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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

24
Jun23

Grande mídia nega corrupção na Americanas de olho nas migalhas dos anúncios

Talis Andrade

O roubo que rende mais aquele realizado pela quadrilha mais competente (tem o apoio da imprensa vendida, com a participaçao de jornalistas escribas e politicos e governantes e funcionarios dos governos e justiça ficha sujas. t.a.) Foto: Bruno Santos/Folhapress

 

Beto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles não só lucraram com rombo da empresa como ainda compraram fatia da Eletrobrás (adquirida por bandidos de estimaçao de Bolsonaro) mas nada disso entra em pauta no noticiário dos jornalões

João Filho

Desde que estourou estourou o escândalo de corrupção das Americanas, passou a circular nas redes um vídeo de 2014 em que Beto Sicupira, um dos controladores da empresa, trata o Brasil  com profundo desprezo: “Se vocês acham que o Brasil é um negócio que vai virar Estados Unidos, vocês estão no lugar errado. O Brasil não será Estados Unidos, porque o Brasil é o país do coitadinho, do direito sem obrigação. É o país da impunidade. Isso é cultural. Não vai mudar.” 

Ao mesmo tempo em que dava essa declaração ironizando o país em que angariou uma fortuna bilionária, Sucupira e seus sócios escondiam um rombo nas Americanas de aproximadamente R$ 50 bilhões. Quando o caso estourou no início deste ano, a tese de que os sócios seriam vítimas dessa “fraude contábil” circulou na imprensa com força. O fato é que, sendo vítimas ou não, os sócios foram os principais beneficiários da roubalheira. A linha de acontecimentos deixa claro que os sócios podem ser tudo, menos vítimas. 

Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles — o trio bilionário que controlava a empresa — ficaram quietinhos o tempo todo para que as ações não se desvalorizassem. Meses antes do rombo ser revelado para o público, eles venderam mais de R$210 milhões em ações da empresa. Ou seja, os bilionários ficaram ainda mais bilionários com a corrupção e depois saíram à francesa, como se nada tivesse acontecido. Esse fato não pode ser considerado mero acaso. É uma comprovação indiscutível de que os donos sabiam exatamente o que rolava na contabilidade da empresa. 

O impacto foi enorme. Empresas fornecedoras quebraram e milhares de brasileiros ficaram desempregados — provavelmente esses são os  “coitadinhos” apontados por Sicupira. 

Trata-se, de longe, do maior caso de corrupção da história do Brasil. Nunca se viu nenhuma roubalheira que tenha chegado perto da casa dos R$ 50 bilhões. Apesar disso, a imprensa brasileira ficou cheia de dedos para carimbar o caso como corrupção. O que vimos até aqui foi um show de eufemismos. “Fraude”, “irregularidades”, “inconsistências contábeis”, “rombo”, foram as palavras escolhidas para classificar o maior caso de corrupção da história do país. Nas manchetes dos jornais e dos grandes portais, os nomes dos controladores das Americanas raramente são citados. Quase não se vê fotos dos rostos deles estampando as reportagens. O tratamento é bastante diferente do que vimos nos escândalos de corrupção envolvendo políticos que abundaram no país nas últimas décadas. A explicação é bastante simples: o trio bilionário é proprietário de outras grandes empresas que são responsáveis por uma fatia importante dos anúncios na grande imprensa. Como diria o então juiz Sergio Moro, não se pode “melindrar alguém cujo apoio é importante”. 

Enquanto rolava a corrupção nas contas das Americanas, a gestora de recursos 3G Radar, também controlada pelo trio bilionário, adquiriu 14,65% das ações da Eletrobrás. Lemann, Telles e Sicupira tiveram influência em todo o processo de privatização da Eletrobrás, iniciada durante o governo Temer, e após a conclusão passaram a ser os maiores acionistas da empresa , ganhando o poder inclusive de controlá-la.. Ou seja,  talvez seja possível dizer que uma fatia importante de uma estatal estratégica para o país foi comprada com dinheiro proveniente da corrupção nas Americanas. Pouco se fala sobre isso no noticiário. É um escândalo de enormes proporções que não ganhou o devido destaque na cobertura da imprensa. 

 

Os bilionários ficaram ainda mais bilionários com a corrupção e depois saíram à francesa, como se nada tivesse acontecido.

 

Na última terça-feira, durante a CPI das Americanas, pela primeira vez o diretor-presidente da empresa admitiu que o lucro fictício foi forjado com base em manobras corruptas na contabilidade da empresa. Mesmo com a confissão da empresa, os eufemismos permanceram nas manchetes e os rostos e nomes dos responsáveis continuaram sendo poupados. 

Na mesma noite, o Jornal Nacional, o telejornal de maior audiência do país, achou por bem gastar apenas 39 segundos da programação com o caso. Os nomes dos responsáveis nem foram citados. No dia seguinte, o jornal dedicou mais 27 segundos. Lembre-se que estamos falando do maior caso de corrupção da história do país. Quando a Lava Jato atribuiu falsamente a Lula a propriedade de um triplex no Guarujá, o Jornal Nacional fez uma cobertura intensiva do caso. O valor do roubo das Americanas é o equivalente a mais de 16 mil triplex do Guarujá. 

Na manhã seguinte à confissão feita na CPI, o UOL, um dos principais portais de notícias do país, não colocou o caso na página principal. Os jornais impressos deram destaque para a notícia em manchetes de capa, mas sempre suavizando nos termos e omitindo nomes e rostos dos responsáveis. O caso continua sendo tratado como uma mera “fraude contábil”, e não como o maior escândalo de corrupção que esse país já presenciou. 

3 bandidos.jpeg

Os homens mais ricos do país continuam desfrutando de uma cobertura jornalística bastante zelosa. Os bilionários das Americanas tiveram suas trajetórias ovacionadas pela imprensa. Telles, Lemann e Sicupira sempre foram tratados como exemplos de homens que enriqueceram graças à meritocracia. “O trio fez história ao comprar empresas em dificuldades, po­rém com nomes fortes, e reformular a gestão seguindo a cartilha da meritocracia e a obsessão por custos baixos”, escreveu a revista Exame em 2013. 

Telles era apresentado como o “empresário que começou como um office boy no mercado financeiro e se tornou um dos brasileiros mais ricos”. Sicupira era exaltado como o homem que “começou a trabalhar negociando carros usados ao lado de um amigo. Depois, passou a revender calças jeans que comprava nos Estados Unidos”. Agora que esses ícones do capitalismo brasileiro se tornaram protagonistas do maior escândalo de corrupção da história, seus nomes foram omitidos das manchetes.

 

“Fraude”, “irregularidades”, “inconsistências contábeis”, “rombo”, foram as palavras escolhidas para classificar o maior caso de corrupção da história do país.

 

A diferença entre a cobertura de casos envolvendo corrupção de políticos e de empresas privadas é abissal. Ambos impactam a sociedade da mesma forma, mas só a corrupção das empresas privadas são merecedoras da benevolência dos grandes grupos de mídia. Sabemos de cor e salteado os nomes e rostos de políticos que se envolveram em casos de corrupção. Já os rostos e nomes dos empresários corruptos — salvo aqueles que se envolveram com políticos — passam incólume pela nossa memória. Alguém se lembra dos nomes dos empresários que lucraram com trabalho escravo? Ou dos donos da Vale, empresa que foi responsável pela tragédia de Brumadinho e Mariana? E o nome dos donos da Braskem, empresa responsável pelo maior desastre ambiental urbano do planeta que destruiu milhares de casas e desabrigou milhares de famílias em Maceió? 

O viés anti-estado e a favor do mercado da grande imprensa fica límpido e claro quando casos de roubalheira em empresas privadas são noticiados. A escandalização com corrupção governamental não se repete quando os protagonistas são empresários que sustentam as empresas de mídia através da publicidade. Não importa que as corrupções privadas impactem a esfera pública da mesma maneira que a corrupção na política. A cobertura midiática do caso Americanas e de outras empresas mais parece uma tentativa de redução de danos à imagem das empresas e dos seus donos do que jornalismo. Quando o dinheiro fala, tudo cala.

Gatunos das Americanas vao cobrar nossa conta de luz

Andrea Trus entrevista Ikaro Chaves Barreto de Sousa, Diretor da Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras (AESEL). Engenheiro Eletricista da ELETRONORTE, representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da ELETRONORTE, atua no Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) na luta contra a Privatização da Eletrobrás, pela reestatização da empresa e pela soberania energética brasileira, falaremos, sobre os problemas da privatização da Eletrobrás e a relação dos acionistas com o rombo das Lojas Americanas.

A fraude nas americanas pode significar um desastre para os trabalhadores e pequenos investidores da empresa. Mas ela também pode servir de alerta para um desastre ainda maior em uma outra empresa, a Eletrobras. 

13
Jun23

Juíza condena ex-delegado torturador e assassino do Dops por ocultação de cadáver na ditadura

Talis Andrade
 
Cláudio Antônio Guerra hoje pastor
 
Claudio Antonio Guerra, delegado serial killer da ditadura militar de 1964 
 
 

 

CRIME PERMANENTE

 

A responsabilização dos autores de graves violações de direitos humanos — em especial, daquelas ocorridas durante a ditadura militar brasileira — está em sintonia com o ordenamento jurídico brasileiro e internacional. 

Esse foi o fundamento adotado pela juíza Maria Isadora Tiveron Frizão, da 2ª Vara Federal de Campos (RJ), para condenar Cláudio Antônio Guerra a sete anos de prisão, em regime semiaberto, pelo crime de ocultação de cadáver. Ele atuou nos anos de 1970 como delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) do Espírito Santo. 

A decisão foi provocada por ação penal ajuizada pelo Ministério Público Federal e está relacionada ao desaparecimento de 12 militantes políticos durante o regime autoritário. A denúncia foi apresentada pelo procurador da República Guilherme Garcia Virgílio, do MPF em Campos dos Goytacazes. 

As vítimas são: Ana Rosa Kucinski Silva, Armando Teixeira Frutuoso, David Capistrano da Costa, Eduardo Collier Filho, Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira, João Batista Rita, João Massena Melo, Joaquim Pires Cerveira, José Roman, Luís Inácio Maranhão Filho, Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto e Wilson Silva.

Ao analisar o caso, a magistrada acolheu os argumentos do MPF. "Em que pese a ação de ocultação de cadáveres tenha se sucedido antes da promulgação da Carta Magna de 1988, há de se anotar que o caráter permanente dos referidos crimes atrai a incidência da referida disposição, haja vista que o crime se perpetuara para o período posterior à sua vigência. Portanto, também sob a ótica constitucional firmam-se como imprescritíveis os delitos sob apuração". afirmou a magistrada. 

Além da pena de prisão, Cláudio Antônio Guerra foi condenado a pagar uma multa de 308 dias, calculada com base em um trigésimo do salário-mínimo vigente em 22 de outubro de 2019 (quando a denúncia foi apresentada pelo MPF), totalizando pouco mais de R$ 10 mil. 

Clique aqui para ler a decisão
Processo  5005036-93.2019.4.02.5103

 

SERIAL KILLER

Ex-delegado foi condenado em 2019, a prisão domiciliar, pelo assassinato da ex-esposa e da ex-cunhada, crimes que aconteceram há 43 anos

Marcas da violência no carro em que duas mulheres estavam. (Cedoc | A Gazeta)

 

. (Cedoc | A Gazeta)

 

Rosa Maria Cleto, a Rosinha, ex-esposa de Guerra, foi assassinada aos 27 anos, junto com a irmã, Maria da Glória Carvalho Neto, de 30 anos. As duas foram mortas com 30 tiros. Segundo investigações feitas até pela Polícia Federal, à época, elas foram executadas como “queima de arquivo”, a mando do próprio Guerra. Ambas tinham conhecimento das atividades ilegais do ex-delegado.

O crime ocorreu na Rodovia José Sette, na região de Itacibá, em Cariacica. Foram assassinadas dentro do carro, um Fusca, onde foram encontradas, em 2 de dezembro de 1980. Além de Guerra, também foram condenados como executores do crime Zózimo Camargo de Souza, que foi preso em 2013 em Palmas, no Tocantins, onde ele morava desde 1992. Ele estava detido na Penitenciária de Segurança Máxima I,  mas foi solto por intermédio de uma decisão judicial no mesmo ano de sua prisão, 2013.

Além dele também foi condenado como executor Odilon Carlos Pereira de Freitas, cuja captura foi solicitada na mesma decisão judicial que determinou a prisão de Guerra. Mas contra ele só há um mandado de prisão preventiva por um crime cometido em Vila Velha em aberto. Não há informações sobre mandado relativo ao crime das irmãs, em Cariacica.

Acompanhe a conversa com a cineasta Beth Formaggini, diretora do filme "Pastor Cláudio", que estreia em 14 de março. O documentário traz relatos chocantes levantados em um encontro entre o bispo evangélico Cláudio Guerra e o psicólogo Eduardo Passos.

Andrea Trus, da TV 247, entrevista a jornalista Denise Assis, sobre seu novo livro "Cláudio Guerra: Matar e Queimar", lançado pela Editora Kotter. Hoje pastor, Cláudio Guerra já confessou dezenas de crimes cometidos por ele durante a ditadura militar, como a incineração de corpos. Denise não só ouviu o ex-militar como cavou provas, confrontou suas falas e trouxe à luz um balanço do "trabalho" feito pelo chefe dele, o temido Freddie Perdigão, o diretor do DOI- CODI.

Conversa entre o pispo evangélico Claudio Guerra, ex-chefe da polícia civil que assassinou e incinerou militantes que se opunham à ditadura e Eduardo Passos psicólogo militante dos direitos humanos. Suas motivações variam entre o orgulho em ser um cumpridor de ordens competente, e o  contra o prazer de ser temido, um assassino orgulhoso de seu trabalho. Atores Cláudio Guerra, Eduardo Passos, Ivanilda Veloso, Marival Chaves, Maria Heleno Vignoli de Morais. Diretor Beth Formaggini

26
Jul22

Delegado da PF:  Carla Zambelli “marginal e bandida”

Talis Andrade

dragas para o garimpo ilegal. quem financia?.jpeg

Degradando o rio, dragando ouro

 

Ex-superintendente no Amazonas, Alexandre Saraiva afirmou que a deputada integra lista de parlamentares que apoiam ilegalidades na região

 

 
 
O delegado Alexandre Saraiva, da Polícia Federal (PF), ecoou, nesta segunda-feira (25/7), uma hashtag com pedido de prisão contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). O assunto é um dos comentários registrados pelo Twitter.
 

A declaração ocorre após a congressista ter ameaçado o policial sobre um possível processo judicial por ter sido incluída na lista de parlamentares que ele considera “bandidos” e “marginais” por apoiarem, segundo ele, atividades ilegais na Amazônia. Ex-superintendente da PF na região, Saraiva deu declaração, em junho, durante entrevista à GloboNews.

“Se a Carla Zambelli me processar vou colocar este fato no meu currículo Lattes, algo como: ‘Processado por Carla Zambelli por chamá-la, em programa de grande audiência, de marginal e bandida.’ O que vocês acham? #zambellinacadeia”, provocou.

Em Roraima, Amapá, Pará e Mato Grosso, garimpeiros não ficaram de quarentena e lançaram-se em nova corrida pelo ouro. Uma corrida que nunca termina. "Estas pessoas  transformarem nos transmissores do coronavírus para os 180 povos que há milênios vivem na Amazônia", diz Danicley de Aguiar. Contaminam as pessoas e os rios. Os rios com mercúrio.
 
A presença de milicianos ligados ao garimpo ilegal e o contrabando de riquezas já deveriam ser sinal de alerta para ação rápida de fiscalização. Não é o que se vê. Apenas 20% do ouro extraído vem da mineração legal.
 
Sem poder contar com fiscalização contra o desmatamento, garimpo ilegal e contrabando de riquezas, indígenas têm pedido um plano de emergência para proteger povos da floresta.
 
Pedem ESVAZIAMENTO DOS GARIMPOS com urgência. De setembro do ano passado até março deste ano de 2020, são mais de 16 mil alertas de desmatamento registrados pelo INPE.
 
Saiba mais:
"Indígenas na Amazônia denunciam aumento de garimpo ilegal durante pandemia" - Deutsche Welle Brasil, 01/04/2020: https://p.dw.com/p/3aJbh
"Grileiros, madeireiros e garimpeiros não fazem home office" - UOL, 31/03/2020: https://bit.ly/2xM906B
"Sem esperar governo, indígenas fecham estradas e expulsam garimpeiros contra coronavírus" - Folha de São Paulo, 03/04/2020:
"O que há no projeto que libera a exploração de terras indígenas", NEXO, 08/02/2020: https://bit.ly/39DxlZh
Fonte: Árvore, Ser Tecnológico
 
Nenhuma descrição de foto disponível.
31
Mai22

Cláudio Castro contra câmaras no uniforme da polícia e chama vítimas de chacina do Jacarezinho de "vagabundos"

Talis Andrade

 

O governador do Rio de Janeiro não respeita o luto das famílias. A declaração foi concedida dias após da chacina da Vila do Cruzeiro, a terceira operação policial com o maior número de mortes. Para os soldados de Castro e Bolsonaro todos os moradores das favelas são bandidos. E o Rio, ex-Cidade Maravilhosa, virou zona de guerra. Apenas os bairros ricos e territórios das milícias são considerados livres de operações militares. 

 

 

247 - O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), chamou de "vagabundos", nesta segunda-feira (30), os mortos na operação policial na favela do Jacarezinho, zona norte da cidade do Rio, em maio de 2021. Foi a ação policial mais letal da região metropolitana do estado, com 28 mortes, das quais 24 foram arquivadas. Outras duas, com ao menos 23 mortes cada, aconteceram em Duque de Caxias, em 1998, e na Vila Cruzeiro, zona norte da capital, na última terça-feira (24).  

Um levantamento do Instituto Fogo Cruzado, divulgado na semana passada, também apontou que o estado do Rio teve 39 chacinas e 178 mortes em apenas um ano de gestão, durante o governo Cláudio Castro.

"Cada policial que eu perco, eu perco duas vezes. Por isso que aquele memorial lá, nós tombamos ele. O nome do André [o policial] não merece estar no meio de 27 vagabundos. O único herói que merecia um memorial é o André com seu filho, da idade do meu, que chora até hoje", disse Castro em coletiva de imprensa.

 

Foto: Selma Souza / Voz das ComunidadesFoto: Selma Souza / Voz das ComunidadesMemorial de Vítimas da Chacina do Jacarezinho é alvo de ataque - YouTube

 

Falta de amor ao próximo. De respeito aos mortos. O Memorial foi derrubado na marra pelos policiais que participaram da chacina. A maior chacina do Rio. A mais letal e desnecessária. Os soldados entraram na favela atirando, derrubando portas, matando os moradores nas ruas e nas casas. A fúria assassina. O prazer de matar de serial killers

 

O governador fez referência ao policial civil André Leonardo de Mello Frias, morto na operação, e que estava com o nome na placa retirada pela polícia. 

No dia 11 de maio, a Polícia Civil do Rio de Janeiro destruiu um memorial em homenagem às 28 vítimas da Chacina do Jacarezinho. O memorial, inaugurado cinco dias antes, foi uma iniciativa de moradores da comunidade, amigos e familiares dos mortos.

Os moradores da favela pensam diferente do governador. Em reportagem de Thayná de Souza e fotos de Selma Souza, a Voz das Comunidades publicou:

Exatamente após um ano, o nome dos 28 assassinados pela Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro no Jacarezinho está gravado eternamente na favela, considerada a mais negra da cidade. Do total, 27 eram moradores e 1 era servidor público. Por volta das 14h50, a marcha que relembra a maior chacina da história do Rio adentrou as ruas do Jacarezinho com mulheres negras à frente, segurando a faixa “28 mortos não é operação, é chacina! 1 ano sem respostas”, rumo ao memorial.

 

Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Chacina do Jacarezinho: 'Brasil foge de regras que se aplicam a uma guerra  e faz extermínio'

Rio: polícia põe em sigilo por 5 anos nomes da operação no Jacarezinho

Enquanto a caminhada seguia, alguns moradores que trabalhavam e andavam pelas ruas do Jaca paravam para ler os cartazes e observar. Frases de apoio puderam ser ouvidas e também diálogos que só quem é favelado entende. “Botaram essas polícia aí não sei pra quê”, comentou uma senhora com a outra, que respondeu de pronto: “Pra matar mais gente!”. “Eles tiram a vida dos outros” e “a escravidão não acabou!” também foram ditas em tom de indignação por moradoras enquanto a marcha seguia.

Durante a cerimônia de inauguração do memorial, mães, irmãs e primas estavam presentes. Tassiana Barbosa era irmã de criação de duas vítimas, Richard Gabriel, de 23 anos e Isaac Ferreira, de 22, que morava na mesma casa que ela, já que sua família não era de lá. “É muita tristeza depois de um ano ainda sem nenhuma justiça! Eu acho que isso nunca vai mudar. A gente que mora aqui até desacredita que algo vai ser feito. Se fosse na Zona Sul, seria totalmente diferente”, relatou. 

 

 PARA PROTEGER HOMICIDAS, GOVERNADOR CONTRA POLICIAIS UTILIZAREM CÂMERAS NO UNIFORME

 

Questionado sobre a possibilidade de outros batalhões policiais, e até a Polícia Civil, utilizarem câmeras no uniforme, Castro afirmou que "operação é planejada, tem estratégia e tem sigilo. Há de se tomar muito cuidado, principalmente pensando na vida do policial".

Na última sexta-feira (27), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin determinou que o governo do Rio de Janeiro ouça sugestões do Ministério Público, da Defensoria Pública do Estado e da Ordem dos Advogados do Brasil - seccional Rio de Janeiro (OAB-RJ) na construção do plano, com o objetivo de reduzir a letalidade policial. 

Mônica Cunha, defensora dos direitos humanos, que teve seu filho Rafael assassinado pelo Estado com apenas 20 anos, disse emocionada: “A gente não aguenta mais ficar botando memorial em favela com o nome dos nossos”. Ela destacou também o que é sempre ignorado ao se tratar de corpos favelados, principalmente pretos. “Esses meninos são nossos filhos, nossos irmãos! Eu quero homem preto igual a você (apontou para o advogado e morador Joel Luiz), não quero homem preto com nome em memorial”.  

Joel Luiz, citado por Mônica, em seu discurso durante a homenagem, pontuou que essa chacina não se construiu em um dia, mas em séculos de escravidão. “28 mortes é um projeto do estado brasileiro”, completa. Sobre o sentimento durante o memorial, ele desabafa que hoje é um dia muito importante.

“Nesse primeiro aniversário de muitos que estão por vir, de que isso não vai ser mais um dia. Não foi só mais uma operação, que, na verdade, foi uma chacina. Não foi só mais uma manhã, mas um dia que a gente vai lembrar todo ano. Eu, enquanto estiver aqui, vou lembrar todo ano. Nem que seja por uma faixa, por fogos, por uma caminhada… Eu vou lembrar todo ano. Porque eu não vou e não podemos normalizar esse tipo de ação, sobretudo no nosso território. O que fica é: isso aconteceu, não pode mais acontecer e temos que lembrar para que não mais aconteça”, finaliza.

 

Na marretada derrubaram o Memorial. Os moradores decidiram pichar os muros. Os mortos inocentes jamais serão esquecidos
 
 
Polícia destrói memorial em homenagem a mortos da Chacina do Jacarezinho
RJ: entidades querem a reconstrução de memorial destruído no Jacarezinho |  Band
Memorial a 28 mortos no Jacarezinho é retirado por ser considerado apologia  ao tráfico | Rio de Janeiro | O DiaPolícia destrói memorial pelas vítimas da Chacina do Jacarezinho -  11/05/2022 - UOL Notícias
 
 
 
 

Um memorial que servia de homenagem aos 28 mortos na Chacina do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, foi derrubado por policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE).

A CORE, grupo criado especialmente para invadir favelas e realizar operações, é uma unidade especial da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. Os agentes usaram marretas e um caveirão, carro blindado, para destruir a estrutura.

A chacina do Jacarezinho foi a ação policial mais letal da história do estado do Rio.

O memorial, inaugurado no último dia 6 de maio, por moradores da comunidade e movimentos sociais, buscava homenagear os assassinados neste trágico episódio. 

Na estrutura do monumento derrubado estava escrito que “nenhuma morte deve ser esquecida. Nenhuma chacina deve ser ignorada”. Além disso, tinha os nomes dos mortos em placas de ferro.

 

Chacina do Jacarezinho mostra terrorismo policial no Brasil

 

Diversas entidades internacionais mobilizaram denúncias em relação a essa ação brutal da polícia do Rio. Os acontecimentos da chacina foram denunciados como uma violações graves de direitos humanos pela ONU.

O Jacarezinho é o bairro do Rio de Janeiro com o maior número de moradores mortos em chacinas decorrentes de operações policiais. 

Fica cada vez mais claro que o estado burguês e seu aparato policial fazem de tudo para assassinar, prender e eliminar a população dos bairros pobres. Depois de mortos, precisam apagar o seu legado e a sua memória. 

 

 

 

 

 

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