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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

21
Jul21

A mamata veste farda?

Talis Andrade

Completo idiota. Por Gilberto Maringoni

por Vinícius Segalla /Brasil de Fato

 
Pelo menos sete filhos, filhas, pai, irmãos e parentes em geral de militares com cargos no primeiro escalão do governo federal foram nomeados a cargos públicos de confiança da administração federal desde o início do governo de Jair Bolsonaro, em janeiro de 2019.

No último dia 9, o Brasil de Fato publicou reportagem que mostra dez casos de suspeita de corrupção e crimes envolvendo militares ligados aos Bolsonaro que foram denunciados desde 2019, quando o ex-capitão do Exército assumiu a Presidência da República: 

Publica-se, agora, a lista de contratações do governo Bolsonaro que beneficiam ou beneficiaram parentes de militares.

No início da tarde da última segunda-feira, o Brasil de Fato entrou em contato com o Exército Brasileiro e com o Ministério da Defesa, a quem estão subordinadas as três Armas nacionais. 

A reportagem questionou se existe algum tipo de protocolo ou procedimento interno para o preenchimento de vagas de confiança no Poder Executivo por parte de parentes militares que ocupam o primeiro escalão.

Questionou também se o Exército ou a Defesa teriam algo a comentar sobre as contratações citadas nesta reportagem. 

Ate a sua publicação, não houve resposta. 

Caso as autoridades se manifestem, as informações serão colocadas nesta página. 

1 - A filha de Eduardo Pazuello que precisava de auxílio emergencial e foi contratada por Marcelo Crivella

No dia 23 de julho de 2020, Stephanie Santos Pazuello, filha do então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, foi nomeada para o cargo de supervisora da Diretoria de Gestão de Pessoas da Empresa Pública de Saúde do Rio de Janeiro S.A, a RioSaúde, com salário bruto (sem contar gratificações) de R$ 7.171.

À época, o prefeito da capital fluminense era Marcelo Crivella (Republicanos). Ele concorria à reeleição com o apoio de Jair Bolsonaro. 

O cargo de confiança foi franqueado pela secretaria da Casa Civil da prefeitura. 

O município, então, ao ser questionado sobre a contratação, afirmou em nota que "Stephanie Pazuello não foi contratada por seu parentesco com o ministro e sim por sua experiência na área e por sua formação em administração".

Se a justificativa municipal corresponde à verdade, fato é que os atributos profissionais da filha do general que explicariam a contratação, por alguma razão, não resultavam em sucesso financeiro, pelo contrário.

Tanto é assim que, no dia 30 de julho de 2020 (sete dias após sua nomeação na prefeitura do Rio), o nome de Stephanie constava em lista do governo federal como solicitante do auxílio emergencial pago a trabalhadores informais e pessoas de baixa renda para diminuir o impacto econômico da epidemia causada pelo novo coronavírus.

A informação consta nos sites da Dataprev, Caixa Econômica Federal e Portal da Transparência, e foi publicada na época pelo jornal O Globo.

O nome da filha de Pazuello chegou a ser aprovado pelo governo para receber o auxílio, mas o valor não foi liberado porque os sistemas detectaram inconsistências em seu cadastro.

2 - A filha do general Braga Netto que se formou em design e foi nomeada para ser gerente da Agência Nacional de Saúde

Também em julho de 2020, uma semana antes da contratação da filha de Pazuello pela prefeitura do Rio, Isabela Oassé de Moraes Ancora Braga Netto, filha do ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, foi indicada para um cargo de gerência na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), com salário bruto de R$ 13 mil.

Ela se formou em design em uma faculdade privada do Rio em 2016 e já havia tentado uma vaga no Exército antes de obter o cargo na ANS, mas fora reprovada.

Com a indicação de julho de 2020, ocuparia a gerência de Análise Setorial e Contratualização com Prestadores, que trata da relação entre ANS, planos de saúde e prestadores de serviços, como hospitais. 

Jamais havia trabalhado na área.

A indicação de Isabela, porém, gerou intensa repercussão negativa, uma vez que, procurada por órgãos de imprensa quando o caso veio à tona, a ANS não soube explicar os motivos que levaram à contratação da filha do ministro.

"No dia de hoje, recebi a informação que a candidata desistiu de participar do processo de nomeação, embora tenha atendido todos os requisitos para o cargo", informou o diretor de desenvolvimento setorial da ANS, Rodrigo Rodrigues de Aguiar, no dia 22 de julho do ano passado.

3 - O filho do general e vice-presidente Hamilton Mourão que teve o salário triplicado assim que o pai foi empossado
TRIBUNA DA INTERNET | Gostaria de saber o que passa pela cabeça dos  militares que assessoram Bolsonaro
No dia 8 de janeiro de 2019, uma semana após a posse de Jair Bolsonaro e de Hamilton Mourão como presidente e vice da República federativa do Brasil, o filho do segundo, Antonio Hamilton Rossell Mourão, foi promovido a assessor especial do presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, que, por sua vez, assumira o cargo no dia anterior, 7 de janeiro. 

Antes, ele era assessor empresarial da área de agronegócios do banco, com salário de R$ 12 mil. 

Com a mudança de cargo, sua remuneração mensal triplicou, indo a R$ 36 mil. 

O filho do general trabalhava no banco havia 18 anos, e jamais recebera uma promoção que elevasse seu salário - de uma tacada só - a um patamar sequer 50% maior ao anterior. 

O salto que o filho do vice deu na carreira bancária após a nomeação do pai foi de três degraus de uma vez na carreira, algo inédito em seu desempenho até então.

O caso veio à público na época, e o vice-presidente apresentou uma explicação: ele disse que seu filho foi escolhido pela competência e que ele já devia ocupar um cargo de destaque na instituição há mais tempo, mas vinha sendo boicotado "pelas administrações petistas" do governo federal.

Dois dias depois, no entanto, o site Congresso em Foco publicou reportagem demonstrando que o filho do vice havia sido promovido oito vezes ao longo dos governos Lula e Dilma (2003-2016), em ascensão regular da carreira. 

Procurado, Mourão não comentou o desmentido.

4 - A filha do general Villas Bôas que é assessora de Damares e ganha R$ 10 mil por mês

Desde novembro de 2019, Adriana Haas Villas Bôas, filha do general Eduardo Villas Bôas - ex-comandante do Exército, portador de uma doença degenerativa que o mantém sem movimentos em uma cadeira de rodas, mas que ainda assim é assessor especial da Presidência e por isso recebe R$ 13,6 mil por mês, fora a aposentadoria por ser general - está lotada como assessora do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, comandado por Damares Alves, na Coordenadoria-geral de Pessoas com Doenças Raras. Salário: R$ 10,4 mil mensais.

Ela é formada em direito e, segundo o ministério que a emprega, foi contratada por sua competência, e não por seu parentesco. 

A pasta também informa que a filha do general "exerce sua função adequadamente" em Brasília.

5 - O comandante da Marinha que tem o filho e a esposa empregados em cargos de confiança 

O almirante de esquadra e comandante da Marinha do Brasil, Almir Garnier Santos, tem um filho empregado na Emgepron, uma estatal vinculada à Marinha e sua esposa contratada em cargo comissionado na Presidência da República.

Selma Foligne Crespio de Pinho, especialista em computação, se aposentou na Marinha em abril de 2019. 

Em novembro do mesmo, ano foi contratada pelo governo de Jair Bolsonaro em um cargo comissionado de assessora na Secretaria-Geral da Presidência. 

Em junho do ano seguinte, foi promovida a diretora de Estratégia, Padronização e Monitoramento de Projetos, cargo com salário bruto de R$ 29,5 mil.

Já o filho do almirante, o advogado Almir Garnier Santos Júnior, recebe R$ 10,9 mil mensais da Emgepron (Empresa Gerencial de Projetos Navais), estatal vinculada à Marinha. 

Segundo a empresa, sua nomeação a um cargo de confiança não guarda qualquer relação com seu parentesco com o atual chefe da Armada brasileira. 

6 - O filho de general que era estagiário e foi nomeado para cargo de R$ 11 mil

O general de Brigada Alcides Valeriano de Faria Junior foi indicado, no início do governo de Jair Bolsonaro, para ocupar o cargo de subcomandante de interoperabilidade no Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos, algo inédito na história do Exército Brasileiro.

Menos de um ano depois, outro ineditismo veio a ocorrer com um membro da mesma família. 

O filho do general, o jornalista então recém-formado Lucas Faria, passou de estagiário da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) para um cargo por indicação de assessoria da emissora com salário de R$ 11 mil. 

De acordo com a tabela de remuneração da estatal, um jornalista que ingressa por meio de concurso público na EBC, sem indicação, recebe um salário inicial de R$ 7 mil a menos que o filho do general. 

7 - O coronel que ganhou cargo na Petrobras e é pai do servidor que fez relatório falso sobre a covid no TCU

O pai do servidor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques – investigado no Tribunal de Contas da União (TCU) por produzir um relatório falso que questionava o número de mortes por covid-19 no país – ganhou cargo na Petrobras durante a atual gestão do governo federal.

Seu nome é Ricardo Silva Marques, coronel do Exército Brasileiro. 

O militar foi nomeado gerente-executivo de Inteligência e Segurança Corporativa da Petrobras em abril 2019. O coronel aposentado serviu junto com Jair Bolsonaro em brigada paraquedista do Exército Brasileiro, e são amigos desde então.
TRIBUNA DA INTERNET | Chefes militares deviam se envergonhar de defender  privilégios na Previdência
20
Fev21

Villas Bôas mostra Exército como facção partidária antipetista

Talis Andrade

 

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Por Jeferson Miola

A confissão do general Villas Bôas sobre o ultimato do Alto-Comando do Exército à Suprema Corte para impedir ilegalmente a liberdade e a candidatura presidencial do Lula em 2018 é acompanhada de revelações que evidenciam a deturpação da atuação do Exército.

A geração de generais no comando nos últimos anos, originária das turmas AMAN 1971 a 1980, se caracteriza pela atividade conspirativa e pela condução do Exército não como instituição permanente de Estado, mas como um órgão faccional, politizado e partidarizado.

O livro-confissão “General Villas Bôas: conversa com o comandante” [Celso Castro/FGV, 2021] evidencia a intoxicação do Exército Brasileiro pelo pensamento reacionário, antipetista e ultraliberal.

A Intentona Comunista [1935] é um fantasma cultivado por quase um século na formação das sucessivas gerações militares. “Esse episódio foi determinante para a consolidação do sentimento anticomunista entre os militares” [pág. 160], reconhece Villas Bôas.

O general distorce a história do golpe de 1964 para encobrir a intervenção inconstitucional das Forças Armadas na escalada da ditadura. Ele diz, cinicamente, que com as agitações sociais do início dos anos 1960, “sob o pano de fundo da Guerra Fria, mais uma vez, a esquerda empurrou os militares para uma postura anticomunista” [pág.161].

Para os guardiões armados da dominação capitalista, o antipetismo é a versão contemporânea do embolorado anticomunismo. Villas Bôas não esconde que “O sentimento antipetista era principalmente dirigido ao ex-presidente Lula” [pág. 217].

Invocando o poder arbitrário de substituir a soberania do voto, o general acusa Lula com grosseria: “Ele cometeu um grande estelionato com a população, que havia depositado as esperanças nas suas propostas. […] Ele, pessoalmente, produziu uma derrocada material. Contudo, o mais sério foi a destruição moral do país. Em suas manifestações constata-se que se manteve inalterado o descompromisso para com a verdade” [pág. 217].

Villas Bôas diz que “havia uma forte rejeição ao PT” [pág. 218], e que houve “o crescimento de um sentimento até de aversão ao partido” [pág. 177]. Colocando-se outra vez como o árbitro – ou o tutor – da democracia com poder de substituir o voto popular, ele pretexta a corrupção, a situação econômica e a Comissão Nacional da Verdade como motivos para golpear o PT [pág. 177].

O sentimento de rejeição e aversão a Lula, também constatado na perseguição obcecada do Moro, Deltan e Globo, é uma barreira instransponível para os militares; uma linha da qual não aparentam estar dispostos a recuar tão cedo.

Indagado se o Exército aceitaria a volta do PT ou do Lula, a resposta do general pode ser um mau presságio sobre a decisão do STF, tutelado pelos militares, acerca da suspeição do Moro e da devolução dos direitos políticos sequestrados do Lula: “Quando converso com pessoas de esquerda, questiono até quando o PT vai se manter aferrado à defesa de Lula” [pág. 218].

Como que prenunciando uma nova ruptura em 2022 caso não garantam a continuidade do projeto fascista-militar mesmo numa eleição que poderá ser por eles fraudada, Villas Bôas avisa, com o costumeiro tom de ameaça disfarçado de cordialidade: “Me preocupa uma eventual volta ao poder pela esquerda e que ocorra o que disse Tayreland sobre os Bourbon: ‘Não aprendem e também não esquecem’” [pág. 158].

A pergunta que se faz é se, numa eventual volta da esquerda ao poder, esse pensamento subjacente [a respeito do Exército] não poderá vir à tona e materializar-se na forma de ações concretas”, disse ele [pág. 176].

Na descrição elogiosa que faz da carreira, do modo de vida e da “cultura” castrense, Villas Bôas enaltece a “família militar”, o ambiente e os laços de camaradagem e destaca o que considera ser a “excelência” da formação [sic], com especial reconhecimento do papel da AMAN.

Estas menções, muitas delas frívolas, têm enorme valor etnográfico, pois ajudam a decifrar a subjetividade da instituição militar enquanto organização política complexa e singular.

O processo de formação nas escolas militares é uma vivência significativa porque enseja “o estabelecimento de laços de camaradagem desde o início das carreiras” [pág. 174].

Os companheiros de turma vivem nos mesmos “aglomerados de prédios”, “intensificando as amizades entre as famílias e a camaradagem nas intensas atividades de instrução” [pág. 68]. “Ademais, tratar com camaradagem os irmãos de arma e com bondade os subordinados faz parte do primeiro juramento prestado quando se ingressa no Exército” [pág. 147].

A condição de camaradas, amigos, companheiros e partidários é um valor muito cultuado pelo general no livro. Citando o general Cardoso, ele sobrevaloriza: “camaradagem é tão importante que deveria constar da Constituição Federal” [sic] [pág. 74]. Para ele, a camaradagem precede até mesmo “os comprometimentos para com a instituição Exército”; e, também, “os comprometimentos endereçados aos valores da profissão militar” [pág. 74].

A AMAN funciona como a fábrica do cimento ideológico e doutrinário das gerações que se sucedem no comando do Exército a partir da mesma matriz de pensamento. “É desnecessário dizer que aí [na AMAN] se forjam fortes e duradouros laços de camaradagem. Com os cadetes das turmas de 1978 e de 1981, tive a satisfação de ter ombreado alguns deles no Alto-Comando do Exército durante meu período à frente da Força” [pág. 67], disse ele.

As Forças Armadas brasileiras, em especial o Exército, se arvoram o direito de tutelar as instituições civis e o sistema político, participando diretamente da atividade político-partidária como se fossem um partido político.

Além da conspiração para derrubar a presidente Dilma e manter a prisão ilegal do ex-presidente Lula, generais da reserva e da ativa coordenaram a campanha do Bolsonaro. Villas Bôas confessa com espantosa naturalidade que “o pessoal da reserva e uma parcela importante da família militar tomava parte” das manifestações de rua contra o PT [pág. 189].

A filha do general Villas Bôas, Adriana Haas Villas Bôas, por exemplo, nomeada em cargo de confiança de mais de 10 mil reais no ministério bolsonarista de Direitos Humanos, foi fervorosa militante da campanha do Bolsonaro nas redes sociais: “#HaddadNão”; “#PTNão”, “Presidiário mandando em um país.. só por que é do PT, né?” etc, escreveu ela.

Como órgão armado de defesa do Estado que deveria assumir a missão profissional exclusiva de proteger as fronteiras e a integridade do país contra agressões externas, o Exército jamais poderia se envolver na política, que é o território de resolução dos conflitos e das contradições sociais pelas palavras, pelo convencimento e pela hegemonia, mas não pela imposição das armas.

Em que pese o Brasil possuir a extravagante quantidade de mais de 60 partidos políticos registrados, no livro-confissão Villas Bôas cita somente o PT! E numa perspectiva antipetista. No calhamaço de 301 páginas, não há uma única menção a nenhum outro partido político; menos ainda veto, rejeição e aversão como Villas Bôas menciona em relação ao PT.

Villas Bôas melhor teria feito à sua biografia, à dignidade e à honradez que não teve no cargo que lhe foi confiado pela presidente Dilma, se tivesse levado a sério a opinião que ele diz ter recebido de um interlocutor de esquerda: “Ouvi de um deles que Lula era a única pessoa com o poder de unificar o país” [pág. 218].

Villas Bôas, porém, como comandante do Partido Militar, optou pela barbárie, e jogou o Brasil no precipício em que o país se encontra.

Este exército é incompatível com a democracia e com o Estado de Direito, e absolutamente inepto para a defesa da soberania nacional. Não é razoável que o povo brasileiro sofra sérias privações enquanto destina mais de R$ 110 bilhões por ano do orçamento nacional para sustentar forças armadas partidarizadas, que traem o país e oprimem o próprio povo que o sustenta.

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02
Jan21

As filhas dos generais de Bolsonaro e as boquinhas

Talis Andrade

Até os barbudos são contemplados. O filho do general Mourão agarrou um alto cargo no Banco do Brasil.

Villas Boas pegou uma assessoria, idem a filha. Os generais de Bolsonaro estão por cima da carne-seca. Veja um exemplo: O novo prefeito do Rio de Janeiro, Paes, tomou posse ontem. A edição extraordinária do Diário Oficial do Município que circula neste sábado, dia 2, traz a nomeação de Stephanie dos Santos Pazuello, de 35 anos, para cargo em comissão na Secretaria Municipal de Saúde. 

O Secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, explicou que a nomeação da filha de Pazuello é apenas uma “mudança” de posição:

— A Stephanie vai trabalhar no gabinete comigo. Ela já trabalhava na Secretaria de Saúde, no RH da RioSaúde, e vai trabalhar me assessorando na organização dos projetos especiais. Já era uma profissional da rede, já tinha matrícula, só está mudando de posição — afirmou Soranz: — Ela é filha do ministro Pazuello, claro. Mas são os ônus e os bônus de ser filha do ministro.

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Escreve Denise Assis /do Jornalistas pela Democracia

Comando militar barra a turma da boquinha, impedindo promoção de quatro estrelas

Bolsonaro não sabe, mas há no Exército Brasileiro um minucioso trabalho de escavação na base de apoio ao seu governo, sendo feito no meio militar. Não, não há um golpe em marcha. Até porque, entre os estrelados a ideia é a de que o país não suportaria passar por mais um impeachment em tão curto espaço de tempo. Não há tramas para a sua queda. Porém, não contem com prontidão no caso de alguma crise se instalar em torno dele. Verás que um filho das fileiras vai pensar duas vezes se irá à luta. A má vontade se aninhou nas tropas após a constatação de que o governo fracassou no combate à pandemia e ameaça contaminar a Força com o constante içamento, para o Planalto, do contingente da “boquinha”.

Tem causado incômodo entre os pares que permaneceram nos batalhões e continuam lustrando coturnos as visitas de colegas a bordo de ternos caros e bem cortados, portando mochilas de grife, os vistosos laptops exibidos em mesas de reuniões e o soldo acrescido do dobro do que é recebido pelos que ficaram esquecidos nos quartéis, fazendo ordem unida. Atualmente, o último posto almejado na carreira não é mais a quarta estrela de general. Ela é o topo da carreira, mas já não tem o brilho de antes. A nova meta é ser galgado a um posto no governo. A quarta estrela é necessária para chegar lá, mas fundamental mesmo é ser queridinho do general Villas Boas (assessor no Gabinete de Segurança Institucional – GSI), do general Braga Neto (Casa Civil) ou do general Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

Para se ter uma ideia do quão vantajoso é esse estreitamento de relações, bata dizer que um general, ao ir para a reserva com um salário em torno dos R$ 25 mil, se chamado para alguma atividade, como dar aulas na Escola Superior de Guerra, por exemplo, tem os proventos acrescidos de 30%, mas se puxado pelo trio ternura para o palácio receberá um salário extra da ordem dos mesmos R$ 25 mil. Convenhamos, no quadro de calamidade econômica atual, é o melhor dos mundos.

Nos primeiros quatro meses de 2021 o crescimento da dívida pública obrigará o Tesouro Nacional a rolar quase R$ 700 bilhões em débito, depois de atingir, no mês de novembro, 88,1% do Produto Interno Bruto. O “orçamento de guerra” que permitiu o governo romper o teto de gastos terminou com o último dia do ano.

O auxílio emergencial, que já havia sido cortado pela metade e propiciou comida na mesa dos mais carentes, até agora, ficou lá, no ano que findou. Não há mais. E o índice de desemprego está próximo a 15%. O horizonte, portanto, não é dos melhores para perder apoio entre os seus pares.

 

Responsável por lidar no dia a dia com o desconforto dos oficiais da ativa e a frustração nas tropas, o Comando já não disfarça. Pura e simplesmente não só deixa aflorar os comentários maldosos, como até os incentiva e, mais que isto, esvazia o poder dos militares do governo, tirando da fila de promoções os seus queridinhos. Bastou demonstrar alguma proximidade com o triunvirato de militares poderosos do Planalto para ser escalado para o freezer.

Não por acaso, Bolsonaro tem ido se refugiar em formaturas de bombeiros e de soldados das Polícias dos estados. Tenta compensar com esse apoio a fatia que vem perdendo no Exército. Como já dito no início, não há movimentação para derrubá-lo e tampouco os formados pela doutrina rançosa dos ditames de 1964 torcem por isto.

Continuam repetindo a cantilena das antigas lições, mas o verde oliva já não predomina entre os 35% que o aplaudem. Sem ter como impedir que os generais de quatro estrelas sigam tomando aviões rumo a Brasília, e sabedor que é o ponto fraco da corda, o Comando impede os “afilhados” de chegarem à quarta estrela. Recolhe o trampolim. Ou seja, não se indispõe com os companheiros de farda, mas tampouco recheia com azeitonas verdes a empada de Villas, Braga Neto ou do general Ramos.

 
16
Mai20

Filha do general Villas Bôas tem cargo de 10 mil reais como assessora de Damares

Talis Andrade

adriana-haas-villas-boas-sergio-moro.jpg

 

 

Adriana Haas Villas Bôas é coordenadora-geral de Pessoas com Doenças Raras do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos

 

por Lucas Rocha

Revista Forum

- - -

Desde novembro de 2019, Adriana Haas Villas Bôas, filha do general Eduardo Villas Bôas, está lotada como assessora do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, comandado por Damares Alves, na Coordenadoria-geral de Pessoas com Doenças Raras. O ministério, em nota, não deixa claro se a bacharel em Direito frequenta suas dependências e se exerce sua função conforme exigência legal.

Segundo o Portal da Transparência, a filha do general – que também possui cargo no governo, como Assessor Especial do Gabinete de Segurança Institucional – está categorizada em uma função DAS 101.4. O Salário bruto recebido por ela é de R$ 10.373,30. O pai recebe R$ 13.623,39 na função DAS 102.5.

Em setembro, ela chegou a ser nomeada como coordenadora-geral do Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência (CONADE), mas, dois meses depois, foi transladada para o gabinete da ministra.

Diário Oficial da União do dia 7 de novembro de 2019 traz a mudança: “Nomear ADRIANA HAAS VILLAS BÔAS, para exercer o cargo de Coordenadora-Geral das Pessoas com Doenças Raras do Departamento de Gestão e Relações Interinstitucionais da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência deste Ministério, código DAS 101.4, ficando exonerada do cargo que atualmente ocupa”.

Em 6 fevereiro de 2020, Damares publicou no DOU uma atualização da relação nominal dos ocupantes de cargos e Haas seguia no posto.

 

Nenhuma menção nem aparição

Apesar de ser integrante do gabinete de Damares, a filha do ex-comandante do Exército nunca apareceu publicamente com a ministra, nem mesmo foi mencionada nas redes sociais de Damares. A única menção da ministra ao sobrenome da assessora no Twitter foi ao pai dela, em 18 de setembro de 2019 – dias após a primeira nomeação.

Na ocasião, Damares postou uma foto ao lado de Eduardo e fez a seguinte declaração: “Tive um momento muito especial com o General Villas Bôas. Pense na alegria de dividir a mesa com este homem. Falou sobre sua luta contra a depressão. Nos fez rir e chorar. Um herói brasileiro que veio nos ensinar que a vida é cheia de lutas, mas pode ser muito bela”.

A nomeação de Haas para o gabinete de Damares ocorreu dias após a primeira divulgação de um debate realizado pelo Instituto Rompendo Fronteiras, comandado pela filha do general, em 2 de setembro, com a participação de Villas Bôas, Damares Alves e Patricia Maretti. Foi nesse debate que Damares e Villas Bôas tiraram a foto divulgada pela ministra.

Assíduas nas redes sociais, nem a ministra nem a filha do general publicaram sobre a nomeação. A última menção de Haas ao Ministério foi feita no dia 4 de abril, quando ela fala sobre uma cartilha para pessoas com doenças raras sobre a Covid-19 publicada pela pasta em parceria com o observatório de Doenças Raras da Universidade de Brasília (UnB).

Sem mencionar que integra a coordenadoria de Doenças Raras ela faz a seguinte postagem: “Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) publicou cartilha acessível para todos sobre como devem proceder os Raros nos tempos do Covid-19. ❤️ Somos grupo de risco e temos que observar alguns cuidados. 🍀 Os vídeos são estrelados pela Secretária Nacional @priscillagasparoficial ! 🤟🏻 Obrigada a todos os profissionais envolvidos. 🇧🇷 E meu eterno agradecimento a Ministra Damares Alves por nunca esquecer dos Raros”.

Questionado pela Fórum, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos informou que a servidora “reside em Brasília e exerce sua função adequadamente”.  

“Informamos que, a servidora Adriana Haas Villas Bôas, reside em Brasília/DF e atua como Coordenadora Geral das Pessoas com Doenças Raras, lotada na Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, sendo nomeada no dia 07 de novembro de 2019, onde exerce, desde então, sua função adequadamente. A referida servidora ainda atuou como Coordenadora-Geral do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência entre os meses de setembro e novembro de 2019”, diz a nota enviada pelo ministério.

 

Críticas ao governo

Assim como o pai, que é portador de esclerose lateral amiotrófica (ELA), Haas também é portadora de uma doença rara. Ela possui Espondilite Anquilosante e é forte defensora do uso medicinal do canabidiol, contrariando setores mais ideológicos do governo Bolsonaro. A filha do general é crítica ferrenha de Olavo de Carvalho e chegou a questionar pelas redes sociais a proximidade de Bolsonaro com o astrólogo no início do governo.

No dia 24 de abril, a assessora de Damares ainda postou uma mensagem lamentando a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça. “Em tempos sombrios de corrupção desenfreada, reforçada por aduladores de bandidos, o Sr. fez um país inteiro sonhar novamente! ❤️ Obrigada por tudo”, escreveu.

A coordenadora do Ministério da Mulher e Direitos Humanos também tem dedicado tempo ao Instituto General Villas Bôas.

Damares Alves
@DamaresAlves

Tive um momento muito especial com o General Villas Bôas. Pense na alegria de dividir a mesa com este homem. Falou sobre sua luta contra a depressão. Nós fez rir e chorar. Um herói brasileiro que veio nos ensinar que a vida é cheia de lutas, mas pode ser muito bela.

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