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O CORRESPONDENTE

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26
Jun20

Um menino chamado Tiago, negro e nascido na favela

Talis Andrade

 

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II - Ministro do STJ teve filho com doméstica e nunca o reconheceu

por Edson Rosa/ Fábio Bispo

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Até os 14 anos, Tiago Silva ouvia que não tinha pai, que o pai estava morto ou que simplesmente não existia. Mas se lembra de perceber alguma hesitação no semblante da avó. O menino não deixou de lado a curiosidade, até que Minervina se sentiu obrigada a contar o que sabia, tratando de prepará-lo para futuras frustrações. “Não se atreva a enfrentar o doutor, para essa gente nós não existimos. Nós somos a tua família, onde comem oito comem dez”, disse a avó, segundo Tiago. Quando ouviu isso, ele morava com a avó; a mãe havia se casado novamente e cuidava dos dois filhos que teve com o marido. Por isso, ele já era conhecido como o “Tiaguinho da dona Minervina”, criado na casa simples do Morro da Cruz ao lado de sete primos.

Tiago estudou em escola pública, o Colégio Estadual Antonieta de Barros, instituição que homenageia a primeira deputada estadual mulher e negra do país. Saía mais cedo para ter tempo de entregar as roupas lavadas à clientela rica da avó lavadeira, retornando depois das aulas, no início da tarde, com as trouxas sujas. “Minha avó foi uma guerreira, sempre lavou para fora e nos criou com o dinheirinho que recebia em troca do seu trabalho. Comíamos sopa todos os dias, carne só eventualmente”, recorda.

“Fome é uma lembrança triste do passado, mas eu nunca quis o dinheiro do meu pai, sou um cara realizado financeiramente. Minha batalha ainda é pelo reconhecimento espontâneo da paternidade”, diz. A saga começou aos 17 anos, quando, já formado no curso técnico de auxiliar de enfermagem, começou a trabalhar no Hospital Infantil Joana de Gusmão. “Certo dia, peguei a lista telefônica, achei o número [de Mussi]”, lembra. “Liguei, ele atendeu e pude, então, dizer quem eu era, que ele é meu pai.” Segundo Tiago, Jorge Mussi negou e disse que não havia a menor possibilidade, que jamais havia se relacionado com a doméstica, e ainda ameaçou chamar a polícia caso o rapaz voltasse a importuná-lo. (Continua)

 

 

 

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