Território foi batizado de 'Complexo de Israel' pelo chefe do grupo criminososo, segundo a polícia
por Letícia Mori /BBC News
Os traficantes que dominam as favelas de Parada de Lucas, Vigário Geral e outras três comunidades na Zona Norte do Rio de Janeiro elegeram referências bíblicas como seus principais símbolos.
A facção se autodenomina “Tropa de Arão” — uma figura cristã, irmão de Moisés. A estrela de David foi espalhada em muros e bandeiras nas entradas das favelas, e está até em um neon no alto de uma caixa d’água na comunidade de Cidade Alta.
O território foi batizado, segundo a polícia, de “Complexo de Israel” pelo chefe da Tropa — uma referência à “terra prometida” para o “povo de Deus” na Bíblia.
O grupo criminoso comandava inicialmente o tráfico em Parada de Lucas e estendeu seu domínio para as comunidades vizinhas. Hoje, a Tropa controla o tráfico nas favelas de Cidade Alta, Pica-pau, Cinco Bocas e Vigário Geral, de acordo com a polícia e centros de pesquisa em segurança pública.
O Complexo de Israel é emblemático de um fenômeno que alguns pesquisadores têm chamado de “narcopentecostalismo” — não apenas o surgimento de traficantes que se declaram evangélicos, mas a forma como isso influencia a atuação das facções na disputa por territórios no Rio de Janeiro.
“O termo neopentecostalismo tem sido empregado por diversos pesquisadores que analisam o fenômeno de narcotraficantes que assumem, de forma explícita e aberta, religiões neopentecostais, inclusive em suas atividades criminosas”, explica a cientista política Kristina Hinz, pesquisadora do Laboratório de Análise da Violência da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e doutoranda na Free University, de Berlim.
Ou seja, além da conversão pessoal, a religião também tem um papel estratégico para manutenção do poder e na disputa por territórios, segundo os pesquisadores.
A comunidade evangélica tradicional rejeita fortemente a ideia de que um traficante possa ser evangélico.
“Um pastor sério não vai aceitar que uma coisa que é ilegal na lei humana e imoral seja associada a Cristo”, diz o pastor Carlos Alberto, que atua há 17 anos como pastor na favela da Cidade de Deus e antes era, ele próprio, traficante. “O pastor tem que mostrar para a pessoa que ela pode se arrepender, mas para ser aceito como evangélico ela tem que largar tudo que é contrário aos princípios bíblicos, morais e éticos.”
No entanto, os traficantes considerados parte do neopentecostalismo não só se declaram membros na religião, mas de fato têm uma vida religiosa, apontam pesquisadores.
O líder do tráfico no Complexo de Israel é alvo, por exemplo, de 20 mandados de prisão por homicídio, tortura, tráfico, roubos e ocultação de cadáver. Ao mesmo tempo, ele se declara evangélico, espalhou referências religiosas pela região e tem amigos pastores, aponta a polícia.
“São traficantes que ao mesmo tempo participam da ‘vida do crime’ e da vida religiosa evangélica, indo a cultos, pagando o dízimo e até mesmo pagando por apresentações de artistas gospel na comunidade”, afirma Kristina Hinz.
Essa influência de religiões sobre as dinâmicas de poder do tráfico sempre existiu, dizem pesquisadores, e não é algo particular ao protestantismo. Mas a conversão de traficantes ao pentecostalismo é um fenômeno que tem características próprias, em um país que caminha para ter maioria evangélica na próxima década.
Pesquisa feita pelo Datafolha em 2020 aponta que 31% da população era evangélica, com católicos compondo 50%
Mais evangélicos — como o Brasil
Nos últimos 30 anos, a sociedade brasileira tem se tornado mais evangélica como um todo — segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de evangélicos subiu 61% entre 2000 e 2010.
Dados de 2020 de pesquisa feita pelo instituto Datafolha apontam que 31% da população era evangélica nesta data, com católicos compondo 50%.
Se o crescimento continuar no ritmo atual, em 2030 os evangélicos chegarão a 40% da população, segundo uma projeção do pesquisador José Eustáquio Diniz Alves, doutor em Demografia pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Para a população das favelas, as igrejas pentecostais passaram a ter uma importância significativa. As redes evangélicas oferecem segurança e apoio material, espiritual e psicológico para os moradores, aponta a pesquisadora Christina Vital Cunha emOração de Traficante: uma etnografia.
Foi neste contexto que se deu a aproximação dos traficantes desta religião, diz o sociólogo Doriam Borges, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
“Essa conversão ocorreu tanto pelo fato de parte dos traficantes terem nascido em lares evangélicos ou por terem familiares religiosos, bem como por estarem internados no socioeducativo ou em prisões e terem sido alvo dos projetos missionários evangélicos nessas instituições”, explica. (continua)
Traficantes usam símbolos até em coletes à prova de bala
Em alguns locais do Brasil o tráfico une forças com os pastores locais. O que nasce dessa união é um movimento que expulsa de comunidades inteiras gente de outas fés.
Gilmar Mendes critica Lava Jato e Sergio Moro: 'Curitiba gerou Bolsonaro e tem o germe do fascismo'
por Lenio Luiz Streck
Antes de tudo, sim, eu sei que crotalus terrificus é o nome cientifico de uma serpente específica, a cascavel. O título é para mostrar o problema que poucos viram lá atrás: o ovo desse crotalus.
Escrevo para dizer que é muito bom quando a epistemologia vem para mostrar que uma tese é correta. Uma boa pesquisa ilumina caminhos por vezes traçados intuitivamente.
Todos sabem de minhas críticas à lava jato. Foram mais de cem textos escritos sobre esse específico tema. Sempre apontando para o perigo que a lava jato representaria para o futuro.
Vejo, agora, que o professor Fábio de Sá e Silva, professor da Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos, fez profícuos estudos (veja a entrevista) sobre a lava jato e seus impactos no cenário brasileiro.
O professor trata os acontecimentos do 8 de janeiro como uma linhade continuidade da lava jato e mostra que a atuação principalmente do ex-juiz Sergio Moro e do ex-procurador Deltan Dallagnol fomentaram o atual contexto sócio-político de terrae brasilis.
Sá e Silva destaca que, depois de protagonizar barbaridades referendadas por um sistema de Justiça que cedeu ao canto das sereias, a lava jato começou a sofrer as primeiras derrotas perante os tribunais, e seus atores começaram a subir o tom contra as Cortes de Justiça, principalmente contra o STF e contra o Congresso.
O produto dessa ofensiva, segundo o professor da Universidade de Oklahoma, foi uma acelerada indisposição de parcela da sociedade contra os poderes, como se as instituições estivessem tomadas pela corrupção e os tribunais fossem coniventes com isso.
Ou seja, quando suas decisões começaram a ser alteradas, Moro e Dallagnol instilaram forte veneno contra o Supremo Tribunal. E buscaram desacreditar a todo custo o sistema de justiça. Dallagnol chegou a chamar garantias constitucionais de "filigranas". Portanto, a guerra contra o STF também tem na lava jato o seu "ab ovo".
É fato. Dallagnol e Moro eram o centro dessa retórica contra o STF, principalmente em suas postagens e manifestações públicas. Sá e Silva mostra que a "troca" da carreira jurídica pela política otimizou o discurso de ambos, e a soltura de Lula foi instrumentalizada para alavancar essa tensão, com a criação, por exemplo, do termo "descondenado" (quantas vezes Dallagnol usou essa palavra?), amplamente utilizado por aqueles que pediram (e ainda pedem) o golpe. O STF virou "comunista". Discursos esses adotados por Bolsonaro e seus apoiadores.
Sá e Silva confirma o que de há muito tenho dito: o ovo da serpente dos maiores males que enfrentamos, institucionalmente, foi e ainda é a lava jato — agora transformada em um imaginário golpista. Uma coisa levou à outra.
O interessante é que o professor Sá e Silva vem sendo atacado principalmente por Dallagnol. No twitter, único lugar em que o agora deputado Dallagnoll consegue se comunicar, os ataques são constantes, buscando desqualificar o professor. Como se o professor fosse como alguns antigos "amiguinhos" jornalistas (e jornaleiros) que lhe fizeram a fama.
O professor Sá e Silva mostra essa linha de continuidade: começa com a lava jato, criminaliza a política e enfraquece as instituições. Ingredientes para uma tempestade perfeita. E no meio ainda teve a tentativa de golpe de Dallagnol e Moro contra o direito brasileiro, ao gestarem o famigerado "Projeto das Dez Medidas". Ali estava um "ovinho" do golpismo, porque pretendia introduzir o uso de prova ilícita e acabar com o habeas corpus.
É. Choveu muito na serra e poucos viram a enchente que vinha. O que o professor Sá e Silva faz é mostrar também as trovoadas. Bem isso.
O resto todos sabemos. O dia 8 de janeiro foi o coroamento de uma crônica de uma anti institucionalidade anunciada. E a história há de mandar a conta. Com juros de cartão de crédito.
Polícia Rodoviária de Bolsonaro participoou de diversas ações fora das estradas entre 2019 e 2022
por Consultor Jurídico
A Polícia Rodoviária Federal foi responsável por 12 matanças durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando a corporação atuou regularmente em áreas urbanas e favelas. A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca reverter o aparelhamento promovido por seu antecessor, com uma "revisão de protocolos operacionais".
As matanças consistem em três óbitos ou mais em um mesmo grupo. O Rio de Janeiro foi palco de mais de sete das matanças da PRF no último governo, com 28 mortos. O segundo estado com mais matanças foi Alagoas: dois massacres e oito mortes. Na sequência vem Minas Gerais, que registrou uma matança, com 15 mortes.
Ao todo, o órgão registrou 126 mortos em confronto por agentes rodoviários de 2019 a 2022, sendo 57 em massacres. As informações são do jornal O Globo, obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Entre 2017 e 2018, no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), houve 36 mortes e quatro massacres vinculados à PRF. Os registros de mortes só passaram a ser sistematizados em 2017. Após Bolsonaro assumir o poder, a média anual de mortes subiu 75%, enquanto a média de massacres cresceu 50%.
De acordo com o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense, as ações policiais com presença de agentes rodoviários no estado do Rio de Janeiro aumentaram ano a ano e quadruplicaram de 2019 a 2022: foram de quatro para 16.
Em outubro de 2020, uma força-tarefa da Polícia Civil e da PRF interceptou um comboio de milicianos em Itaguaí, na Baixada Fluminense. 12 suspeitos foram mortos, mas não aparecem na lista recebida via LAI, pois os confrontos fatais não envolveram diretamente policiais rodoviários.
Já em 2021, a PRF, com o apoio da Polícia Militar, encabeçou uma emboscada que causou 26 mortes em Varginha (MG). Porém, a corporação só contabilizou 15 mortes em seus controles internos. Há um inquérito em curso na Polícia Federal que apura suspeitas de execução e outras ilegalidades nessa ocasião.
Conforme a Constituição, a PRF tem a função de patrulhamento ostensivo das rodovias federais. Em 2019, o então ministro da Justiça, Sergio Moro (ex-juiz e hoje senador pelo União Brasil do Paraná), assinou uma portaria que autorizou os agentes rodoviários a cumprir mandados de busca e apreensão. Já em 2021, seu sucessor no cargo, André Mendonça (hoje ministro do Supremo Tribunal Federal), editou uma norma que excluiu tal previsão, mas manteve a permissão para que a corporação batesse ponto em ações conjuntas fora das estradas.
Ao Globo, a PRF disse que atua fora do ambiente rodoviário, em áreas de interesse da União, quando em apoio a outros órgãos. Segundo a corporação, qualquer registro de morte em ação policial deve ser tratado como exceção e "analisado sob aspectos operacionais e correcionais".
Mudança institucional
O atual ministro da Justiça, Flávio Dino, prega a extinção da portaria que autoriza a atuação da PRF fora das estradas. Já o novo diretor-geral da corporação, Antônio Fernando Oliveira, defende a possibilidade de entrar em favelas em situações excepcionais.
Mesmo assim, as ordens superiores, especialmente em delegacias fluminenses de áreas mais críticas — como na Baixada e em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio —, têm buscado desestimular a atuação fora das rodovias. A PRF também tenta virar a chave com a criação de uma Coordenação de Direitos Humanos e de um grupo de trabalho para debater o uso de câmeras pelos agentes.
A atual gestão do governo federal já substituiu diversos superintendentes da PRF nos estados. Na última quarta-feira (5/4), o governo também conseguiu exonerar Wendel Benevides Matos, que foi corregedor do órgão durante a gestão Bolsonaro.
Casos emblemáticos
Em março do último ano, a PRF, a PF e o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM fluminense fizeram uma ação conjunta no Complexo do Chapadão, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Os agentes rodoviários responderam por três dois seis mortos.
Já em maio daquele mesmo ano, a corporação foi responsável por quatro das 23 mortes ocorridas em um confronto no Complexo da Penha, também no Rio. O agente Alexandre Carlos de Souza e Silva, então chefe da unidade que atuou no massacre, foi promovido a superintendente do órgão no estado menos de um mês depois.
Em agosto de 2022, a PRF se envolveu em uma perseguição que começou na BR-101, em Itaboraí (RJ), mas cujos três óbitos ocorreram já no interior de uma favela próxima à rodovia.
Em maio do último ano, um homem negro de 38 anos chamado Genivaldo de Jesus Santos foi morto por agentes da PRF em Sergipe após ser parado por andar de moto sem capacete. Ele foi colocado no porta-malas de uma viatura e os agentes despejaram gás lacrimogênio e spray de pimenta no compartimento fechado, o que o sufocou.
Além das mortes, a PRF causou polêmica por promover ações políticas. Às vésperas do segundo turno das eleições do último ano, em outubro, o então diretor-geral da corporação, Silvinei Vasques, pediu votos para Bolsonaro em uma rede social.
No dia da votação, a PRF direcionou bloqueios a ônibus com eleitores, especialmente no Nordeste, onde Lula teve larga vantagem sobre Bolsonaro. Já quando apoiadores do ex-presidente fecharam rodovias por todo o país, a instituição se omitiu.
PRF mata homem com bomba de gás em viatura em Sergipe: Um homem negro de 38 anos morreu após passar por uma abordagem realizada por policiais rodoviários federais no município de Umbaúba, litoral sul de Sergipe. Genivaldo de Jesus Santos morreu após ser submetido a uma ação truculenta da PRF (Polícia Rodoviária Federal). No UOL News, o colunista Carlos Madeiro fala sobre o tema e traz últimas informações
O povo brasileiro está vivenciando um momento crucial para a história de toda a humanidade. O porvir dos embates que estão se desenrolando em nosso país vai ser também, em grande medida, determinante para o desenlace da luta global contra o ressurgimento do nazismo.
A análise da evolução histórica do capitalismo nos mostra que o fascismo é um dos recursos extremos ao qual as forças do grande capital apelam em seus intentos de aniquilar a resistência popular em períodos de sérias crises existenciais para esse sistema de exploração social. As peculiaridades adotadas pelo fascismo sofrem variações em função das especificidades presentes em cada povo, região ou momento em que o mesmo aparece.
No Brasil da atualidade, em razão de seu acentuado caráter racista, o fascismo apresenta-se com uma faceta mais afinada com o nazismo hitlerista do que com a vertente mussoliniana com a qual despontou na Itália. E, precisamos dizê-lo sem subterfúgios, em nossas terras tupiniquins, o nazismo se incorporou adotando as formas típicas do bolsonarismo. Para que não subsista nenhuma dúvida, o bolsonarismo é, sim, a feição com a qual a mais extremada corrente ideológica do grande capital se impôs em solo brasileiro. Portanto, para todos os efeitos práticos, um bolsonarista pode e deve ser equiparado a um nazista.
Porém, analogamente ao que sucedeu quando o movimento comandado por Adolf Hitler começou a ganhar expressão na Alemanha, é a inoculação virulenta de um ódio cego e doentio contra certos grupos humanos o que também dá o tom na aglutinação das forças da podridão bolsonarista no Brasil. Por aqui, a herança do colonialismo acentuou o ódio de classe a o acoplou à perfeição ao ódio de raça, uma vez que, entre nós, ser pobre e ser negro são quase que sinônimos.
Os pilares da ideologia bolsonarista, assim como os de sua inspiradora alemã, não se sustentam na verdade. No entanto, a essência de sua existência mentirosa jamais é admitida. Em contraposição a suas principais características efetivas, o bolsonarismo costuma adotar palavras e explicações inteiramente opostas aos objetivos práticos que persegue com tenacidade. Em outras palavras, é a hipocrisia que permeia, norteia e prevalece em tudo o que diz respeito ao bolsonarismo. Para melhor expressar este fenômeno, vamos dar umas breves pinceladas em alguns dos principais pontos desta nefasta maneira de ver e sentir o mundo.
Reconhecidamente, os bolsonaristas estão entre os maiores entreguistas que nossa pátria já produziu. Todos eles odeiam a mera possibilidade de imaginar que o Brasil se torne uma nação livre, independente e soberana. Segundo eles, nosso país e nosso povo deveriam se manter inteiramente subjugados ao domínio e aos interesses das grandes potências do capitalismo ocidental, em especial, dos Estados Unidos. Ultrapassando inclusive os desígnios de Donald Trump, os bolsonaristas cultivam irrestritamente a ideia do “America First” (“Os Estados Unidos em primeiro lugar”). O acolhimento do termo América em referência exclusiva aos Estados Unidos é outro ponto que reforça o nível de sua submissão ideológica a seus mentores estadunidenses.
Assim, já se tornou habitual na gestão bolsonarista de governo isso de vestir a camiseta amarela da seleção, cantar o hino nacional, gritar loas a nossa pátria, ao passo que o petróleo e nossas principais riquezas naturais vão sendo entregues a grupos capitalistas estrangeiros.
Não obstante serem notórios por seu elevado grau de depravação, a começar pelo de seu expoente máximo, por sua falta de apego à moralidade ou à ética, os bolsonaristas gostam de se apresentar como paladinos da defesa das tradições familiares e dos bons costumes. Porém, basta fazer uma sondagem pelos buscadores da internet para constatar que quase todos os casos recentes de podridão moral têm como protagonistas gente marcadamente associada ao bolsonarismo. Apesar disto, eles persistem na afirmação de que estão engajados numa guerra sem quartel em defesa da família, da moral e dos bons costumes.
No tocante à religião, o bolsonarista é um típico inimigo de tudo o que a figura de Jesus simboliza. Se o nome de Jesus está intrinsecamente ligado à justiça, à solidariedade, à fraternidade, à paz e ao amor, a motivação que impulsa os bolsonaristas vai em sentido diametralmente oposto. Os bolsonaristas vivem em função do ódio, da opressão, da guerra, da injustiça e do egoísmo. Se em seu legado de vida Jesus nos ensinou a repartir o pão e a amparar os mais necessitados, os bolsonaristas, por sua vez, cultuam a diabólica teologia da prosperidade, ou seja, aquela ideologia com a qual seus adeptos se aferram a seus mesquinhos interesses egoístas. Em outras palavras, não existe nenhuma possibilidade de ser seguidor de Jesus tendo por base essa desumana maneira de pensar.
Nos últimos tempos, vem-se evidenciando que a base de apoio do bolsonarismo político está constituída majoritariamente por seguidores de igrejas que se dizem cristãs, tanto de denominações evangélicas como católicas. Como admitir que um cristão de verdade seja também um bolsonarista convicto? Há uma contradição insuperável nessas duas categorias. Assim como ninguém pode servir a Deus e ao diabo ao mesmo tempo, não existe nenhuma possibilidade de se estar bem com Jesus e com o bolsonarismo. O bolsonarismo sintetiza a perversidade contra a qual Jesus sempre lutou.
Nenhuma pessoa em sã consciência refutaria que os postulados da famigerada teologia da prosperidade vão inteiramente na contramão de tudo o que Jesus sempre pregou em sua vida. Aqueles que se atrevem a fazer a defesa do bolsonarismo por meio do nome de Jesus sabem que estão agindo sorrateiramente para inculcar nos mais incautos valores que têm muito mais a ver com a maldade inerente ao capitalismo selvagem, com a essência do nazismo, ou seja, do bolsonarismo.
Portanto, não devemos permitir que nenhum bolsonarista possa se valer da manipulação para impor interesses que atentam contra o conjunto de nossa nação. Nosso povo aspira a um mundo de justiça, de solidariedade, de amparo aos mais carentes, de amor e de paz. Para contribuir com a luta no rumo desses objetivos, devemos travar uma forte batalha contra os preconceitos do nazismo e de sua versão brasileira, o bolsonarismo. Por mais que faça uso deturpado da linguagem, o bolsonarismo se caracteriza pela maldade que lhe é intrínseca.
Todos os que nos interessamos pelo estudo da linguagem temos clareza do poder que as palavras exercem sobre nossa própria mente. Muitas vezes, elas são empregadas com o propósito de autoengano, buscando justificar um posicionamento em favor de causas que sabemos não serem dignas. Em vista disto, cabe a cada um de nós desmascarar a hipocrisia praticada pelos bolsonaristas na tentativa de suavizar sua consciência diante das atrocidades induzidas por suas práticas malignas.
Nikolas do time golpista. Prometendo que Bolsonaro, quatro anos parado, "na hora certa irá agir". Esse Ferreira precisa explicar que ferro promete para o povo livre e democrata. Basta de ameaça de guerra civil, de golpe sangrento. Ditadura nunca mais https://talisandrade.blogs.sapo.pt/tag/sangreira
Nikolas Ferreira
@NikoIasFerreira
Estamos confiantes que na hora certa o capitão irá agir, quem mais está com o nosso Presidente?
Estamos na reta final, muitos argumentam, pensando no dia 30 de outubro próximo.
Trata-se, sem dúvida, de um dia decisivo, quando a sociedade brasileira será chamada a decidir se quer ou não continuar com o tempo de horrores que tem sido proporcionado ao país pelas alianças políticas e partidárias que assumiram o poder desde janeiro de 2019.
É certo que o atual presidente é um mal em si mesmo, mas ele é sobretudo a expressão brasileira de um processo social e histórico que tem âmbito mundial, suscitado por uma revolução científico-tecnológica que tem subvertido em profundidade – e numa velocidade vertiginosa – todas as dimensões da vida social, envolvendo a economia, a política, a cultura, fazendo com que “tudo que é sólido se desmanche no ar”.
Este processo tem provocado, conforme demonstrou Thomas Piketty, uma concentração demencial da riqueza, aprofundando dramaticamente as desigualdades sociais e favorecendo os grandes monopólios numa escala ainda desconhecida nos marcos da história do capitalismo. Tudo isto tem gerado nas gentes desconforto, angústia, desespero, desamparo.
As forças democráticas não têm sido capazes de oferecer soluções para estes problemas, ao contrário, uma vez no poder, conciliam com as tendências monopolistas e o crescimento das desigualdades sociais, com a limitação dos direitos sociais, culturais e ecológicos, dificultado ou impedindo a “democratização da democracia”, ou seja, sua extensão às vastas camadas populares, contribuindo, assim, mesmo que involuntariamente, para o descrédito das instituições e para a naturalização das desigualdades e da violência.
Fortalecem-se, em consequência, lideranças políticas e propostas religiosas messiânicas, autoritárias, que adquirem dimensão popular e se espalham pelo mundo. Entre outras, destacam-se o trumpismo articulado com as religiões neopentecostais nos Estados Unidos; as tendências autocráticas de Vladimir Putin em comunhão com a Igreja Ortodoxa na Rússia; a democracia iliberal de Viktor Orbán, e os apelos de um cristianismo integrista na Hungria; a ditadura mal disfarçada de Recep T. Erdogan na Turquia, aliada a correntes fundamentalistas islâmicas; o despotismo político na China, confirmado agora pela investidura ditatorial de Xi Jinping; o racismo institucional de Narendra Modi na Índia apoiado no integrismo hinduísta; a ditadura teocrática no Irã, chefiada por Ali Khamenei. Todas estas múltiplas formas de autoritarismo político, muito diferentes entre si, têm um ponto central em comum: consagram o desprezo pela democracia e pelos valores democráticos. Como nos anos anteriores à II Guerra Mundial, o autoritarismo já não se disfarça, afirma-se abertamente e sem complexos.
Jair Bolsonaro e suas articulações religiosas com o neopentecostalismo exprimem, no Brasil, a reemergência de propostas autoritárias com base popular. Adquiriram força social e política graça à erosão do prestígio da mal-chamada “Nova república”. Cavalgam na descrença dos valores democráticos. Farão tudo para impedir a posse de Lula e para infernizar o seu governo.
A campanha de Lula, ampliando alianças, consideradas indispensáveis para vencer o inimigo comum do regime democrático, pecou pela falta de propostas claras de como pretende governar. É certo que, premido pelas circunstâncias e por pressões diversas, esclareceu alguns pontos programáticos no contexto do segundo turno. Mas subsistem ainda muitas dúvidas e incertezas quanto ao rumo e ao sentido de seu governo.
Ora, uma vez eleito presidente da República, Lula terá que formular opções. Não terá pela frente uma conjuntura internacional e nacional favorável como nos seus dois primeiros mandatos.
O mundo de hoje, vinte anos depois, transformou-se num cenário marcado por uma instável multipolaridade. Na Ucrânia, desenvolve-se uma guerra de resultados ainda incertos, com promessas de radicalização. Outros conflitos anunciam-se na Ásia e no Oriente Médio. Afirma-se igualmente a possibilidade de uma nova crise econômica de âmbito mundial, com redução de crescimento e mesmo recessão em vários países.
No plano nacional, Lula será pressionado por uma extrema direita raivosa, pela avidez tradicional do capital financeiro e pelos interesses de suas bases populares. Tentará equilibrar-se no seu estilo habitual de mestre em negociar e arbitrar conflitos, mas é duvidoso que estas habilidades serão suficientes para manter sob controle as tensões e contradições sociais emergentes.
Neste quadro é uma ilusão imaginar que estamos numa “reta final”. Parodiando W. Churchill, a provável vitória de Lula não será o começo do fim, mas apenas o fim do começo.
As ameaças da extrema direita bolsonarista só serão superadas se a democracia for ampliada e aprofundada em nosso país. Se a renda for efetivamente distribuída. O racismo, combatido com firmeza. A tutela militar, afastada. A segurança provida, não apenas para as classes médias e as elites, mas para todo o povo. As polícias, desmilitarizadas. A devastação ambiental, erradicada. A educação e a saúde públicas, garantidas e aperfeiçoadas. A corrupção com os dinheiros públicos, controlada.
Será virtualmente impossível alcançar estes objetivos apenas através da ação do Estado e de líderes carismáticos. Será imprescindível a mobilização e a auto-organização das gentes.
Vivemos e viveremos ainda tempos sombrios. À espera, espreitam-nos grandes desafios. Decifrá-los e enfrentá-los será tarefa de uma geração.
Um dos mais fortes momentos do debate daBandse transformou na mais decisiva peça de campanha de Lula: o momento em que ele faz a defesa dos moradores de comunidades faveladas do Rio de Janeiro.
De peito aberto, ele restitui a verdade sem meias palavras, sem aquele discurso “meia-boca” que a maioria dos políticos, depois de Leonel Brizola faz, respondendo ao energúmeno Jair Bolsonaro, que nem o nome da favela sabe (era Alemão, não Salgueiro), que afirmava que ali havia “só traficante”.
É o “só tinha traficante” que dá cobertura para os massacres que se faz ali, quando em nome de atacar bandidos, atira-se contra mulheres e crianças indefesas.
O vídeo precisa viralizar e chegar a cada um dos 1,7 milhão de moradores de comunidades do Grande Rio e aos 11 milhões de brasileiros que vivem em condições semelhantes.
O livro “O Negócio do Jair - A história proibida do clã Bolsonaro”, da jornalistaJuliana Dal Piva, lançado nesta segunda-feira (12), é o trabalho de uma vida. Antes que se diga qualquer coisa, é bom lembrar que é digno de qualquer prêmio jornalístico que apareça pela frente. Sem exageros, está para o Brasil como está para os EUA a série de reportagens queBob Woodward e Carl Bernsteinfizeram na década de 70, para o Washington Post, sobre o casoWatergate, que culminou com a queda do presidenteRichard Nixon.
É um livro que, a depender da repercussão, pode vir a ter o mesmo efeito demolidor nas eleições presidenciais da famosa entrevista que o jornalistaLuís Costa Pintofez, em 1992, comPedro Collor, em que ele faz acusações ao irmão, o então presidente Fernando Collor de Mello.
Algum incauto pode dizer que o livro de Dal Piva não traz nada de novo, o que de fato é verdade. Mas é bom não esquecer que tudo – ou quase tudo, que é revelado ali, foi descoberto pela própria jornalista e colegas devidamente creditados e contado em reportagens ao longo dos últimos anos.
A jornalista perfila os fatos com uma claridade irrefutável.
Documento para ler e guardar
“O Negócio do Jair” é, sobretudo, umdocumento históricopara ler, anotar e guardar como a memoria de um tempo paupérrimo da nossa política. O livro desvenda um esquema aparentemente medíocre e comezinho feito a partir de contratações de contraparentes, amigos policias e parentes de amigos policiais que levantou milhões e milhões de reais para o clã Bolsonaro.
Além de aplausos, Dal Piva merecia bem umdetoxapós a conclusão da obra. Há três anos ela persegue e investiga todo e qualquer fato ou pessoa que possa ter ligação com o esquema das “rachadinhas” que explodiu no colo deFlávio Bolsonaro. Um esquema que, como diz o texto de divulgação do livro, envolve gabinetes funcionais ocupados pela família de Bolsonaro em seus mandatos políticos, seja de vereador, deputado estadual ou federal, e envolvia seus três filhos mais velhos, as duas ex-esposas e a atual, amigos, familiares.
Cada centavo investido
A jornalista revela em detalhes cada casa, apartamento, enfim, cada bem comprado pelo clã esmiuçado em centavos. Todos pagos comprovadamente da maneira como de fato foram, ou seja, em dinheiro vivo, cheque administrativo, transferência bancária, com ousem comprovação de rendae declaração naReceita.
Juliana Dal Piva consultou milhares de documentos desde a década de 90, pegou chuva e sol na porta de envolvidos, ouviu fontes declaradas e anônimas e, três anos depois, entregou umdossiê impecável. Nele, além de desvendar todo o esquema, ainda mostra o passo a passo do peso da caneta de Bolsonaro para desmontar as acusações contra o primogênito, tanto no Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) quanto no próprio Supremo Tribunal Federal (STF).
No final das contas, apesar do desalento com a anulação das provas contra Flávio no STF, Juliana deixa claro e cristalino feito água que, assim que encerrar o mandato presidencial de Bolsonaro, ocastelo de cartasdo clã desmorona.
O elogio de Queiroz
O livro termina no momento em que tanto Flávio Bolsonaro quanto Fabrício Queiroz voltam a se movimentar com desenvoltura pelos escaninhos da política. O senadorcoordenando a campanha do paie com umamansão de R$ 6 milhõesrecém-comprada em uma área nobre de Brasília. O outro, ex-segurança, ex-motorista e ex-operador do esquema das “rachadinhas”, preparando suacandidatura à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Neste interim, a jornalista afirma ter perguntado a Queiroz a que partido pretendia se filiar. Ela mesma conta a história que, apesar do tom de deboche do ex-policial, não deixa de revelar uma profunda verdade: “ele me escreveu uma mensagem no WhatsApp dizendo que tinha prometido à família que nunca falaria comigo devido às minhas reportagens desde 2019. Apesar da promessa, ele ainda disse: ‘Você é terrível, Ju. Boa jornalista. Faz bem seu trabalho’”.
"A mensagem irônica", prossegue Juliana, "me soou como uma admissão tácita de tudo que foi reportado até aquele momento".
[Este correspondente considera que "a mensagem irônica" do matador Queiroz "soou" como uma ameaça de morte. Queiroz foi parceiro de assassinato do seu superior, na Polícia Militar do RJ, Adriano Magalhãe da Nóbrega, hoje arquivo morto. Nóbrega empregou mãe e esposa no gabinete de Flávio Bolsonaro, deputado estadual. Queiroz era ou continua parte do Escritório do Crime, milícia do Rio das Pedras, RJ.
Que Juliana fique atenta ao vocabulário miliciano]
Dois homens ficaram feridos após cair de paraquedas, na tarde desta terça-feira (6), em Copacabana e Ipanema, na Zona Sul do Rio. O Corpo de Bombeiros confirmou que foi acionado para as duas ocorrências.
De acordo com o Comando Militar do Leste, os dois homens são militares que estavam realizando um treinamento para o desfile de 7 de setembro nesta quarta. Um outro paraquedista militar também foi filmado quando desceu na Rua Francisco Sá, em Copacabana. Ele não teve ferimentos.
Bombeiros e policiais militares do 19° BPM (Copacabana) foram chamados para confirmar a informação de que um paraquedista teria saído da rota do seu voo e caído em uma árvore, na Raul Pompeia, em Copacabana.
Os militares encontraram no local um homem ferido caído ao solo.A área foi isolada pelos policiais. Os bombeiros foram chamados para o acidente em Copacabana às 15h25, de acordo com o comando da unidade. Pouco depois, às 16h, os bombeiros foram chamados para outro acidente em Ipanema.
Em nota, o Comando Militar do Leste informou que, "alguns militares pousaram fora do local previsto por conta de rajadas de vento".
Vítimas
O paraquedista que caiu em Copacabana éIzaquiel Luiz, de 35 anos. Ele foi levado para o Hospital Miguel Couto, no Leblon. Segundo a direção do hospital, ele apresenta quadro de saúde estável.
Na Rua Antônio Parreiras, em Ipanema os bombeiros encontraram o suboficial da Aeronáutica,Roberto Pereira, de 40 anos. Ele caiu no telhado de um imóvel do bairro.
Os bombeiros informaram que o paraquedista Pereira recusou o atendimento e embarcou em uma ambulância do Exército. Não há informações sobre o seu estado de saúde.
Além dos dois feridos, outro paraquedista militar, que não teve a identidade revelada, também acabou descendo fora do local indicado. Ele foi filmado quando caiu na Rua Francisco Sá, em Copacabana.Ele não teve ferimentos.
Segundo o Centro de Operações Rio (COR), a Rua Antônio Parreiras, em Ipanema foi interditada para atuação dos Bombeiros. Equipes da CET-Rio atuaram no local. Durante o atendimento, o trânsito no local foi desviado para a Rua Piragibe Frota Aguiar.
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Em seu novo filme, Maria Augusta Ramos conta como a imprensa foi decisiva no funcionamento e na derrocada da operação.
por José Eduardo Bernardes /Brasil de Fato
Está em cartaz o documentárioAmigo Secreto, da diretoraMaria Augusta Ramos. O filme narra os últimos capítulos da operação de combate a corrupção,Lava Jato, conduzida pelo ex-juizSergio Moro(União Brasil) e os procuradores daRepública do Paraná, desde a condução coercitiva do ex-presidenteLula(PT), aapresentação de um PowerPointcolocando o petista como o líder de uma suposta organização criminosa, até o momento em que oSupremo Tribunal Federaldetermina que o ex-juiz é suspeito para julgarLula, revogando uma série de condenações proferidas porMoro.
O pano de fundo do filme é ovazamento de mensagens do Telegram, trocadas entre procuradores eSergio Moro, no evento chamadoVaza Jato. O nome do filme, inclusive, faz uma alusão ao grupo de troca de mensagens, chamado "amigo secreto", onde eram combinadas intimações a possíveis testemunhas, ações para incriminar suspeitos, entre outras irregularidades. Os personagens principais são quatro jornalistas das redações doIntercept Brasile doEl País Brasil, que se debruçam sobre o vazamento e apontam as inconsistências das decisõesda 13ª Vara Federal de Curitiba, que condenou o ex-presidenteLulae outras tantas figuras do mundo empresarial e político do Brasil.
“A intenção é, através desse distanciamento que o cinema promove, ajudar a pensar, refletir sobre o que nós queremos como sociedade, o que nós queremos como país e como nós chegamos até aqui, com ataques diários às instituições democráticas, aoCongresso, aoSupremo Tribunal Federal, que são pilares da nossa democracia moderna. Sem essas instituições, não existedemocracia”, explica a diretora.
“Esses ataques se devem muito à ideologia daLava Jato. Acriminalização da classe política e dos políticos, a deturpação do devido processo legal, as violações e as arbitrariedades que foram acontecendo durante aLava Jato. Em nome dessa guerra contra a corrupção, se perpetuou crimes e levou o país economicamente... não só politicamente, mas economicamente, a um enorme desastre”, completa.
Maria Augusta Ramos, que é a convidada desta semana noBDF Entrevista, tem se dedicado durante grande parte de sua carreira como cineasta aos meandros dosistema judiciário brasileiro. Seu último filme,O Processo, que mostra bastidores do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, já mostrava parte da estreita relação entre omundo políticoe ojudiciário.
“Os dramas pessoais coletivos que se revelam ali, as mazelas e as questões do país com grandedesigualdade, opreconceito, oracismoe oconservadorismo, de uma sociedade altamente repressiva... me possibilitam fazer o cinema que eu gosto de fazer, que é um cinema de observação, construído através da observação, da interação entre seres humanos, seres sociais. Eu não uso entrevistas nos meus filmes, então osistema de Justiçame possibilita falar epensar o Brasilatravés desses rituais”.
Na entrevista,Ramosfala ainda sobre as críticas que o filme recebeu por, supostamente, dar mais espaço aos argumentos contrários à operação e menos aos lavajatistas e sobre como aLava Jatodeixou um rastro dedestruição no Brasil.
“Se a gente parar para pensar na questão econômica, o prejuízo foi infinitamente maior do que os benefícios que [a operação] trouxe. O que os procuradores e o próprio ex-juiz dizem por aí é completamente equivocado. Milhões de pessoas perderam os empregos, as empreiteiras foram prejudicadas. Todas as outras empresas que eram terceirizadas pelas empreiteiras e também pelaPetrobras”, diz.
“Não acontece em nenhum lugar do mundo, de vocêcombater a corrupção destruindo as empresas”, explicaRamos.
José Eduardo Bernardes entrevista Maria Augusta Ramos
Você está lançando Amigo Secreto, um documentário calcado no vazamento de mensagens dos celulares dos procuradores da Operação Lava Jato, no caso que ficou conhecido comoVaza Jato, divulgado por veículos de imprensa. O nome do filme, inclusive, é uma alusão ao grupo de procuradores no Telegram, que trocavam mensagens entre si, sem respeito ao processo legal. Você documenta uma das maiores reviravoltas da história recente do país. O filme foi acontecendo diante dos seus olhos? como foi esse processo?
Foi um processo muito intenso de filmagem nos últimos meses, porque nós começamos as pesquisas e as filmagens em 2019 e tivemos que parar por causa da covid-19. Foi um ano e meio que foi muito difícil filmar. Nós só filmamos os acontecimentos e alguns eventos muito importantes durante esse período, por causa da pandemia. Em julho de 2021 nós retomamos as filmagens e logo depois começamos a editar.
Sempre é muito intenso. Da mesma maneira queO Processofoi um filme muito intenso de ser feito, porque a gente, realmente, não sabia o que iria acontecer, nesse filme, a cada dia nós temos que dar conta de uma tragédia. O caos é omodus operandidesse governo. E, infelizmente, a gente tem que lidar com isso diariamente.
O filme se propõe, justamente, a refletir sobre esses últimos quatro, cinco anos, desde a condenação do presidenteLula, adenúncia do PowerPoint, até o início de 2022, com a intenção de, através desse distanciamento que o cinema promove, ajudar a pensar, refletir sobre o que nós queremos como sociedade, como país e como chegamos até aqui, com ataques diários às instituições democráticas, aoCongresso, aoSupremo Tribunal Federal, que são pilares da nossa democracia moderna. Sem essas instituições, não existe democracia.
Esses ataques se devem muito à ideologia, digamos assim, daLava Jato. Acriminalização da classe política, dos políticos, a deturpação do devido processo legal, como você mesmo falou, as violações, as arbitrariedades que foram acontecendo durante aLava Jato.
E de uma certa maneira, a ideia de que os fins justificam os meios e que você pode passar por cima de uma série de práticas institucionais e constitucionais, para chegar a um determinado fim que, naquele momento, se justificava contra acorrupção. E em nome dessa guerra contra a corrupção, se perpetuaram crimes e levou o país economicamente, não só politicamente, mas economicamente a um enorme desastre.
A Lava Jato se tornou uma máquina política também, não é? Os desdobramentos posteriores ao fim da operação também mostram isso...
Sim, justamente. A intenção dos integrantes daLava Jato, e talvez do próprio ex-juizSergio Moro, era de purificar a política, purificar o sistema político. Primeiro, isso não é função do sistema de justiça, a independência dos poderes é absolutamente fundamental para uma democracia saudável. Outra coisa é que você tem, obviamente, essa criminalização da política e ela dá no que deu: aeleição do Bolsonaro.
Existem políticos e políticos, da mesma maneira que existem médicos bons e ruins, juízes bons e ruins. Juízes e procuradores que não seguem o devido processo legal, como existem aqueles que são absolutamente corretos e éticos na sua função. É importante dizer que essas arbitrariedades, essas violações que vinham acontecendo durante aLava Jatoforam denunciadas muito antes das mensagens vazadas e, infelizmente, a grande mídia não deu espaço devido, não deu voz a essa narrativa.
Você tem, claramente, um exemplo delawfare, o sistema de justiça sendo usado contra inimigos políticos, para a remoção de um partido, no caso um partido à esquerda, um partido como foi oPartido dos Trabalhadores, a classe política progressista, toda uma maneira de governar.
Quando você olhou para a montagem e entendeu: “É isso, aqui está meu filme!” Eu tive a impressão que, apesar de contar uma história de dois, três anos atrás, há uma série de declarações que conversam exatamente com o momento que a gente está vivendo, seja a liderança do Lula nas pesquisas, sejam os casos de corrupção do governo Bolsonaro se avolumando. Deve ter sido difícil fazer esse recorte temporal.
É sempre difícil, é um processo. Eu digo que um processo de produção de um filme, de um documentário, é algo que se dá realmente em um processo. O filme é um produto de um processo cinematográfico, de filmagem, edição e de tudo que acontece durante esses dois períodos que eu, como diretora, não posso prever.
A proposta era, através dos protagonistas, que são quatro jornalistas, oLeandro Demori, na época diretor executivo do Intercept Brasil, aCarla Jimenez, então diretora executiva do El País Brasil, e duas repórteres, aMarina Rossie aRegiane Oliveira, acompanhar a rotina desses personagens - que eu chamo de personagens reais - durante ainvestigação jornalística sobre a Lava Jato, com base tanto nas mensagens vazadas, como em conversas e entrevistas que elas fazem com advogados, com um delator, com juristas e outros jornalistas.
O filme, na verdade, se passa em três tempos: no presente, representado por essa investigação; e, ao mesmo tempo, enquanto eles investigam e pesquisam aLava Jato, existe uma volta ao passado para rever as audiências. A do presidenteLula, nocaso do triplex, oPowerPointe alguns eventos que eram importantes para a gente poder entender o que está vivendo agora.
Você tem, então, uma releitura daOperação Lava Jatoe, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre as consequências que ela traz para o país, tanto economica como politicamente. E que vai dar noBolsonaro, em tudo o que a gente está vivendo agora. Era importante que o filme fizesse esse arco: começo; meio; e consequência.
Não que esse seja o fim, ou digamos, o nosso fim trágico. Absolutamente não. Eu acho que a gente está com uma possibilidade muito grande de termos o presidenteLula reeleitoe a gente torce para isso, para termos a nossa democracia de volta.
A declaração mais forte do filme, talvez seja a do ex-funcionário da Odebrecht, Alexandrino Alencar, que fala como foi pressionado a relacionar o ex-presidente Lula aos pagamentos de caixa dois da empresa. Por essas irregularidades, a Lava Jato é uma das maiores causadoras da atual crise brasileira?
Eu acho que sim. Está aí, o público que devia assistir o filme e tirar suas próprias conclusões. Eu acho que isso está nos números, o prejuízo econômico. Se a gente parar para pensar na questão econômica, o prejuízo foi infinitamente maior do que os benefícios que trouxe. O que os procuradores e o próprio ex-juiz dizem por aí é completamente equivocado.
O número dedesemprego aumentou. Milhões de pessoas perderam os empregos, as empreiteiras foram prejudicadas. Todas as outras empresas que eram terceirizadas pelas empreiteiras e também pelaPetrobras. Isso não sou eu que digo isso. Foi uma pesquisa doDieese(Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), um instituto de pesquisa seríssimo.
Não acontece em nenhum lugar do mundo, de você combater a corrupção destruindo as empresas. Como país, comosistema de Justiça, eu acho que é importante, sim, combater a corrupção, mas respeitando os empregos porque, basicamente, quem sofre são os trabalhadores. Quem sofre é a sociedade brasileira, que vai ter que lidar com esses grandes prejuízos que foram feitos.
No filme, você faz uso da imprensa como personagem principal, com os repórteres que estão investigando os vazamentos. A imprensa, inclusive, que teve um papel decisivo também na operação, como a gente comentou por cima, vazando documentos e depoimentos de maneira seletiva, de acordo com os interesses dos procuradores e do próprio ex-juiz. A imprensa vive uma crise de credibilidade?
Opapel da imprensaé fundamental em uma democracia e eu acho que o filme revela isso. Ao mesmo tempo em que o conluio entre osprocuradores e a mídiafoi extremamente prejudicial para o país e levou a tudo isso que a gente está vendo agora, a escolha por contar, da mesma maneira que no caso doimpeachment, de dar prioridade a uma determinada narrativa, a um lado da história e simplesmente, como diz oLeandro[Demori], não questionar as denúncias feitas peloMinistério Públicoe uma série de questões que estavam sendo apresentadas, fez dopapel da imprensa e do jornalismorealmente terrível.
E mostra como é importante que o jornalismo se mantenha isento. Não existe, obviamente, o jornalismo imparcial. Eu também não acredito nisso, nem cinema imparcial. Mas existe sim um jornalismo que se pauta pela busca da verdade, do fato, da ética e acho que a imprensa falhou nesse sentido.
Ao mesmo tempo, o filme também mostra que, mesmo tendo falhado, aimprensapode se redimir, e se redimiu também, através de alguns jornalistas, claro, e alguns veículos, no sentido de, através daVaza Jato, finalmente dar voz a esse outro lado, dar voz a essas críticas, aos questionamentos que estavam sendo já denunciados por juristas, como já disse. O filme mostra que afunção do jornalismoé fundamental para uma democracia saudável. É através da imprensa que essas ilegalidades vêm à tona.
Você falou agora sobre o cinema ter um lado, assim como o jornalismo, ou qualquer coisa que se proponha debater a vida pública. Eu vi algumas críticas sobre o teu filme, questionando a escolha por ouvir menos os argumentos lavajatistas e focar nos personagens que criticam a operação. É sempre importante ressaltar que o documentário não é jornalismo, são coisas distintas, que até podem se entrelaçar em algum momento. Você acha que deveria ter dado mais voz aos procuradores, por exemplo?
Primeiro, eu não acredito que existajornalismo e cinema imparcial, nem documentário. Mas, eu acho muito interessante essa crítica… Porque, durante anos,o jornalismo, a imprensateve uma cobertura absolutamente parcial do processo jurídico daLava jato. Criou aimagem do super-herói, que é algo absolutamente parcial. Houve certamente uma manipulação da opinião pública.
E que acabava se voltando contra qualquer pessoa que, dentro do próprio sistema de justiça, oSTJ, oSTFque criticassem aLava Jato. Foi um ciclo vicioso, muito perigoso. Então, é interessante que essas pessoas me digam, justamente neste momento em que a gente finalmente mostra o outro lado, a outra narrativa, que eu sou parcial.
Quer dizer, durante anos se ouviu a narrativa daLava Jato, acho que agora é o momento dessa desconstrução baseada em fatos. Não baseada no que eu ou os advogados acham, mas em fatos, no devido processo legal e na decisão do próprio sistema, no próprioSupremo Tribunal Federal, quejulgou o ex-juiz Sergio Moro, como suspeito no caso do triplex.
Eu tive a mesma crítica em relação aoProcesso, por não ouvir o outro lado. Mas a gente ouvia o outro lado diariamente, o tempo todo, e foi isso que aconteceu naLava jato. Foi se alimentando o ódio contra a classe política, a esquerda, o presidente Lula, diariamente, através dessa, digamos assim, máquina, de produzir notícia, que aqui passou a ser a Lava Jato.
E o próprio ex-juizMoro, em um artigo que ele escreveu sobre asMãos Limpas(operação italiana de combate a corrupção), sobre a importância da mídia, da imprensa, no combate contra a corrupção, no sentido desse conluio, dessa manipulação da opinião pública, necessária para combater a corrupção, para colocar corruptos na cadeia.
Bom, de qualquer maneira, mesmo com tudo isso, houve sim, da mesma maneira queO Processo, uma tentativa de entrevistar o ex-juizSergio Moro, então ministro da Justiça, antes e depois da sua renúncia. Houve uma tentativa de entrevistar dois procuradores e, infelizmente, eles não quiseram participar.
Eu acredito que o filme dá voz [a esses personagens], quando [Moro] se explica, por exemplo, noCongresso. Quando ele renuncia, se filia a um partido político. O próprio[Deltan] Dallagnol, quando ele resolve apresentar a denúncia contra o presidenteLula, o tal doPowerPoint. São falas inteiras, eu não corto, não edito, de uma maneira diferente do que faço com outras.
Mas certamente esse filme é uma representação da minha realidade, minha representação subjetiva, produto de uma experiência cinematográfica de filmagem, de tudo o que eu vivi com a minha parceira, editoraKaren Akerman. Nós revimos todo o material, filmamos 200 horas, e nos pautamos por um comprometimento com a ética, com a verdade. Mas não deixa de ser subjetivo.
Maria Augusta, grande parte da sua filmografia é dedicada a entender a justiça brasileira, por quê?
Eu acho que não é só entender ajustiça brasileira, é compreender, refletir sobre asociedade brasileiraatravés dosistema de Justiça. É pensar a sociedade brasileira, nos pensar como cidadãos, como sociedade, como seres humanos, através do que ocorre dentro de audiências, dentro de um processo de justiça.
A importância dos dramas pessoais coletivos que se revelam ali, as mazelas e as questões do país com a grandedesigualdade, opreconceito, oracismoe oconservadorismo, de uma sociedade altamente repressiva. Os valores e os princípios ainda vigentes na sociedade brasileira.
E osistema de Justiçame possibilita fazer o cinema que eu gosto de fazer, que é um cinema de observação, construído através da observação, da interação entre seres humanos, seres sociais. Eu não uso entrevistas nos meus filmes, então o sistema de Justiça me possibilita falar e pensar oBrasil, através desses rituais da Justiça.