Unicef denuncia carnificina de crianças palestinas na Faixa de Gaza
O maior campo de concentração a céu aberto
por Aline Gouveia, Correio Braziliense
O Fundo de Emergência Internacional para Crianças das Nações Unidas (Unicef), repudiou, na quarta-feira (1º/11), os ataques israelenses a um campo de refugiados na Faixa de Gaza, que vitimou dezenas de pessoas, incluindo crianças. "As cenas de carnificina ocorridas no campo de Jabaliya após os ataques de ontem e de hoje, são horríveis e aterradoras", disse a organização. O Unicef também pediu um cessar-fogo imediato na região. "A matança e o cativeiro de crianças devem acabar. As crianças não são um alvo".
O Unicef também ressaltou a necessidade de Israel respeitar o direito internacional humanitário e poupar a população civil dos ataques. “Ataques desta escala em bairros residenciais densamente povoados podem ter efeitos indiscriminados e são completamente inaceitáveis. Os refugiados e as pessoas deslocadas internamente são protegidos pelo direito humanitário internacional. As partes em conflito têm a obrigação de protegê-las de ataques", disse.
"Cemitério para milhares de crianças e adolescentes"
Na terça-feira (31/10), o porta-voz do Unicef, James Elder, disse que a Faixa de Gaza, região que abriga mais de 2 milhões de habitantes, tem se tornado um "cemitério para crianças e adolescentes" e denunciou a crise humanitária e falta de insumos básicos que a população tem sofrido.
"E é um inferno em vida para todos os outros. As ameaças para meninas e meninos vão além das bombas e dos morteiros. Quero falar brevemente sobre água e trauma. Os mais de um milhão de crianças e adolescentes de Gaza também enfrentam uma crise hídrica. A capacidade de produção de água de Gaza é de apenas 5% da sua produção diária habitual. A morte de meninas e meninos – especialmente de bebês – devido à desidratação é uma ameaça crescente", afirmou James Elder.
De acordo com o porta-voz, mesmo com um cessar-fogo imediato, as crianças ainda sentirão os impactos por causa dos traumas causados pela guerra. "Antes desta última escalada, mais de 800 mil meninas e meninos em Gaza – três quartos de toda a sua população de crianças e adolescentes – foram identificados como necessitando de apoio para saúde mental e apoio psicossocial. Isso foi antes deste último pesadelo", relata James.