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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

10
Set21

Depois do blefe, só resta mesmo o impeachment

Talis Andrade

 

cova bolsonaro por gilmar.jpeg

 

Ele prometeu mais de um milhão na avenida Paulista, em São Paulo, foram só 125 mil. Fiasco. E um recado para os pastores Claudio Duarte, Silas Malafaia, Marco Feliciano e Magno Malta, que ficaram ao lado de Bolsonaro no palanque, na Paulista – não têm vergonha de usarem o nome de Deus e de Cristo para apoiarem esse presidente de discurso golpista e considerado nazifascista?

 
 
por Rui Martins

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Agora não há mais motivo para o presidente da Câmara, Arthur Lira, adiar a discussão do impeachment do ainda presidente Jair Bolsonaro. Além dos mais de 150 pedidos, desta vez é o governador de São Paulo, João Dória, quem decidiu também pedir o impeachment desse presidente de fancaria.

Nos seus dois discursos malfeitos, nas análises da comentarista da Band, Dora Kramer e do ex-ministro Aldo Rebelo, seja pela falta de uma estrutura seja pela falta de dados concretos e precisos, o presidente Bolsonaro repetiu a ladainha de sempre contra o voto eletrônico e contra dois dos membros do Supremo Tribunal Federal. Com uma novidade: ousou desafiar o Juiz Alexandre Moraes, dizendo que não acatará e nem cumprirá suas decisões.

Será mesmo capaz disso? Ninguém mais acredita naquele que, depois de ser chamado de coveiro, genocida e uma recente palavra ofensiva, corre o risco de acumular a alcunha de faroleiro, depois desse blefe do Sete de Setembro. Havia muitos seguidores fanáticos na Praça da Esplanada e na avenida Paulista, porém, muito aquém do alardeado por Bolsonaro. Apesar das ameaças proferidas pelas matilhas bolsonaristas pelas redes sociais, que faziam pensar no ocorrido no Capitólio depois da derrota de Donald Trump, não houve nenhuma invasão de prédios da praça dos Três Poderes, nenhuma briga, nenhum ferido e nenhum morto. Só ameaças.

Não havia ali, felizmente, entre o gado bolsonarista reunido nenhum Jacob Chansley, o arruaceiro mais conhecido como bisão ou xamã do QAnon, como bem lembrou nosso colega Celso Lungaretti, no seu blog. É verdade que alguns deles foram presos por antecipação, porém tanto o chefe como seus seguidores, no dizer do velho ditado, “latem, mas não mordem”. Os latidos foram tão fortes que acabaram atravessando o oceano, inquietando, em Genebra, a própria ONU. Os jornais europeus também publicaram ressonâncias dos latidos, chegando-se mesmo a se falar no risco de um golpe de extrema-direita no Brasil.

O colunista da Isto É, Marco Antônio Villa, ficou impressionado com as ameaças bolsonaristas a ponto de considerar ter sido declarado o golpe, mas um golpe por etapas, pedindo para Lira e Pacheco reagirem logo e também passarem para a ofensiva não deixando isolado o STF. Porém, o professor Paulo Ghiraldelli, com suas centenas de milhares de seguidores no YouTube, não se impressionou com o risco do golpe bolsonarista, mais acostumado em ironizar a fraqueza, a covardia e os blefes de quem para ele não passa de um bufão.

Governando e desgovernando o Brasil sem programa definido, resta ao presidente Bolsonaro a tática de cultivar o fanatismo de seus seguidores com ameaças, mas fica evidente não ser a melhor opção. O aumento do custo de vida, do preço do gás, da gasolina e a crise energética acabarão sendo mais importantes, mesmo para seus fiéis, do que a guerra declarada contra o juiz Alexandre de Moraes.

A crise econômica brasileira, o isolamento do Brasil, o próximo processo das rachadinhas, mais a acusação de prevaricação na crise sanitária do coronavírus pela CPI não permitirão a Bolsonaro governar até 31 de dezembro de 2022. A oportunidade de provocar um golpe já passou, seus delírios e a falta de competência para governar fizeram perder muitos seguidores. A própria ideia do Sete de Setembro acabou se transformando num tipo de suicídio político.

Sem poder oferecer o fechamento do STF e a tomada do poder para implantar uma ditadura militar, Bolsonaro precisava encontrar rapidamente um engodo, para seu gado não retornar frustrado às suas casas. Surgiu o recurso de anunciar uma reunião do Conselho da República, mas não tendo havido convocação prévia dos participantes, logo se percebe ser outra tapeação ou burla. Mesmo porque o Conselho é consultivo e não tem o poder de decisão.

Só restou aos bolsonaristas enrolar ou dobrar suas faixas pedindo golpe, ditadura ou fechamento do STF, e retornar às suas casas com a ilusão de que o Conselho da República poderá fechar o STF. Ninguém se lembrou dos quase 600 mil mortos e nem dos lotes de centenas de milhares de vacinas, no valor de centenas de milhões de reais, que não foram usadas e serão destruídos, nesta semana, por estarem com a data vencida.

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25
Ago21

Generais conspiradores e inconfiáveis

Talis Andrade

ditadura por Lucas Nine.jpg

 

 

por Jeferson Miola

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Reportagem do jornal Estadão informa que, à exceção da presidente Dilma, interlocutores dos ex-presidentes Sarney, Collor, FHC e Lula, assim como do usurpador Michel Temer, consultaram pelo menos seis generais da ativa e da reserva sobre o risco de golpe.

Segundo o jornal, “ouviram de militares que eleições vão ocorrer e o vencedor – seja quem for – tomará posse”. Ufa!

Os interlocutores civis teriam sido Aldo Rebelo, Nelson Jobim, Raul Jungmann e Denis Rosenfield. A reportagem de Marcelo Godoy e Pedro Venceslau não repercute fala do Jobim.

Para Aldo, “a boa notícia dentro da má notícia é que os militares não estão interessados em desempenhar um protagonismo na desorientação que estamos atravessando”. Interessante notar que Aldo nomeia o caos gerado pelo próprio governo militar como uma “desorientação que estamos atravessando”.

Tal alienação de Aldo a respeito da realidade não causa espanto. Afinal, ele também é abduzido pela tese militar delirante de que a batalha de Guararapes [Pernambuco, 1648] significou a fundação da nossa nacionalidade e marcou a fundação do Exército brasileiro. Detalhe: o Brasil ainda era uma colônia portuguesa, não um país soberano.

Nesta mesma linha otimista [ou autista, com o devido respeito aos autistas], Denis Rosenfield garante que “não há possibilidade de o Exército participar de uma ruptura”, como se o comandante da força terrestre já não tivesse atentado contra a Constituição em 2018 e também antes.

Denis, que organizou o livro em que Temer confessou ter realizado reuniões secretas com os generais conspiradores Sérgio Etchegoyen e Villas Bôas para transitar a derrubada da Dilma, ainda expressa uma visão mais esquizofrênica: “Nossos generais são constitucionalistas”.

Raul Jungmann é até indulgente com os conspiradores fardados. Ele entende que as Forças Armadas são “vítimas” do assédio permanente do Bolsonaro. Sem se constranger com o ridículo, Jungmann reclama que Bolsonaro fica “fazendo bullying de forma contínua” com as Forças Armadas. Pobrezinhas, tão indefesas!

A despeito das evidências gritantes da interferência ilegal e inconstitucional dos militares na política, Jungmann – assim como Aldo e Denis – também vende seu otimismo desajuizado.

Ele diz que “é um erro pensar que o Exército pode ser usado em um golpe” mesmo diante do fato de Bolsonaro ter se lançado candidato presidencial em novembro de 2014 nas instalações da AMAN; mesmo diante das evidências da atuação conspirativa do Alto Comando pelo menos desde 2015 e da intimidação do STF em 2018; mesmo diante da impunidade do general-transgressor Pazuello e da atuação política ostensiva de militares da ativa e da reserva nas mídias sociais; e mesmo diante do ataque ao Senado pelos comandantes militares com o ministro da Defesa e da ameaça petulante de cancelamento da eleição caso não seja adotado o voto impresso.

Embora os chefes do partido militar costumem arrotar respeito à Constituição, eles não são minimamente confiáveis. Assim como não são nada confiáveis os generais que aparentam incômodo ou que simulam dissidência – Mourão, Santos Cruz, Rêgo Barros e assemelhados.

A falsa retórica de legalismo e profissionalismo é desmentida pela realidade concreta. Eles agem como uma típica facção partidária – o partido militar, com eventuais correntes internas – e assumem sonhar “ou com a candidatura de Mourão à Presidência ou a consolidação de uma alternativa a Lula e a Bolsonaro em 2022”, anota o Estadão.

No palco da política, os militares atuam como se estivessem num teatro de operações de guerra combatendo o inimigo: usam técnicas diversionistas, se camuflam e promovem guerras psicológicas, de informação e de dissimulação. Não se pode esperar deles, portanto, que digam a verdade ou que revelem o plano conspirativo que acalentam para continuarem no poder.

Os acontecimentos do país na última década – pelo menos desde 2013 – não autorizam ilusões acerca desta facção militar que tomou o poder e comanda o país por trás do biombo chamado Bolsonaro.

Estes generais e comandantes militares, originários do porão da ditadura, pertencem à geração mais nefasta e hostil à democracia. Eles negam a ditadura de 1964 diante do Congresso e desvirtuam o significado do artigo 142 da Constituição para pretextarem a intervenção militar e a tutela da democracia.

Enquanto em público engambelam a sociedade com sofismas, no esgoto das mídias sociais, nos quarteis e nas polícias militares eles estimulam caos e tumulto – como na incitação dos protestos inconstitucionais no 7 de setembro – para “serem chamados” a exercer o papel “moderador” [sic].

A falsa retórica legalista destes generais inconfiáveis não terá nenhum valor enquanto eles não saírem da cena pública e regressarem urgentemente para os quartéis. Por isso é preciso atenta vigilância democrática e ampla mobilização popular nas ruas.

É sintomático este tipo de questão ocupar o centro do debate político nacional. Evidencia a tragédia da realidade brasileira. Numa democracia saudável, generais não são consultados sobre garantias constitucionais, mas apenas lembrados das consequências criminais para terroristas que atentam contra a democracia.

 

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15
Jul21

PEC que veda militares da ativa nos cargos civis do governo é apresentada na Câmara

Talis Andrade

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Cada um no seu quadrado

 

por Rafa Santos

 

Proposta de Emenda à Constituição 21/2021, que visa barrar militares da ativa de assumiram cargos no governo, já tem as assinaturas necessárias para tramitar na Câmara dos Deputados. De autoria da deputada Perpétua Almeida (PcdoB-AC), a iniciativa já teve 181 assinaturas de apoio dos 171 necessárias e foi apresentada nesta quarta-feira (14/7).

A PEC acrescenta um dispositivo no artigo 37 da Constituição — que trata de Administração Pública — que veda militares da ativa de participarem de cargos de natureza civil nos três níveis da federação. Conforme o texto, militares que tiverem menos de dez anos de serviço poderão se afastar das atividades ligadas às Forças Armadas. Todos que tiverem tempo de serviço maior passam para reserva já no ato da posse do novo cargo.

A iniciativa ficou conhecida como "PEC do Pazuello" após a nomeação do general da ativa Eduardo Pazuello para o cargo de ministro da Saúde. O militar deixou o cargo em março deste ano, mas participou de ato político com apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em maio, no Rio de Janeiro, e a proposta voltou a ganhar força.

Em nota, cinco ex-ministros da Defesa elogiaram o texto da PEC. Leia abaixo:

A Proposta de Emenda Constitucional apresentada pela deputada Perpétua Almeida propõe, em boa hora, a regulamentação da participação de militares da ativa em funções de governo, separando aquelas de natureza técnica e que podem ser atribuídas a militares daquelas que permitam o risco da politização das Forças Armadas com consequências nocivas para estas instituições e para o país", diz o texto, assinado por Aldo Rebelo, Celso Amorim, Jaques Wagner, Nelson Jobim e Raul Jungmann.

PEC 21/2021
Clique aqui para ler o texto da PEC na íntegra

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21
Mai20

O projeto de poder que levou Bolsonaro de carona à Presidência segue operando intensamente

Talis Andrade

 

policia federal pf moro bolsonaro_aziz.jpg

 

III - A guerra entre Moro e Bolsonaro, plim plim por plim plim

por Osvaldo Bertolino

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Traque e bomba

As tensões políticas no país se avolumam rapidamente. O presidente Jair Bolsonaro, já um fantasma que ronda o terceiro andar do Palácio do Planalto – onde fica a cadeira da Presidência da República –, assombra o país com ameaças e gritos, mas se mostra incapaz de encontrar um caminho para seguir em frente. Bolsonaro se transformou numa figura isolada, mergulhada em seus devaneios e disposta a reagir como fera acuada.

Até onde ele pode levar a sua aventura ainda é um ponto de interrogação. O que lhe resta de apoio efetivo se limita às suas milícias, que atuam em frentes como os subterrâneos da marginalidade social, as seitas que traficam a fé e o crime organizado nas redes sociais. Seu governo está infestado de tresloucados, além de alguns militares ainda fiéis a ele. 

Em busca de respaldo, já se fala abertamente em compra de apoio no Congresso Nacional. Mas a operação tem se mostrado difícil, tal o grau de descrédito de Bolsonaro. Ninguém se arrisca a apostar alguma ficha no futuro do seu governo, o que vai lhe deixando como única alternativa se lançar em aventuras contra as instituições, criando no país uma situação de convulsão política, que eventualmente possa lhe favorecer.

As probabilidades de sucesso nessa empreitada são mínimas. Para ter sucesso, Bolsonaro precisa vencer os demais Poderes da República – o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) –, as organizações que representam a sociedade, os movimentos sociais e a quase totalidade da mídia. É muita guerra para pouca munição. Mesmo o apelo às Forças Armadas não encontra eco, conforme disse recentemente o ex-ministro da Defesa, Aldo Rebelo.

O grande problema para Bolsonaro é a formação de um processo político com força para sustentar seu projeto de poder. O bolsonarismo chegou ao governo cavalgando o lavajatismo, impulsionado pela mídia, sobretudo o Grupo Globo. Ou seja: ele entrou em um barco que navegava desde a farsa do “mensalão”. Sem esse lastro para se manter no poder, só lhe resta se voltar para as suas históricas bases de apoio – os agrupamentos milicianos que agora se manifestam como se a chegada de Bolsonaro à Presidência da República fosse por seus méritos.

Essas debilidades do bolsonarismo não significam que o projeto de poder eleito em 2018 está debilitado. Basta ver o jogo pesado do Grupo Globo em torno da barulhenta saída do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, do governo. O estardalhaço feito em torno das suas delações contra Bolsonaro dava a entender que ele estava de posse de uma bomba de alto poder de destruição. Quando tudo veio a público, o que se viu foi um traque.

Mas o Grupo Globo, seguido por grande parte da mídia, tenta manter a versão de que o traque é uma bomba poderosa. “O depoimento é uma bomba política, que só desmoralizará quem não quiser investigar”, escreveu Merval Pereira, porta-voz dos Marinho, em sua coluna no jornal O Globo. O caso pode não dar em nada, mas reforça as acusações que pesam contra Bolsonaro, de consequências políticas imponderáveis.

Moro não saiu do governo à toa, pelos motivos que foram espalhados pela mídia. Aldo Rebelo, na mesma entrevista, diz que Bolsonaro possivelmente estava com medo de que a Polícia Federal fosse usada contra ele, como ocorreu com seus antecessores. Segundo ele, quem mais usou a Polícia Federal foi Moro, não Bolsonaro, que tinha receio desse uso. Ou seja: o projeto de poder que levou Bolsonaro de carona à Presidência da República segue operando intensamente.

 

06
Mai18

“Não se sabe se quem manda no país é um juiz ou o presidente”

Talis Andrade

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"Quando as instituições encarregadas de uma tarefa específica se julgam na pretensão ou no direito de ser protagonistas da política".

 

"Mais do que isso, de substituir a política como atribuição do destino da sociedade. No mundo antigo, persa ou grego, o destino era uma atribuição dos deuses. Quando Roma inventou a política, deu o destino — e a tragédia — nas mãos dos homens. Às vezes eu fico com a impressão de que essas corporações querem substituir os deuses antigos".

 

Estas frases do Brasil da lava jato são do ex-presidente da Câmara e ex-ministro multitarefa, Aldo Rebelo, que deixou uma militância de 40 anos no PCdoB no ano passado e migrou para o PSB. Leia mais 

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