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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

24
Jun23

Renan Calheiros diz que Banco Central obviamente sabota o País: "está na hora de mudar"

Talis Andrade

 

Aumenta a pressão da classe política e do mercado sobre Roberto Campos Neto

 

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) criticou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nesta sexta-feira (23) após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), ligado ao BC, decidir na última quarta-feira (21) manter a Selic, taxa básica de juros, em 13,75%. "A autonomia do BC surgiu para que a independência fosse ampla, geral e irrestrita: da política, da mídia e do mercado. Obviamente a direção atual, ao manter os juros com inflação em queda, sabota o País. Tá na hora de mudar", disse o parlamentar. 

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viu a decisão do Banco Central como uma guerra declarada. A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann (PR), cobrou de senadores a análise de uma proposta com o objetivo de dar a parlamentares a autonomia para tirar executivos da autoridade monetária.

O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Geraldo Alckmin, disse que cada 1 ponto percentual da taxa Selic custa R$ 38 bilhões de pagamento do serviço da dívida pública. Representantes do mercado financeiro discordaram dos juros de 13,7%

Xico Sá, Roberta Garcia e Cesar Calejon conduzem o programa ao lado dos comentaristas Guga Noblat, Heloísa Villela e André Roncaglia. Reinaldo Azevedo denuncia golpistas “fofos”, militares e juros criminosos 

 
01
Mai23

Por que o Brasil precisa debater dívidas e bancos

Talis Andrade

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Ameaça de penhora da casa própria expõe voracidade do sistema bancário e ressalta importância de um tema até agora negligenciado na campanha eleitoral. Há caminhos para livrar 140 milhões de brasileiros dos juros que os sufocam – e iniciar uma Reforma Financeira

03
Abr23

"Não podemos continuar com a política de juros escorchantes", diz Lula

Talis Andrade
 
Charge: Malhação do Judas… | Pádua Campos
 
 

"Não podemos continuar com a política de juros escorchantes", diz Lula

 
 

Roberto Campos Neto o exemplo máximo da usura, avareza, especulação, ganância, juros altos, mesquinhez, onzena, agiotagem, exploração, especulação, cobiça.

Um ávido, cainho, canguinhas, canhengue, cauila, cauira, chifre de cabra, cúpido, fominha, forra-gaitas, forreta, futre, harpagão, manicurto, mão de finado, mão de leitão, lanterna na popa, prestamista, interesseiro, ambicioso, intrigante, bisbilhoteiro, abutre, mexeriqueiro. 

No Brasil sem lei, todo agiota enriquece com os altos juros e comprando dólar, e logo se transforma em acafelador, achegador, espetador, formolizador, labrador, pinguim-imperador, pregador, mão invisível, mão leve, comedor de ouro, traficante de moedas, trapaceiro, fraudador,  embusteiro, espertalhão, pirata, velhaco, vendilhão. 

Um Ali Babá que encontrou sua caverna, um paraíso para esconder seus tesouros, um centro financeiro offshore, um paraíso fiscal que cobra menos impostos e garante sigilo bancário. 

O Banco Central bem representa a caverna compradora de ouro, ouro de má fama.

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O presidente Lula voltou a criticar a abusiva taxa de juros mantida pelo Banco Central, de 13,75% ao ano, e afirmou que o patamar da Selic está diretamente ligado à melhoria - ou não - da vida da população brasileira.

Declaração foi dada em vídeo - obtido por Igor Gadelha, do Metrópoles - enviado por Lula ao lado do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), a membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, o chamado "Conselhão". 

O BC continua dirigido por um bolsonarista, escolhido pelo Paulo Guedes, um ministro da Fazenda, da Economia que, safada e absurda e traçoeiramente possui empresa offshore que tem o dólar como moeda. 

Roberto Campos Neto presidente do Banco Central, um quinta-coluna, um sabotador da política econômica do presindente Lula, que pretende colocar o pobre no orçamento, uma política social de combate à miseria, à fome, ao desemprego. Uma política que protege os sem terra, os sem teto, os sem nada.

"Nós vamos criar as condições para o Brasil voltar a crescer, vamos criar condições para o Brasil voltar a gerar emprego, vamos criar as condições para o Brasil voltar a melhorar a qualidade do povo brasileiro, e quando digo ‘povo’ é melhorar a qualidade de vida do empresário, do trabalhador, da classe média, da pessoa que está desempregada, porque vai ter emprego. Sobretudo, vamos melhorar a situação de crédito no Brasil. Esse é um compromisso. Nós não podemos continuar com a política de juros escorchantes, que não permitem que o empresário tenha acesso a crédito nesse país. Sem crédito não há investimento, sem investimento não há crescimento, sem crescimento não há emprego, sem emprego não há melhoria de vida do povo brasileiro", disse.

Servidão, trabalho escravo, moradia em área de risco, filhos da rua sem escola, sem futuro. Vida severina nunca mais. Fora Roberto Campos sabotador inimigo do povo!

 
Doutor Matemático: Calculando juros simples e juros compostos
 
24
Mar23

Juros altos travam investimentos, inviabilizam a retomada do crescimento e asfixiam lentamente a economia

Talis Andrade
AGIOTAGEM Os nove reacionários membros do Copom, responsáveis pela definição da altíssima taxa de juros no Brasil

 

Comunicado do Copom é tentativa de desmoralizar Lula

 

por André Cintra /Vermelho

 

O Copom (Comitê de Política Monetária) passou dos limites nesta quarta-feira (23), e o problema vai além da manutenção da taxa básica de juros, a Selic, no patamar estratosférico de 13,75% ao ano. O comunicado que o órgão do Banco Central divulgou após o anúncio do índice é uma provocação inaceitável ao governo Lula – e até mesmo uma tentativa de desmoralizar o presidente.

Não foi a primeira vez. Da reunião anterior, em janeiro, o Copom, autoproclamando-se “vigilante”, acusou o governo, sutilmente, de tumultuar o ambiente econômico. “O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual”, dizia o comunicado.

O texto prosseguia: “O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que têm mostrado deterioração em prazos mais longos desde a última reunião”. Ainda havia, no fim do comunicado, uma ameaça de juros mais altos: o Copom agregava que, sem uma “desinflação” em curso, “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste”.

A nova reunião, 45 dias após a de janeiro, é a primeira que o Copom realiza sob o fogo cruzado do governo, dos empresários e dos movimentos sociais. Desde então, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avançou na elaboração de um arcabouço fiscal que substitua com ampla vantagem o teto de gasto, sem prejuízo às áreas sociais. Vários anúncios oficiais do governo estão sendo adiados, em nome, justamente, da tal responsabilidade fiscal. A reoneração parcial dos combustíveis, à revelia da opinião da base social do governo, confirmou a disposição do governo Lula em pôr o pé no freio.

Mas, para o Copom, nada disso ocorreu, e a “incerteza” prevalece. Por preguiça ou descuido, a nota repete, ipsis litteris, o mesmo recado do comunicado da reunião anterior: “O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual”, além de não hesitar “em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.

Não é apenas Lula que esbraveja contra os juros altos e contra o descaso do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Na segunda-feira (20), ao participar de um seminário organizado BNDES, o norte-americano Joseph Stiglitz, vencedor do Nobel de Economia de 2011, criticou a condução da política monetária pelo Copom.

“A taxa de juros de vocês é, de fato, chocante. Uma taxa de 13,75%, ou 8% real (descontada a inflação), é o tipo de taxa de juros que vai matar qualquer economia”, analisou o economista. “É impressionante que o Brasil tenha sobrevivido a isso, que seria uma pena de morte.”

No mesmo evento, Josué Gomes, presidente da todo-poderosa Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Josué Gomes da Silva, disse que falta ao Copom “uma boa explicação para as pornográficas taxas de juros que praticamos no Brasil”. Para o líder empresarial, não há premissa mais falsa do que a ideia de que o País vive um “abismo fiscal”. Ainda menos num país com “73% do PIB de dívida bruta” e reservas cambiais consideráveis.

Haddad, sempre moderado nas palavras, qualificou o comunicado do Copom como “muito preocupante”, na medida em que parece ignorar deliberadamente o esforço governamental. “Hoje divulgamos um relatório bimestral mostrando que nossas projeções de janeiro estão se confirmando sobre as contas públicas”, disse o ministro.

Juros altos travam investimentos, inviabilizam a retomada do crescimento e asfixiam lentamente a economia. Ao “pagar para ver” e ainda voltar a ameaçar taxas de juros ainda mais altas, o Copom fez um movimento para reforçar sua independência e contra-atacar Lula. É como se tratassem a opinião do presidente como um mero esperneio.

Mudar a composição do Banco Central e rever independência tão tóxica se tornam medidas urgentes para o governo. De todos os opositores de Lula, nenhum está mais ativo e forte hoje do que o Copom.

 
22
Fev23

Juros acima de tudo, mercado acima de todos: Nassif explica o que impede o Brasil de virar uma potencial mundial

Talis Andrade

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Grande mídia brasileira levanta "argumentos de botequim" para atacar Lula e defender os juros abusivos praticados no Brasil

04
Ago21

Bolso-nazismo

Talis Andrade

BEATRIX VON STORCH É NETA DO MINISTRO DAS FINANÇAS DE HBeatrix von Storch: quem é a líder da extrema-direita alemã que se reuniu  com Bolsonaro - BBC News BrasilNazismo ameaça a todos, não só aos judeus - Alex Solnik - Brasil 247

Por Fábio Tofic Simantob e Michel Gherman / Folha de S.Paulo.

 
 

O anti-judaísmo é uma das formas mais longevas de discriminação religiosa, racial e étnica. Atravessa ao menos dois milênios de história.

​Na alta Idade Média se manifestou sob a forma de perseguição religiosa, e o deicídio (com judeus acusados de matar Cristo) era motivação para a explosão de ódio e violência contra comunidades judaicas na Europa. Mais tarde, na baixa Idade Média, os judeus europeus eram vítimas de falsas acusações e fake news, acusados de praticar bruxaria, matar crianças e causar a peste.

Na modernidade, surgiram os estereótipos socioeconômicos relacionando a comunidade a estigmas como “avarentos” e “dinheiristas”. Os judeus foram colocados como protagonistas de uma conspiração internacional, homogênese perversa, que intencionava, nessa perspectiva, degenerar e corromper a humanidade. É a transformação do anti-judaísmo tradicional no antissemitismo moderno.

Já no século 19, a figura do judeu passa a ser o estrangeiro, o diferente, o apátrida traidor. O caso Dreyfus é o início simbólico desse antissemitismo moderno. O capitão judeu do exército francês passa a incorporar todos os valores racistas e preconceituosos do antissemitismo: é um traidor por ser um judeu. Degenera e coloca em risco o Estado francês por ser judeu, ou seja, é membro de uma conspiração internacional.

Nessa toada surge o livro “Protocolos dos Sábios de Sião”, ou “Os Protocolos de Sião”, um texto antissemita que tenta justificar todas as tragédias do mundo como sendo produtos de uma conspiração judaica para dominar todos os países e governos.

Não é casual que Adolph Hitler tenha bebido nessa fonte para escrever “Minha Luta”, livro embrião do regime nazista, que toma o poder na Alemanha de 1930 e que acaba produzindo, ao fim e ao cabo, o genocídio de milhões de judeus e outros grupos considerados minorias na Europa —e cujo símbolo maior foram os campos de extermínio.

Em um mundo ideal, um judeu jamais poderia apoiar líderes políticos que pregam alguma forma de xenofobia, discriminação, desrespeito ou intolerância com outros povos. A mera lembrança do genocídio, porém, não é suficiente para educar politicamente os descendentes de suas vítimas.

Quando Jair Bolsonaro esteve no clube Hebraica do Rio de Janeiro e comparou quilombolas a gado gordo, ele estava efetivamente reproduzindo um pensamento racista —mas alguns preferiram relevar. Quando o secretário da Cultura gravou um vídeo emulando Joseph Goebbels, tampouco despertou a ira ou a revolta daqueles que queriam enxergar Bolsonaro como o amiguinho dos judeus e de Israel. O presidente, no passado, já havia feito elogios a Hitler. Mas isso também não foi grave o suficiente para encará-lo como um líder racista e antissemita.

A oposição da esquerda internacional a Israel contribuiu para que parcela da comunidade judaica buscasse refúgio na extrema direita. Ledo e grave engano.

A extrema direita polonesa e húngara e os supremacistas americanos —parceiros ideológicos do bolsonarismo— não escondem seu ódio aos judeus. Idolatram uma Israel branca e cristã, a Israel imaginária, enquanto que, de outro, não toleram o estranho, o diferente, o estrangeiro —em suma, o judeu histórico. Criam um judeu para chamar de seu, enquanto continuam a acreditar nas teses supremacistas e conspiratórias típicas do antissemitismo e do racismo estrutural.

A visita de deputada de um partido de extrema direita alemão a Bolsonaro nos fez lembrar disso. Posições xenófobas e que relativizam o Holocausto não podem ser toleradas. Judeus e não judeus devem entender os vínculos ideológicos do bolsonarismo com o nazismo.

Eles nunca foram ocultos, mas hoje estão mais claros do que nunca, sorridentes e saindo do armário para os braços de uma deputada neonazista. Só não vê quem não quer.Neta de ministro de Hitler relata 'conversa de uma hora' com Bolsonaro |  VEJA

Foto: A deputada alemã Beatrix von Storch, vice-líder do partido de ultradireita AfD durante encontro com o presidente Jair Bolsonaro

02
Fev21

Cristina Serra: 'Adriano da Nóbrega deixou pistas que falaram por ele'

Talis Andrade

247 - Em sua coluna publicada no jornal Folha de S.Paulo, a jornalista Cristina Serra destacou os vínculos do ex-miliciano Adriano da Nóbrega com a família Bolsonaro. O ex-policial foi morto em fevereiro do ano passado durante uma operação policial na Bahia.

De acordo com a jornalista, "quase um ano depois, sua morte suscita muitas perguntas". "Adriano teria sido atraído para uma armadilha ao esconder-se no sítio de um vereador do PSL? Por que temia ser morto numa queima de arquivo? Qual o conteúdo dos 13 celulares e chips apreendidos com ele e até hoje em sigilo? Mortos não falam, mas deixam pistas que falam por eles", continuou.

A colunista disse que, "no comando da milícia, expandiu vasta rede de negócios ilícitos, como extorsão, agiotagem, grilagem de terras, transporte e fornecimento clandestino de TV a cabo, luz e gás". "Até aí, a história do ex-PM não difere da de muitos outros agentes do Estado que viraram bandidos. O que o distingue são seus vínculos estreitos com a família Bolsonaro", afirmou. 

 
08
Abr20

O Papa: Deus converta os Judas de hoje, mafiosos e agiotas que exploram necessitados

Talis Andrade

Judas Iscariotes foi Predestinado a Trair Jesus Cristo ?

Na Missa esta quarta-feira (08/04), Francisco rezou ao Senhor a fim de que toque o coração dos que se aproveitam daqueles que se encontram necessitados nesta crise causada pela pandemia de coronavírus. Na homilia, falou da traição de Judas, daqueles que vendem as pessoas, inclusive seus entes queridos, para lucro pessoal

O Papa Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, manhã desta quarta-feira (08/04) da Semana Santa. Ao introduzir a celebração, rezou pela conversão daqueles que neste momento exploram quem se encontra necessitado:

Rezemos, hoje, por aqueles que neste tempo de pandemia fazem comércio com os necessitados. Aproveitam-se da necessidade dos outros e os vendem: os mafiosos, os agiotas e tantos outros. Que o Senhor toque o coração deles e os converta.

Na homilia, Francisco comentou o Evangelho de Mateus (Mt 26,14-25), que nos fala da traição de Judas. Também hoje – disse o Papa – existem Judas, pessoas que traem, inclusive seus entes queridos, vendendo-os, para interesses próprios. Também hoje existem pessoas que querem servir a Deus e ao dinheiro, exploradores escondidos, aparentemente impecáveis, mas fazem comércio com as pessoas: vendem o próximo. Judas deixou discípulos, discípulos do diabo. Judas era apegado ao dinheiro: quem demasiadamente ama o dinheiro, trai. Mas é traído pelo diabo, que é um mau pagador e deixa no desespero. E caba por enforcar-se. O Papa pensou nos muitos Judas institucionalizados que hoje exploram as pessoas e também nos pequenos Judas que estão em nós: cada um de nós tem a possibilidade de trair, por amor ao dinheiro ou aos bens. A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:

Quarta-feira Santa é também chamada “quarta-feira da traição”, o dia no qual na Igreja se ressalta a traição de Judas. Judas vende o Mestre.

Quando pensamos no fato de vender pessoas, vem em mente o comércio feito com os escravos da África para levá-los para a América – uma coisa antiga –, depois o comércio, por exemplo, das jovens yazidis vendidas ao Isis: mas é coisa distante, é uma coisa… Também hoje pessoas são vendidas. Todos os dias. Existem Judas que vendem os irmãos e as irmãs, explorando-os no trabalho, não pagando o justo, não reconhecendo os deveres… Aliás, muitas vezes vendem o que têm de mais precioso. Penso que por comodidade, um homem é capaz de distanciar os pais e não mais vê-los, colocá-los numa casa de repouso e não ir visitá-los… vende. Há um ditado popular que, falando de pessoas assim, diz que “este é capaz de vender a própria mãe”: e a vendem. E então ficam tranquilos, foram distanciados: “Cuidem vocês deles…”

Hoje, o comércio humano é como nos primeiros tempos: se faz. E isso porquê? Jesus disse o porquê. Ele deu ao dinheiro uma senhoria. Jesus disse: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”, dois senhores. É a única coisa que Jesus coloca à altura e cada um de nós deve escolher: ou serve a Deus, e será livre na adoração e no serviço, ou serve ao dinheiro, e será escravo do dinheiro. Essa é a opção e muita gente quer servir a Deus e ao dinheiro. E isso não se pode fazer. Acabam fazendo finta de servir a Deus para servir ao dinheiro. São os exploradores escondidos que socialmente são impecáveis, mas por debaixo dos panos comercializam, inclusive com as pessoas: não importa. A exploração humana é vender o próximo.

Judas foi embora, mas deixou discípulos, que não são seus discípulos, mas do diabo. Não sabemos como foi a vida de Judas. Um jovem normal, talvez, e também com inquietações, porque o Senhor o chamou para ser discípulo. Ele jamais conseguiu sê-lo: não tinha boca de discípulo e coração de discípulo, como lemos na primeira Leitura. Era fraco no discipulado, mas Jesus o amava… Depois o Evangelho nos faz entender que ele gostava do dinheiro: na casa de Lázaro, quando Maria unge os pés de Jesus com aquele perfume tão caro, ele faz a reflexão e João ressalta: “Mas não disse isso porque amava os pobres, (mas) porque era ladrão”. O amor ao dinheiro o tinha levado para fora das regras, a roubar, e do roubar a trair é um passo, muito pequeno. Quem demasiadamente ama o dinheiro trai para ter mais ainda, sempre: é uma regra, é um dado de fato. O Judas garoto, talvez bom, com boas intenções, acaba traidor a ponto de ir ao mercado vender: “O que me dareis se vos entregar Jesus?” A meu ver, este homem estava fora de si.

Uma coisa que chama a minha atenção é que Jesus jamais lhe diz “traidor”; diz que será traído, mas não diz a ele “traidor”. Jamais o diz: “Va embora, vá embora, traidor”. Jamais! Aliás, lhe diz: “Amigo”, e o beija. O mistério de Judas… Como é o mistério de Judas? Não sei… Padre Primo Mazzolari o explicou melhor do que eu… Sim, me consola contemplar aquele capitel de Vezelay: como Judas acabou? Não sei. Jesus ameaça veementemente, aqui; grande ameaça: “Ai daquele que trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!” Mas isso significa que Judas está no Inferno? Não sei. Eu olho o capitel. E ouço a palavra de Jesus: “Amigo”.

Mas isso nos faz pensar em outra coisa, que é mais real, mais que hoje: o diabo entrou em Judas, foi o diabo a levá-lo a este ponto. E como acabou a história? O diabo é um mau pagador: não é um pagador confiável. Promete-lhe tudo, lhe mostra tudo e depois o deixa sozinho em seu desespero a enforcar-se.

O coração de Judas, inquieto, atormentado pela ganância e atormentado pelo amor a Jesus, um amor que não conseguiu fazer-se amor, atormentado com essa névoa, volta aos sumos sacerdotes pedindo perdão, pedindo salvação. “O que temos a ver com isso?” O problema é seu…”: o diabo fala assim e nos deixa no desespero.

Pensemos nos muitos Judas institucionalizados neste mundo, que exploram as pessoas. E pensemos também no pequeno Judas que cada um de nós tem dentro de si na hora de escolher: entre lealdade ou interesse. Cada um de nós tem a capacidade de trair, de vender, de escolher o próprio interesse. Cada um de nós tem a possibilidade de deixar-se atrair pelo amor ao dinheiro ou aos bens ou ao bem-estar futuro. “Judas, onde estás?” Mas, a pergunta, a faço a cada um de nós: “Tu, Judas, o pequeno Judas que tenho dentro: onde estás?”

O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:

Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a inefável Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece. À espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Amo-vos. Assim seja.
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada uma antiga antífona mariana Ave Regina Caelorum (“Ave Rainha dos Céus”):

Ave, Rainha do céu; ave, dos anjos Senhora; ave, raiz, ave, porta; da luz do mundo és aurora. Exulta, ó Virgem gloriosa, as outras seguem-te após; nós te saudamos: adeus! E pede a Cristo por nós!

 

10
Fev20

Ex-capitão Adriano, "arquivo-morto" que perseguirá os Bolsonaros

Talis Andrade

Jair e Flávio Bolsonaro, com Fabrício Queiroz, amigos em comum do ex-capitão Adriano Nóbrega 

 

por Marcelo Auler

Certamente nesta segunda-feira (10/02), Jair Bolsonaro evitará a famosa paradinha na porta do Palácio Alvorada onde costuma, a pretexto de cumprimentar militantes e apoiadores, provocar entrevistas nas quais busca manter o controle, escolhendo a quem e o que responder. Assim tenta se manter na mídia, evitando as questões mais incômodas, ainda que de forma atabalhoada, quando não grosseira e mal educada.

Nesta segunda, porém, caso pare e seja abordado pelos jornalistas, não terá subterfúgios para evitar os questionamentos a respeito do assassinato, na manhã de domingo (09/02), do seu amigo, o foragido ex-capitão reformado da PM do Rio, Adriano da Nóbrega Silva, 43 anos, chefe do famigerado Escritório do Crime. Um grupo miliciano que além de executar inimigos e/ou adversários, praticava agiotagem, grilagem de terras, construções ilegais, vendia segurança e costumava explorar serviços como transporte alternativo, venda de botijões de gás e exploração ilegal de sinais de TV a cabo.
 

Uma morte sobre a qual, para muitos, recai, desde que foi anunciada, a suspeita de que se tratou de uma “queima de arquivo”. Arquivo que ao desaparecer, aparentemente, trará benefícios à família Bolsonaro, tal como alertou Alex Solnik, no Brasil247, na postagem Morte do Capitão Adriano é boa notícia para Bolsonaro. Mas caso não fique devidamente esclarecido, poderá se tornar em um eterno motivo de cobranças aos Bolsonaros.

A natural suspeita de queima de arquivo sempre surge quando a policia deixa de capturar vivo alguém que teria muito o que falar/denunciar/esclarecer, se preso com vida e submetido a interrogatórios. Mesmo quando estes interrogatórios ocorram sem que se utilize os métodos violentos que as mícilias, como a comandada pelo ex-capitão Adriano, usam contra seus adversários. Era o caso dele, tal a gama de negócios e crimes em que seu nome foi associado. Em especial, o esquema de “rachadinha” adotado no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, alvo de investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro.

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Ex-capitão Adriano previu que seria assassinado como “queima de arquivo” 

 

Na morte dele, essa suspeita de “queima de arquivo” aumenta ainda mais após se descobrir que a própria vítima, dias antes de morrer, em telefonema ao advogado Paulo Emilio Catta Preta, com o qual jamais falara, previu que seria morto.

Como seu defensor admitiu aos jornais Folha de S.Paulo – Advogado diz que miliciano ligado a Flávio temia ser morto como ‘queima de arquivo’ – e Estado de S.Paulo – Capitão Adriano tinha ‘certeza’ de que queriam matá-lo para ‘queimar arquivo’.

“Me causou surpresa na terça (4) ou quarta (5) ele me ligar diretamente. Se apresentou, e disse que a razão da ligação era que estava receoso pela vida dele. Disse que tinha certeza de que a operação para prender era para matar”, afirmou Catta Preta à Folha.

Temor compartilhado também pela, hoje, viúva, Danielle Nóbrega, em telefonema ao advogado. Para ela, o marido foi assassinado. De acordo com Catta Preta, Daniele explicou que “o miliciano se encontrava em condições precárias de fuga e não estaria armado”. Isso, a se confirmar, contraria a versão da polícia.

Pelo relato oficial, o miliciano estava com uma pistola Glock, 9mm com a qual revidou. Provocou, assim, troca de tiros. Acabou atingido. Para completar ainda mais o quadro de suspeita, consta que o local foi desfeito, pois teriam tentando socorrer o oficial reformado da PM do Rio, levando-o ao Hospital São Francisco São Vicente, conforme esclarece a Folha de S.Paulo, nesta segunda-feira (10/02). Uma funcionária disse ao jornal que Adriano já teria chegado morto ao local, diferentemente do que afirma o governo da Bahia. A versão oficial é de que ele ainda estaria vivo.

A poça de sangue no interior da casa onde Adriano se escondia. (Reprodução do vídeo apresentado pela Folha)

 

A mesma Folha apresenta um vídeo do interior da casa onde o miliciano se escondia, feito após a operação policial.

O sítio pertence a Gilson Batista Lima Neto, conhecido como Gilsinho da Dedé, vereador do PSL. em Esplanada (BA) – município de 37 mil habitantes a 160 km de Salvador. Trata-se do mesmo partido pelo qual os Bolsonaros se elegeram. Mas o vereador, que diz estar em Recife, nega conhecer Adriano e diz desconhecer que ele ocupava seu sítio.

Coincidentemente Flávio Bolsonaro estava em Salvador nesse final de semana.

O curioso no vídeo é a poça de sangue que aparece no chão da sala da casa onde o ex-capitão da PM do Rio se escondia. Teria sido ali que tombou Adriano? De onde os policiais trocaram tiros com ele? São questões iniciais, para se esclarecer o caso que merecem resposta de peritos e legistas. Mas, com a retirada do corpo, o local foi desfeito.

Desfazer locais sob o pretexto de tentar salvar a vida de alguém é forma tradicional de atrapalhar a perícia, muitas vezes para ocultar execuções. Pode não ser o caso. Mas tudo isso leva à necessidade de uma investigação isenta.

A questão, porém, é saber quem terá isenção nesse momento: a polícia baiana, possivelmente autora do disparo que vitimou o marginal? Ou a Polícia Federal, subordinada ao ministro da Justiça Sérgio Moro, incapaz de colocar o ex-militar, criminoso dos mais procurados do Rio de Janeiro, inclusive com alerta vermelho da Interpol, na lista dos bandidos mais procurados pela Justiça brasileira?

Adriano, "um foragido com esconderijo identificado"

Mais ainda, como narra o Painel da Folha de S.Paulo desta segunda-feira, a polícia do Rio chegou a sondar o Ministério da Justiça sobre a possibilidade de ajuda da Polícia Federal, com o empréstimo de um helicóptero na operação que caçava Adriano.

Questionada, a pasta da Justiça disse que não teve envolvimento com a operação e que “não haveria nenhum motivo para disponibilizar helicópteros e policiais para a captura de apenas um foragido com esconderijo identificado”. A Secretaria de Polícia Civil do Rio informou que “a parte operacional foi realizada pela Polícia Civil da Bahia”.” Ou seja, mais uma vez o ministério comandado pelo ex-juiz Moro se omitiu.

Não seria o caso de o governo baiano convocar peritos e legistas autônomos, de universidades públicas, para analisarem oficialmente o caso e afastarem as chamadas “teorias conspiratórias”, como pode ser a própria suspeita de “queima de arquivo”?

O envolvimento com os Bolsonaros

Ao contrário do que foi dito, o ex-capitão Adriano não tinha ligações diretas com a morte da vereadora Marielle Franco. Ela foi executada pelos milicianos Ronnie Lessa, de 48 anos, sargento reformado da PM-RJ, e por Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos, ex-soldado PM. Ambos até mantinham relações com Adriano, mas não lhe estavam diretamente subordinados no submundo do crime. Tal e qual o deputado Marcelo Freixo correu a esclarecer em áudio, pelas redes sociais, na tarde de domingo.

Ou seja, além de uma condenação anulada e de diversos outros crimes pelos quais tem a responder, a importância do ex-capitão no cenário político atual era a sua ligação com a família Bolsonaro e com o braço direito deles, Élcio Queiróz, com quem o ex-capitão assassinado serviu em um quartel da PM no Rio.

Em 2003, o então deputado estadual no Rio, hoje senador Flávio Bolsonaro propôs uma moção de louvor a Adriano por desenvolver sua função com “dedicação, brilhantismo e galhardia”.

Em janeiro de 2004, o então tenente da PM foi preso preventivamente pelo homicídio do guardador de carros Leandro dos Santos Silva, 24. Leandro denunciara extorsão de policiais militares a serviço da milícia. Adriano chegou a ser condenado por esse homicídio, no Tribunal do Júri, em outubro de 2005. Depois, conseguiu com um recurso anular a sentença e ser submetido a um novo julgamento. Foi solto em 2006 e absolvido no ano seguinte.

Enquanto preso, foi alvo de uma segunda homenagem por Flávio Bolsonaro. Este lhe concedeu a Medalha Tiradentes, maior honraria da Assembleia Legislativa do Rio. Na justificativa, entre outras razões, o então deputado estadual escreveu que Adriano teve êxito ao prender 12 “marginais” no morro da Coroa, no centro, além de apreender diversos armamentos e 90 trouxinhas de maconha.

No julgamento do policial, o hoje presidente Jair Bolsonaro, na época deputado federal, serviu como sua testemunha de defesa no Tribunal do Júri. Sua ajuda ao amigo da família não se limitou ao depoimento em juízo. O levou a fazer um pronunciamento na Câmara Federal, no dia 27 de outubro de 2005, em defesa do policial, reclamando de sua condenação (ouça aqui). Falou, inclusive, não saber como colaborar com o condenado, classificado como “coitado” e como um “brilhante oficial”. Não satisfeito, criticou um coronel que relatou ao júri o resultado de uma sindicância interna da PM que responsabilizava o então tenente.

A amizade dos Bolsonaros com o miliciano, por mais esdrúxula que seja – e não é o único laço deles com milicianos – não seria ainda suficiente para apontar a família do presidente como beneficiária da morte do ex-oficial da PM. Isso seria pouco.

Há, porém, a participação de Adriano e seus familiares com o escândalo da rachadinha, que está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual do Rio, envolvendo Flávio Bolsonaro e servidores fantasma do seu gabinete quando deputado estadual. Em um esquema coordenado por Fabrício Queiroz, o ex-companheiro de Adriano no quartel da PM e braço direito da família Bolsonaro.

Sobre a rachadinha, o ex-capitão da PM do Rio teria muito a falar. Afinal, entre os servidores fantasmas de Flávio Bolsonaro estavam a hoje viúva de Adriano, Danielle Nóbrega, e a sua própria mãe, Raimunda.

Danielle foi empregada em 6 de setembro de 2007 e demitida apenas em 13 de novembro de 2018 no gabinete de Flávio. Jamais apareceu para trabalhar. Raimunda conseguiu dois empregos: primeiro, na liderança do PP, partido ao qual Flávio era então filiado; depois, passou a trabalhar no gabinete do deputado estadual — quando o filho de Bolsonaro se transferiu para o PSC. Também nunca esteve na Alerj.

Danielle e Raimunda receberam na Assembleia um total de R$ 1.029.042,48, do qual repassaram R$ 203.002,57 a Queiroz, de acordo com o Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro. Outros R$ 202.184, 64 foram sacados em dinheiro. Há, portanto, valores ainda não esclarecidos.

São estes fatos que poderão fazer com que a morte de Adriano neste domingo seja sempre relacionada aos Bolsonaros. Como seu viu acima, há motivos de suspeitas – que podem jamais serem confirmadas – de uma “queima de arquivos”. Afinal, o próprio miliciano disse que na operação da polícia baiana com a participação de policiais do Rio de Janeiro ele seria morto, não recapturado.

O envolvimento dele com os Bolsonaros & Queiróz alimentará as suspeitas de que sua morte, como “queima de arquivo”, beneficia a família do presidente, na medida em que seu depoimento poderia servir para esclarecer fatos que estão sendo apurados diretamente relacionados ao crime de utilização de servidores fantasmas para confisco de parte dos seus salários. A chamada “rachadinha”. Logo, Adriano poderia incriminar mais ainda os Bolsonaro. Hipótese pouco provável, já que nas organizações mafiosas, como as milícias, funciona a lei da ormetà. Do silêncio.

A prevalecer a inocência dos Bolsonaros na relação com o miliciano – algo difícil de se acreditar -, a própria família deveria se empenhar para mostrar que não houve “queima de arquivo”. Do contrário, a morte do miliciano continuará sendo uma pedra no caminho da família do atual presidente. A suposta “queima de arquivo” irá persegui-los eternamente, por mais que desagrade a Jair. No caso, não vale apenas pregar a inocência. É preciso prová-la.

 

 

 

30
Jan20

Polícia e MP do Rio prendem milicianos na base dos Bolsonaro

Talis Andrade

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Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz 

Jornal GGN – Uma megaoperação que prende pelo menos 31 pessoas na manhã desta quinta (30) foi deflagrada pela Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro. Os alvos são da região de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde o clã Bolsonaro tem influência.

Foi em Rio das Pedras que Fabrício Queiroz permaneceu longe dos holofotes quando, em dezembro de 2018, a mídia revelou o esquema de rachadinha dirigido por ele, no gabinete de Flávio Bolsonaro.

Também são de Rio de Pedras os milicianos do Escritório do Crime, investigados por possível envolvimento na morte de Marielle Franco.

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Ronnie Lessa e Élcio Queiroz

 

Segundo o G1, para esta operação, conversas entre Ronnie Lessa e um policial civil foram usadas nas investigações.

Lessa foi acusado pelo MP de matar Marielle. Foi para buscar o miliciano, que é vizinho de Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro, que Élcio Queiroz teria solicitado liberação de entrada na portaria junto ao imóvel do presidente.

Megaoperação da Polícia Civil e do MP mira milicianos que agem na Zona Oeste do Rio

por Ana Carolina Torres, Rafael Nascimento de Souza e Vera Araújo
 

Extra - A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio fazem uma megaoperação, na manhã desta quinta-feira, em vários bairros da Zona Oeste do Rio para prender milicianos que atuam em Rio das PedrasMuzema e localidades próximas, naquela região. São 45 mandados de prisão preventiva a serem cumpridos. Agentes estão em diversos bairros, como Jacarepaguá, Pechincha e Barra da Tijuca. Até as 9h45, 31 pessoas haviam sido presas. Entre eles, o policial civil Jorge Luiz Camillo Alves. De acodo com o MP, foi flagrado em uma "intensa sequência de diálogos" com Ronnie Lessa, acusado de executar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes junto com Élcio de Queiroz.

O MP diz que "em vários trechos dos diálogos se refere a ele (Jorge Luiz) como o 'Amigo da 16', numa referência à delegacia (16ª DP, na Barra da Tijuca) onde o mesmo está lotado". Além de Camilo, outros policiais civis e militares são procurados por dar apoio ao bando paramilitar.

Camillo foi preso em casa. Além dele, outros dois agentes estão presos na Corregedoria da Polícia Civil, no Centro do Rio.

— Foi instaurado um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para a apuração do desvio funcional praticado pelo investigador. No final da apuração, ele e seus colegas poderão ser expulsos da Polícia Civil — disse o corregedor, delegado Glaudiston Galeano Lessa.

O MP chegou a esse policial civil graças à análise de um telefone celular apreendido na Operação Lume, durante a qual Lessa e Queiroz foram presos.

Os presos na operação seguem para a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, na Zona Norte da capital. Um deles é o PM Francisco Valentim de Souza Júnior. O militar foi encontrado em casa, na Penha, na Zona Norte do Rio. Sua arma foi apreendida. Atualmente, ele trabalhava no Fórum da Barra da Tijuca.

A ação desta quinta foi batizada de Os Intocáveis II e é um desdobramento da operação Os Intocáveis, realizada em 22 de janeiro de 2019. Naquela ocasião, treze pessoas foram denunciadas por organização criminosa e foram apreendidos documentos e aparelhos eletrônicos. Esse material foi analisado e, então, foram identificados novos suspeitos de participação na milícia.

Além do Rio, a Polícia Civil também está em busca de quatro suspeitos no Piauí e de outros dois na Bahia. Durante as buscas e apreensões nas casas dos denunciados, os policiais apreenderam celulares, computadores e documentos que poderão ajudar nas próximas investigações e operações.

Por conta da quantidade de presos, três delegacias estão lavrando os autos de apreensão. São elas: Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), Defraudações (DDEF) e do Consumidor (Decon).

Participação de policiais

Os policiais alvos da operação são lotados na 16ª DP (Barra da Tijuca), no 18º BPM (Jacarepaguá) e no 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes). Independentemente do pedido de prisão preventiva, foi pedida a medida cautelar de suspensão do porte de arma de fogo e do exercício da função dos agentes.

Segundo as investigações, desde 5 de junho de 2014, os denunciados, chefiados por Dalmir Pereira Barbosa, Paulo Eduardo da Silva Azevedo e Epaminondas Queiroz de Medeiros Júnior, o Capitão Queiroz, praticam vários crimes. Entre os delitos estão grilagem; construção, venda e locação ilegais de imóveis; posse e porte ilegal de arma de fogo; extorsão de dinheiro de moradores e comerciantes com a cobrança de taxas; ocultação de bens por meio de "laranjas"; pagamento de propina a agentes públicos; agiotagem; e utilização de ligações clandestinas de água e energia em imóveis construídos ilegalmente.

Um funcionário da Fundação Parques e Jardins também está entre os denunciados. Joailton de Oliveira Guimarães é acusado de ter pedido "ajuda financeira" para seguir com um procedimento administrativo de interesse de Murad Muhamad, também denunciado.

Na denúncia, o MP lista a conduta dos 45 denunciados. eles estão distribuídos entre diferentes núcleos de atuação na quadrilha: liderança, auxiliares diretos da liderança, policial, segurança, financeiro, "laranjas" e imobiliário.

Megaoperação mira 45 envolvidos com a milícia de Rio das Pedras

Por ANDERSON JUSTINO e RAI AQUINO

Os 45 alvos da operação:Image
 
1. Jorge Luiz Camillo Alves: policial civil, chefe de Investigação da 16ª DP (PRESO)
2. Francisco Valentim de Souza Júnior: sargento da PM, lotado no 31º BPM (PRESO)
3. Epaminondas Queiroz de Medeiros Júnior, o Capitão Queiroz: um dos chefes da milícia
4. Dalmir Pereira Barbosa: um dos chefes da milícia
5. Paulo Eduardo da Silva Azevedo: um dos chefes da milícia
6. Joailton de Oliveira Guimarães: Servidor da Fundação Parques e Jardins
7. Antonio José Carneiro de Carvalho Lacerda

8. Douglas Rodrigues Moreira

9. Wagner Ignacio

10. Fabio Costa da Silva

11. Alex Fabiano Costa de Abreu
12. Durval de Souza Teixeira

13. Wesley da Silva Rodrigues

14. Alex Batista dos Santos

15. Antônio Narcelio Silva da Costa

16. Ramon Costa dos Santos

17. Lucas de Souza Mattos

18. Marcus Vinicius Azevedo Ramalho

19. Rodrigo Vassali Dutra

20. Antonia Cardoso Almeida

21. Rodrigo Rodrigues Fonseca

22. Caio Fernando Costa de Oliveira

23. Erileide Barbosa da Rocha

24. Adginaldo dos Santos

25. Charles Marques Basílio Gomes

26. Isamar Moura

27. Francisco das Chagas de Brito Castro

28. Walter Alves de Brito

29. Raelson Vieira Brito

30. Josiana Sousa da Silva

31. Fernando Braga Ribeiro

32. Celso Moura Ferreira

33. Carla Alexandra da Fonseca De Araújo

34. Bruno Leonardo Fonseca Teixeira

35. Francisco Francinário Bezerra

36. Higor Alberto Rufino

37. Tereza Paula Silva Felipe

38. Rafael Jesus de Oliveira

39. Uendson Conceição Batista

40. Murad Mohamad

41. Omar Mohamad

42. Geová Fidelis Soares

43. Daniel Alves de Souza

44. Bruno Pupe Cancella

45. Antonio Rondynele Silva Souza
Helicóptero da Polícia Civil dá apoio à ação - Reprodução / Internet
VÁRIOS CRIMES
 
De acordo com o Ministério Público, a organização criminosa age na região desde 5 de junho de 2014 e é liderada por Dalmir Pereira BarbosaPaulo Eduardo da Silva Azevedo e Epaminondas Queiroz de Medeiros Júnior, conhecido como Capitão Queiroz. O grupo é investigado pelos seguintes crimes:
 
. Grilagem
. Construção, venda e locação ilegais de imóveis
. Posse e porte ilegal de arma de fogo
. Extorsão de moradores e comerciantes com a cobrança de taxas mediante "serviços" prestados
. Ocultação de bens adquiridos com participação de "laranjas"
. Pagamento de propina a agentes públicos
. Agiotagem
. Utilização de ligações clandestinas de água e energia nos empreendimentos imobiliários ilegalmente construídos
 
Ainda segundo o MPRJ, a quadrilha usa arma de fogo para manter o controle sobre a região, além de contar com a participação de agentes públicos, ativos e inativos, especialmente policiais militares e civis. Com os servidores, os milicianos conseguem informações privilegiadas para manter as atividades ilegais e, assim, aumentarem sua área de atuação, "arvorando-se assim em poder paralelo ao Estado".
O grupo investigado age através de diferentes núcleos de atuação, dentre eles, a liderança e seus auxiliares diretos, como policial, segurança, financeiro, "laranjas" e imobiliário.
 
CASO MARIELLE
 
A operação Os Intocáveis foi realizada no dia 22 de janeiro de 2019, quando 13 pessoas foram denunciadas por formação de organização criminosa em Rio das Pedras e região. A partir da análise de documentos e aparelhos eletrônicos apreendidos na ocasião foi possível identificar a participação dos novos criminosos em crimes praticados pela mesma quadrilha.
As investigações avançaram a partir da análise de celulares apreendidos na Operação Lumerealizada em 12 de março de 2019. Na ocasião, foram presos Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes.
 
O material mostrou uma intensa conversa entre um dos policiais civis denunciados agora, Jorge Luiz Camillo Alves, com Lessa. Em vários trechos dos diálogos, Ronnie se refere ao policial como o Amigo da 16, numa referência à delegacia onde o agente é lotado.
"Daí a importância da apreensão de documentos, agendas, cadernos de anotações, telefones celulares, notebooks, computadores, dispositivos de armazenamento como pendrives, HDs externos e cartões de memória, com a quebra do sigilo de dados, para a continuidade das investigações", diz trechos da denúncia.
 
A ação de hoje é comandada pelo Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE) e conta com a participação de várias delegacias e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). Um helicóptero da polícia dá cobertura aos agentes.
Jornal O Dia@jornalodia

Megaoperação da Polícia Civil contra a milícia em Rio das Pedras tem apoio de um helicóptero da corporação

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