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Palestinos estão sem comunicação — Foto: EPA-EFE/REX/SHUTTERSTOCK
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Palestinos estão sem comunicação — Foto: EPA-EFE/REX/SHUTTERSTOCK
Por Paul Adams, BBC News
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu “mudar o Médio Oriente”. O presidente americano Joe Biden disse que “não há como voltar atrás”. Mas a medida que as forças israelenses intensificam os seus ataques à Faixa de Gaza e emitem novos e urgentes avisos aos palestinianos irem para o sul, para onde vai a guerra e o que vem a seguir?
Israel continua dizendo que pretende destruir o Hamas “militar e politicamente”.
Mas, para além da aplicação de um poderio militar implacável e esmagador, não está claro como esta ambição sem precedentes será alcançada.
“Você não pode tomar uma atitude tão drástica sem um plano para o dia seguinte”, afirma Michael Milshtein, chefe do grupo de estudos palestinos do Centro Moshe Dayan, da Universidade de Tel Aviv.
Ex-membro da inteligência militar de Israel, Milshtein, teme que não tenha existido esse planejamento.
Diplomatas europeus dizem que estão conduzindo discussões intensas com Israel sobre o futuro, mas que até agora nada está claro.
"Você pode esboçar algumas ideias no papel, mas torná-las reais exige semanas, meses de diplomacia”, disse um deles, que pediu anonimato.
Planos militares existem - desde a destruição da capacidade militar do Hamas até a tomada de boa parte da Faixa de Gaza. Mas fontes ouvidas pela BBC com longa experiência em crises do tipo dizem que o planejamento não vai além disso.
“Não creio que exista uma solução viável e funcional para Gaza para o momento seguinte ao da evacuação das nossas forças”, afirma Haim Tomer, ex-membro do Mossad, o serviço secreto de Israel.
Os israelenses são praticamente unânimes sobre o desejo de derrotar o Hamas e não permitir mais que eles governem Gaza.
Mas o Hamas, diz Milshtein, é uma ideia - não algo que Israel possa simplesmente apagar.
Ele faz um paralelo com o Iraque em 2003, quando as forças lideradas pelos EUA tentaram remover todos os vestígios do regime de Saddam Hussein. O plano foi um desastre, diz.
Deixou centenas de milhares de funcionários públicos iraquianos e membros das forças armadas sem trabalho, lançando as sementes para uma insurreição devastadora.
Veteranos americanos desse conflito estão em Israel, conversando com os militares israelenses sobre as suas experiências em lugares como Falluja e Mosul.
“Espero que expliquem que cometeram alguns erros enormes no Iraque”, diz Milshtein.
"Israel não pode ter a ilusão de erradicar o partido no poder ou mudar a opinião das pessoas. Isso não vai acontecer."
Os palestinos concordam.
“O Hamas é uma organização popular de base”, diz Mustafa Barghouti, presidente da Iniciativa Nacional Palestina. “Se quiserem remover o Hamas, terão de fazer uma limpeza étnica em toda Gaza.”
Essa ideia - de que Israel pretende forçar centenas de milhares de palestinianos a sair da Faixa de Gaza e a entrar no Egito - está despertando os medos palestinianos mais profundos.
Para uma população já constituída em grande parte por refugiados - que fugiram ou foram expulsos das suas casas quando Israel foi fundado - a ideia de outro êxodo em massa evoca memórias dos acontecimentos traumáticos de 1948.
“Fugir significa uma passagem só de ida”, diz Diana Buttu, ex-porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Giora Eiland, ex-chefe do Conselho de Segurança Nacional de Israel, diz que a única forma do país concretizar as suas ambições militares em Gaza sem matar muitos palestinianos inocentes é a evacuação dos civis.
O pedido de Joe Biden de financiamento ao Congresso para apoiar Israel e Ucrânia é outro fator que gera temor entre os palestinos.
Até agora, Israel não disse oficialmente que quer que os palestinianos atravessem a fronteira. As Forças de Defesa de Israel (IDF) disseram repetidamente aos civis que se deslocassem para “áreas seguras” mal definidas no sul.
Mas o presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sissi, alertou que a guerra de Israel em Gaza pode ser “uma tentativa de forçar os habitantes civis a migrar para o Egipto”.
Supondo que ainda existam palestinos em Gaza quando a guerra acabar, quem irá governá-los?
“Essa é a pergunta de um milhão de dólares”, diz Milshtein.
Israel, diz ele, deveria apoiar a criação de uma nova administração, dirigida pelos habitantes de Gaza, com a adesão dos líderes locais e o apoio dos EUA, do Egito e talvez da Arábia Saudita. A nova administração deveria também incluir líderes do Fatah, o grupo palestino que hoje controla Autoridade Palestina (ANP) na Cisjordân ia e que o Hamas expulsou de Gaza.
Hoje, no entanto, a ANP e seu presidente Mahmud Abbas são impopulares entre os palestinianos na Faixa de Gaza.
Diana Buttu diz que a ANP pode até querer regressar a Gaza, mas não “nas costas de um tanque israelense”.
A veterana palestina Hanan Ashrawi, que foi membro da ANP na década de 1990, irrita-se com a ideia de que estrangeiros, incluindo Israel, tentarão mais uma vez determinar como os palestinianos conduzem suas vidas.
“As pessoas pensam que é um tabuleiro de xadrez e que podem mover alguns peões aqui e ali e dar um xeque-mate no final. Isso não vai acontecer”, diz ela.
Entre aqueles que já lidaram com guerras em Gaza antes, há uma profunda apreensão e uma sensação de que quase tudo já foi tentado antes.
O ex-oficial do Mossad Haim Tomer diz que suspenderia as operações militares por um mês, num esforço para retirar os reféns primeiro.
Em 2012, após uma ronda anterior de combates em Gaza, ele acompanhou o diretor da Mossad ao Cairo para conversas que resultaram num cessar-fogo. Os representantes do Hamas, diz ele, estavam presentes, com as autoridades egípcias fazendo o meio campo. Um mecanismo semelhante deveria ser utilizado novamente, diz ele, mesmo que Israel tivesse que libertar prisioneiros.
"Não me importo se libertarmos alguns milhares de prisioneiros do Hamas. Quero ver os reféns voltando para casa."
Israel, diz ele, poderia então decidir se retoma as operações militares em grande escala ou optaria por um cessar-fogo de longo prazo.
Vídeo: Embaixadas dos Estados Unidos e de Israel foram alvos de protestos e ameaças após o bombardeio de um hospital na Faixa de Gaza que deixou quase 500 mortos na noite desta terça-feira (17).
por Ivan Longo
Revista Forum
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Uma das brasileiras resgatadas de Israel no primeiro voo de repatriação viabilizado pelo governo Lula, em meio à guerra com o Hamas, chamou a atenção de usuários das redes sociais e telespectadores ao fazer seus agradecimentos por ter retornado ao Brasil.
Identificada como Mainara da Silva, a repatriada estava no avião da Força Aérea Brasileira (FAB) com outros 210 brasileiros. A aeronave decolou de Tel Aviv no início da tarde de terça-feira (10) e pousou em Brasília na madrugada desta quarta-feira (11).
A maior parte dos passageiros compunha um grupo que foi à Jerusalém fazer turismo religioso, entre eles 3 pessoas de Sorocaba (SP). A prefeitura da cidade do interior de São Paulo, então, enviou um avião particular à capital federal para buscar o trio, entre eles Mainara, que deu uma entrevista ao jornal "Hora 1", da Globo, logo após desembarcar no Dia da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, que Jair Bolsonaro, este ano, esqueceu de celebrar.
Ao expressar sua felicidade de estar em solo brasileiro, a repatriada agradeceu à prefeitura de Sorocaba pelo resgate, "se esquecendo" que a operação no Oriente Médio foi encampada pelo governo federal.
O “resgate” dos sorocabanos em Israel, armado pelo prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), virou piada nacional e colocou a cidade nos trending topics do Twitter, a lista dos assuntos mais comentados da rede social, nesta quinta-feira (12). No geral, as críticas lembram que foi a Força Aérea Brasileira quem trouxe os brasileiros de volta, e que a FAB é comandada pelo presidente Lula, não pelo prefeito de Sorocaba.
>> Ouça a música que viralizou, satirizando o “resgate” de Manga em Israel
>> Veja a paródia da entrevista da evangélica, que agradeceu Manga pelo avião da FAB
O máximo que Manga fez foi embarcar, junto com sua equipe de marketing, em um jatinho cedido pela empresa NHR, para buscar alguns moradores da região, inclusive pastores amigos dele, em Brasília, após desembarcarem do voo da FAB.
As críticas ao marketing da “participação” do prefeito de Sorocaba no “resgate” dos brasileiros que estavam na zona de conflito foi parar foi um dos assuntos mais comentados no Instagram, no Facebook e no YouTube, além do Twitter.
Em um dos vídeos, uma influencer com mais de 319 mil seguidores imita a evangélica “resgatada” de Israel, que agradece o prefeito Manga nas entrevistas para as redes nacionais de televisão. A humorista diz que estava em Israel rezando pelo fim do comunismo no Brasil e agradece o prefeito Manga por trazê-la de volta. Uma única repercussão irônica desse vídeo, que se espalhou pelo Brasil, teve 26 mil curtidas e centenas de comentários.
Para o Portal DCM (Diário do Centro do Mundo), “Bolsonarista investigado por corrupção, prefeito de Sorocaba é o herói fake do resgate dos brasileiros de Israel”. Essa foi manchete nesta quinta-feira (12).
Dia da Criança ou da Mentira?
“Hoje é Dia da Criança, mas tem gente achando que é Dia da Mentira. Tenho lido nas redes sociais que a vinda de sorocabanos lá de Israel aconteceu por causa da intervenção do Manga. Hahaha. Já existe FAB sorocabana?”, escreveu o jornalista e humorista de Sorocaba, Celso Ribeiro Marvadão, em sua página.
Num outro vídeo, de uma sorocabana notadamente bolsonarista e seguidora do Manga, um dos comentários foi “Não precisa agradecer o Lula. É obrigação dele. Mas inventar um responsável aleatório [Manga] pelo seu resgate pé demais”.
Já em um único canal do You Tube, “Tocamente a frente”, com 222 mil inscritos, o comentarista disse que “rachou o bico” de rir ao assistir o vídeo da sorocabana bolsonarista creditando ao prefeito Manga a volta dela ao Brasil. “É para acabar, galera. Não tem nada a ver [com Manga]. Não querem dar o braço a torcer e dizer que foi o governo Lula que trouxe”.
Mais cinco voos da FAB
A logística do Governo Federal, em conjunto com a Força Aérea Brasileira, programou outros cinco voos para resgatar brasileiros em Tel Aviv até o domingo (15), na Operação Voltando em Paz.
Além do marketing que virou “tiro no pé”, o prefeito optou por um lado da guerra, Israel, e até hasteou uma bandeira do país em frente ao Paço Municipal. Em uma matéria do Portal Porque sobre o assunto, uma leitora questionou: “Se era para hastear uma bandeira sobre a guerra, por que não hasteou uma branca, pedindo paz?”
* Colaborou Fábio Jammal Makhoul
EXIGÊNCIA DE DITADOR
Presidente da Câmara dos Deputados alem da pesada e suntuosa grana exige a retirada de mais 40 vídeos do canal
Arthur Pira (PP-AL) quer censurar o canal ICL Notícias, do Instituto Conhecimento Liberta de Eduardo Moreira, e que conta com a participação de intelectuais como Ladislau Dowbor, Marilena Chauí, Leonardo Boff e outros. Incomodado com conteúdos críticos em relação à sua atuação como homem público, o presidente da Câmara dos Deputados moveu uma ação por danos morais na 24ª Vara Cível de Brasília devido a um vídeo veiculado em 6 de junho que aborda o escândalo dos kits de robótica e as acusações de agressão feitas por sua ex-mulher, Jullyene Lira.
Além de mostrar uma entrevista com Jullyene, que acusa Lira de uma série de crimes, e expor o escândalo da compra de kits de robótica inexistentes para escolas de Alagoas, o programa também apontou o recebimento de R$ 106 mil em propinas por parte de um assessor. Lira nega todas as acusações e busca não apenas a retirada deste programa do ar, mas também de outros 42 conteúdos do canal, além do pagamento de uma indenização de R$ 300 mil por danos morais.
A Justiça negou os pedidos de Lira para que o processo corresse em sigilo e para a retirada imediata dos vídeos do YouTube. De acordo com julgamento dos méritos, há o risco de ocorrer "censura à liberdade de imprensa" caso os conteúdos sejam removidos imediatamente. Os vídeos permanecem disponíveis enquanto a ação é apreciada.
Posição do ICL Notícias
O canal agora divulga um abaixo-assinado aos seus seguidores no qual critica a iniciativa de Lira e apela pela defesa da liberdade de imprensa.
Não há dúvidas, trata-se de uma covarde e vergonhosa censura. É inaceitável que o chefe de um dos três poderes de uma República supostamente democrática tente calar um canal de informações por meio de pressão política e jurídica", disse Eduardo Moreira, responsável pelo ICL. "Vale lembrar que tudo o que foi veiculado sobre Lira teve como fontes os principais veículos de imprensa do país e as declarações de sua ex-esposa. Sempre foi oferecido a ele espaço para se manifestar com sua visão dos fatos, e ele sempre recusou", completou.
Alegações de Lira
Sobre o caso da suposta propina paga a um auxiliar do então presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Francisco Carlos Caballero Colombo, a advogada Margarete Coelho, que defende Lira, aponta que o caso foi arquivado pelo Supremo Tribunal Federal, e, portanto, os comentários veiculados no programa seriam considerados como "inverdades" e "desinformação".
Quanto à operação que resultou na prisão do ex-assessor de Lira, Luciano Cavalcante, sob suspeita de fraude em licitação e lavagem de dinheiro na compra dos kits de robótica inexistentes, a defesa argumenta que Lira jamais foi investigado no caso. Já em relação à ex-esposa do parlamentar, Margarete Coelho afirma que Lira foi absolvido das acusações há mais de 10 anos.
LEIA
O Grupo dos Chefes de Missão Africanos em Brasília emitiu, nessa quinta-feira (29), uma nota oficial condenando as declarações do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO). O texto é assinado por Martin A. Mbeng, Embaixador do Cameroun e Decano do Grupo.
Durante entrevista ao podcast Três Irmãos, no início dessa semana, o parlamentar acusou a população africana de ter QI baixo, comparando-o a um macaco. “Democracia não prospera na África porque, para você ter uma democracia, você precisa ter um mínimo de capacidade cognitiva de entender entre o bom e o ruim, o certo e o errado”, disse Gayer, que foi acusado de racismo e pode ser seu mandato quebrado por quebra de decoro.
A nota dos diplomatas africanos afirma: “não nos permitimos omitir ou pactuar com mensagens criminosas quando originárias de indivíduos supostamente representantes do povo brasileiro”. Depois, cita nominalmente Gustavo Gayer, dizendo que ele “faz escárnio do Quociente de Inteligência dos africanos comparando-o ao de um macaco”.
Os chefes de missão africanos são veementes. “Para além da tristeza que nos invade ao saber que ainda existe esse tipo de seres, lamentamos ter de informar às autoridades brasileiras, sobretudo o Itamaraty e a Câmara dos Deputados, que o nosso Grupo, interpretando os sentimentos do Continente Africano, está CHOCADO com tamanho desacerto e delírio do parlamentarista supracitado”.
Por fim “o Grupo condena com a maior veemência tais declarações discriminatórias, humilhantes, desrespeitosas, insultuosas e degradantes por parte de um representante do povo brasileiro”.
Leia o comunicado na íntegra aqui.
No Jornal da Fórum, comentamos uma fala chocantemente racista de um deputado bolsonarista por Goiás (PL-GO), chamado Gustavo Gayer, comparando africanos a macacos. Por ordem de entrada, o jornalista Luiz Carlos Azenha, o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), a cientista política Ana Prestes, e o professor de Direito José Fernandes (Portal do Zé). Apresentação Ivan Longo e Iara Vidal
Em menos de dois anos, o número de seres humanos passando fome disparou no Brasil, saltando de 19 milhões para 33,1 milhões, segundo a pesquisa Vigisan (Inquérito Nacional sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19), divulgada nesta quarta-feira (8). Esse número impressionante representa 15,5% da população brasileira. No covil de Jair Bolsonaro, com sua necropolítica e seu plano de desconstrução, o país ruma celeremente para a barbárie social.
O levantamento, que inexplicavelmente não foi manchete nos jornalões nem destaque nos telejornais, foi encomendado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, que envolve seis entidades da sociedade civil. Ele foi realizado pelo instituto Vox Populi entre novembro de 2021 e abril de 2022, com visita a 12.745 domicílios de 577 municípios nos 26 estados e no Distrito Federal. Em 2020, quando foi realizada a primeira pesquisa deste tipo, foram encontradas 19 milhões de pessoas com fome no Brasil – 9,1% da população.
Metade da população com insegurança alimentar
Ainda segundo a pesquisa, mais da metade (58,7%) da população brasileira convive com insegurança alimentar em algum grau, o que significa 125,2 milhões de brasileiros. “São famílias que estão preocupadas com a possibilidade de não ter alimento no futuro ou já passam fome. O problema aparece mais no campo, onde 60% dos domicílios relataram algum tipo de dificuldade – 18,6% com insegurança alimentar grave”, registra postagem no site UOL.
A pesquisa também aponta que as famílias negras e chefiadas por mulheres são as mais atingidas: 65% dos domicílios comandados por pessoas pretas e pardas convivem com restrição de alimentos em qualquer nível; 63% dos lares com responsáveis mulheres apresentaram algum patamar de
insegurança alimentar. “Proporcionalmente, a preocupação com o acesso a alimentos atinge maiores parcelas da população no Norte (71,6%) e no Nordeste (68%). Em números absolutos, o Nordeste registra mais pessoas com fome: são 12 milhões em situação de insegurança alimentar grave”.
Os níveis de segurança alimentar
Conforme explica o site, o nível de segurança alimentar é dividido em quatro graus:
1) Segurança alimentar: alcança hoje 41,3% dos brasileiros. É quando a família tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais;
2) Insegurança alimentar leve: atinge 28% dos brasileiros. É quando a família tem preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro, com qualidade inadequada resultante de estratégias que visam não comprometer a quantidade de alimentos.
3) Insegurança alimentar moderada: atinge 15,2% dos brasileiros. É quando há redução quantitativa de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos.
4) Insegurança alimentar grave: atinge 15,5% dos brasileiros. É quando há redução quantitativa de alimentos entre as crianças e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos.
"Horrorizados" e com "sentimento de indignação"
Segundo a pesquisadora Ana Maria Segall, todos os envolvidos no Vigisan ficaram “horrorizados” com o resultado de 33,1 milhões de pessoas com fome. “Isso nos dá um sentimento de muita indignação. E o que mais chama atenção é a velocidade da fome, considerando o intervalo entre um levantamento e outro”. Ela afirma que “a parte mais dolorosa da pesquisa foi ver como a fome atinge mais as casas onde há três ou mais pessoas abaixo de 18 anos – um em cada quatro desses domicílios (25%), há fome. Quanto menor a faixa etária da fome, mais repercussões ela vai causar, e prejuízos a longo prazo. Estamos falando de crianças que vão levar essas sequelas para o resto da vida”.
A amostragem também indicou que, entre os que têm fome, 15,9 milhões tiveram que adotar estratégias consideradas inaceitáveis ou vergonhosas para adquirir comida. “São aquelas imagens que vemos em reportagens: pessoas atrás de caminhão de osso, buscando alimentos nos lixões”, explica Ana Maria Segall. Para Francisco Afonso, integrante da ONG Ação da Cidadania, esse desastre tem como principal responsável o desgoverno de Jair Bolsonaro, que tem desmontado todas as políticas públicas de combate à fome – inclusive com a destruição dos estoques reguladores de alimentos.
“Houve uma ação para privilegiar o agronegócio exportador em detrimento da agricultura familiar. Todas as políticas públicas foram melhores para o agronegócio, com menos apoio e redução na produção dos alimentos. Só o feijão, nos últimos anos, perdeu 70% de sua área”. Ele também cita o desmantelamento de políticas como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) como responsáveis pelo aumento da fome.
Conforme dados da Agência Patrícia Galvão com base no 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020, 30 mulheres sofrem agressão física por hora no Brasil. O caso de Marcielly não é isolado! A violência contra mulheres não pode ficar impune! #justiçapormarcielly
No dia em que celebraremos 90 anos da conquista do voto feminino no Brasil, me reúno com Dilma Rousseff e Ana Prestes para discutir a presença da mulher na política e a conquista da mulher brasileira ao sufrágio.
A ex-deputada Manuela D'Ávila, ao compartilhar nesta quinta-feira (10) uma notícia de que o deputado estadual Arthur do Val, o "Mamãe Falei", está com medo de sair na rua, relembrou os ataques que já foi alvo do Movimento Brasil Livre (MBL), grupo do qual o parlamentar fazia parte, e como isso levou até mesmo a agressão física contra sua filha recém-nascida.
Mamãe Falei vem se vitimizando por estar correndo risco de perder o mandato após o vazamento de áudio misógino, em que faz falas sexistas sobre mulheres ucranianas que estão fugindo da guerra no país.
"Eu ando nas ruas de cabeça erguida porque sei quem sou e o que defendo e sei quem são os mentirosos que me atacam. Já esse deputado tem medo de sair na rua porque descobriram exatamente quem ele é", escreveu Manuela ao encerrar sua sequência de postagens narrando a atuação do MBL contra ela e sua família.
A ex-deputada conta que, em 2015, quando estava grávida de sua filha Laura, foi alvo de uma fake news do MBL de que teria feito o enxoval em Miami (EUA).
"As pessoas acreditaram. Eles usaram a foto de meu enteado ainda criança. Ele também passou a ser atacado nas redes sociais. Quando Laura nasceu, o relato detalhado do meu parto foi feito nas redes sociais por uma médica que conseguiu informações e fez com que o dia seguinte ao nascimento de minha filha se transformasse numa batalha para barrar as publicações e comentários de ódio a nosso respeito", escreveu Manuela.
"Quando Laura tinha 45 dias foi agredida fisicamente porque a agressora acreditou na fake news do enxoval nos Estados Unidos e também na ideia de que uma mulher como eu não poderia ter roupas para sua filha porque na Coreia não era assim", detalhou ainda a ex-parlamentar.
Mamãe Falei é da mesma corriola de Kim Kataguiri, Fernando Holiday, Sara Goldschmidt, Bia Kicis, Sérgio Reis, Daniel Silveira, Carla Zambelli, Junio Amaral, Otonio de Paula, Filho 01 senador Flávio Bolsonaro, Filho 02 vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, Filho 03 deputado federal Eduardo Bolsonaro, jornalistas das notícias de sangue e uma tropa de deputados da bancada da bala, que formam e comandam as milícias eleitorais armadas da campanha de Bolsonaro à reeleição. Esta campanha precisa definir a idelogia dos candidatos. Denunciar que na bancada da bala existem políticos nazistas e fascistas. Aqui se diz que Manuela é de esquerda, do PCdoB, por que esconder os deputados da direita volver?
por Gabriela Cunha Ferraz, coordenadora de advocacy do Programa Justiça Sem Muros, do ITTC, originalmente publicado na Ponte Jornalismo
O país está dividido e, em meio a tantas incertezas, nossa única certeza é que, hoje, existem, escancaradamente, bancadas parlamentares estruturadas e com pautas claramente conservadoras, fundamentalistas e machistas.
Elegemos parlamentares que, unidos, formaram o que vem sendo vulgarmente conhecido como Congresso BBB porque seus membros estão comprometidos com os interesses da Bala (indústria armamentista); do Boi (ruralistas) e da Bíblia (evangélicos). Aqui, para reduzir o estresse mental, vamos nos ater ao impacto destrutivo da chamada Bancada da Bala.
Na tarde do dia 25 de março, a Bancada da Bala, depois de bradar pela redução da maioridade penal de manhã, se reuniu na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados para debater a situação dos haitianos e os problemas sanitários (doenças) e criminais que trazem para o país.
Essa discussão, além de xenófoba e discriminatória, atesta que temos uma bancada de parlamentares, eleitos pelo povo, sim, mas que legislam em causa própria e de acordo com interesses escusos e nada democráticos. Interesses motivados por rechonchudos financiamentos privados de campanha, oriundos de empresas que precisam manter representantes particulares no Congresso.
Significa dizer que o discurso sobre a suposta impunidade que explica o permanente estado de insegurança no qual hipoteticamente vivemos é, no frigir dos ovos, uma grande falácia que encobre o verdadeiro foco do problema. Os financiamentos privados de campanha fazem com que alguns dos parlamentares eleitos precisem se manter fiéis aos discursos das empresas que ajudaram a elegê-los.
É preciso manter um discurso alarmista sobre a segurança pública porque a criação desse estado social é lucrativo e favorece um grupo determinado de pessoas que, ao longo dos anos, vem se tornando cada vez mais rico e poderoso. Muitos dizem saber disso, mas poucos parecem ter noção das reais implicações e consequências dessas relações. Esclarecendo: Quem manda nesse país não são os parlamentares, eles apenas fazem cena e chamam os holofotes para si, tentando apagar quem é o verdadeiro dono do país: o capital.
Dos 33 titulares da comissão de segurança pública, 17 (51%) são parlamentares pertencentes a corporações patriarcais e conservadoras como as Polícias Militar, Civil e Federal, Exército e Bombeiros. Sendo maioria, eles conseguem estar presentes em todas as importantes votações apoiando uns aos outros, concordando com os votos dos colegas e afastando a participação dos movimentos sociais de base, que passam a ser sumariamente excluídos do grupo seleto de pessoas com direito a voz. Considerando que os militantes dos direitos humanos não estão abertos a serem financiados por empresas que violam diuturnamente esses direitos e liberdades individuais, talvez sejamos definitivamente rechaçados dentro da própria casa do povo.
O cenário está longe de ser razoável. Na pauta do dia temos um Projeto de Emenda Constitucional que reduz a idade da maioridade penal, ferindo uma importante cláusula pétrea e desconsiderando o maior texto da nossa República. De outro lado, marcos legais que ampliariam direitos, como o fim das revistas vexatórias, a regulamentação das audiências de custódia e o fim dos autos de resistência, caminham com extremo vagar no Congresso.
O que esperamos do Poder Legislativo são parlamentares que escutem a voz da sociedade, se informem sobre as necessidades e anseios do povo, mas sem com isso descuidar dos direitos de grupos minoritários e vulneráveis. O que não precisamos são de fantoches guiados por grandes conglomerados econômicos. Queremos representantes participativos e assíduos que defendam os direitos humanos, mas estamos fartos de deputados que priorizam suas patentes, medalhas e uniformes.
Não, não precisamos de uma bancada com indivíduos que ratificam um discurso de ódio, o recrudescimento de penas e o estado de controle máximo, ao passo em que eles mesmos cometem verdadeiros crimes de racismo, além de incitação pública da violência institucional e do crime de estupro em plena sessão parlamentar, como no episódio que envolveu a ex-ministra Maria do Rosário.
Mas, o que esperar de um poder que organiza seus representantes em castas temáticas pela defesa de interesses particulares? Que rasguem a Constituição, oras.
Cônsul da Rússia em Belo Horizonte afirma que a causa da crise é a tentativa de conter o avanço do país, mas afirma que o mundo multipolar veio para ficar
247 – Cônsul da Rússia em Belo Horizonte, a professora de Relações Internacionais Carolina Bernardes concedeu entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, em que explicou a crise atual a partir de um ponto de vista – o dos russos – que é sempre negligenciado pela mídia ocidental. "A Guerra Fria deformou completamente a imagem da Rússia no Brasil e no Ocidente", diz ela. "A grande realidade é que uma Rússia forte incomoda o Ocidente", acrescenta.
Carolina afirma que a hegemonia dos Estados Unidos já não existe mais. "Vivemos um momento histórico e a criação de uma nova ordem mundial", diz ela. Segundo ela, a Rússia será capaz de superar as sanções impostas pelo Ocidente. "A Rússia vai acelerar o processo de desdolarização de sua economia", prevê. "As sanções afetam a economia, mas a Rússia se preparou".
A cônsul da Rússia também avalia que Jair Bolsonaro acertou ao viajar à Rússia. "São interesses de longo prazo, de dois países que são potências e parceiros dos BRICS", afirmou. Carolina também sugeriu que os brasileiros se informem sobre a Rússia pela mídia independente e por agências russas, como Tass e Sputnik. "A imprensa brasileira faz copia e cola da imprensa americana", diz ela.
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