja pela forma como se orientam sexualmente, pela religião que praticam ou pela ideologia política que defendem. Enquanto a esquerda defende às claras uma liberdade de comportamento que os seus adeptos usam com moderação, a extrema direita, os inquisidores da liberdade alheia, se refestelam até o talo com uma liberalidade oculta e promíscua que eles abominam publicamente. Que Patrícia Lélis apresente as provas que diz ter o mais rápido possível e que tenha início o apocalipse particular de cada um desses falsos profetas usurpadores da fé alheia e profanadores do verdadeiro evangelho de Cristo.
Não fui comunicado', diz Magno Malta sobre escolha de Damares Alves -  Jornal O Globo
Patrícia Lélis 
@lelispatricia
Agora vamos expor MARISA LOBO, a psicóloga que assinou um laudo me diagnosticando como mitomaníaca SEM NUNCA TER ME CONSULTADO. A mesma que fazia aquelas loucuras da cura gay. Ela ajudava Feliciano e pastor Everaldo a lavar dinheiro nas igrejas, segue o :
Image
 
Patrícia Lélis 
@lelispatricia
A exposta dessa vez será: DAMARES ALVES. Tem cara de velha boazinha?! Tem. Mas na verdade ela sempre acobertou estupros e abusos de Magno Malta e Feliciano. Vamos aos prints:
 
Imagem
Imagem
 
Imagem
Image
Image
Image
Patrícia Lélis 
@lelispatricia
Detalhe, Damares foi reclamar depois com minha mãe por causa dissoImage
 
Image

E eu que achava que a minha alma já estava perdida por estar no “mundo”, estou descobrindo que o meu mundo perto do mundo dessa gente é uma verdadeira igreja. Glória a Deus!

Patrícia Lélis 
@lelispatricia
Vcs estão acompanhando o caso da igreja IPDA? Que é uma briga por poder e santidade? Léia Miranda tá tendo um caso com um pastor casado da igreja. Vale lembrar que Léia é a mais conservadora dentro da ala conservadora. Uma loucura!

Cantora gospel Léia Miranda é afastada de igreja após áudio picante vazar;  artista nega ser ela - País - Diário do Nordeste

Léia Miranda teve um áudio vazado em que deixa claro um caso com um pastor casado da igreja

 

[O pastor David Miranda Neto, líder do Regenere da Igreja Deus é Amor, revelou que um laudo pericial confirmou que é a voz de sua tia Léia Miranda que aparece em um vídeo com áudios picantes.

Na conversa, Leia Miranda, que é cantora, pregadora e coordenadora geral das instituições Reviver, além de integrante do alto clero da IPDA, elogia o órgão genital do rapaz e conta detalhes de uma relação sexual com ele.

 

Na Igreja Pentecostal Deus é Amor (IPDA) existem duas alas: uma mais conservadora, que faz parte justamente Léia Miranda e a mais progressista na questão de uso e costumes – como corte de cabelo, depilação e barba para homens – comandada por David Miranda Neto, filho de Débora Miranda. 

Com o áudio vazado, uma reunião definiu que Léia fosse afastada dos púlpitos, onde costumava pregar contra o adultério e cantar hinos e da diretoria da Fundação Renascer, que cuida das obras sociais da Deus é Amor]

13
Set22

Os ataques a mulheres jornalistas e a omissão das empresas de mídia

Talis Andrade

Jornalistas mulheres são agredidas e não têm apoio dos colegas homens e dos empregadores. Fonte: Freepik

 

Janara Nicoletti
Doutora em Jornalismo e pesquisadora do objETHOS

= = =

A última semana começou com o ataque misógino do então ocupante da cadeira do Planalto a uma jornalista no debate eleitoral da Band, e terminou com o mesmo personagem atiçando sua militância contra uma comunicadora grávida ao postar indiretas contra ela em suas redes sociais. Em ambos os casos, além do ódio à mulher, o desrespeito à liberdade de expressão alheia e a falta de decoro, os ataques da militância cega mostraram como a violência de gênero contra as jornalistas brasileiras é usado para intimidar e deslegitimar a voz das mulheres que cometem o sacrilégio de fazer o seu trabalho. Mais importante, o que se viu em comum nesses e tantos outros casos de violência contra jornalistas é o silêncio dos donos da mídia. A falta de posicionamento dos contratantes das profissionais atacadas não apenas evidencia a falta de proteção da categoria frente aos ataques, mas também revela o descaso com um problema presente, mas invisibilizado pela omissão: a misoginia e os assédios contras as mulheres jornalistas nas redações. 

No dia 28 de agosto, a Band, em parceria com Folha de S. Paulo, UOL e TV Cultura, promoveu o primeiro debate eleitoral de 2022 com os candidatos à presidência da República. No terceiro bloco, quando jornalistas das empresas promotoras faziam perguntas aos candidatos, Vera Magalhães, da TV Cultura, perguntou a Ciro Gomes, com comentário de Jair Bolsonaro sobre a baixa cobertura vacinal e sua relação com informações falsas. Ao ter seu momento de comentário, Bolsonaro disparou: “Vera, não podia esperar outra coisa de você. Acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido num debate como esse, fazer acusações mentirosas ao meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”. Em seguida, atacou a candidata Simone Tebet que atuou na CPI da Covid após sua reação solidária à jornalista.

O que se viu no primeiro debate dos presidenciáveis 2022 foi a representação clara da violência de gênero como forma de desqualificar uma profissional. Ao comentar o caso, o presidente da república usou do ataque duplo às mulheres no lugar de dar resposta. Como consequência, a repercussão da atitude machista e grosseira tomou o espaço do que deveria ter sido dedicado ao questionamento da jornalista. Mais uma vez, a misoginia foi usada como forma de evitar responder o óbvio.

Naquele domingo, um segundo fator de misoginia chamou a atenção: o descaso dos demais candidatos. Enquanto Bolsonaro atacou a jornalista e a candidata Simone Tebet, Ciro Gomes riu e depois passou a mão na cabeça parecendo estar desconcertado com a situação. Porém, em seu momento de fala sequer demonstrou qualquer tipo de aversão ou repúdio ao sexismo do seu oponente, falando em pacificar o país. Depois daquilo, as mulheres reagiram de alguma forma, mesmo buscando capitalizar para si. Entre os homens, apenas Luiz Inácio Lula da Silva manifestou solidariedade à jornalista, mas somente nas considerações finais do debate. O silenciamento dos homens que estavam em condições de agir imediatamente contra o ataque no seu primeiro momento de fala escancarou o descaso com a agressão misógina. Eles não disseram nada, assim como as empresas de mídia organizadoras do debate transmitido em TV aberta e pela internet.

 

Responsabilidade por omissão

 

Logo após o episódio, uma onda de declarações contra a fala do presidente e em solidariedade à jornalista tomou conta das redes sociais, desencadeando por lá uma nova onda de ataques. Jornalistas, a maioria mulheres, e entidades representativas repudiaram a fala agressiva. Porém, até o último domingo (4), as empresas organizadoras do debate não se posicionaram a respeito. Infelizmente, esta é uma prática recorrente no caso de violência contra jornalistas: profissionais são agredidos, ofendidos ou atacados online e offline e as corporações empregadoras não se manifestam publicamente. Muitos jornalistas sequer recebem suporte, enquanto outros acabam punidos.

A omissão nesses casos evidencia um vácuo na proteção dos profissionais da mídia. Faltam mecanismos de defesa dos trabalhadores, principalmente às mulheres vítimas de qualquer tipo de violência. Um relatório da organização Repórteres Sem Fronteiras demonstrou que o Brasil ainda precisa avançar muito neste sentido. Na prática, os mecanismos de Estado existentes não atendem aos jornalistas brasileiros. 

Nos últimos anos aumentou o número de ações para monitorar e dar suporte às jornalistas vítimas de violência. Elas aparecem como reação à escalada de hostilidade contra a mídia, porém, ainda há muito a ser feito, especialmente do ponto de vista organizacional. É preciso que as empresas de mídia, assim como as novas iniciativas, tenham como princípio desenvolver ações para ampliar a segurança dos profissionais e oferecer suporte àqueles que sofrerem violência, especialmente as mulheres, que estão mais expostas e vulneráveis a assédios moral e sexual. Ações que precisam levar em conta a misoginia presente dentro do próprio setor e omitida por vários empregadores.

De acordo com o monitoramento Violência de Gênero da Abraji, somente em 2022 foram registrados 55 ataques com viés de gênero contra jornalistas no Brasil, sendo que 56,4% dos casos contêm discursos estigmatizantes, que buscam difamar ou constranger as vítimas. Segundo o monitoramento, 30,9% dos casos são ataques de gênero. Em 2021, foram 119, sendo 38% considerados violência de gênero. Já a pesquisa “O impacto da Desinformação e da violência política na internet contra jornalistas, comunicadoras e LGBT+” constatou que 53% das jornalistas que sofreram violência online admitiram que isso impactou sua rotina de trabalho. 

Em “The Chilling: global trends in online violence against women journalists; research discussion paper”, 73% das mulheres jornalistas afirmaram já terem sido atacadas online, porém, somente um quarto delas informaram os casos a seus empregadores. Mesmo assim, parte delas não recebeu suporte. Entre as respostas recebidas, segundo o estudo da Unesco, estavam o descaso, orientações para endurecerem frente aos ataques, além de casos em que elas foram questionadas sobre o que haviam feito para provocar as agressões.

Em 2022, a Unesco lançou um novo relatório para debater soluções e a responsabilização das empresas de mídia na proteção das jornalistas. Segundo o documento, as ações dos empregadores frente à violência de gênero era inexistente ou inadequada. Muitas vezes, elas acabavam gerando ainda mais dolo às mulheres expostas à violência. Com isso, o relatório destaca a sensação de abandono de muitas profissionais. As autoras do estudo avaliam que a relutância em denunciar os ataques online pode estar ligada a falhas sistêmicas como culturas organizacionais misóginas, patriarcais ou hostis no local de trabalho. Além de lideranças fracas e ausência de protocolos de denúncia e tratamento destas situações.

A violência contra mulheres na mídia deve ser observada a partir de uma perspectiva interseccional, uma vez que mulheres pertencentes a grupos considerados minoritários estão mais vulneráveis à violência, como por exemplo, indígenas, LGBTQIA+, negras, quilombolas. “Em outras palavras, uma abordagem feminista para a proteção de mulheres jornalistas consideraria sua segurança não apenas no trabalho, mas também no caminho para o trabalho, nas redações, e como preucupações com segurança podem envolver aspectos de suas vidas privadas”, aponta o relatório Equally Safe: Towards a feminist approach to the safety of journalists, da Artigo 19.

Devido à natureza da profissão, a jornalista é uma pessoa pública. Independente de estar ou não em uma empresa de mídia, a pessoa física se confunde com a identidade profissional. Esta visibilidade, somada ao mundo digital, a coloca num teto de vidro, amplificando a exposição e os riscos aos quais está exposta. No caso das mulheres que são jornalistas, pensar e expor suas opiniões, acaba sendo o suficiente para se tornar alvo de ataques misóginos. Muitas vezes, eles extrapolam a vida profissional e afetam também familiares. 

Em 2020, a Comissão de Direitos Humanos das Organizações das Nações Unidas destacou que no universo midiático é esperado que as mulheres se encaixem em papeis estereotipados e atuem em um sistema com relações de poder desiguais entre homens e mulheres. Segundo o texto, elas são frequentemente visadas pelo seu trabalho, devido a sua voz, “especialmente quando estão quebrando as regras de desigualdade de gênero e estereótipos”.

No final de 2020, Andressa Kikuti alertou que a misoginia é um risco à liberdade de expressão ao debater os ataques online contra jornalistas mulheres. “Se eu dissesse que a maior parte das pessoas responsáveis por noticiar os assuntos mais importantes do dia o fazem sob condições de vulnerabilidade e violência? Seria preocupante, não é mesmo? Pois bem, infelizmente essa não é apenas uma afirmação hipotética.” Essas pessoas são as mulheres, afirmou a pesquisadora. Em 2021, Kikuti debateu outro tipo de violação de gênero presente no jornalismo brasileiro: a desigualdade do mercado de trabalho e suas consequências. As mulheres são maioria nas redações, são as que trabalham mais horas, recebem menos e estão mais expostas a assédios e violências.

A violência de gênero não se limita aos abusos e ataques feitos por terceiros. Ela aparece em estruturas de poder e dominação que as coloca em condição de inferioridade frente aos seus colegas homens, que são maioria em cargos de chefia. Se materializa por toques inadequados de colegas ou chefes, comentários ofensivos ou embaraçosos sobre corpo, peso, comentários depreciativos de suas habilidades e qualificações profissionais, entre outras situações cotidianas que aparecem naturalizadas no dia a dia das redações, porém, podem gerar danos profissionais e psicológicos em longo prazo.

Para se ter uma ideia, 83,6% das participantes da pesquisa Mulheres no Jornalismo Brasileiro afirmaram já terem sofrido algum tipo de violência psicológica nas redações. Outras 70,4% admitiram já ter recebido cantadas que as deixaram desconfortáveis enquanto exerciam seu trabalho. O estudo de 2017 mostra que  65,7% das participantes tiveram sua competência questionada por colegas ou superiores ou viram uma colega nesta situação, enquanto 64% relataram abuso de poder ou autoridade de chefes ou fontes. Além disso, 46% das respondentes informaram não existirem canais adequados para denúncias de assédio ou discriminação de gênero em seu local de trabalho.

É imprescindível que as empresas de mídia assumam seu papel em defesa das jornalistas e desenvolvam medidas efetivas de proteção às profissionais vítimas de violência, dentro e fora do seu local de trabalho. Além de posicionamento público, defesa jurídica e suporte psicológico, é preciso implementar protocolos de ações efetivas que combatam as violações aos direitos das mulheres, além de mecanismos de segurança para combater ataques externos. O relatório “The Chilling: What More Can News Organisations Do to Combat Gendered Online Violence?” destaca medidas que vem sendo adotadas por algumas organizações jornalísticas ao redor do mundo para garantir a proteção às jornalistas. Entre elas, estão os empregadores defenderem publicamente seus jornalistas vítimas de ataques, ampliar ações sobre questões interseccionais que precisam ser enfrentadas e criação de novas funções dedicadas a enfrentar de forma mais efetiva a violência contra os jornalistas.

Também é essencial que jornalistas homens tomem partido. É triste ver que maior parte das notas de repúdio a agressões contra mulheres venham de mulheres. Homens jornalistas devem assumir o papel de defensor da liberdade de expressão também quando mulheres são atacadas. E muito mais que cobrar decoro e se solidarizar pela vítima, a sociedade civil organizada precisa cobrar insistentemente a responsabilização das empresas de mídia pelo suporte e proteção de seus profissionais. O caso do primeiro debate eleitoral de 2022 escancarou a permissividade dessas organizações ao ataque misógino. Duas mulheres foram agredidas verbalmente em cadeia nacional. No decorrer da semana, a jornalista sofreu ainda mais ataques. Uma nota de repúdio não resolveria o problema central, porém ao menos demonstraria respeito a quem foi violada no seu direito profissional e civil de se expressar.

Mulheres jornalistas sofreram 6 ataques por mês em 2021 – Home | ABI –  Associação Bahiana de Imprensa

15
Ago22

Bolsonarista Gabriel Monteiro apontou arma para vítima que havia pedido para interromper relação sexual, segundo depoimento

Talis Andrade

www.brasil247.com - Youtuber Gabriel MonteiroSupostos defensores dos 'bons costumes', Feliciano, Kicis e Eduardo  Bolsonaro se calam sobre Monteiro, suspeito de pedofilia - Brasil 247

 

Além de ter apontado a arma para a cabeça da vítima, Monteiro também estava gravando o ato e enviando vídeos a amigos no WhatsApp

 

247 - Uma das quatro vítimas que acusam o vereador Gabriel Monteiro (PL-RJ) de estupro relatou, em depoimento à polícia, que ele chegou a apontar uma arma para a cabeça dela após ela pedir para interromper uma relação sexual. Trechos do depoimento foram divulgados pelo Fantástico, da TV Globo, e recuperados pelo jornal Estado de S. Paulo.

Além de ter apontado a arma para a cabeça da vítima, Monteiro também estava gravando o ato e enviando vídeos a amigos no WhatsApp, segundo o depoimento. Ela conta que havia pedido para parar o ato sexual pois o vereador estava adotando comportamento agressivo, desferindo tapas em seu rosto e socos na sua costela. No dia seguinte, ela relata ter ido ao hospital, sendo que em seu prontuário está registrada "hipótese diagnóstica: violência sexual".

Sobre o fato de ter divulgado vídeos mantendo relações com menores, a defesa de Gabriel Monteiro alega que as meninas mentiam a verdadeira idade ao parlamentar. No entanto, uma das testemunhas afirma que “ele falava diretamente que ele não gostava de maiores de 18 anos”.

Além disso, Luísa Batista, uma das ex-assessoras que denunciaram o vereador por assédio sexual e moral, disse que ele tinha consciência de que se relacionava com menores. “Ele tratava (uma das meninas) como namoradinha dele. Mas todo mundo sabia que era errado, que ela era menor de idade, e que ele, além de ser maior de idade, era um parlamentar, não podia estar com essa conduta.”

A Câmara Municipal do Rio de Janeiro deve votar a cassação de Gabriel Monteiro, após aprovação por unanimidade, pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, do relatório que pede a perda de mandato do vereador.

O documento, de autoria do vereador Chico Alencar (PSOL), menciona, como exemplos de infrações cometidas por Monteiro, a "filmagem e armazenamento de vídeo de sexo com adolescente; exposição vexatória de crianças e pessoas em situação de rua em vídeos manipulados; assédio moral e sexual contra assessores do mandato; denúncias contundentes de estupro por quatro mulheres que relatam o mesmo modus operandi", entre outros.

Switch Plate Double Toggle - America Group Hate History Kkk Klan Klu Klux  Klan - - Amazon.com

Gabriel Monteiro e Mamãe Falei simbolizam derrocada de políticos youtubers  - Blog do Ricardo Antunes

Liberdade política para nazistas, falsas operações policiais, turismo  sexual de guerra e abuso sexual de menores: o que os casos Monark, Da  Cunha, Mamãe Falei e Gabriel Monteiro revelam sobre a "nova"

 

As manifestações pelo impeachment de Dilma Roussef e o crescimento das redes sociais alavancou uma porção de movimentos e jovens representantes de uma nova direita brasileira. Buscando dialogar com os jovens, reciclando ideias econômicas liberais e difundindo valores conservadores nos costumes, essas novas figuras se tornaram youtubers, instagramers e tiktokers, e muitos aproveitaram a fama para alcançar mandatos eletivos em Câmaras e Assembleias Legislativas ou perseguem esse objetivo.

Inesperadamente, nos últimos meses, assistimos a uma avalanche de cancelamentos nas redes sociais contra diversas dessas novas figuras, com destaque para os casos do delegado Da Cunha, Monark, Mamãe Falei e Gabriel Monteiro. Em comum, todos são homens, heterossexuais e youtubers, que adoram gerar polêmicas nas redes com suas opiniões políticas estapafúrdias e, em alguns casos, com ações midiáticas chocantes.

Foi com esse tipo de ação que o delegado da Polícia Civil de São Paulo Da Cunha e o PM carioca Gabriel Monteiro ganharam milhões de seguidores. Ambos adotaram a prática de filmar supostas operações policiais e ações de caridade para postar nas redes e angariar popularidade. Os dois estão sendo investigados por possíveis crimes no exercício de suas profissões. 

Da Cunha foi indiciado por peculato, crime de funcionário público que se aproveita do cargo para obter benefícios, e foi afastado de suas funções. Há suspeitas de que montou um esquema cinematográfico para forjar as operações policiais que divulgava em seus canais, com contratação de particulares para organizar as filmagens. O policial alega que está sendo perseguido pelas autoridades.

O vereador Gabriel Monteiro foi denunciado em matéria do Fantástico por assédio sexual contra funcionários e abuso sexual de menores. Nas últimas semanas, apareceu em diversos vídeos que circularam nas redes. Num deles, mantém relação sexual com uma adolescente de 15 anos. Foi denunciado à justiça por ter gravado o ato. Em outro vídeo, acaricia e beija uma menor durante uma suposta ação de caridade. Qualquer um que assista percebe que há algo errado no modo como trata a criança. 

Monteiro alega que há um complô da Rede Globo, de seus ex-assessores e da máfia dos reboques do Rio de Janeiro para destruir a sua imagem. A narrativa persecutória não está obtendo êxito e Gabriel enfrentará processo que resultará em cassação de seu mandato. O sorteio indicou que o relator de seu caso na Câmara será o vereador Chico Alencar (PSOL-RJ). 

O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo cassou, por unanimidade, o mandato de Arthur do Val (Mamãe Falei), devido aos áudios vazados em sua suposta operação humanitária e midiática na Ucrânia, país invadido pela Rússia. Nos áudios repugnantes, Arthur faz declarações dizendo que as ucranianas são “fáceis porque são pobres” e se mostra exaltado com as possibilidades sexuais no contexto da guerra naquele país. Se no início do caso a postura do ex-deputado foi de pedir desculpas, tudo mudou agora. Nos últimos dias, Arthur declarou à imprensa que ia “cair atirando” e convocou a militância do MBL para defender seu mandato no dia da cassação. Diz estar sendo perseguido por sua postura ética e atuante contra corrupção. Parece piada.

O caso do ex-youtuber e ex-membro do Flow, Monark, também ganhou novos contornos. Depois de declarar num programa ao vivo que o partido nazista deveria ter autorização legal para existir no Brasil, reivindicando liberdade política para assassinos de negros, judeus e homossexuais, Monark foi massacrado pela opinião pública e desapareceu por alguns dias das redes. Além disso, foi banido (até o momento) do Youtube. Alegando estar sendo perseguido e censurado, procurou outra plataforma e já lançou um novo podcast, onde continua se vitimizando a afirmando as mesmas ideias furadas.

O que esses quatro casos revelam é que a autodenominada “nova direita”, que muito empolgou parcelas significativas da juventude nas redes e nas ruas – especialmente a juventude branca, heterossexual e masculina – é uma farsa. Por trás da defesa de uma liberdade de expressão sem limites, da bandeira da ética e da moralidade, da exaltação da tolerância zero ao crime e da ladainha do liberalismo econômico se esconde a necessidade de blindagem de suas opiniões e práticas degeneradas, imorais e dignas de um charlatanismo sem limites. Ainda bem que a opinião pública está se movendo contra essas figuras.

Defesa do nazismo feita por Kim Kataguiri não incomoda o aliado MoroMoro diz que fala antissemita de Kim Kataguiri no Flow Podcast foi uma  “gafe verbal”Com presença de Moro, Podemos anuncia ingresso de integrantes do MBL ao  partido – Podemos
Jamais apoiarei quem tem esse tipo de opinião', diz Moro sobre Arthur do Val  - ISTOÉ IndependenteMoro abandona Mamãe Falei por causa de ofensa a ucranianas
 
23
Jul22

Casos Pedro Guimarães e Marcelo Arruda motivaram dois suicídios: mortes geram suspeitas de queima de arquivo

Talis Andrade

Charge do Zé Dassilva: Dress code | NSC Total

 

Imediatamente após a morte do diretor da Caixa, internautas subiram hashtag com suspeitas sobre os dois casos; veja aqui

 

por Julinho Bittencourt /Revista Forum

 

Primeiro foi o suicídio do segurança da Itaipu Binacional, Claudinei Coco Esquarcini, que é responsável pela instalação e manutenção dos sistemas de monitoramento da Associação Recreativa e Esportiva da Segurança Física (Aresf), onde ocorreu o assassinato do petista Marcelo Arruda pelo bolsonarista Jorge Guaranho.

Ele se jogou do alto de uma ponte no município de Medianeira (PR) neste domingo (17). O corpo foi encontrado e a causa mortis é "violenta - queda de plano elevado", segundo o obituário obtido pela Fórum.

 

Morte na CaixaO ídolo | A Gazeta

Depos disso, foi encontrado morto na noite desta terça-feira (19), no edifício-sede da Caixa, na região central de Brasília, o diretor de Controles Internos e Integridade da Caixa, Sérgio Ricardo Faustino Batista. A suspeita é de suicídio.

O corpo de Faustino, cuja diretoria é encarregada da investigação de assédio sexual contra o ex-presidente da instituição, Pedro Guimarães, foi encontrado na área externa do prédio por vigilantes que estavam de plantão.

Pedro Guimarães

23
Jul22

O maior temor de Bolsonaro: a debandada de sua tropa

Talis Andrade

Moa do Katendê foi morto a facadas — Foto: Reprodução/Facebook

Moa do Katendê esfaqueado por votar no PT

 

A situação é tão esdrúxula que começa a ganhar corpo a tese de que poderia ser tentado um golpe sem Bolsonaro.

 

por Luis Nassif

- - -

Houve quem acreditasse que a intenção de Bolsonaro, no desastrado evento com diplomatas, fosse meramente reforçar seu discurso eleitoral para suas bolhas.

É mais que isso: é para impedir a debandada de seus principais auxiliares. Confiando na blindagem da presidência, até agora aliados ousaram se meter na lama até o pescoço. Não pensaram no dia seguinte. Confiaram excessivamente na manutenção do poder de Bolsonaro, pelo voto ou pelo golpe.

Essa sensação de impunidade foi sendo solapada pela ação de Alexandre de Moraes, Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenando a prisão de vários agitadores. A prisão do deputado Daniel Silveira colocou o bolsonarismo em uma sinuca de bico. Bolsonaro foi obrigado a usar o recurso do indulto, provocando enorme desgaste junto a setores do Estado ainda favoráveis a ele.

A queda de Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), e uma das pessoas mais próximas a Bolsonaro, foi um golpe fatal, mais ainda que a prisão do Ministro da Educação, acusado diretamente de corrupção. Agora, são escancarados os abusos de Guimarães, que foram muito além do assédio sexual. Ele está sob risco concreto de condenação e prisão. E Bolsonaro nada poderá fazer.

O evento com diplomatas despertou uma reação inédita de instituições e corporações públicas. Associações de toda ordem, da Polícia Federal, da ABIN, do TCU, sociedade civil, de todos os lados, a condenação foi unânime. 

Ponto essencial foi o rescaldo da reunião, quando se constatou que os comandantes militares foram convidados e recusaram-se a comparecer ao show, assim como ministros do STF e presidentes da Câmara e do Senado.

O episódio explicitou de maneira inédita a vulnerabilidade de Bolsonaro, ainda mais após a repercussão negativa internacional e a constatação de que qualquer tentativa de golpe provocará retaliações não apenas das democracias europeias como dos Estados Unidos.

É esse o ponto central. Com a debandada antecipada de seus aliados, Bolsonaro poderá contar apenas com as milícias, alguns clubes de Caça e Tiro e prováveis malucos que arriscarão episódios violentos.

Esse movimento fortalecerá ainda mais o papel das Forças Armadas de defesa da legalidade;

Nas próximas semanas, todo o entorno de Bolsonaro começará a pensar seriamente na conta que recairá sobre cada um, com o fim do governo. E será cada vez mais presente, para os Bolsonaros, o pesadelo da futura prisão da família.

A situação é tão esdrúxula que começa a ganhar corpo a tese de que poderia ser tentado um golpe sem Bolsonaro. Não há nenhuma indicação concreta, apenas uma demonstração de como a imprevisibilidade caminha do risco de um golpe de Bolsonaro, para a hipótese de um golpe sem Bolsonaro.

www.brasil247.com - { imgCaption }}

18
Jul22

Gravações mostram assédio moral de Pedro Guimarães na Caixa

Talis Andrade

Entenda: por que o copo de leite na live de Bolsonaro provocou controvérsia  | Sonar - A Escuta das Redes - O Globo

Bolsonaro e Pedro Guimarães realizam ritual nazista de tomar leite

 

Metrópoles - O agora ex-presidente da Caixa tinha acessos de fúria e usava termos de baixo calão em reuniões com subordinados

Os depoimentos revelados com exclusividade pela coluna nos quais funcionárias da Caixa denunciam episódios de assédio sexual envolvendo Pedro Guimarães, que até esta quarta-feira comandava o banco público, trazem também uma série de relatos de assédio moral.

Os testemunhos incluem situações em que Guimarães, a partir do cargo de presidente da Caixa, submeteu subordinados a constrangimentos diversos.

Ao longo da apuração, a coluna falou ainda com outros empregados da Caixa e reuniu elementos que corroboram os relatos.

Tivemos acesso, também com exclusividade, a registros em áudio que dão a dimensão dos arroubos, que ocorriam inclusive em reuniões de diretoria.

Guimarães, que deixou o cargo nesta quarta em razão das denúncias, detestava ser contrariado.

Com frequência, ele elevava a voz e usava palavreado grosseiro e até chulo para reagir a decisões tomadas pelos subordinados que o desagradavam.

Eis algumas dessas situações:

A fúria por perder remuneração de conselhos

Em uma reunião no fim do ano passado, Pedro Guimarães estrilou com executivos da Caixa em razão de uma decisão que havia sido tomada pelo conselho do banco sem que ele tivesse sido informado.

A coluna apurou com fontes ligadas ao Ministério da Economia que a fúria tinha a ver com dinheiro: o conselho havia aprovado uma mudança nas normas internas que passou a estabelecer um limite à nomeação de Guimarães para conselhos da própria Caixa e de empresas nas quais o banco tem participação.

Após a decisão, ele só poderia ser remunerado pela atuação em, no máximo, dois conselhos. Na prática, a mudança representava menos dinheiro no bolso do então presidente.

A partir de um levantamento em documentos oficiais da Caixa, a coluna apurou que, desde que assumiu o comando do banco, no primeiro dia do governo Jair Bolsonaro, Guimarães integrou pelo menos 18 conselhos. Pela participação na maioria deles, recebia remuneração.

A soma dos jetons a que ele tinha direito nesses conselhos alcança a cifra de R$ 130 mil. Além desses valores, Pedro Guimarães recebia ainda o salário mensal de presidente da Caixa, de R$ 56 mil.

A partir da alteração nas normas internas, a remuneração “extra” diminuiu sensivelmente. Guimarães atribuiu a aprovação da nova regra a uma suposta sabotagem de seus subordinados, que teriam deixado passar a mudança para prejudicá-lo financeiramente.

A certa altura da teleconferência, claramente irritado, ele diz que os executivos do banco estariam trabalhando contra ele e contra o governo, e que eles mereciam “se f.” com um eventual retorno do ex-presidente Lula ao poder. Ouça:

“Vocês têm que se f.”

 

Na mesma reunião, Pedro Guimarães pede a Celso Leonardo Derziê Barbosa, um amigo pessoal que ele alçou à posição de vice-presidente da Caixa, para anotar o CPF de todos os subordinados que estavam na conferência, para que fossem punidos com a perda dos cargos que ocupavam caso o teor da reunião vazasse.

Celso Leonardo, que chegou a ser cotado para suceder Guimarães na presidência da Caixa, é apontado como o diretor encarregado de promover a perseguição interna contra os funcionários que desagradavam ao amigo.

Neste momento da reunião, Guimarães diz que a tarefa tinha que ficar a cargo de Celso Leonardo porque Álvaro Pires, outro amigo dele levado para o banco e nomeado como assessor do gabinete da presidência, é “pau mole” e não teria coragem de adotar as providências. Pires é conhecido pelo apelido de Vreco. Ouça esse trecho da reunião:

“É p. mole”

 

Um presidente autoritário

O jeito grosseiro fica explícito em outros trechos das gravações às quais a coluna teve acesso.

Em uma das oportunidades, ao se queixar de decisões que haviam sido tomadas no banco sem passar pelo seu crivo, Guimarães diz não se importar com a opinião dos subordinados.

“Caguei para a opinião de vocês, porque eu que mando. Não estou perguntando. Isso aqui não é uma democracia, é a minha decisão”, afirma. Ouça:

“Eu que mando. Isso aqui não é uma democracia”

 

O tom é semelhante neste outro áudio, em que ele claramente ameaça de demissão os funcionários que tomarem decisões sem consultá-lo:

“Vocês são malucos”

 

Todos os poderes ao gabinete

Eram comuns as situações em que o caráter centralizador de Pedro Guimarães derivava para ataques e ameaças aos funcionários.

Nesta outra gravação, ele reclama de mais uma decisão dos executivos do banco que não havia passado pela aprovação da presidência.

E diz que, ainda que algum dos vice-presidentes da Caixa tivesse avalizado a decisão, o assunto deveria ter passado pelo crivo da chefe de gabinete da presidência, Rozana Alves Guimarães. “Manda todo mundo tomar no c.”, afirma.

“Manda todo mundo tomar no c.”

 

Acareações entre funcionários

Os funcionários ouvidos pela coluna afirmam que era comum Pedro Guimarães fazer acareações entre eles quando percebia alguma divergência em respostas a seus questionamentos. Além disso, a ameaça de demitir muitas vezes era cumprida, o que explicaria a alta rotatividade nos cargos de chefia da Caixa.

“A gente tem 37 cargos de dirigentes e mais de 100 pessoas já passaram por esses cargos desde que ele (Guimarães) chegou”, afirma uma subordinada do gabinete.

Perder um cargo de confiança pode significar muito. Executivos do banco recebem salários a partir de R$ 30 mil. Quando são demitidos das funções de chefia, eles voltam a receber o salário original, até dez vezes menor. Por isso, dizem os funcionários, muitos cediam aos caprichos de Guimarães.

“Você chega no nível máximo e de repente despenca. Vira um técnico bancário”, diz a funcionária de carreira, que relata ter sido vítima de assédio moral do então presidente do banco.

“Faixa branca” e “Long Dong”

No dia a dia, dizem os funcionários, a relação de Guimarães com seus subordinados mais próximos era repleta de palavrões, termos pornográficos e expressões ácidas que mexiam com a auto-estima deles.

“‘Pau mole’, ‘júnior’, ‘faixa branca’… É assim que ele chama todo mundo”, afirma um dos empregados da Caixa ouvido pela coluna.

As expressões eram usadas quando Guimarães queria dizer que os subordinados estavam desempenhando suas tarefas como se fossem profissionais iniciantes, inexperientes.

Quando não estava satisfeito com o resultado do trabalho de algum empregado, ele reagia irado. “Ele dizia: ‘Até meu filho faria isso melhor do que você’.”

Não eram incomuns as situações em que o assédio moral vinha acompanhado das expressões de cunho sexual, segundo o relato de uma funcionária que, assim como os demais colegas, pediu para não ser identificada nesta reportagem.

“Tem uma coisa que ele sempre fala que é assim: ‘Vai vir o Long Dong, vai entrar pelo c. e sair pela boca’. Fui até pesquisar por qual motivo ele falava tanto desse Long Dong. É um ator pornô. É muito assustador”, diz ela.

A neura com celulares

Segundo os depoimentos, por vezes Guimarães cismava que estava sendo gravado e, de repente, pegava os telefones dos subordinados para se certificar de que aplicativos de gravação não estavam acionados.

“Ele implantou na Caixa um ambiente de medo e de submissão, com o clima sempre tenso”, afirma uma funcionária.

A cultura do medo, diz ela, era um instrumento que ele entendia como necessário para uma gestão eficiente. “E ele fala que, se a sua equipe gosta de você, é porque você é um péssimo gestor. Funcionários, na visão dele, têm que te odiar o chefe. Diz que você tem que arregaçar todo mundo “, prossegue.

Surto ao vivo

Uma funcionária relata que Guimarães chegou a dar um murro na TV instalada em uma das salas usadas pela diretoria da Caixa por causa de um problema no som. Depois, mandou tirar o aparelho do local. A cena foi assistida por executivos do banco que, sob reserva, concordaram em falar à coluna.

Ainda de acordo com os relatos, Guimarães já danificou um computador da Caixa e arremessou um celular funcional contra a parede durante um dos acessos de raiva, na frente de funcionários.

Em uma live feita no canal da Caixa no YouTube para explicar o pagamento do auxílio emergencial durante a pandemia, ele ficou revoltado com um problema ocorrido na transmissão. “Ele estourou e falou no ar que era para mandar todo mundo embora”, conta uma funcionária.

Pimenta na comida

Um episódio relatado pelos funcionários que aceitaram falar para esta reportagem tem pitadas de sadismo, embora envolva uma prática à qual Pedro Guimarães procurava dar contornos de brincadeira.

Em jantares, especialmente durante viagens de trabalho, ele despejava pimenta nos pratos dos subordinados e os exortava a comer tudo até o fim, ainda que a contragosto.

A prática era entendida como mais uma das várias técnicas polêmicas usadas por Guimarães a pretexto de motivar as equipes sob seu comando – ele chegou a ser processado por obrigar empregados a fazer flexões em eventos públicos do banco e, quando decidia descer de escada os 21 andares do edifício-sede da Caixa, saía colhendo os funcionários que encontrava pelo caminho e os constrangia a acompanhá-lo.

No caso da pimenta, uma funcionária diz: “Quanto mais você chora e passa mal, mais ele ri. Ele é bem sádico. Em toda refeição de trabalho com ele tinha pimenta no prato de alguém”.

Citado em denúncias de assédio, vice-presidente da Caixa renuncia

 

02" da Caixa também teria cometido assédio: “Virou uma 'cultura' da  empresa” | Revista FórumUm dos executivos mais próximos de Guimarães, Celso Leonardo Barbosa também foi citado em denúncias de funcionárias da Caixa que já prestaram depoimento aos investigadores. A renúncia dele foi aprovada pelo Conselho de Administração do banco.

Barbosa, que nega as acusações, também é alvo de denúncia por abuso sexual apresentada na ouvidoria da Caixa. O Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Tribunal de Contas da União (TCU) também se debruçam sobre o caso.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub