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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

13
Set22

A postura negacionista do governo esteve sempre presente

Talis Andrade

Cansei de lutar contra o moinho de vento

 

Não bastasse este desmonte, o governo patrocinou verdadeiras campanhas contra a ciência ao não reconhecer sua importância e seu valor

 

por Roberto Muniz

Em outubro, brasileiros e brasileiras irão às urnas definir os rumos que pretendem para o país. Não será simplesmente a escolha de um dirigente para a nação. Será a escolha entre projetos e caminhos futuros para nossas vidas. Os eleitores estão colocados frente a frente com diversas alternativas, mas a que vem se mostrando como principal, como a primeira escolha a ser feira, é a que vai definir se queremos continuar com o atual estado de coisas ou se vamos optar por outros projetos que tragam para a população uma nova forma do Estado agir e buscar o desenvolvimento socioeconômico, o bem-estar social.

Entendemos que este é um momento muito rico para pensar e repensar, todas as ações governamentais em todos os seus setores de atuação (saúde, educação, ciência e tecnologia, transporte, fiscalização, desenvolvimento econômico, entre outros). É o  momento de pôr na balança o que deu certo e o que deu errado e, para além disso, o que fazer no futuro próximo.

Neste momento de profundo debate, de avaliação, de tomada de decisão, que culminará no resultado das urnas em outubro, nos parece fora de momento, fora de hora, que o atual governo – que tem seus últimos meses de existência e vem apresentando índices de rejeição elevados, que apresenta resultados desastrosos, que está no “apagar das luzes” – venha propor projetos, legislações, normativas e planejamentos para um futuro próximo.

Este é o caso do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI ao apresentar uma nova proposta de Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação e uma minuta de lei para criar um Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. Ou ainda, a proposta de um planejamento estratégico de longo prazo, de uma nova estrutura organizacional e regimento interno para o CNPq propostos pelo presidente do Conselho.

Nos mais de três anos e meio de mandado do governo Bolsonaro a ciência e tecnologia esteve sob constantes ataques. O orçamento para a área de C&T  teve reduções drásticas. O orçamento do CNPq é o menor das duas últimas duas décadas. As verbas destinadas a sua principal função – o fomento à pesquisa, teve redução da ordem de 80%, . O governo Bolsonaro, com seu Ministro Marcos Pontes, sucateou a área. Setores, laboratórios e linhas de pesquisas dos Institutos de Pesquisa estão ameaçados por falta de pessoal, de material, de apoio. O CNPq, por exemplo, conta hoje com apenas 300 servidores para atender toda a demanda por bolsas, auxílios e fomento para pesquisa, no país e exterior, quando em 2010 eram cerca de 800.

Não bastasse este desmonte, o governo patrocinou verdadeiras campanhas contra a ciência ao não reconhecer sua importância e seu valor. Exemplo claro disso foi o que vimos em relação as vacinas e contra as universidades públicas. A postura negacionista do governo esteve sempre presente ao longo destes anos e, as vésperas das eleições, resolve definir políticas de longo prazo e mudanças estruturais que vão se impor ao novo governo a ser eleito em outubro, que podem comprometer o futuro.

A proposta de uma nova Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação e uma legislação para um Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, tiveram origem no MCTI que depois encaminhou minutas ao Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia – CCT para que suas comissões trabalhassem sobre elas. O que resultou destas contribuições, organizadas pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – CGEE e pelo MCTI, vem  agora a luz para uma consulta pública (ver no link: https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/noticias/2022/08/mcti-abre-consulta-publica-sobre-as-propostas-da-politica-e-sistema-nacional-de-ciencia-tecnologia-e-inovacao) para colher  contribuições dos cidadãos…”a fim de permitir a participação da sociedade na gestão pública”.

Apesar de parecer ser uma boa intenção, a “consulta pública” proposta, na verdade visa utilizar de um artifício jurídico legal, para não realizar um amplo debate com todos os interessados e envolvidos na questão. Este debate já vinha sendo solicitado por diversas entidades e por nosso Sindicato. O único debate público sobre o tema foi o realizado através de uma audiência ocorrida no Senado, onde puderam ser ouvidos e debatidos os pontos de vistas e contribuições de diversos atores do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, tais como a Academia Brasileira de Ciências – ABC, a Sociedade Brasileira  Para o Progresso da Ciência – SBPC, a Confederação Nacional da Indústria – CNI, o  Conselho Nacional da Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa – CONFAP, o  SindGCT, e a ICTP.Br (veja a matéria: https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2022/07/14/debatedores-reivindicam-participacao-da-sociedade-civil-na-nova-politica-nacional-de-ciencia) Nesta audiência, as instituições presentes convergiram que se fazia necessário maior participação de todos os envolvidos na construção das propostas e que este não era o momento mais adequado para se pretender aprová-las. (Veja o vídeo da  audiência pública no Senado: https://www12.senado.leg.br/tv/plenario-e-comissoes/comissao-de-ciencia-tecnologia-inovacao-comunicacao-e-informatica/2022/07/cctdebate-proposta-de-nova-politica-nacional-de-ciencia-e-tecnologia) Apesar da audiência no Senado e dos reiterados pedidos de aprofundamento de debates ou  diamento da questão, o MCTI resolveu ignorar todos e pôs sua proposta a “consulta  pública“. Ou seja, resolveu desconsiderar as sugestões dos principais atores do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia e suas entidades representativas. O que podemos esperar do MCTI agora com esta proposta de “consulta pública“?

Os que participam do Sistema, os que fazem a gestão, a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico, o desenvolvimento de inovações e os usuários do sistema estão solicitando maior participação na elaboração destas normativas porque reconhecem sua  importância e ao tomar conhecimento do que se propõe verificam divergências, assimetrias, entraves, entre outros, que não serão sanados colhendo proposições ou opiniões isoladas de cidadãos através de um formulário eletrônico denominado “consulta pública“!

As propostas emanadas do MCTI/CGEE carecem de um diagnóstico bem elaborado sobre a situação da ciência e tecnologia no Brasil e as tendências mundiais. O MCTI sequer utilizou sua área de indicadores e estatísticas para verificar o que se avançou ou quais foram/são os “gargalos” do desenvolvimento, científico e tecnológico. Não há um balanço atualizado sobre o que se avançou e foi realizado com a atual “Estratégia Nacional de Ciência e Tecnologia – ENCTI” aprovada em 2016 e em vigência até o final deste ano. Não há como fazer um bom planejamento, construir políticas públicas sem que se tenha amplos, democráticos e embasados debates com todos os atores  envolvidos e com base em estudos sérios e bem fundamentados.

Charge Mais Florestas | Educação ambiental e sustentabilidade, Cartum e  charge, Meio ambiente e sustentabilidade

Também se pode fazer considerações similares para os processos que vem ocorrendo no CNPq. No último semestre de um mandato iniciado em abril de 2020, o presidente do CNPq resolve iniciar um planejamento estratégico para o CNPq, que já possui um planejamento com vigência até o ano de 2023. E, como o MCTI com a elaboração da Política Nacional de CT&I, não apresenta estudos e diagnósticos do que foi obtido no planejamento vigente, e quais as dificuldades e gargalos que se vem enfrentando. Ao mesmo tempo que dá início ao planejamento estratégico que pretende traçar a missão, os objetivos e projetos para o órgão para os próximos 10 anos, tem início a elaboração de uma proposta de reformulação da estrutura e do regimento interno do CNPq. A lógica e as boas práticas em planejamento indicariam que seria correto e prudente primeiro fazer o planejamento estratégico e, a luz deste, pensar qual a melhor estrutura pra que o órgão possa cumprir sua missão e atingir os objetivos e metas previstos no  planejamento. Além deste aspecto, cabe salientar que as representações dos servidores da casa, por diversas vezes, se manifestaram sobre os processos contarem com reduzida participação dos servidores e por estarem sendo feitos “a toque de caixa“, sem estudos e reflexões necessárias a tão importantes mudanças.

Não bastasse tudo isto, o CNPq, com a liberação (ainda que parcial) dos recursos do FNDCT, terá que executar cerca de 70 novos editais até o final do ano, o que demandará um grande esforço da direção e de seu já reduzido corpo de servidores, impedindo efetivamente sua participação nos processos que podem mudar substancialmente o CNPq a partir do próximo ano.

O SindGCT, como representante da carreira de gestão em ciência e tecnologia,  representante de agentes de estado, defende a necessidade de uma Política de Estado para a ciência e tecnologia, defende o fortalecimento e aperfeiçoamento constantes do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação e de suas instituições. O SindGCT  defende que a Política de Estado para a CT&I deva ser construída através de amplos  debates, de conferências estaduais, regionais e nacional, que envolvam todos os atores e usuários do sistema e não nos parece adequados os processos que vem sendo realizados no âmbito do MCTI e do CNPq.

Mais uma vez, reiteramos nosso posicionamento expresso na audiência pública do Senado: não é hora nem momento para isto!

Cesar Cientista #FreeAssange
@CesarDomity
Recursos com pesquisa foram a quase 14 bilhões com a Dilma do PT. Sua retirada de forma ilegítima iniciou uma onda de destruição no investimento público. Em 3 anos o recurso foi reduzido à metade e com Marcos Pontes a situação se agravou ainda mais.
 
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Como a ciência sofreu com Bolsonaro

 
 
20
Fev22

Internação de crianças por Covid sobe 686% entre dezembro e janeiro

Talis Andrade

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Foi o maior nível de internações infantis em decorrência da doença num só mês desde o início da pandemia. Vacinação só começou em janeiro. Bolsonaro fez campanha antivacina 

 

por Fabio Brisolla /Metrópoles

O número de crianças menores de 12 anos internadas por causa da Covid-19 subiu 686% entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022: eram 284 hospitalizações, que passaram para 2.232 em um mês.

O levantamento foi feito pelo jornal Folha de S.Paulo com base em dados do Ministério da Saúde.

Foi o maior nível de internações infantis causadas pela doença em um só mês desde o início da pandemia, aumento de 70% em relação a janeiro de 2021 e 11% a mais que março do ano passado, período no qual houve maior número de hospitalizações em todas as faixas etárias.

Ainda segundo o levantamento do jornal, até novembro, crianças de até 12 anos representavam 1,5% dos internados e, em janeiro, passaram a representar 6%.

O Brasil já registrou ao menos 1.536 óbitos e 25.295 hospitalizações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) entre crianças em toda a pandemia, sendo 125 mortes apenas neste ano.

As crianças abaixo de 11 anos só começaram a ser vacinadas contra a Covid-19 em 14 de janeiro. Em 16 de dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a primeira vacina para crianças a partir de 5 anos, a Pfizer pediátrica. Em 20 de janeiro, foi aprovada, também, a Coronavac para crianças a partir dos 6 anos.

O ritmo de vacinação, porém, está lento: no país, 28% das crianças já tomaram a primeira dose.

Alguns locais precisaram interromper a imunização infantil mais de uma vez por falta de doses, como a cidade do Rio de Janeiro, que já suspendeu a vacinação em 1º de fevereiro e 16 de fevereiro devido à escassez de imunizantes.

Além desse problema, a adesão das famílias também foi menor do que a esperada. São Paulo, que tem doses garantidas para imunizar todas as crianças de 5 a 11 anos, por exemplo, estimava aplicar a primeira dose nas crianças até 10 de fevereiro. Neste domingo (20/2), tem 63,25% desse público vacinado.

 
 
 
 
17
Fev22

O "jênios" das redes sociais e os "formadores" de opinião: pobre país

Talis Andrade

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Por Lenio Luiz Streck /ConJur

 

O cronista da Folha de São Paulo, Antônio Prata, inspirou-me. Em um belo texto, mostra como os perdedores, os burros, os caras do fundão da classe da oitava série acabam se dando bem e se transformam em "comunicadores". Ou políticos.

Têm milhões de seguidores esses agentes da "fundãocracia", diz Prata. Ele lista as pérolas que constam no site do Monark (o que não difere de outros "formadores").

Incrível o conjunto de bobagens, tolices e platitudes que parecem ter sido tiradas de almanaques tipo Biotônico Fontoura ou Renascim. Ou Sadol. Ou daqueles livrinhos "pílulas de felicidade" — mas sem citar a fonte, é claro. E milhões de néscios seguem.ImageImage

 

Monark, para ficar no "case" da "moda", diz qualquer coisa sobre qualquer coisa (e foi demitido por defender a existência de um partido nazista). Ele tem o mesmo perfil do ex-Big Brother Brasil (que incrível coincidência ele ser ex-BBB; estou muito surpreso!) que foi demitido da Jovem Pan. Cá entre nós, ser demitido da JP por fazer gesto nazista é o sujeito ser expulso de uma rave por fumar maconha. Ou ser expulso da igreja do RR Soares por pedir mais do que dez por cento de dízimo. É o próprio paroxismo. Mas, enfim, parece que até na JP há limites (essa é a parte positiva da coisa toda).

Quando Bolsonaro repercutiu uma notícia das redes de que vacina e Aids estavam interligados, um dos "influencers" (argh — é uma onomatopeia) semianalfabetos, que serviu de fonte, tinha mais de 4 milhões de néscioseguidores.

Pizzaria Angelo's promove batalha de sabores com influencers - Tribuna  Feirense

Sim, o sujeito não tem futuro, é ignorante, esculhambou no colégio, é da turma do fundão e...pronto. O que vai fazer da vida? Simples. Será blogueiro e/ou influencer. Alguns fazem faculdade de Direito, é verdade. Ou fazem podcast espalhando fake news. Ou tiktokeiam.

Vasculhando as redes, encontramos especialistas tipo Almanaque. Algo como "não tenho partido". E aí tasca uma frase como "obrigar a vacinação é nazismo". "Minha liberdade vale mais do que a vida". Burrice autocontraditória.

Em mais de uma TV do RS é possível ver agentes da fundãocracia. Também em rádios. Dizem todos os dias, com ar de inteligentes, coisas como "os que defendem medidas restritivas na pandemia deviam passar férias em Cuba ou Venezuela". Que coisa "jenial", não? Ou copiam descaradamente notícias da internet (muitas fake) e "contam" sem mencionar a fonte. O pessoal do fundão não é perigoso por ser do fundão. São perigosos porque existem muitos...!

Dos Monarks e Adrilles aos atuais BBB's (que discutem herpes e bizarrices sob os olhares de milhões de egressos dos fundões das salas de aula espalhados pelo país — talvez eles já sejam maioria), passando pelos pastores que "curam" milhares de doentes de Covid retirando-lhes percentuais dos seus ganhos via PIX, o Brasil (ainda) resiste.

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O país resiste. Bravamente. Bom, se a justiça resiste a membros do MP que dizem coisas (em audiência) como "esses advogados são bosta" (sem o "s") ... é porque temos alguma gordura para queimar.

Sim, o Brasil é como o escaravelho. Voa. Mas ninguém sabe como voa. Impossível de explicar.

O Flow — que demitiu Monark — é um sucesso (eu nem sabia que existia). Bom, dá para ver o nível a partir do que aconteceu no "papo" entre os "filósofos contemporâneos" Kim, Monark, Tabata e quejandos.

Tempos de pós-modernidade (sabe-se lá o que é isso, exatamente) é assim. Se fizer um bate papo sobre ciência, enche uma Kombi. Ou uma monark. Quanto mais bobagem, melhor.

Saudade dos velhos almanaques. Eram bem melhores que os blogs e "falas" dos atuais influencers.

Junto com Antônio Prata, pergunto: onde foi que erramos? Não, não respondam. A pergunta é retórica. Ou não.

 

13
Fev22

El ex líder antivacunas italiano se arrepiente: "Hemos sido unos bastardos. Tenemos muchas muertes sobre nuestras conciencias"

Talis Andrade

Coronavirus

 

"Me convertí cuando vi morir a un chico en cuidados intensivos que tenía vídeos de mis discursos en el móvil. Hay un sistema detrás de las asociaciones", asegura el médico suspendido Pasquale Bacco

 

CLAUDIO MAZZON /CORRIERE DELLA SERA

Pasquale Bacco es un médico que durante dos años estuvo al frente de los antivacunas. En las plazas y en los escenarios sus palabras, a menudo violentas, fueron oro puro para esos millones de italianos que se alimentan de teorías conspirativas. Hoy Bacco vuelve a estar con los pies en la tierra y echa un vistazo a lo ocurrido en los últimos años. Ahora está convencido de que el Covid mata y que las vacunas son la solución. Su voz hoy la utiliza para decir realmente qué es el mundo sin vacunas.

 

¿Por qué cambiaste de opinión?
"Cuando vi morir a un chico de 29 años de Covid. Tenía en su móvil los videos de mis mítines en las manifestaciones de los no vacunados. La familia me dijo que era fanático mío. No me lo dijeron con enfado, al contrario, y esto me dolió aún más. Siento que esa muerte fue por mi culpa. Y la cosa todavía me molesta hoy. Para mí no era un credo. Cuando vi la realidad con mis propios ojos, me di cuenta de que estaba equivocado".
¿Cómo te convertiste en uno de los líderes antivacunas?
"Yo fui uno de los primeros. Yo era el único médico joven con experiencia. Lo que decía era oro puro para la gente que tiene miedo y busca certezas. Hice todos los pasos, todos los encuentros, hablé en 300 protestas. Conozco todos los mecanismos internos, desde el lenguaje que había que utilizar hasta el sistema de donaciones a asociaciones. Por eso ahora me temen y me quieren muerto".
¿Se siente culpable?
"Creo que los que subimos a esos escenarios tenemos algunos muertos en la conciencia. Hemos sido grandes cobardes todos los antivacunas. Íbamos a las plazas y cuando hablábamos sabíamos que la gente quería escuchar cosas fuertes. Así que provocas más y más. En las vacunas hay agua del alcantarillado, los ataúdes de Bérgamo estaban todos vacíos, con el Covid no murió nadie... Éramos realmente grandes bastardos, no me escondo, esa es la verdad. Un día deberíamos ser responsables de estas cosas. Desafortunadamente. Por esto he pedido perdón a todos pero ese perdón es inútil".
¿Cómo se llega a perder la racionalidad?
"No te das cuenta. Pierdes la cabeza siendo una persona racional. En ese momento tiene lugar un proceso peligroso. Que ir en contra de las vacunas es una fe y te conviertes en dios. Te llaman porque nació su hijo o para dejarte su propiedad. Entras en la locura absoluta. Los antivacunas son personas que tienen mucho miedo y encuentran seguridad en ti. Lo tenía todo. Los clientes particulares se habían multiplicado por mil. Para una visita, podría pedir cualquier cantidad. Como yo, muchos profesionales. Hay abogados que piden decenas de miles de euros por recursos que ya saben que son perdedores. Uno, por ejemplo, hizo 8 acciones colectivas y se hizo millonario por miedo a los antivacunas".
¿Estamos hablando de una economía real de los antivacunas?
"Cierto. Demandas colectivas, web, fundaciones, clientes para todos, desde médicos hasta restaurantes. Es por eso que hay tanta gente que está aterrorizada de que esto termine. Y por eso la muerte de Mimmo Biscardi, uno de los muchos juegos de pelota creados en la mesa, solo trae ventajas a este sistema porque alimenta el deseo de venganza de un movimiento que es una religión".
¿Mucho dinero?
"Había una mente económica detrás de todo esto. Durante dos años fue como si no hubiera una marca sin vacunas. Restaurantes, médicos, abogados, ingenieros topógrafos, profesores, un mundo de proveedores antivacunas dispuestos a recibir clientes antivacunas".
¿Y en las asociaciones?
"Las asociaciones que hacen referencia a los antivacunas tienen cuentas bancarias con 400.000 euros. Las donaciones son muchas. Basta con mirar quiénes son y quién los preside para entenderlo todo. Todos ellos son personas de la tercera edad acomodadas. El viejo magistrado, el viejo médico, el viejo asesor legal. Todos profesionales al final de sus carreras que han puesto en marcha un juguete para la vejez, para satisfacer sus perversiones".
¿Qué pasa con la política?
"La infiltración política de los antivacunas está presente. Éramos un electorado enorme. Yo estaba allí cuando los políticos nos pagaban los palcos y nos pedían que en cada plaza dijéramos algo sobre temas locales".
¿Había también alguien en comunicación dirigiéndose a usted?
"Cierto. Fuimos entrenados en qué decir, y no por el recién llegado, sino por quienes habían dirigido los informativos nacionales. Entonces se generó un proceso espontáneo. Por ejemplo, cuando subí al escenario la última vez, en el Circus Maximus, ya estaba en crisis. Frente a 15.000 personas dije que las vacunas inmunizan, que no podíamos seguir diciendo lo contrario. Pero la gente estaba exultante, igual me aplaudía, había gente que me tocaba las piernas y lloraba. Aunque dije lo contrario de lo que pensaban, no escucharon. Habló un dios. No pudo haber sido Bacco el hereje quien los traicionó, fue su audiencia. Hay muchos que todavía están convencidos de que se está haciendo todo esto para ahuyentar a los fuertes poderes que impone la vacuna".
¿Qué estás haciendo ahora?
"Trato de remediar mis errores, cuento, desvelo el trasfondo. Intento que la gente abra los ojos. Me vacuné, estoy suspendido de la orden médica por 6 meses y no he apelado porque siento que me equivoqué y lo acepto. Ser un antivacunas puede ser un negocio y la oportunidad convierte al hombre en un ladrón". (Transcrito El Mundo)

13
Fev22

'Temos mortos na consciência', afirma ex-líder antivacina e médico italiano

Talis Andrade

www.brasil247.com -

Quantas assassinos existem no Brasil, inclusive de crianças?

 

247 - O médico Pasquale Bacco, líder antivacina na Itália, se diz arrependido e abandona o movimento do qual foi um dos principais nomes no país durante a pandemia da Covid-19. 

O motivo da mudança de posição, segundo ele, foi a morte de um homem de 29 anos, que tinha vídeos de discursos seus no celular.

"A família dele me contou que ele era meu fã. Não me falaram isso com raiva, pelo contrário, o que só faz doer mais. Sinto como se essa morte fosse minha culpa. Quando vi realidade com os meus próprios olhos, vi que estava errado", disse Bacco em entrevista ao jornal italiano Corriere della Serra.

O médico conta que participou de centenas de atos negacionistas pelo país. "Acredito que nós, que subimos aqueles degraus [palanques], temos mortos em nossas consciências. Todos nós antivacina fomos grandes covardes. Fomos às praças e, quando falávamos, sabíamos que as pessoas queriam escutar coisas fortes. Então provocamos mais e mais: há água de esgoto nas vacinas, os caixões de Bergamo estão todos vazios, ninguém morreu de Covid. Fomos grandes sacanas", disse.

19
Jan22

A luta travada no campo, debaixo de cada lona preta, até o mais alto morro e nas grandes fábricas das cidades representa o sonho

Talis Andrade
 
 

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Natália Bonavides no Twitter
 
Natália Bonavides
O #Tbt de hoje é pra dizer que o Moinho de Vento de Macau agora é Patrimônio Histórico e Cultural do RN! Já aproveito pra dizer que quero uma foto no moinho com nossa governadora @FatimaBezerra que sancionou o projeto e, claro, com nosso companheiro @LulaOficial tb.
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É de se esperar que o presidente que trabalha a favor do vírus comemore a chegada de mais uma variante. Ele celebra a morte, imita pessoas sem ar... Realmente não é coveiro, é genocida mesmo.

 Promover protesto contra a vacina só pode partir mesmo de quem celebra a morte. De quem apoia um governo que defende tortura. Toda solidariedade aos familiares e amigos das vítimas da covid. Além da dor da perda, são expostos a esse espetáculo grotesco.

O movimento antivacina continua a fazer campanha de desinformação. Enquanto as primeiras crianças se vacinavam contra a covid-19 no Rio Grande do Norte, um grupo criou o “Cemitério Pós-Vacina” na praia de Ponta Negra.Image

A inflação passou de 10% em 2021! A classe trabalhadora sentiu no bolso o aumento dos preços. Enqto isso, a política econômica de Bolsonaro, uma política de fome, segue ampliando a miséria e o desemprego. Sigamos na luta para acabar com esse governo agora em 2022!
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Em plena pandemia e enfrentando um dos cenários mais dramáticos do ponto de vista social, com aumento da fome e da miséria, o governo federal faz a opção pelo desemprego e joga famílias inteiras na rua. A inflação não gera apenas efeitos imediatos, como o que vemos diariamente, ela gera efeitos secundários extremamente danosos: a impossibilidade de comprar carne no mercado, por exemplo, fez crescer o mercado paralelo e, com isso, a proliferação de doenças como cisticercose e toxoplasmose, entre outras. É uma cadeia de abandono, miséria e desespero que vai muito além e dói muito mais do que um conceito vago buscado na internet.

Ratinho recusou o nosso direito de resposta! Depois de falar em sua emissora de rádio que pessoas como eu deveriam ser eliminadas, sugerindo que se pegue em metralhadoras, o apresentador Ratinho recusou a divulgação do nosso direito de resposta. Já recorremos ao judiciário. Nosso direito de resposta evidencia as mentiras contadas no programa e mostra a necessidade urgente de enfrentar a intolerância e o preconceito. A recusa em divulgá-la é uma confirmação daquilo que foi dito. E não esqueçamos: foram crimes!
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Presente em cada canto imenso desse país, da luta travada no campo, debaixo de cada lona preta, até o mais alto morro e as grandes fábricas das cidades, o
@ptbrasil representa o sonho de uma vida melhor e mais justa. Simbora se filiar e ajudar a construir o país que a gente quer?

15
Jan22

Terras públicas por 44 reais o hectare

Talis Andrade

 

 

 

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Lenio Luiz Streck no Twitter
 
 
Lenio Luiz Streck
Moro só tem uma pauta: corrupção. OK. O que é corrupção? Por exemplo, Moro confessa no seu livro (p.122) que dias antes do 2. Turno em 2018 comeu churras com P.Guedes. Pauta do ágape: negociação do cargo de Ministro! Bingo! Questão para concurso: não é corrupção? Sim ou não?

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Sérgio Moro cospe feio no prato que comeu (e que ajudou a BEM servir) chamando Bolsonaro de “autoritário”. Ora, ora! A verdade nem está lá fora, como no Arquivo X. Está em casa, com sua “conge”, verbis: “Vejo Moro e Bolsonaro como uma coisa só”! Simples assim!

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Morre de COVID a influencer Cristen Welden (EUA). Seu lema: "As vacinas matam! Não tomem. Esses idiotas são tão ingênuos”. Viram? Estupidez mata. Já no Brasil, deputada Janaina acha "piada" vacinados pegarem COVID e recomendarem vacina. De que devemos rir, Janaina? Das mortes?

Janaína Paschoal é execrada nas redes após pregar contra vacina - Brasil 247
A pres. da CCJ da Cam., Bia Kisses, divulga ilegalmente dados pessoais de médicos pró-vacina. Ela é procuradora do estado aposent. Mas está “vacinada” contra qqr punição. BLINDADA. A procuradora-deputada é plus: lavajatista, negacionista e Bolsonaro.
sara winter | Piadas, Imaginario
Um assunto tabu: no Pará, terras públicas serão (são) vendidas por 44 reais o hectare. Truque: Primeiro tacam fogo. Depois, compram. Bagatela. Estado perde 6 bilhões. Não é implicância, mas… e o MP? E o meio ambiente? Massacre de direitos de quarta dimensão! A boiada passa!

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12
Jan22

A extrema direita caipira se internacionaliza de verdade

Talis Andrade

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Reinaldo Azevedo no Twitter
 
Reinaldo Azevedo
Q PT tentará mudar coisas se eleito, isso é claro. Ñ fosse p/ mudar, eleito ñ seria. Lógica elementar. Ciro tbem é mudancista. Querem tudo como está? O voto é Bolsonaro. Querem igual, mas c/ lavajatismo? O voto é Moro. Querem + reformas chamadas “liberais”? Há Doria, por ex. O q não é possível é afirmar que a suposta prova do extremismo de Lula está em eventual mudança na legislação trabalhista ou na lei do teto de gastos — q já foi para o brejo faz tempo. Isso não é opinião. É análise. Vai, jumento! Me chama de petista! Cumpra seu papel no debate.

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Com Bolsonaro, a extrema direita caipira se internacionaliza de verdade.
Política ñ é metafísica. Tem falhado o esforço p/ pintar o PT c/ as tintas do demônio. Tese da “polarização” micou, como adverti. Aí vem papo da suposta “contrarreforma” trabalhista p/ demonizar Lula. Nada se faz por decreto na área. Tudo passa pelo Congresso, de perfil incerto.
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Aos inconformados e furiosos com as minhas opiniões, que não endossam as boçalidades moro-bolsonaristas ou, genericamente, da extrema direita ou da direita antipovo, um trechinho de “Lisbon Revisited - (1923)”, de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa):
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Barra Torres acuou Bolsonaro, e o “Mito” faz de conta que não é com ele. Sim, ogro sugeriu interesses escusos da Anvisa p/ liberar vacinação em crianças. Ou fala quais são ou cala a boca. Como sempre, chamado a provar o que diz, ele se acovarda.
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26
Dez21

"Resistência às vacinas é um dos pilares da extrema direita"

Talis Andrade
 
 
 
 Reinaldo Azevedo no Twitter
 
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Reinaldo Azevedo
Resistência às vacinas é um dos pilares da extrema direita mundo afora. É parte do ataque à ciência e à racionalidade. Escrevo a respeito no UOL. Não há diálogo possível. Essa gente tem de ser combatida com a força da lei. E de responder por seus crimes.
26
Set21

Promotora do DF publica propaganda nazista no Facebook

Talis Andrade

 

  /Congresso em Foco

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Autodeclarada integrante da milícia virtual do presidente Jair Bolsonaro, com direito a crachá publicado em suas redes sociais, a promotora Marya Olímpia Ribeiro Pacheco, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), usou a sua conta pessoal no Facebook para publicar material de propaganda nazista. (atualização: promotora responderá a processo disciplinar).

Ela publicou sete posts com imagens de cartazes nazistas e mensagens de apoio a Adolf Hitler, todos em 17 de setembro de 2016. As publicações permaneceram no Facebook desde então e foram capturadas pelo Congresso em Foco na manhã de ontem (22 último). Pouco depois, o perfil de Marya Olímpia passou a ter acesso restrito.

Exaltações ao Führer (líder, em português) são a tônica das imagens publicadas pela promotora do Distrito Federal. “Kämpft für führer und volk” (“lute pelo líder e pelas pessoas”), diz uma das mensagens. Outra conclama os trabalhadores a serem soldados de Hitler, o ídolo máximo do movimento extremista que levou o mundo à Segunda Guerra, na qual morreram perto de 60 milhões de seres humanos, e à degradação dos campos de concentração.

Em pelo menos dois casos as postagens nitidamente nazistas aparecem ao lado de mensagens comunistas, ambas escritas em russo. “Olá, guerreiros contra o fascismo”, consta de uma delas. “O partido de Lênin é a vanguarda dos construtores do comunismo”, afirma outra. Como as imagens não são acompanhadas de qualquer texto adicional (em português ou qualquer outro idioma), fica a dúvida sobre a intenção da promotora. Estamos procurando Marya Olímpia Ribeiro Pacheco para esclarecer essa e outras questões. Uma delas, particularmente curiosa, diz respeito à origem do nome do seu pai: Hitler Mussoline Domingues Pacheco, que nos anos 1990 ocupou o cargo de diretor da Polícia Civil de Goiás.

Estudioso da matéria, o advogado de São Paulo Guilherme Marchioni afirma que, a despeito das intenções da promotora, as postagens são “preocupantes”: “Ela está usando uma rede particular dela e uma página pessoal dela. Tem total direito a fazer manifestações privadas que não se confundem com a sua atuação como promotora, mas a liberdade de expressão dela deve obedecer os limites da lei, que proíbe o enaltecimento do nazismo e dos seus símbolos”.

“Claro que você pode usar símbolos nazistas para explicar o que foi o nazismo, por exemplo”, prossegue o advogado. “Mas o uso desses mesmos símbolos, dependendo do contexto, pode configurar crime. A mera postagem de uma suástica, num contexto de convocação à militância, ainda mais vindo de uma pessoa pública, é um tema que pode merecer uma investigação criminal. A suástica e outros símbolos nazistas têm uma importância grande por representarem um período muito triste da história da humanidade e porque sua simples veiculação fortalece uma ideologia que favorece a discriminação”, arremata Marchioni.

Professor de Direito Constitucional, Direito Administrativo e Direito Penal, o também advogado Antônio Rodrigo Machado afirma: “A Convenção Americana sobre Direitos Humanos, conhecida como Pacto de São José da Costa Rica, define que a liberdade de expressão do pensamento não envolve ‘apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitação à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência’.

No Brasil, se um cidadão faz apologia aos atos praticados por criminosos estará cometendo o crime do artigo 287 do Código Penal, que consiste na conduta de ‘fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime’. Hitler e diversos dirigentes do regime nazista foram condenados no Tribunal de Nuremberg por crimes contra a humanidade e fazer propaganda de tal pensamento pode sim caracterizar o ilícito penal em destaque”.

O nazismo é crime imprescritível no Brasil (artigo 5º, inciso XLII da Constituição) e também, acrescenta Antônio Rodrigo Machado, “prática incompatível com o exercício de funções públicas”. Ele enfatiza que “somente o caso concreto é que poderá dizer exatamente se o exercício da liberdade de expressão representa abuso ou não” no caso em questão, mas “essa é uma tarefa que exigirá a direta atuação do próprio Ministério Público”.

Congresso em Foco questionou o Facebook para saber por que a plataforma, que no passado chegou a apagar posts meramente informativos sobre gastos parlamentares, manteve por mais de cinco anos conteúdos de origem nazista e que providências pretende tomar agora. A resposta, repassada por escrito pela assessoria de comunicação da empresa, foi apenas: “O Facebook não irá comentar”.

Porém, em nova mensagem enviada à reportagem nesta quarta-feira (22), às 20h50, a plataforma se posicionou de forma diferente e informou que não permite conteúdo que elogia, apoia ou representa o nazismo: “Removemos os conteúdos violadores mencionados pela reportagem.”

A Lei Federal Antirracismo (Lei 7.716, de 1989) diz que é crime “veicular símbolos” do nazismo “para fins de divulgação”. Em caso de condenação, a pena é de multa e prisão de dois a cinco anos. O mesmo artigo enquadra como crime produzir, vender ou distribuir material que contenha símbolos nazistas, assim como utilizam publicações e meios de comunicação para disseminar o nazismo.<div class='fotografo'>reprodução</div>

 
A promotora também é autora de um pedido de arquivamento de procedimento criminal contra Victor Hugo Diogo Barboza, que atuou como coordenador da Fundação Palmares durante o governo Bolsonaro e usa as redes sociais para promover a “cura gay”.
 

Desde 1999 a prática é expressamente proibida pelo Conselho Federal de Medicina (Resolução CFM 1/1999), por tratar comportamentos homoeróticos como doentios, confrontando ao mesmo tempo a ciência e os direitos individuais. Além de questionada pelo seu aspecto arbitrário e estigmatizante, a “cura gay” é apontada por cientistas como ineficaz. Há amplo consenso na comunidade científica de que inexistem terapias capazes de transformar homossexuais em heterossexuais, dada a condição inata da identidade sexual de cada pessoa. Esses e outros argumentos levaram o Supremo Tribunal Federal, em abril de 2020, a vedar a “cura gay” no país.

Victor foi acusado de homofobia após publicar posts como este em seu canal no Instagram: “Homossexualidade inconsciente. Você Sabia que muitos casos de violência contra a mulher estão ligados à homossexualidade inconsciente junto com o uso de álcool e drogas?” Ou este outro: “Sair do Armário Talvez não seja a melhor solução. Terapia Afirmativa Gay VS Terapia de Reorientação Sexual”.

Marya Olímpia requereu o arquivamento do processo, em andamento na 5ª Vara Criminal de Brasília, por “ausência de justa causa”. Alegou que os posts denunciados não foram encontrados e, portanto, não puderam ser juntados aos autos; e que o investigado limitou-se a exercer o seu direito à liberdade de expressão.

“Veja que, apesar de supostamente ter publicado seus textos na internet, em nenhum momento das passagens acima transcritas o investigado teria discriminado ou tratado com preconceito os homossexuais, apontado qualidades negativas, proferido xingamentos ou imputado fatos desabonadores aos homossexuais", justifica a promotora. “Inafastável perceber que tais manifestações apontadas como sendo originárias do investigado constituem seu direito de liberdade de expressão, o qual é garantido pelo art. 50 IV e IX, CF"

Veja a íntegra do parecer assinado pela promotora:

 

 

Na visão da promotora, Victor Hugo Barboza, que se apresenta como professor e biomédico, “supostamente publicou informações interpretativas suas, as quais aparentemente seriam baseadas em suas vivências psicanalíticas”. Ela acrescentou não ter visto “qualquer indício de que o investigado estaria forçando qualquer pessoa a mudar sua orientação sexual, mas a conversar sobre isso, eventualmente, em um ambiente terapêutico”.

“Proibir a reflexão, a discussão e a publicação de assuntos e matérias nas quais está ausente o animus criminoso constituiria um enorme retrocesso à ciência em geral, caracterizando, inclusive, vulneração à liberdade de expressão”, completou Marya Olímpia.

Para a advogada Amanda Souto Baliza, da Aliança Nacional LGBTI+, os argumentos da promotora para desqualificar o crime de homofobia são chocantes: "É assustador que uma promotora de justiça encare como normais tais publicações sobre uma prática que é proibida”.

Mesma indignação manifestou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), o deputado distrital Fábio Felix (Psol). Ressaltando que o pedido de arquivamento "vai absolutamente contra" a criminalização da lgbtfobia decidida pelo STF, o parlamentar afirma: "Quando o MP tem uma posição dessa, que naturaliza a violência contra os LGBTs, o que está sendo legitimado aí na verdade é que outras pessoas cometam violência dessa forma".A promotora não esconde o seu alinhamento ideológico com a extrema-direita e suas pautas nas suas redes. Ex-aluna de Olavo de Carvalho, Marya tece elogios ao “ideólogo” bolsonarista, a quem visitou com sua família. Em troca de mensagens com Ruth Kicis, irmã da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), no Twitter, a promotora escreveu: “Ruth, toda a família do Olavo é simpaticíssima! Foram muito acolhedores. E o Olavo... esse vc já sabe, né! Único, fantástico e sempre genial. Devo esse momento a vc e a Bia.”

 

 

Mensagem da deputada Bia Kicis (PSL-DF) para a promotora Marya Olímpia a quem chama de Maryoli (Reprodução/ Twitter)

 

Em 3 de setembro de 2018, Marya deixou uma avaliação na página de Olavo de Carvalho, recomendando o curso do autodeclarado filósofo. Lá, escreveu: “Salvou a minha vida e acho que vai salvar a minha Alma.”

Em sua conta no Twitter, que mantém desde 2018, a promotora se dedica a compartilhar com os seus 307 seguidores mensagens que abrangem todo o cardápio bolsonarista: apoio aos atos de Sete de Setembro, contra ministros do Supremo; defesa do tratamento precoce da covid-19; críticas à imprensa, ao passaporte sanitário, à esquerda e às vacinas.

No dia 13 de outubro de 2019, Marya Olímpia publicou em seu Facebook um “crachá da milícia”. No documento, em verde e amarelo, identifica-se como bolsonarista, com função nas milícias das mídias sociais. A carteirinha traz a foto da promotora e do presidente Jair Bolsonaro.

A Constituição Federal proíbe membros do Ministério Público (MP) de “exercer atividade político-partidária” (artigo 128, parágrafo 5º, inciso II, alínea e), fato que causou estranheza no deputado Fábio Felix. Ele estuda o encaminhamento da questão para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a quem cabe disciplinar o exercício das funções próprias do MP.

Conforme o texto constitucional em vigor, “o Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”.

Marya Olímpia integra o MP Pró-Sociedade, ala do Ministério Público profundamente identificada com o ideário do bolsonarismo. Membros do grupo chegaram a recorrer à Justiça com o objetivo de obrigar o SUS a distribuir cloroquina para combater a covid-19apesar das evidências de sua ineficácia.

MP Pró-Sociedade publicou “carta aberta à brava gente brasileira” para elogiar os atos de Sete de Setembro, nos quais houve sucessivas tentativas por parte dos manifestantes em Brasília de invadir o STF e o presidente Bolsonaro anunciou que não cumpriria nenhuma decisão do ministroAlexandre de Moraes.

Para o advogado Guilherme Marchioni, “não é a primeira vez que a associação de membros do MP apresenta posicionamentos curiosos, se comparado à função institucional da promotoria”. Ele continua: “O MP Pró-Sociedade não representa o Ministério Público do Brasil. Aliás, não há um MP contra a sociedade para que um grupo se auto intitule pró-sociedade. Embora seja possível que o promotor, enquanto servidor público, tenha seus posicionamentos políticos, há um aparente abuso em se posicionar de forma antidemocrática ou em apoio à formação de milícias. Preocupa a interpretação antidemocrática do Direito por profissionais do Direito”

Em nota ao Congresso em Foco, o MPDFT disse que não comenta a atuação dos seus membros e servidores nas redes sociais.

"Quanto às decisões em processo, o membro do Ministério Público possui independência funcional para exercer suas atribuições. A distribuição de processos é feita com critérios objetivos, de acordo com a Lei Complementar no. 75 e com resoluções do Conselho Superior do MPDFT. Em casos de arquivamento, também cabe esclarecer que essa decisão passa pelo crivo do Judiciário, que homologa, ou não, os pleitos do Ministério Público", diz o documento.

A reportagem tentou contato com Marya Olímpia Ribeiro Pacheco através da assessoria de imprensa do MPDFT e também através do seu Facebook e Twitter sem sucesso. O espaço permanece aberto para as manifestações da promotora.

Também houve tentativa de contato com Victor Hugo Diogo Barboza pelo telefone, que se encontrava desligado. O espaço também está aberto à réplica do ex-coordenador.

> MP quer abastecer o SUS de cloroquina

Promotora bolsonarista arquiva inquérito de professor que promove &quot;cura gay&quot;

Publicacão da promotora bolsonarista ataca a vacinação

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