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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

08
Mar22

“É um dia mais de luta do que de celebração”, dizem ativistas brasileiras em Paris, neste 8 de março

Talis Andrade

Esquerda: Taciana Brito, psicóloga, direita: Ana Estrella Philippe, jurista © RFI

Neste 8 de março, dia Internacional da Mulher, a RFI convida duas brasileiras que trabalham como voluntárias em Paris na Associação Mulheres da Resistência. Desde 2017, o grupo dá apoio às mulheres lusófonas vítimas de violência e em situação precária.

A psicóloga Taciana Brito e a jurista Ana Estrella Philippe explicam que, embora a data seja uma celebração das conquistas sociais, políticas e econômicas femininas ao longo dos anos, ela também marca os muitos desafios ainda à frente.

“É um dia mais de luta do que de celebração. Eu gostaria muito de estar aqui falando de conquistas e de promoção de direitos e garantias, mas, por hora, estamos ainda mais no campo da luta”, diz Ana Estrella.

As ativistas participam, nesta terça-feira (8), em Paris, da Journée pour les droits de femmes (dia de luta pelos direitos das mulheres). Além do caráter festivo, a programação alerta sobre a conscientização necessária para evitar as desigualdades de gênero e a violência doméstica em todas as sociedades.

“Normalmente, as mulheres entram em contato com a gente através da nossa página do Instagram no momento em que já houve uma agressão física”, explica Taciana Brito. “Poucas conseguem identificar a violência psicológica ou patrimonial [quando se usa dinheiro ou documentos como forma de coerção]. Elas nos procuram quando se veem afastadas dos filhos, sem dinheiro ou na rua porque tiveram de sair correndo para não morrer”, completa. “A gente faz um acolhimento, eu dou apoio psicológico, mas temos juristas, pessoas que podem acompanhá-las à delegacia”, afirma.

 

Agenda com a prefeita de Paris

Na manhã desta terça-feira, o grupo Mulheres da Resistência tem um encontro com a prefeita de Paris, a socialista Anne Hidalgo – uma das três candidatas mulheres à presidência da França - para tratar sobre o tema. “Eu quero ouvir de Anne Hidalgo o que ela tem como proposta efetiva e plano de governo sobre isso. Não só por ela ser mulher, mas isso deve ser uma pauta de todo o candidato a presidente”, diz Anna Estrella.

Depois, às 14 horas, elas se juntam à manifestação “greve des femmes” (greve das mulheres), que acontece na capital francesa. O ponto de encontro é 31-33, rue Saint Quentin, nas proximidades da estação de trem Gare du Nord, no 10° distrito de Paris. E o dia termina com apresentação de grupos de samba e encontro com psicólogos e juristas. “Eu convido todas as mulheres brasileiras e latino-americanas, todas as mulheres lusófonas para nos encontrarmos e falarmos sobre isso, para a gente entender a situação de cada uma.  O acolhimento é muito bonito, e a gente convida vocês a não passarem por essa situação complicada sozinhas”, convida Taciana.

Estatísticas defasadas

As ativistas explicam que a violência contra a mulher e, mais especificamente, o feminicídio passaram a ser as grandes causas do feminismo atual. “Se não é a mais importante deveria ser, porque o feminicídio existe, os números são alarmantes”, alerta Ana Estrella. “Em 2020, 102 mulheres foram assassinadas por seus companheiros na França. Em 2021, subiu para 113. Porém, acho que estes números não estão nem perto da realidade”, observa.  

“Este número deve estar defasado porque a quantidade de mulheres agredidas e assassinadas por causa do confinamento durante a epidemia de Covid-19 aumentou. Elas foram obrigadas a ficar dentro de casa, mas uma mulher que já sofre violência, com o lockdown isso aumentou drasticamente”, acrescenta Taciana Brito

As ativistas explicam que, apesar de a França ser um país de primeiro mundo, o tipo de violência que acomete as mulheres aqui é a mesma que se vê em outros países, inclusive no Brasil. “É necessário comparar porque estamos num país mais avançado em termos de leis, onde o aborto é garantido e a gente acha que a luta acabou. No Brasil, em números absolutos temos mais casos porque a população é maior, mas a violência é a mesma. É uma violência patrimonial, psicológica - o ciclo da violência é o mesmo”, observa a psicóloga.

“Hoje a associação Mulheres da Resistência acompanha 30 vítimas. Somos 11 voluntárias e cada uma dessas 30 mulheres sofreu ou sofre um tipo diferente de violência, seja econômica, ou de ameaça de ter que voltar para o seu país de origem”, cita Ana Estrella, que começou a sua trajetória de ativista dos direitos das mulheres ainda no Brasil. “Eu sou advogada, mas tenho formação em filosofia na área da ética. E quando eu cheguei aqui, senti necessidade de me conectar com as minhas compatriotas e trabalhar pela comunidade brasileira na França”, diz   

A motivação de Taciana foi parecida. “Quando eu clinicava em Salvador, eu tinha este olhar feminista. E quando eu vim fazer doutorado aqui, acabei encontrando mulheres que têm a mesma luta e acredito que é falando que a gente vai mudar essa situação”, afirma. “Comecei fazendo parte do coletivo Marielle Franco (1979-2018), e fui convidada para fazer parte do coletivo Mulheres da Resistência, conta. “A luta é todo dia, a luta é política, é criar arenas, novos discursos e com muito amor sempre”, conclui.

Na França, mulheres que precisarem de assistência policial em casos de violência doméstica podem ligar para o telefone 3919, da rede Solidarité Femmes, da qual a Mulheres da Resisência faz parte.

20
Nov21

O sucesso da viagem de Lula no Brasil

Talis Andrade

 

Por Emir Sader

O sucesso da viagem do Lula já é uma unanimidade. Não poderia tudo ter ocorrido melhor. 

Esteve com o futuro primeiro-ministro da Alemanha, com o presidente da França, com o primeiro-ministro da Espanha, falou para o Parlamento Europeu, além dos contatos individuais com gente como Joseph Stiglitz, François Hollande, José Luís Rodríguez Zapatero, entre tantos outros. 

Lula sairá da Europa com sua imagem ainda maior, pelo reconhecimento que teve, mas também pelos discursos que fez, à altura da sua fama de líder mundial da luta contra a fome. Sua dimensão de estadista se fortaleceu ainda mais. 

A Europa ficou encantada com o Lula. Sua trajetória impressiona, desde suas origens, até seu extraordinário governo, passando pela sua injusta prisão e condenação até chegar ao favoritismo para voltar a ser presidente do Brasil. 

Mas, surpreendentemente, os ecos do sucesso da viagem repercutiram aqui dentro também de forma excepcional. De repente, não apenas as formidáveis imagens da recepção que ele teve pelo presidente Macron foram exibidas reiteradas vezes, como recuperaram sua passagem pela Alemanha, assim como seu discurso ao Parlamento Europeu. 

Não bastasse esse sucesso, o contraponto entre a grotesca viagem do Bolsonaro ao Oriente Médio, com declarações estrambóticas, foi explorado pelos comentaristas, deixando em situação ainda mais difícil o presidente atual do país. 

Mas o mais importante foi o reconhecimento consensual dos comentaristas da mídia brasileira não apenas do sucesso – impossível de não reconhecer –, como da grandeza da figura do Lula como estadista, da recuperação da imagem do Brasil no mundo. E outras qualidades, que nunca tinham sido mencionadas. 

Houve quem destacasse que o prestígio do Lula vem da memória do seu governo, recordando o nível de apoio com que ele terminou seu segundo mandato. Destacando, pela primeira vez na mídia tradicional, o sucesso dos seus governos no Brasil – tema que a própria mídia promove o esquecimento. 

A viagem do Lula à Europa deflagrou, aqui no Brasil, um processo de reconhecimento da dimensão política nacional e internacional do ex-presidente. Comentaristas resistentes ao prestígio do Lula chegam a afirmar que ele é “o líder político mais reconhecido no mundo”. (sic)

A GloboNews e até mesmo a Globo, que vinham timidamente, noticiando a viagem do Lula, tiveram que escancarar, afirmando o sucesso da viagem do Lula e o fracasso da viagem do Bolsonaro. Várias citações dos discursos do Lula na Europa foram reproduzidos literalmente. Em que ele afirma as posições essenciais que pautará seus vários discursos na Europa. 

“Com o Presidente da França. Na pauta, a urgência climática e questões globais como a fome e a pobreza. Também conversamos sobre o futuro da União Europeia e a integração da América Latina.” 

“Acredito que os líderes mundiais precisam sentar à mesa para dialogar e enfrentar esses desafios com uma governança global. Dividimos preocupações como o avanço da extrema direita pelo mundo e as ameaças à democracia e aos direitos humanos. Agradeço pela cordial recepção.” 

A viagem se deu no mesmo momento em que o ex-juiz Sergio Moro finalmente deu a esperada entrevista ao Pedro Bial na Globonews, reconhecendo que será candidato a presidente do Brasil. Os efeitos da entrevista, que tinha a expectativa de dominar a agenda política, acabaram relegados a um fato menor, diante da dimensão do sucesso do Lula no mundo. 

Moro, candidato preferido da mídia, que deveria aglutinar apoio de outros pré-candidatos, terminou sendo mais um candidato da terceira via, que já chega a mais de 11. Ficou na sombra da projeção da viagem do Lula à Europa. 

Lula volta ao Brasil pronto para assumir a reconstrução do país, mesmo se ainda temos pela frente mais do que um doloroso e longo ano. A própria mídia nacional terá que se vergar diante do tamanho do Lula no mundo.

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19
Nov21

"Vai demorar muito para reconstruir o Brasil", diz Lula ao anunciar encontro com Macron em Paris

Talis Andrade
O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva em conferência na Sciences Po, em Paris, dez anos após receber o título de Doutor Honoris Causa desta prestigiosa escola de política. 16 de novembro de 2021
O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva em conferência na Sciences Po, em Paris, dez anos após receber o título de Doutor Honoris Causa desta prestigiosa escola de política. 16 de novembro de 2021 © RFI/ Paloma Varón

Em seu primeiro dia em Paris, terceira etapa de seu giro europeu, o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva proferiu a conferência “Qual lugar para o Brasil no mundo de amanhã?” nesta terça-feira (16) na prestigiosa escola de ciências políticas Sciences Po de Paris, onde recebeu o título de Doutor Honoris Causa há dez anos. Em seu discurso sobre as relações entrre o Brasil e a Europa, Lula disse que vai se encontrar na capital francesa com o presidente francês Emmanuel Macron. 

Em seu giro pela Europa, Lula, que ontem foi apaudido de pé no Parlamento Europeu, na Bélgica, não cansa de reiterar o quanto é grato pela solidariedade que recebeu durante os seus 580 dias de prisão.

Em solo francês desde a manhã desta terça-feira, o ex-presidente brasileiro já encontrou a prefeita socialista de Paris, Anne Hidalgo, que lhe concedeu o título de cidadão honorário no ano passado, e citou, durante a conferência na Sciences Po, a solidariedade que recebeu do ex-presidente francês François Hollande (Partido Socialista) e do deputado de esquerda radical Jean-Luc Mélenchon (A França Insubmissa) durante seus dias no cárcere. 

Lula citou também o comitê Lula Livre Paris e os acampados que resistiram durante todo o tempo de sua prisão e lhe davam "bom dia" e "boa noite". Mas o que surpreendeu na noite desta terça-feira foi o anúncio de que ele se encontrará com o presidente francês. Lula não representa o Brasil oficialmente e não se sabe em que circunstâncias ocorrerá o encontro, mas ele é importante para a imagem do país na França, visto que o atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, não mantém boas relações com o governo francês desde seu primeiro ano de mandato.

Em 2019, Bolsonaro se recusou a receber o chanceler Jean-Yves Le Drian, em visita a Brasília e com uma reunião agendada com o presidente, com uma desculpa de agenda cheia, mas fez uma live cortando o cabelo na hora em que deveria ocorrer o encontro. Depois, acusou Macron de ingerência sobre o Brasil, quando o presidente francês denunciou as queimadas na Amazônia. Logo em seguida, criticou a aparência da primeira-dama, Brigitte Macron. Neste contexto, o encontro entre líderes políticos dos dois países, que sempre tiveram laços de amizade, mas andavam se desentendendo após tantos conflitos diplomáticos, é um acontecimento simbólico.  

Comparação inevitável

Nos discursos de abertura, Laurence Bertrand Dorléac, presidente da Fundação Nacional de Ciências Políticas, e Olivier Dabène, presidente do Observatório Político da América Latima e o Caribe (OPALC), saudaram Lula com um "bem-vindo à sua casa" e destacaram que o ex-presidente foi o 16º a receber o título Honoris Causa e o primeiro a vir da América Latina. “Um evento que entrou para a história da Sciences Po, que é a sua casa. O Brasil é bem-vindo à Sciences Po", disse Bertrand Dorléac.

 

Lula fala na Sciences Po em Paris

 

Em sua fala, que foi aplaudida efusivamente diversas vezes pelos estudantes da instituição e demais presentes, Lula traçou um histórico da pobreza no Brasil e de como o seu governo priorizou a educação. 

"É inevitável comparar o Brasil que tínhamos há dez anos ao isolamento em que o país se encontra hoje", disse o ex-presidente. "O Brasil chegou a ser a sexta economia do mundo. Graças ao Bolsa Família, tiramos 36 milhões de pessoas da miséria. Em 2012, saímos do Mapa da Fome da ONU", continuou, lembrando que criou 18 universidades e reservou cotas para negros, indiígenas e alunos de escolas públicas. 

"Pela primeira vez, negros, pardos e filhos de trabalhadores chegaram a ser maioria nas universidades públicas do país. Reduzimos as desigualdades e aprofundamos a nossa democracia. Pela primeira vez, colocamos os trabalhadores e os pobres no orçamento da União. E vimos que o pobre era a solução, não um problema", afirmou. 

"Vivemos uma época de crescimento extraordinário do Brasil; éramos o país mais otimista do mundo. O país com mais esperança, mesmo sem ganhar uma Copa do Mundo desde 2002", disse o ex-presidente, fazendo a plateia francesa rir.

 

Críticas a Bolsonaro

Segundo Lula, transformações desta magnitude parecem intoleráveis paras as elites forjadas na escravidão.

Em seguida, ele lamentou a "destruição da Petrobras e do Bolsa Família: acabou porque eles entenderam que era um símbolo do governo do PT e precisavam destruir".

“Tenho 76 anos de idade e nunca vi a fome tão espraiada no Brasil como está agora. Temos 19 milhões de pessoas com fome e 16 milhões com algum problema de insegurança alimentar”, denuncia. Para ele, o "impeachment de Bolsonaro virá do povo, pelo voto democrático". "Chega", desabafou. 

"O governo Bolsonaro desmonta políticas públicas bem sucedidas, persegue cientistas e artistas, colocou o Brasil de costas para o mundo e quem mais sofre com isso é o povo brasileiro. Hoje ninguém investe no Brasil, porque não acredita em mentiras", segundo ele, por falta de credibilidade do atual governo. Lula citou as "fake news de Bolsonaro" como um dos fatores que afastam investidores.Image

"O Brasil, que era a menina dos olhos dos investidores se transformou numa coisa feia. Bolsonaro vai ao G20 e ninguém o cumprimenta ou cumprimenta por obrigação", analisa. Lula classifica o Brasil de hoje como "uma vergonha".

Quando o mundo dizia que o Brasil ia bem porque eu dava sorte, eu digo: "Se sorte é o que o Brasil precisa, então vamos eleger alguém que tenha sorte", disse, arrancando mais aplausos. 

Mas, mesmo otimista, Lula admitiu que "vai demorar muito mais para reconstruir o Brasil agora". 

 

13
Nov21

Em campanha internacional pela Europa, Lula encontra futuro chanceler alemão Olaf Scholz

Talis Andrade
Em Berlim, Lula encontra o futuro chanceler alemão Olaf Scholz em 12 de novembro de 2021.
Em Berlim, Lula encontra o futuro chanceler alemão Olaf Scholz em 12 de novembro de 2021. © Redes Sociais / @ricardostuckert

 

Texto por RFI - Rádio França Internacional

O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou na quinta-feira (11) em Berlim para o início de uma viagem por quatro países europeus. Nesta sexta (12), o petista encontrou o alemão Olaf Scholz, vencedor nas últimas eleições parlamentares da Alemanha. O giro do ex-presidente ainda prevê a participação em um evento no Parlamento Europeu, uma homenagem em Paris e encontros com  outros líderes de peso no cenário político do bloco.

“Outro Brasil é possível. E vamos lembrar o mundo disso”. Foi com essas palavras que Lula resumiu nas redes sociais, ao desembarcar em Berlim, o mote da sua viagem pela Europa. O giro começou pela Alemanha, onde o petista encontrou o social-democrata Olaf Scholz, vencedor das últimas eleições e provável futuro chanceler alemão.

Segundo Lula, os dois falaram sobre o processo de formação do novo governo alemão e "sobre a importância de fortalecer a cooperação Brasil Alemanha".

O petista começou o primeiro dia de sua campanha internacional encontrando lideranças sindicais, entre eles Reiner Hoffmann, presidente da Confederação alemã de sindicatos, e Michael Vassiliadis, presidente do sindicato de minas, química e energia.

Na sequência, ele se encontrou com o ex-presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz, “um companheiro das horas mais difíceis, a quem sou grato por ter feito questão de ir até o Brasil me visitar quando estava preso em Curitiba”, lembrou Lula.

1 - Importante reflexão no encontro com lideranças sindicais alemãs sobre os desafios de organização da classe trabalhadora no Brasil e no mundo.  Ricardo Stuckert
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O próximo passo da agenda oficial é na Bélgica, onde acontece um dos pontos altos da agenda do brasileiro. Na segunda-feira (15), o ex-presidente participará de uma reunião no plenário do Parlamento Europeu, em Bruxelas.

O evento, organizado pelo bloco social-democrata da instituição, contará com a presença de lideranças europeias e latino-americanas, como Josep Borrel, vice-presidente da União Europeia, José Luis Rodríguez Zapatero, ex-primeiro-ministro da Espanha, ou ainda Claudia Sheinbaum Pardo, governadora da Cidade do México, e terá como tema os desafios no mundo pós-pandemia. Segundo o Instituto Lula, o brasileiro deve fazer o discurso do encerramento.

Outro momento esperado na agenda é a passagem de Lula, na terça-feira (16), pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po), o mesmo que, há dez anos, concedeu ao ex-presidente o título de doutor honoris causa. O petista, que nunca frequentou uma universidade, foi o primeiro latino-americano a receber essa homenagem da tradicional instituição criada em 1871, e que forma boa parte da elite política francesa. Lula dará uma conferência intitulada “Qual o lugar do Brasil no mundo de amanhã?”.

A passagem pela capital francesa contará ainda com um encontro com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, sua apoiadora de longa data e candidata à eleição presidencial francesa, que acontece em abril de 2022.

Ainda na França, Lula receberá o prêmio Coragem Política 2021, concedido pela revista Politique Internationale. A publicação justificou a premiação como uma homenagem a uma gestão, quando era presidente, “marcada pelo desejo de promover a igualdade”. A revista francesa saudou os esforços feitos por Lula para "promover a igualdade racial e social no Brasil", e lembrou que, durante sua gestão, "30 milhões de brasileiros saíram da pobreza". 

A agenda de sua viagem pela Espanha não foi informada.

10
Mar21

"Não sigam nenhuma decisão imbecil deste presidente: tomem vacina", diz Lula durante discurso em São Bernardo

Talis Andrade

 

O ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fala durante discurso em São Bernardo do Campo, São Paulo, Brasil, em 10 de março de 2021.
O ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fala durante discurso em São Bernardo do Campo, São Paulo, Brasil, em 10 de março de 2021.REUTERS - AMANDA PEROBELLI

Em discurso inflamado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva agradeceu nesta quarta-feira (10) seus correligionários, e lideranças como o papa Francisco, além de chefes de Estado da América Latina. Ele criticou duramente o presidente brasileiro Jair Bolsonaro e afirmou que não descansará até responsabilizar o ex-juiz Sérgio Moro pelas “mentiras” durante seu processo: “Deus de barro não dura muito tempo”, afirmou Lula.

Usando uma máscara vermelha com a estrela branca, símbolo do Partido dos Trabalhadores (PT), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou no palanque montado no “mesmo sindicato” em que esteve antes de se “entregar para a Policia Federal”, lembrou. "Espero que todos vocês estejam usando máscaras", disparou, dando o tom firme do discurso que se seguiria, face a seus correligionários e ao ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, candidato do PT às eleições presidenciais de 2018.

"Fui vítima da maior mentira jurídica destes 500 anos de história do Brasil", disse Lula, agora elegível após anulação da condenação feita pelo ministro do Supremo, Edson Fachin, nesta segunda-feira (8).

"A dor que eu sinto não é nada diante da dor de milhões de brasileiros que passam fome. Quase 270 mil pessoas que viram seus entes queridos morreram e sequer puderam se despedir de seus parentes amados, por causa desse desgoverno", declarou Lula, numa referência às vítimas brasileiras do coronavírus.

"Agradeço os heróis e heroínas do SUS, durante tanto tempo descredenciados politicamente. Se não fosse o SUS, teríamos perdido muito mais gente do que perdermos, por causa desse desgoverno no trato da saúde", criticou.

"Não são milicianos que precisam de armas para fazer terrorismo nas periferia matando meninos e meninas negros, a maioria das vítimas das balas neste país, precisamos é de vacinas", disse Lula.  

O ex-presidente Lula fez um agradecimento especial à prefeita de Paris. “Agradeço muito à Anne Hidalgo, que, durante a disputa da eleição dela, teve a coragem de me receber e me disse que a solidariedade vale mais do que a eleição, enquanto a direita [francesa] publicava artigos dizendo que ela ia perder [o mandato] por causa do convite que me havia feito”, disse Lula. “Ela me homenageou como cidadão de Paris e venceu as eleições”, acrescentou.

Lula agradeceu ainda personalidades como Pepe Mujica, Chico Buarque, Martinho da Vila, Raduam Nassar, “meu biógrafo Fernando de Morais, que nunca acaba de escrever essa biografia”, o alemão Martin Schulz, o Podemos espanhol, e “o pessoal da Vigília de Curitiba”: “Havia loucuras da Polícia Federal naquele lugar, um delegado que não sei se era [mentalmente] são provocava a vigília com insultos, os vizinhos ofendiam, e, durante os 580 dias, todo santo dia de manhã, eu ouvia aquelas pessoas chamando o meu nome”, disse o petista.

"A palavra desistir não existe no meu dicionário"

"Fachin cumpriu uma coisa que a gente reivindicava desde 2016, a decisão tardia que ele tomou. Cansamos de dizer que a minha inclusão e da Petrobras como criminoso é a razão da existência da “quadrilha de procuradores” e do Moro, era a única forma de pegar e me levar para a Lava-Jato", afirmou Lula. 

"Mas não troquei minha liberdade pela minha dignidade", continou. "Eu tinha certeza que esse dia chegaria. Esse dia chegou, com o voto do Fachin ao reconhecer que nunca houve crime da minha parte nem envolvimento na Petrobras. (...) A palavra desistir não existe no meu dicionário", completou.

"Continuarei brigando para que o [ex-juiz Sérgio] Moro seja continuado suspeito de se transformar no maior mentiroso da história do Brasil, e de continuar a ser idolatrado por quem quer me calar. “Deus de barro não dura muito tempo”, atacou.

Lula também fez questão de declarar apoio a seu aliado, Guilherme Boulos, do PSOL. "Boulos, você tem toda a minha solidariedade. Se a gente precisar invadir algo para te defender, faremos", disse emocionado, numa referência ao episódio em que Boulos invadiu, junto com o Movimento dos Sem-Teto, o triplex, naquela época atribuído a Lula pela Lava-Jato.

"Decisão imbecil" de Bolsonaro

“Não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República, tome vacina!”, disparou Lula, num ataque direto ao presidente brasileiro. "As mortes poderiam ter sido evitados, se o governo tivesse feito o elementar. Governar é a arte de saber tomar decisões", criticou.

"O mínimo seria esse presidente ter criado uma comissão de crise, e toda semana orientar a sociedade brasileira sobre o que fazer, comprar vacinas de qualquer lugar do planeta”, alertou. “Um presidente que inventou uma tal de cloroquina, que Covid era coisa de maricas, de covardes”, disparou Lula. 

"Ele não sabe o que é ser presidente da República, nunca foi nem capitão, era tenente, se aposentou e foi promovido, nunca fez nada, explodiu quartel porque queria aumento de salário", atacou. "O poder da força do fanatismo, através das fakes news, o mundo elegeu o Trump, elegeu o Bolsonaro", continuou o ex-presidente.

Lula lembrou que fazia cinco anos que não falava com a imprensa: "me transformaram numa espécie de 'vírus', não podia falar com ninguém". 

Sou radical porque quero ir à raiz dos problemas desse país, quero um mundo melhor, onde as mulheres não sejam tripudiadas por serem mulheres”, onde as pessoas não sejam tripudiadas pelo que elas queiram ser, onde mundo onde possamos acabar com o maldito preconceito racial, um mundo onde o jovem possa transitar sem medo de levar um tiro, onde se respeite a religiosidade de cada um”, disse ainda Lula, antes de abrir para as perguntas dos jornalistas presentes no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo.

Capa do jornal Folha de S.Paulo 11/03/2021
 
Capa do jornal O Globo 11/03/2021
Capa do jornal Folha de Pernambuco 11/03/2021
08
Mar21

Prefeita de Paris, Anne Hidalgo celebra anulação das condenações de Lula

Talis Andrade

Lula e Anne Hidalgo

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, comemorou a decisão do ministro da Justiça que anulou nesta segunda-feira (8) as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e devolveu seus direitos políticos. 

"Tão feliz ! Justiça é feita para @LulaOficial", escreveu a socialista que governa a capital francesa sobre a decisão do STF pelo Twitter. 

No dia 3 de março de 2020, Lula recebeu das mãos da prefeita Anne Hidalgo o título de cidadão honorário de Paris. O título foi concedido pelo Conselho de Paris, órgão equivalente a uma Câmara de Vereadores, em razão do “engajamento de Lula na redução das desigualdades sociais e econômicas no Brasil” e também por sua política “contra as discriminações raciais”.

 

08
Mar21

Pepe e Lucía Mujica mandam mensagem a Lula: sua liberdade evidencia o despotismo dos homens infames

Talis Andrade

Pin de André Luís em Ilustrações Criticas IV Charges | Caricatura,  Ilustrações, Gravuras

O ex-presidente do Uruguai José Pepe Mujica e sua esposa Lucia enviaram nesta segunda-feira (8) ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mensagem comemorando a decisão da Justiça, que anulou as condenações e devolveu os direitos políticos de Lula

"A luta compensa e continuaremos até o fim de nossas vidas, buscando o caminho para a fraternidade, igualdade e liberdade para todos os nossos vizinhos", diz o casal Mujica a Lula, em mensagem que o 247 teve acesso. 

Outros líderes internacionais, como o presidente da Argentina, Alberto Fernández, e a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, também se manifestaram celebrando a restituição dos direitos políticos de Lula.As derrotas da esquerda são filhas de suas divisões', diz Mujica em  conversa com Lula - Sul 21

"Prezado irmão Lula:

Estar livre de toda culpa revela uma história sem fim de despotismo de homens infames. A luta compensa e continuaremos até o fim de nossas vidas, buscando o caminho para a fraternidade, igualdade e liberdade para todos os nossos vizinhos. Nesse momento a nossa felicidade é enorme, um grande abraço. 

Pepe e Lucia"

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02
Mar20

Lula recebe título de cidadão honorário de Paris

Talis Andrade

Lula, acompanhado de Dilma e Haddad, recebe título de cidadão de Paris da prefeita Anne Hidalgo

Lula, acompanhado de Dilma e Haddad, recebe título de cidadão de Paris da prefeita Anne Hidalgo

 

Na capital francesa, ex-presidente critica ataques à democracia no Brasil e agradece apoio da prefeita Anne Hidalgo. Honraria é concedida a personalidades que se destacam pela defesa dos direitos humanos.

por DW Deutsche Welle

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta segunda-feira (02/03) o título de cidadão honorário de Paris em uma cerimônia na prefeitura da capital francesa, onde aproveitou para criticar o que chamou de "enfraquecimento do processo democrático" no Brasil.

A honraria a Lula foi concedida pela prefeita de Paris, Anne Hidalgo, em outubro do ano passado, quando ele ainda estava preso, e aprovada pelo Conselho da cidade. De acordo com a prefeitura, a cidadania honorária parisiense é concedida a personalidades que se destacam na defesa dos direitos humanos. Um dos homenageados foi o ex-líder africano Nelson Mandela.

Hidalgo disse que a sucessora de Lula na Presidência, Dilma Rousseff, havia lhe pedido uma ação em favor da libertação do petista, o que a levou a sugerir sua indicação como cidadão honorário de Paris. A prefeita, em plena campanha para a reeleição, destacou o legado do PT na luta pela igualdade social – a qual, segundo ela, está comprometida com a chegada ao poder de Jair Bolsonaro.

Lula@LulaOficial

Merci, Paris!

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A relação entre os governos do Brasil e da França vem se deteriorando, após Bolsonaro entrar em várias ocasiões em confronto com o presidente francês, Emmanuel Macron.

Em seu discurso na prefeitura de Paris, com a presença de Dilma e do ex-candidato do PT à Presidência Fernando Haddad, Lula fez uma série de críticas ao governo Bolsonaro e alertou para o empobrecimento da população brasileira.

Ele disse que o Brasil vive o enfraquecimento da democracia "estimulado pela ganância de poucos e pelo desprezo em relação aos direitos do povo", e denunciou o que chamou de "ataques ao Estado de direito e à Constituição".

Lula contou que, ao saber da homenagem de Paris quando estava preso, teve renovadas as esperanças de recuperar a liberdade. O ex-presidente valorizou o reconhecimento vindo de uma cidade que, segundo ele, "tem um apego especial aos direitos humanos e que sempre acolheu os brasileiros e latino-americanos que os defenderam".

O petista ainda prometeu unir a esquerda nas eleições presidenciais de 2022. Ele disse que, aos 74 anos, está "mais motivado do que nunca para reconquistar a democracia em nosso país".

François Hollande@fhollande
 

Très heureux d’avoir reçu l’ancien président @LulaOficial, @dilmabr et @Haddad_Fernando aujourd’hui à Paris. Nous avons échangé sur la question climatique et la lutte contre les inégalités, qui doivent être au cœur de tous les combats d’aujourd’hui et de demain.

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Lula foi preso em 2018 por corrupção no caso do apartamento tríplex no Guarujá, quando foi acusado de receber propinas de empreiteiras em troca da concessão de contratos públicos. Ele foi libertado em novembro do ano passado, após 580 dias de encarceramento, depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) mudar as regras para as prisões em segunda instância.
 

Antes da cerimônia na prefeitura da cidade, Lula se reuniu com líderes da esquerda francesa, como o ex-presidente francês François Hollande e o líder do partido França Insubmissa e ex-candidato à presidência, Jean-Luc Mélenchon.

Ainda em Paris, o ex-presidente participará, juntamente com Dilma e Haddad, de um evento de campanha de Hidalgo, antes de partir para Genebra e Berlim.

Na Suíça, ele deverá participar de uma reunião do Conselho Mundial das Igrejas (CMI), que reúne representantes de mais de 120 países, sob o tema da desigualdade social.

Na capital alemã, Lula se reunirá com líderes políticos e representantes de sindicatos e participará de um ato público em defesa da democracia no Brasil.

RC/efe/ots/rtr

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A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Veja a TRAJETÓRIA POLÍTICA DE LULA (galeria de 22 fotografias aqui)

 
02
Mar20

Lula da Silva recebeu título de cidadão honorário em Paris

Talis Andrade

O antigo Presidente brasileiro Lula da Silva recebeu, esta tarde, em Paris, o título de cidadão honorário da cidade, 2 de Março.

O antigo Presidente brasileiro Lula da Silva recebeu, esta tarde, em Paris, o título de cidadão honorário da cidade que lhe tinha sido atribuído em Outubro do ano passado quando ainda estava preso.

Por RFI

No discurso no Hôtel de Ville em Paris, Lula da Silva disse que deve a sua liberdade a todos os que lutaram pela sua libertação durante 580 dias e agradeceu veementemente a solidariedade da cidade de Paris.

A distinção foi-lhe entregue pela presidente da Câmara Municipal de Paris, Anne Hidalgo, pela sua luta contra as desigualdades sociais, já que este título é atribuído a personalidades que se destacaram na defesa dos direitos humanos.

Hermano Sanches Ruivo, conselheiro-executivo da Câmara de Paris, explicou à RFI que a cidade de Paris também teve o seu papel na pressão para libertar Lula da Silva.

A distinção do ex-chefe de Estado brasileiro como cidadão honorário de Paris foi concedida pela Câmara Municipal da capital francesa em Outubro passado, quando Lula da Silva ainda se encontrava preso na cidade brasileira de Curitiba, onde cumpriu 580 dias da condenação de oito anos e dez meses de prisão por corrupção e branqueamento de capitais. Lula foi libertado a 8 de Novembro de 2019 na sequência de uma decisão do Supremo Tribunal.

A condecoração foi concedida desde a sua criação, em 2001, em 17 ocasiões, para homenagear personalidades presas ou que corressem perigo devido às suas opiniões políticas, incluindo o ex-Presidente sul-africano Nelson Mandela, a escritora do Bangladesh Taslima Nasreen e a vencedora, em 2003, do Prémio Nobel da Paz, a iraniana Shirin Ebadi.

Esta segunda-feira, o antigo chefe de Estado participa, ainda, num comício da campanha para as autárquicas de Anne Hidalgo, acompanhado pela também ex-Presidente do Brasil Dilma Rousseff e pelo ex-candidato à presidência brasileira, em 2018, pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Fernando Haddad.

Esta terça-feira, Lula da Silva vai estar também em Paris no Festival Lula Livre em Paris” no Théâtre du Soleil, com vários artistas a subir ao palco como a actriz Marina Foïs, a cantora e actriz Agnès Jaouï e a cantora Helena Noguerra.

Lula da Silva vai ainda a Genebra e Berlim até 11 de Março para discutir a questão da desigualdade social com líderes políticos, sindicais e religiosos.

 

 

 

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