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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

06
Nov20

Flávio Bolsonaro é destaque na mídia internacional: “rachadinha” vira “salary split”

Talis Andrade

 

Flavio Bolsonaro Montagem presse.jpg

A acusação visando o filho do presidente Jair Bolsonaro ganhou destaque na imprensa em vários países. © Fotomontagem RFI/AP
 
Texto por RFI
 

A denúncia por corrupção do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), visando o senador Flávio Bolsonaro, foi manchete em vários jornais do mundo.

Do jornal norte-americano The New York Times ao britânico The Guardian, passando pela revista francesa Le Point ou o canal belga RTBF, vários veículos noticiaram a acusação contra Flávio Bolsonaro, 39 anos, filho mais velho do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, por suposta participação em organização criminosa lavagem de dinheiro, apropriação indevida e peculato. Os crimes teriam sido cometidos entre 2007 e 2018, quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro.

O filho do presidente Bolsonaro é acusado de corrupção”, resume em título a revista francesa Challenges, que publicou, já na quarta-feira, as primeiras informações divulgadas pelas agências de notícias.  O jornal português Publico dá mais detalhes sobre o caso e diz que o filho do chefe de Estado é suspeito de ter recebido indevidamente parte dos salários dos funcionários do seu gabinete. “Esta prática, amplamente difundida entre os detentores de cargos públicos ao nível estadual no Brasil, é conhecida como 'rachadinha'”, explica o diário português.

O britânico The Guardian tenta traduzir o conceito de “rachadinha”, que vira, nas palavras do correspondente no Rio de Janeiro, “salary split”. Isso acontece, explica o jornalista, quando “políticos corruptos sugam uma parte dos salários de seus funcionários financiados publicamente para ganho pessoal”.

The New York Times também diz que a “rachadinha” é “uma tática comum nos escalões mais baixos da política no Brasil". Mas o jornal norte-americano informa que, desta vez, “os investigadores descobriram uma série de transferências bancárias suspeitas, incluindo para a primeira-dama, Michelle Bolsonaro”.

A revista francesa Le Point relata que Fabrício Queiroz, ex-oficial da Polícia Militar de 54 anos, ex-assessor do senador e muito próximo à família Bolsonaro, também foi denunciado, com outras quinze pessoas. “A mídia local diz que ele teria ligações com as milícias paramilitares que semeiam o terror nos bairros populares do Rio de Janeiro”, resume o semanário em seu site.

A abertura de um processo ainda é incerta, como explicam vários jornais, que também publicam a reação de Flávio Bolsonaro à acusação. O mexicano La Jornada diz que o filho do presidente “negou ter cometido qualquer crime e tem certeza que o tribunal não aceitará a denúncia”.

Má notícia para Jair Bolsonaro

O canal de televisão belga RTBF analisa, em seu site, que “essa acusação formal, a primeira de um membro da família desde a chegada de Jair Bolsonaro ao poder, é uma má notícia para o dirigente de extrema direita antes das eleições municipais”.

Trata-se, segundo The Guardian, do “último constrangimento para o ex-capitão do exército, que assumiu o poder se posicionando como um outsider, como Donald Trump”. Já o diário português Público conclui sua matéria lembrando que Jair Bolsonaro foi eleito “tendo como pano de fundo a Operação Lava-Jato, cujas investigações resultaram em condenações de políticos relevantes de praticamente todos os partidos, incluindo o antigo Presidente Lula da Silva, que, por isso, não pôde candidatar-se às eleições presidenciais”. E, como The Guardian, insiste na ironia, ressaltando que Bolsonaro “fez do combate à corrupção uma das suas principais bandeiras”.

 

 
01
Nov20

Firmeza de Mourão não é a de opinião pessoal

Talis Andrade

Entrada repentina do vice nos temas da vacina e do 5G indica a voz que fala mais grosso

 

por Janio de Freitas /Folha 

- - -

O firme pronunciamento do vice Hamilton Mourão, contraposto a afirmações incisivas de Bolsonaro, suscita duas interpretações, mas é provável que as duas sejam uma só, com duas roupagens. E, como preliminar, note-se que o dito pelo vice tem mais do que o sentido de confronto, estendendo-se a importante inversão nas relações externas.

Bolsonaro vetou a compra, em qualquer tempo, de vacina chinesa contra a Covid-19: “Não vai haver compra, ponto final”. Antes, usou do mesmo tom definitivo a propósito do sistema 5G, que revolucionará as possibilidades de comunicações. Atrasados na criação do seu sistema, os Estados Unidos de Trump não admitem que o Brasil adote o sistema chinês, o qual, além da vantagem em tempo, evitaria custosas mudanças nos equipamentos de telecomunicações usados aqui, com muitos componentes chineses.

No seu estilo sucinto e de uso das entrelinhas, Mourão antecipa-se a novidades prenunciadas na campanha eleitoral americana. Joe Biden já indicou mais de uma vez que, se eleito, esvaziará a tutela imposta pelos Estados Unidos na América Latina. Com isso, aos países e só a eles caberia a escolha de suas relações comerciais e políticas. Não é o desejado por Bolsonaro, servil a Trump: “Quem vai escolher sou eu. Sem palpite por aí”.

O general-vice, porém, é claro: desde que asseguradas “soberania, privacidade e economia”, qualquer produtor de sistema 5G estará apto a disputar a adoção brasileira. O que, é claro, incluirá o sistema chinês indesejado por Bolsonaro.

A firmeza de Mourão não é a de opinião pessoal. Também não é a do vice de um governo que tem posição pública oposta.

Na competição política com João Doria em torno da vacina Sinovac, chinesa, a irracionalidade natural de Bolsonaro está perdendo. Mourão tanto parece dar-lhe um socorro, como parece aplicar-lhe um safanão excludente: “É lógico que o Brasil vai comprar o imunizante. O governo não vai fugir disso aí”, dos 46 milhões de doses previstos de início.

O passado guarda vários casos de divergência embaraçosa entre Bolsonaro e Mourão. As diferenças na comparação com as atuais começam no ambiente. O que lá atrás eram previsões, hoje é o notório desgaste do Exército, com os papéis deploráveis de vários do seus generais instalados no governo.

São exibições ora de arrogância e desatino, ora de ignorância e servilismo, diversas vezes de pusilanimidade sob ofensa e desmoralização. Isso tudo como personagens de um governo imbecilizado, destruidor, ridículo no fanatismo, negocista com o patrimônio nacional, sem projeto e sem rumo, antissocial e mortífero.

A interpretação de que Hamilton Mourão veio fortalecer as críticas dos generais Santos Cruz, mais diretas, e Rêgo Barros é cabível. Até óbvia. Mas a entrada repentina de Mourão em dois temas de grande relevância atual, em ambos levando Bolsonaro à beira do abismo, não é voz de decepções, arrependimento ou ressentimento. É voz mais grossa.

De modo diferente do planejado sob indução e orientação do general Eduardo Villas Bôas —quando, apesar de quase invalidado por doença neuromuscular, comandava o Exército porque visto como democrata—, estamos vendo os passos iniciais de um governo mais sob decisões e comando de militares do Exército do que de Bolsonaro e seu grupo.

O títere do plano, o presidente-laranja, fracassa. Se deterá os passos adversários, logo se verá. Enquanto isso, é justo reconhecer que o tropeção dessa aventura antidemocrática se deve tanto a Bolsonaro quanto aos generais ineptos que o circundam.

Dois coadjuvantes

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A reunião de Bolsonaro com advogados de seu filho Flávio, no crime das “rachadinhas”, contou com duas presenças inadmissíveis: Augusto Heleno Pereira e Alexandre Ramagem. O general do Gabinete de Segurança Institucional e o delegado da Polícia Federal que dirige a Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Dois cargos que proporcionam meios múltiplos de interferências em investigações policiais, em conduta de envolvidos e em ação do Ministério Público.

O procurador Lucas Furtado, frequente condutor de questões importantes no Tribunal de Contas da União, pediu que o tribunal investigue o uso de meios governamentais para favorecer o complicado Flávio Bolsonaro. Mas são necessárias providências também em outros âmbitos.

Bolsonaro não chamou assistentes jurídicos. Logo, Augusto Heleno e Ramagem estiveram na reunião em razão dos seus cargos, usando-os em ato contra a comprovação de crimes graves como o de corrupção para apropriação de dinheiro público.

rachadinhas metade fica com os sabidos bolsonaro .

 

 

16
Mar20

Vazajato apresenta a prova final da corrupção da Lava Jato

Talis Andrade

dallagnol moro dinheiro_brum.jpg

 

 

por Lui Nassif

A última manipulação da Lava Jato, tirando do fundo do baú uma “delação espontânea” de Sérgio Cabral incriminando Lulinha, foi tão fora de prumo que não foi aceita até pelo principal desembargador aliado da operação, João Pedro Gebran Neto.

Como sempre acontece quando está sob ameaça, a Lava Jato tira da cartola uma acusação qualquer contra Lula, esperando recompor a blindagem junto à mídia.

A ameaça, no caso, veio das duas reportagens de APublica-The Intercept, sobre as negociações dos procuradores com o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ) visando se apropriar de parte das multas para a Fundação a ser administrada pelos próprios procuradores.

Trata-se da reportagem mais bem estruturada da Vazajato, e prova mais contundente, até agora, sobre a corrupção da operação. Até então, a palavra corrupção era empregada para descrever os métodos pouco ortodoxos de atuação da Lava Jato. Com a constituição da tal Fundação (cuja existência foi denunciada pelo GGN, em primeira mão), e das informações sobre a tentativa de Deltan Dallagnol, Roberto Pozzobon e Rosângela Moro, de montar empresas especializadas em palestras, ficou mais evidente ainda.

Agora, na melhor reportagem da série sobre a Vazajato, APublica e The Intercept revelam, com base nas conversas do Telegram, a prova definitiva da corrupção da Lava Jato: os acordos ocultos com o Departamento de Justiça e procuradores americanos, com o objetivo de negociar parte das multas, definir sua aplicação e receber sua parte na forma de palestras pagas.

São duas reportagens extensas, “Como a Lava Jato escondeu do governo federal vista do FBI e procuradores americanos” e “Desde 2015, Lava Jato discutia repartir multa da Petrobras com americanos

As duas reportagens confirmam o que o Jornal GGN vinha alertando desde 2015, quando o Procurador Geral da República Rodrigo Janot desembarcou nos EUA com uma tropa de procuradores: a Lava Jato estava rifando a Petrobras para atender seus interesses políticos. Com a fundação, ficou claro que havia também interesses financeiros pessoais envolvidos.

Mas a cobertura transformou jornalistas dos grupos de mídia em meros repassadores de release da Lava Jato e, assim, as denúncias ficaram no ar, enquanto a Lava Jato completava os crimes de lesa-pátria.

Houve a intenção deliberada – da mídia e do STF – em inviabilizar as denúncias que vinham dos portais, para permitir a continuidade de uma ação claramente anti interesse nacional. (Continua) 

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