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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

24
Abr23

O que é o prêmio Camões, que será entregue com atraso a Chico Buarque após recusa de Bolsonaro

Talis Andrade

 


Chico Buarque no palco da casa Vivo Rio, na estreia carioca do show 'Que tal um samba' no Rio de Janeiro — Foto: Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio

Chico Buarque no palco da casa Vivo Rio, na estreia carioca do show 'Que tal um samba' no Rio de Janeiro — Foto: Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio

 

Depois de quatro anos de espera, o cantor, compositor e escritor Chico Buarque, de 78 anos, vai finalmente receber nesta segunda-feira (24) em Sintra, Portugal, o prêmio Camões, o mais importante da literatura de língua portuguesa.

Um dos motivos da demora se deveu à recusa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em assinar a documentação necessária para que o artista recebesse o diploma, segundo explicou à BBC News Brasil o ministro da Cultura de Portugal, Pedro Adão e Silva. 

Como resultado, todos os vencedores do prêmio — quatro no total, incluindo Buarque — ainda não o receberam.

Chico Buarque estreou como escritor de ficção em 1974, com a novela "Fazenda Modelo". Em 1979, publicou o livro infantil "Chapeuzinho Amarelo". Seu primeiro romance, "Estorvo", foi lançado em 1991. Quatro anos depois, publicou o segundo, "Benjamin". Em 2003, lançou "Budapeste"; em 2009, "Leite Derramado" e em 2014, "Irmão Alemão". Ele escreveu as peças de teatro "Roda Viva" (1968); "Calabar" (1972); "Gota D’Água" (1974), e "Ópera do Malandro" (1978).

O prêmio Camões foi criado em 1988 "com o objetivo de consagrar um autor de língua portuguesa que, pelo conjunto de sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural do idioma", segundo o Ministério da Cultura (Minc).

É considerado a mais importante premiação da língua portuguesa e contempla anualmente autores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Seu nome homenageia o poeta português Luís de Camões (1524-1580), uma das maiores figuras da literatura lusófona.

O ganhador do prêmio recebe 100 mil euros (R$ 555 mil), sendo metade desse valor subsidiado pela Fundação Biblioteca Nacional, entidade vinculada ao Ministério da Cultura. A outra metade é paga pelo governo português.

O diploma entregue aos laureados contém o nome de todos os países lusófonos e é assinado pelos chefes de Estado de Portugal e do Brasil.

A escolha é feita por um júri de seis membros, dois do Brasil, dois de Portugal e dois escolhidos em comum acordo por outros países lusófonos (Angola, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste).

O primeiro a receber o prêmio, em 1989, foi o poeta e escritor português Miguel Torga.

Desde então, outros 33 escritores foram agraciados, entre os quais 14 do Brasil, 14 de Portugal, três de Moçambique, dois de Angola e dois de Cabo Verde.

Entre os brasileiros laureados, estão Raduan Nassar (2016), Ferreira Goulart (2010), Lygia Fagundes Telles (2005) e Jorge Amado (1994).

Devido à recusa de Bolsonaro em conceder o prêmio a Buarque, os seguintes escritores ainda não puderam recebê-lo: o português Vitor Manuel de Aguiar e Silva (2020), a moçambicana Paulina Chiziane (2021) e o brasileiro Silviano Santiago (2022).

Primeira mulher a publicar um romance em Moçambique, Chiziane é a primeira mulher e a primeira negra a vencer a premiação. "Niketche: Uma História de Poligamia" é um de seus romances mais famosos.

 

'Viramos uma página'

 

Em declaração no sábado (22) em Lisboa por ocasião da abertura da 13ª Cúpula Brasil-Portugal, que já não acontecia havia sete anos, o primeiro-ministro português, António Costa, fez alusão ao prêmio Camões.

Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Costa usou a recusa de Bolsonaro em entregar a premiação como um exemplo do esfriamento das relações entre Brasil e Portugal nos últimos anos. Segundo ele, no entanto, é momento de "virar a página".

"Queria sublinhar a importância do dia de hoje, em que depois de sete anos de interrupção retomamos as cimeiras (cúpulas) anuais entre Portugal e o Brasil. Retomamos estas cimeiras na segunda visita que em poucos meses o presidente Lula faz a Portugal e na primeira visita que o presidente Lula faz à Europa", disse.

Costa falou da "interrupção de contatos" entre os dois países. Em sua visão, a consequência mais clara disso foi o fato de "só na próxima segunda-feira (24) ser entregue a Chico Buarque de Holanda o Prêmio Camões, que ganhou há quatro anos, em 2019".

"Viramos, por isso, uma página", disse.

Lula está em viagem oficial em Portugal, aonde chegou na última sexta-feira (21). Ele fica no país até terça-feira (25), quando segue para a Espanha. Seu retorno ao Brasil está previsto para a noite de quarta-feira (26).

 
Chico Buarque ganha o Prêmio Camões de Literatura

Chico Buarque ganha o Prêmio Camões de Literatura

 
20
Nov22

Lula diz que 'sabe ouvir conselhos' e foi a Lisboa para 'aprender com o sucesso' do governo português

Talis Andrade

Blog do Noblat
@BlogdoNoblat
O bom filho (por Mary Zaidan) Lula diz que vai seguir o conselho da mãe analfabeta e só gastar o que tem ou ganha
Lula discursa para a militância petista no Instituto Universitário de Lisboa, ao lado de Fernando Haddad e Janja (sentados).

Lula discursa para a militância petista no Instituto Universitário de Lisboa, ao lado de Fernando Haddad e Janja (sentados). © RFI/Adriana Niemeyer


Texto por Adriana Niemeyer /RFI

O petista Luiz Inácio Lula da Silva foi aclamado por uma plateia de brasileiros residentes em Portugal que participou de um encontro com o presidente eleito, na manhã deste sábado (19), no Instituto Universitário de Lisboa. Na noite de sexta, Lula e sua esposa, Rosângela da Silva, foram recepcionados com um jantar oferecido pelo primeiro-ministro português, António Costa. O socialista acolheu Lula com um grande abraço e declarou “que Portugal estava com saudades do Brasil”.

Depois de uma reunião de uma hora e meia com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, Lula chegou ao Palácio de São Bento para um jantar, acompanhado por Janja, e agradeceu o apoio de Costa a sua candidatura.

Com humildade, o petista afirmou que veio a Portugal para "aprender" com o "sucesso" alcançado pelo primeiro-ministro e o presidente da República, saudando a "esperteza política" de Marcelo e os feitos políticos de Costa. “Vim aqui para ver se a gente consegue fazer o mesmo no Brasil e dar certo", declarou.

Na entrevista coletiva em Lisboa, Lula comentou a carta publicada pelos economistas Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan endereçada a ele, na qual demonstraram preocupação em relação à política fiscal que irá adotar no seu governo.

"Ainda não li, mas fiquei feliz ao saber de uma carta de pessoas importantes me alertando sobre problemas econômicos e dando sugestões. Eu sei ouvir conselhos e, se fizer sentido, seguir", afirmou o presidente eleito. A mensagem também foi publicada em uma postagem no Twitter. Lula repetiu que sempre agiu de modo responsável quando era presidente, e que conseguiu baixar a inflação, o desemprego e o percentual da dívida interna do país.

 
Ao lado da esposa, o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, faz o "L" de Lula ao acolher o presidente eleito do Brasil e Janja no Palácio de São Bento, em Lisboa, na noite de sexta-feira, 18 de novembro de 2022.
Ao lado da esposa, o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, faz o "L" de Lula ao acolher o presidente eleito do Brasil e Janja no Palácio de São Bento, em Lisboa, na noite de sexta-feira, 18 de novembro de 2022. © RFI/Adriana Niemeyer

 

Ele anunciou ainda que a concretização do acordo Mercosul com a União Europeia “é um compromisso de campanha”, ao comentar declarações do primeiro-ministro de Portugal sobre a importância das relações comerciais entre os países da América Latina e da Europa.

Lula, Janja e Haddad são ovacionados por brasileiros de Lisboa

O último compromisso do presidente eleito antes de embarcar de volta para o Brasil, a fim de trabalhar na formação do governo, era se encontrar com a militância petista que o apoiou durante a campanha e brasileiros residentes em Lisboa, onde teve uma grande votação.

Ele chegou ao Instituto Universitário da capital portuguesa acompanhado por Janja e Fernando Haddad, derrotado nas eleições para o governo de São Paulo, mas cotado para o futuro ministério, inclusive para a pasta da Economia. Quando Lula pediu a Janja para ela tomar a palavra, a plateia gritou "Janja nos representa", em alusão à polêmica criada pela jornalista Eliane Cantanhêde, que criticou o protagonismo político da futura primeira-dama. 

A viagem de retorno ao Brasil será feita no jato que o levou à COP 27 no Egito e tem sido motivo de muitas críticas por se tratar de uma aeronave do empresário José Seripieri Filho, conhecido como Júnior, ex-dono da Qualicorp. Ele foi um dos alvos da operação Lava Jato.

“Sou grato ao meu amigo, que foi comigo para a COP e me emprestou o avião. Espero que ele esteja disposto, em outra oportunidade, (a me emprestar), antes de eu assumir a Presidência, porque, a partir daí, de fato, eu não posso”, comentou Lula.

Ele afirmou ainda que precisa cuidar da sua segurança diante de "bolsonaristas raivosos se espalhando pelo mundo afora". E indicou que poderá usar a aeronave emprestada mais vezes antes de assumir a Presidência.

20
Nov22

“País irmão”: Lula se reúne com presidente de Portugal em Lisboa e encontra comunidade brasileira

Talis Andrade

ImageO presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, recebeu em Lisboa o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, recebeu em Lisboa o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, recebeu em Lisboa o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, recebeu em Lisboa o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. AP - Armando Franca

O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, desembarcou em Lisboa nesta sexta-feira (18), após ter participado da COP27 no Egito. Além de se reunir com o chefe de Estado português, o petista se encontra no sábado com representantes da numerosa comunidade brasileira que vive no país. Ele foi recebido na porta do palácio presidencial de Belém por grupos de apoiadores, mas também por bolsonaristas.

Lula chegou em Lisboa minutos antes das 13 horas (pelo horário local), a bordo do mesmo jatinho privado que o levou para o Egito, onde participou da COP27, justamente no momento em que a seleção portuguesa de futebol partia para a Copa do Mundo no Qatar. Por essa coincidência de horários, ele teve de sair do aeroporto por uma área privada, dedicada somente aos chefes de Estado. Uma comitiva de 10 carros esperava por ele e Fernando Haddad.

Depois de almoçar camarões vermelhos e robalo ao leite de coco e dendê no badalado restaurante Cícero – onde na saída foi cercado por muitos brasileiros – Lula foi diretamente ao palácio presidencial de Belém para o encontro com o presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

Na porta de Belém, grupos de bolsonaristas e apoiadores de Lula manifestavam, cantavam e trocavam insultos. O presidente eleito obteve em Portugal 65,7% dos votos no segundo turno.

A agenda em Lisboa, ainda não fechada e mantida em grande segredo por razões de segurança, acabou por agregar o presidente moçambicano Filipe Nyusi, que estava momentos antes no palácio e acabou ficando para receber Lula. O líder brasileiro não escondeu sua alegria ao encontrar os dois chefes de Estado e disse nas redes sociais que foi uma “grata surpresa” ver o presidente africano.

Lula ao chegar em Lisboa, entre os presidentes de Moçambique, Filipe Nyusi, e de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa (d).
Lula ao chegar em Lisboa, entre os presidentes de Moçambique, Filipe Nyusi, e de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa (d). AP - Armando Franca

 

"Importante parceiro do Brasil na Europa"

Às 20 horas de Lisboa (17h em Brasília), Lula participa de um jantar com o primeiro-ministro português Antonio Costa e uma restrita lista de convidados. A imprensa não tem acesso ao jantar.

Além de agradecer o apoio a sua candidatura, Lula deverá discutir com ambas autoridades as questões relacionadas com o retorno das negociações entre União Europeia e Mercosul, que ficaram paralisadas durante o governo Bolsonaro. A questão da facilitação dos vistos para os brasileiros também deve entrar na pauta das conversas.

Antes de desembarcar, Lula escreveu em seu twitter: “Hoje vou para Lisboa, onde me encontro com o presidente de Portugal e o primeiro-ministro. Portugal é um país irmão e importante parceiro do Brasil na Europa. Vamos retomar diálogos para o melhor de nossos povos”.

Para este sábado (19), Lula deve se reunir com a comunidade brasileira que reside em Portugal, em um encontro organizado pelo núcleo do PT no país e a Casa do Brasil, onde irá ouvir as questões que preocupam os 210 mil imigrantes que estão no país. O tema da xenofobia, sofrida por muitos brasileiros que vivem em Portugal, também deverá ser discutido neste sábado.

 
11
Ago18

Dez juristas internacionais denunciam “injustiça e parcialidade”no caso Lula

Talis Andrade

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O juiz Sérgio Moro e sua corte de desembargadores do TRF-4 de Porto Alegre nem aí. Permanecerão de ouvidos moucos como diz aquela delegada da Polícia Federal que colocou o reitor Cancelier nu em uma masmorra.

 

Dez juristas cousa pouca. Mais de 270 advogados, professores de Direito e juristas assinaram uma carta pública contra uma das manobras do Edson Fachin. Resposta do ministro foi dar cambalhotas, merecendo de um amigo íntimo, desde os tempos de estudante, a alcunha de "verme".

 

O STF se rebaixa para repetir Moro. Essa do Papa Francisco se preocupar com Lula total besteira. Que outros chefes de países mais importantes que o Vaticano denunciaram a "injustiça", a "parcialidade" de Moro que está na arena circense criando fake news, promovendo suítes de delações premiadas para render notícias negativas contra os candidatos petistas, para favorecer os tucanos de Geraldo Alckmin, os emedebistas de Herique Meirelles.

 

Moro faz das delações peças de propaganda política. Uma verdadeira fábrica.  Pela última contagem, um mil e 63 delações premiadas. Delações antigas, notícias frias para esquentar. Uma das especialidades de Moro, que o caso triplex permanece recheado de notas fiscais frias. Moro tudo pode, mas as candidaturas de Alckmin, de Meirelles, de Álvaro Dias são frias. Sobra para Moro Bolsonaro. 

 

Um mil e 63 delações premiadas. Diz Tacla Durán, que Moro acusa de ser uma testemunha não confiável, que uma delação custa cinco milhões de dólares de propina para a corriola de Curitiba. É uma feira grande tipo leilão do Pré-Sal. Ou leilão da fatiada Petrobras, saqueada pela quadrilha de Temer que tem Pedro Parente como capo.

 

Faz a conta: 1 063 delações premiadas x 5 milhões de dólares... Muita grana. Tanto dinheiro que o judiciário teme investigar.

 

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Por meio de uma carta, grupo formado por renomados juristas da Espanha, França e Argentina expressa preocupação pelo andamento do processo

Documento será entregue a mandatários da França, Espanha e Portugal

 

 

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O casal Sérgio Moro e o tucano corrupto Pedro Parente em uma noite de gala em Nova Iorque  

 

El País (Espanha) - Dez juristas e advogados europeus e latino-americanos, entre eles o renomado ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, denunciaram nesta quinta-feira o que chamam de irregularidades no julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva —que encontra-se preso desde abril, depois de ter sido condenado a 12 anos e um mês de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva— e pediram que a lei seja respeitada "com rigor e independência".

 

Promovida pelo advogado francês William Bourdon, presidente e fundador da associação de proteção e defesa das vítimas de crimes econômicos Sherpa, a denúncia foi feita por meio de uma carta assinada em Paris e endereçada à presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia, com cópias enviadas aos demais membros do STF e ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luiz Fux.

 

O documento, que também será encaminhado aos presidentes da França, Emmanuel Macron, e da Espanha, Pedro Sánchez, assim como ao primeiro-ministro de Portugal, Antonio Costa, expressa a preocupação dos juristas pela parcialidade do processo que levou o ex-presidente brasileiro à prisão e os obstáculos para a sua liberdade.

 

O grupo de juristas e advogados —entre os quais também se encontram Emilio García, presidente da Fundacção de Direitos Humanos Sur Argentina, e o presidente honorário da Liga de Direitos Humanos (LDH), Henri Leclerc— denunciou, por exemplo, a atitude do juiz federal Sérgio Moro ao autorizar a publicação na imprensa da gravação de uma conversa telefônica entre Lula e a ex-presidenta Dilma Rousseff.

 

No mesmo dia em que Lula foi anunciado como o novo ministro da Casa Civil do Governo de Rousseff, em 17 de março de 2016, Moro levantou o sigilo da investigação contra o ex-presidente e divulgou o diálogo em que ambos tratavam da posse dele no cargo. Caso assumisse, Lula não poderia ser preso porque a decisão teria sido tomada por um juiz de primeira instância e, como ministro, só o Supremo Tribunal Federal poderia mandar prendê-lo. A gravação teve imediato impacto político e contribuiu para insuflar ainda mais as manifestações de rua contra o ex-presidente.

 

Na carta, os juristas questionam o caráter "precipitado, injusto e parcial" do processo e afirmam estar preocupados com a "grave afronta aos direitos da defesa" de Lula, refletidas, por exemplo, no fato de que seus advogados foram submetidos à vigilância telefônica. Em sua opinião, essas "irregularidades e anomalias" não seriam alheias a "uma forte pressão da mídia, alimentada pelo jogo das ambições pessoais".

 

Garzón e seus colegas ressaltaram que seu apelo não tem a intenção levantar questões sobre a culpa ou inocência do ex-presidente, mas salientaram que o fato de o mundo estar passando por um período problemático, "quando não caótico", faz, na opinião deles, com que seja "ainda mais necessário que todos os princípios da legalidade sejam respeitados com rigor e independência". Por isso, exigem respeito por "todos esses princípios, amparando-os de qualquer estratégia", que busque impedir a aplicação imparcial da lei.

09
Ago18

JURISTAS INTERNACIONAIS DENUNCIAM IRREGULARIDADES NO JULGAMENTO DE LULA

Talis Andrade

Em carta enviada de Paris ao Supremo Tribunal Federal, dez juristas e advogados europeus e latino-americanos denunciaram nesta quinta-feira ilegalidades no processo contra o ex-presidente Lula e pediram que lei brasileira seja respeitada "com rigor e independência"; signatários, liderados pelo advogado francês William Bourdon, disseram estar igualmente preocupados com as "graves afrontas aos direitos da defesa" de Lula, como submeter seus advogados a escuta telefônica; essas "irregularidades e anomalias" não seriam alheias "a uma pressão midiática muito forte, alimentada pelo jogo de ambições pessoais"

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EFE - Dez juristas e advogados europeus e latino-americanos denunciaram nesta quinta-feira irregularidades no processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pediram que a legalidade seja respeitada "com rigor e independência".

 

A denúncia foi feita em uma carta enviada hoje de Paris à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, e que também será remitida hoje aos presidentes da França, Emmanuel Macron, e do Governo espanhol, Pedro Sánchez, assim como ao primeiro-ministro de Portugal, Antonio Costa, e aos respectivos chanceleres.

 

A iniciativa foi impulsionada pelo advogado francês William Bourdon, presidente e fundador da associação de proteção e defesa das vítimas de crimes econômicos Sherpa.

 

A carta também é assinada por outros nomes, como o jurista Emilio García, presidente da Fundação Sul Argentina, e o presidente de honra da Liga de Direitos Humanos (LDH), Henri Leclerc, e expressa sua preocupação com a parcialidade do processo e os obstáculos à libertação.

 

Lula está preso desde abril deste ano, condenado a 12 anos por corrupção.

 

O grupo de juristas e advogados denunciou, entre outros pontos, o fato de o juiz Sergio Moro ter autorizado divulgar na imprensa elementos como a gravação de uma conversa telefônica entre o ex-presidente e sua sucessora, Dilma Rousseff, e questionou "o caráter precipitado, injusto e parcial do processo".

 

Os signatários disseram estar igualmente preocupados com as "graves afrontas aos direitos da defesa" de Lula, como submeter seus advogados a escuta telefônica.

 

Essas "irregularidades e anomalias" não seriam alheias "a uma pressão midiática muito forte, alimentada pelo jogo de ambições pessoais".

 

Os juristas apontaram que não pretendem se manifestar sobre a inocência ou culpabilidade de Lula, e ressaltaram que o fato de o mundo estar passando por um período problemático, "quando não caótico", faz com que "seja ainda mais necessário que todos os princípios da legalidade sejam respeitados com rigor e independência".

 

Por isso, exigiram o respeito "ao conjunto desses princípios, protegidos de qualquer estratégia" que busque impedir a aplicação imparcial do direito.

 

Uma cópia da carta também será enviada de forma simultânea aos dez ministros do STF e ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luiz Fux.

 

 

 

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