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11
Fev20

Cenário de fuga e morte na Bahia do capitão Adriano chefe da mais antiga e poderosa milícia do Rio de Janeiro

Talis Andrade

Assista como ficou o interior da casa após tiroteio que matou suspeito de executar MarielleESPLANADA, BA, 10.02.2020 - ADRIANO-NÓBREGA - Sítio onde ocorreu operação que matou Adriano Nóbrega, um ex-capitão da Polícia Militar, acusado de comandar a mais antiga milícia do Rio de Janeiro. Foragido há mais de um ano, o miliciano estava escondido no sítio do vereador Gilson Batista Lima Neto, conhecido como Gilsinho da Dedé, do PSL. A operação foi realizada em conjunto entre o Bope da Bahia e inteligência da polícia do Rio. Polícia diz que esconderijo de miliciano ligado a Flávio Bolsonaro tinha 4 armas e 13 celulares. (Foto: Raphael Muller/Folhapress)

O esconderijo do ex-capitão do Bope do Rio Adriano Magalhães da Nóbrega, na cidade de Esplanada (BA), expõe uma série de dúvidas sobre a rede que teria ajudado o miliciano e sobre a própria versão oficial da morte dele.

Ele estava inicialmente abrigado em uma fazenda que possui um parque de vaquejada, e depois fugiu, na noite do sábado, em um carro, por 8 km, até um sítio onde foi cercado.

Conforme a polícia, a operação envolveu cerca de 70 agentes do Bope da Bahia. Os militares cobriram toda a área, para tentar impedir uma possível fuga do miliciano.

Na abordagem à casa, em uma área isolada, três PMs formaram um triângulo. O primeiro policial, na frente, segurou um escudo e arrombou a porta. A polícia informou que, em seguida, Adriano atirou e houve confronto.

O ex-capitão da PM foi atingido por dois tiros. 

Escreve o jornalista Fernando Brito:

"Os relatos sobre a operação são inacreditáveis.

Imaginar que um especialista em confronto armado, como Adriano, dispararia de peito aberto contra quatro homens armados de escudos e fuzis é menos crível do que se ele praticasse o suicídio. Tiros de fuzil, a cinco ou seis metros de distância, teriam atravessado o corpo e marcado as paredes ou, ao menos, as deixariam salpicadas de sangue.

Isso sem contar a história de um homem que chega a um lugar – sozinho – e se diz comprador de cavalos, recebe hospedagem de um promotor de vaquejadas e, que é por ele obrigado a levá-lo a uma casa semiabandonada de um vereador…

Informa a Folha: 

Segundo a versão oficial, Adriano tinha em sua mão um pistola austríaca 9mm e foi baleado após reagir a tiros contra a polícia. A reportagem identificou apenas uma marca de bala dentro da casa, em uma janela da madeira. 

Segundo a reportagem do jornal Metro, o cenário da casa no sítio indica certo nível de organização de Adriano ao se dirigir ao local. Na mesa da cozinha, havia uma garrafa térmica com café e pães "relativamente frescos". Em um dos quartos havia um colchão e o outro servia como um depósito de sal para animais.

O secretário estadual da Segurança Pública da Bahia, Maurício Teles Barbosa, defendeu o que chamou de "profissionalismo: Estávamos diante de uma pessoa de alta periculosidade, envolvidos em diversos crimes e com treinamento de tiro, pois chegou a ser um policial de operações especiais. Óbvio que queríamos efetuar a prisão, mas jamais iríamos permitir que um dos nossos ficasse ferido ou saísse morto do confronto".

Apesar de a rota de fuga indicar que Adriano recebeu ajuda, os donos dos imóveis, o pecuarista Leandro Abreu Guimarães e o vereador do PSL Gilsinho de Dedé, negam vínculo com ele.

Moradores da região relataram à reportagem que a ação foi rápida, com barulho de tiros por pouco tempo.

Leandro Abreu Guimarães também foi preso durante a operação sob acusação de porte ilegal de armas. Em depoimento, confirmou que Adriano usou sua propriedade como penúltimo esconderijo. Leandro conta que o ex-capitão chegou à região de Esplanada no final do ano de 2019, dizendo que buscava fazendas para comprar.

Leandro e Adriano já eram conhecidos do circuito de vaquejadas. Para o pecuarista, Adriano era um simples criador de cavalos.

Leandro disse que, diante das ameaças, levou Adriano ao sítio de Gilsinho de Dedé na noite de sábado (9). Nos 8 km que separam a fazenda do sítio do vereador, metade do trecho é percorrido por uma estrada de terra, parte na rodovia BR-101 e parte na BA-233 -- estrada que leva ao município vizinho de Acajutiba. O sítio fica logo no início da rodovia estadual, no povoado de Palmeira.

Segundo Leandro, Adriano aparentava nervosismo na véspera de sua morte e, sob ameaças, na noite de sábado (8), o ordenou que fosse levado ao sítio do vereador Gilsinho de Dedé, um dos que havia sido alvo do suposto interesse de compra de fazendas do ex-policial, chefe da principal e mais antiga milícia da ex-Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro.Alex Lima reafirmou que Gilsinho estava viajando e não sabia que Adriano | Foto: Divulgação - Foto: Foto: Divulgação

Deputado Alex Lima 

Dono do sítio onde foi morto o miliciano Adriano da Nóbrega, o vereador Gilsinho da Dedé (PSL) prestou depoimento nesta terça-feira, 11, de forma espontânea, na sede do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), em Salvador, disse o deputado Alex Lima (PSB), em discurso na Assembleia Legislativa. Irmão do vereador, Alex reafirmou que Gilsinho estava viajando e não sabia que Adriano, foragido há mais de um ano, estava no local.

"Meu irmão estava em viagem em Recife, foi visitar uma tia com a minha mãe. No domingo, acordou com ligação de um vizinho da sua chácara dizendo que havia uma troca de tiros naquelas imediações. Então, ele ligou para o delegado, que informou que era uma operação conduzida por Salvador e não sabia do que se tratava", discursou Alex.

O deputado negou que alguém de sua família conhecesse Adriano e destacou que seu irmão se filiou ao PSL, ex-partido do presidente Jair Bolsonaro, quando a legenda era conduzida na Bahia pelo então deputado estadual Marcelo Nilo (PSB), aliado do governador Rui Costa (PT). "O que ocorreu foi uma fuga de um criminoso, que, fugindo da polícia, chegou durante a madrugada e foi abatido nas primeiras horas da manhã. Fomos vítimas de uma invasão", disse.

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Vereador Gilsinho de Dedé

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