O jornalista Leonardo Attuch, do portalBrasil 247, anunciou um documentário sobre como o ex-juiz suspeitoSergio Moro(Phodemos-PR) ficou milionário nos Estados Unidos.
O material está sendo produzido pelo jornalistaJoaquim de Carvalho, colunista do Brasil 247, que já foi subeditor de Veja e repórter do Jornal Nacional, entre outros veículos. Ganhou os prêmios Esso (equipe, 1992), Vladimir Herzog e Jornalismo Social (revista Imprensa).
Antes de debruçar-se sobre o documentário sobre Sergio Moro, Joaquim Carvalho está finalizando um trabalho sobre asfake newsque alimentam a velha mídia corporativa e a extrema direita brasileira.
Na semana passada, Attuch e Carvalho já haviam comunicado o documentário sobre a vida pregressa do ex-juiz suspeito Sergio Moro.
A vice-presidenta do PCdoB, Manuela d’Ávila, relatou, pelas redes sociais nesta quinta-feira (10), algumas das inúmeras agressões que sofreu especialmente nos últimos oito anos, boa parte dos quais ligadas ao MBL e à extrema-direita.
A motivação de Manuela foi a declaração do deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), o “Mamãe Falei”, do MBL, de que estaria com medo de sair à rua depois do vazamento e da repercussão do áudio misógino e preconceituoso no qual disse que as mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres”.
Ando nas ruas de cabeça erguida porque sei quem sou e o que defendo e sei quem são os mentirosos que me atacam
Eu lembro a primeira vez em que fui agredida por causa de uma fakenews: era 2014.
Eu estava tomando café com meu marido e um menino olhou para mim e passou a me agredir por conta de uma notícia mentirosa publicada num perfil de Twitter e num site que mentia ser de humor.
Pouco tempo depois, estava grávida e fui agredida numa ação orquestrada por um deputado ligado ao MBL.
Quando estava com quatro meses de gestação, o MBL (associados com blogs de extrema direita) criou uma fakenews em que diziam que eu havia ido aos Estados Unidos Fazer enxoval. As pessoas acreditaram. Eles usaram a foto de meu enteado ainda criança. Ele também passou a ser atacado nas redes sociais.
Quando Laura nasceu, o relato detalhado do meu parto foi feito nas redes sociais por uma médica que conseguiu informações e fez com que o dia seguinte ao nascimento de minha filha se transformasse numa batalha para barrar as publicações e comentários de ódio a nosso respeito.
Quando Laura tinha 45 dias foi agredida fisicamente porque a agressora acreditou na fakenews do enxoval nos Estados Unidos e também na ideia de que uma mulher como eu não poderia ter roupas para sua filha porque na Coreia não era assim.
Meu marido foi expulso de um clube porque era casado com uma comunista.
Em 2018, milhões de brasileiros compartilharam a notícia falsa que eu havia ligado 18 vezes para Adelio Bispo no dia da facada no candidato adversário.
Em 2021, minha filha foi fotografada na porta da escola.
Essa imagem foi distribuída inclusive pela esposa do vice-prefeito (ex presidente do MBL).
Logo em seguida, a mesma imagem passou a ser usada por grupos de ódio para nos ameaçar de morte e estupro.
Não consigo contar o número de vezes que fui agredida no supermercado ou na rua por conta dessas mentiras.
Há oito anos, eu sinto medo por mim e pelos meus.
Mas eu ando nas ruas de cabeça erguida porque sei quem sou e o que defendo e sei quem são os mentirosos que me atacam.
Já esse deputado tem medo de sair na rua porque descobriram exatamente quem ele é”.
Corre a história de que Adélio Bispo, depois de três anos e meio, dois inquéritos e um julgamento, teria resolvido gravar um vídeo dizendo ter sido contratado “pelo PT”, a partir de um suposto perfil "Anonymous”.
A jornalista Hildegard Angel já vinha adiantando que uma armação destas estaria sendo preparada e, com parte da Polícia Federal transformada transformada em “puxadinho” do Gabinete do Ódio, não dá para descartar que esta insólita peça venha a ser espalhada.
Porque o próprio Bolsonaro espalha um vídeo que “apareceu agora” de uma longa fala – 3 minutos, quase – que ele teria feito ao fim da cirurgia na Santa Casa de Juiz de Fora, após a tal facada quase mortal que teria recebido de Adélio, em 6 de setembro de 2018.
Depois de uma longa e extensa cirurgia abdominal, é incrível que médicos fossem permitir um comício dentro de uma UTI e que seu paciente falasse tanto .
E que a fala fosse – para os padrões Bolsonaro – toda concatenada e sem interrupções.
Desprezado por toda parte, Bolsonaro talvez mereça agora o reconhecimento internacional, com o Oscar. E logo dois, de melhor filme de ficção e melhor ator.
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Este correspondente apela para a Justiça totalmente dominada: Adélio Bispo de Oliveira continua preso incomunicável em um presídio do governo bolsonarista, sem jamais ter recebido a visita de um familiar, sem advogado de defesa confiável, sem consulta médica e os medicamentos que todo doente mental necessita.
O presidente Bolsonaro e seu Gabinete do Ódio promovem o discurso de enfurecimento e danação em defesa da tortura. Exaltam personagens monstruosas como major Sebastião Curió, o coronel Ustra, com promoção póstuma a (pasmem!) marechal, concedida pelo aluno Bolsonaro.
Ustra colocava ratos nas vaginas de prisioneiras, uma sacanagem sexual de espantar o Marquês de Sade. Fica explicado que Adélio Bispo vem sofrendo torturas psicológica e física, conforme registros de reportagens de jornalistas consagrados. Vide tags.
O trem da alegria militar promove 100 generais a... marechais. Nenhum país tem tal grandeza militar.
Bolsonaro apresentou, nos últimos dias, pequena mostra de como será sua campanha à reeleição. Dá para identificar três eixos muito bem coordenados. Um deles é o discurso e a produção de símbolos para arregimentação de suas bases. Nisso, merecem destaque sua imagem em um clube de tiro e os palavrões, emitidos em estudado tom de desabafo, em comício, no Nordeste.
Também voltaram os ataques golpistas ao sistema eletrônico de votação e deturpações, como a expressão “ditadura das canetas”, em evidente alusão às decisões de ministros do STF. Misturadas a muitas baboseiras, proliferam ameaças explícitas, como a que foi feita por Eduardo Bolsonaro: “(…) a gente vai dar um golpe que a gente vai acabar com o Lula”. São apitos para mobilizar os cães de guerra.
Um segundo eixo é tentar inundar a sociedade com mais armamento e munição, como se pode notar na proposta de “anistia” para quem tem armas em situação irregular. É o anabolizante que vem apascentando (não apenas) milícias e facções bolsonaristas. Por último, há a engrenagem digital do ódio, operada de dentro do governo.
Essas dimensões convergem para promover a violência em escala individual e coletiva, num ciclo multiplicador e permanente de tensões sociais. Esse é o terreno onde grassaram o nazismo e o fascismo. Não é à toa que a defesa do nazismo surge com aparente naturalidade em um podcast com milhões de seguidores.
Nada é aleatório. É perceptível um método de propagação e reverberação de ondas de fúria, que degradam os valores da civilidade e sedimentam a brutalidade e a estupidez como referências para o convívio social e a resolução de conflitos cotidianos.
Bolsonaro age com desenvoltura no pântano e é assim que ele imagina enfrentar Lula, chegar ao segundo turno e vencer. Se não der certo, restará o delírio de insuflar algo semelhante ao “capitólio” de Trump, nos EUA. A turbulência está só começando. Apertemos os cintos.
Há muita semelhança entre movimentos de opinião no mercado de ações e no mercado político. No de ações, empresas não são “boas” ou “ruins”: são “baratas” ou “caras”.
O processo é simples. Determinada ação se valoriza bastante. A partir de determinado nível, considera-se que está “cara”. Ganham espaço, então, as notícias e avaliações negativas sobre a empresa. Deflagra-se um processo de vendas do papel que provocam o chamado “overshooting”, isto é, uma radicalização do movimento de queda. E vice-versa: quando a ação se torna excessivamente barata, há um movimento inverso de compra e de predomínio das avaliações positivas, e um chute para cima.
Há casos em que a queda é tão acentuada que se torna irreversível. É quando as ações viram pó.
O grande desafio dos jogadores – no mercado ou na política – é manter o movimento até o dia do vencimento, ou das eleições.
Neste momento, o ativo Lula está em alta, quase batendo no pico. E Bolsonaro está em baixa, quase ficando barato (para seus seguidores). Contribui para tanto a perda de rumo da chamada Terceira Via, e a mídia pretendendo aumentar o “overshooting” de Bolsonaro para vê-lo virar pó, e poder, então, explorar o antilulismo. É o que explica, em parte, a moderação da mídia, rompendo um pouco o silenciamento de Lula e permitindo aos comentaristas mais independentes análises menos falaciosas sobre o candidato.
Daqui até março haverá pequenas jogadas destinadas a definir o sobrevivente da Esquadra Brancaleone da Terceira Via, se João Dória Jr (muito mais pelo peso de São Paulo do que por sua empatia) ou Sérgio Moro.
A edição desta semana da Veja, com Sérgio Moro, mostra a aposta de André Esteves-BTG-Veja de colocar um pé na canoa de Moro. E, não dando certo, voltar para Dória. E, não dando certo, apoiar Lula.
Aliás, dado o histórico de más apostas de Veja, a capa deveria preocupar Moro.
Com esses movimentos, a trégua, para Lula, durará provavelmente até março. Digo provavelmente porque a prova dos 9 será a minissérie sobre a morte de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, anunciada pela Globoplay para o final do mês.
Na época, investigação conduzida pela Polícia Civil de São Paulo, governo tucano, concluiu por crime comum. Quando a investigação chegou ao Ministério Público Estadual, este tentou transformar em crime político.
A narrativa adquiriu tal grau de fantasia que, em determinado momento, até o publicitário mineiro Marcos Valério entrou na história, atraído por uma proposta de delação premiada. Aí se considerou que seria demais e a armação não foi em frente.
Mas o factóide continuará sendo ressuscitado em cada eleição. Aliás, desde os anos 90 pululam esses factoides em período eleitoral. Depois do desastre da Lava Jato, seria de se esperar mais bom senso por parte da mídia. Dado o histórico, é esperança vaga.
Por isso, de um lado, levantarão velhos fantasmas contra o PT. Do lado de Bolsonaro, tudo indica uma enorme armação em torno da facada desferida por Adélio.
"Estou morrendo", disse Bolsonaro ao médico antes de ser internado O presidente ligou para o cirurgião chorando de dor e dizendo que "a coisa está ruim"
Nexo Jornal
#AcessoLivre | [podcast] Ao deixar hospital onde tratou obstrução intestinal, Bolsonaro volta a questionar investigação da Polícia Federal que concluiu que autor da facada agiu sozinho em 2018. Decisão sobre sigilo de advogado levou à retomada do caso ...
247 -O jornalista Joaquim de Carvalho, em participação no programa Bom Dia 247 desta quarta-feira (5), falou a respeito da Polícia Federal, que escolheu um delegado que já investigou o PCC (Primeiro Comando da Capital) para dar continuidade ao inquérito sobre as circunstâncias do suposto atentado contra Jair Bolsonaro nas eleições de 2018.
De acordo com o jornalista, que foi a Juiz de Fora (MG) em 2021 produzir um documentário sobre a suposta facada contra Bolsonaro, a movimentação requer atenção.
“É preciso ficar de olho no inquérito sobre o caso da facada ou suposta facada em Juiz de Fora. Não conheço o delegado nomeado para o caso, em substituição a Rodrigo Morais, que foi para os EUA. Mas trocar o titular do inquérito em um caso complexo como este é altamente suspeito”, disse Joaquim.
O jornalista ainda explicou que acompanhou a atuação de Rodrigo e que ele estava “buscando informações mais consistentes sobre o episódio”.
“Numa investigação complexa como essa, jamais podemos trocar o condutor da investigação”, completou.
Bolsonaro contra atestado de doido
O delegado em questão, Martin Bottaro Purper, está há 17 anos na corporação. Caberá a ele buscar informações que possam esclarecer se Adélio Bispo de Oliveira cometeu o atentado sozinho ou contou com a ajuda de alguém.
A Justiça o considerou doente mental e, por isso, inimputável.
Bolsonaro insiste na tese de que a PF não fez uma investigação correta e de que houve um mandante. O objetivo é político, levantar a bandeira de que foi vítima de um atentado político a mando da esquerda. A narrativa sobre a facada volta ao cenário da disputa eleitoral de 2022.
[Por que Adelio Bispo, que treinou armas de fogo na mesma escola de tiro dos filhos de Bolsonaro, preferiu usar uma arma branca no meio de uma multidão de bolsonaristas exaltados em Juiz de Fora, MG?]
Adélio Bispo permanece proibido, pelo ministro da Justiça e da Segurança Pública, de falar com os irmãos, os tios, os sobrinhos, os primos, com os médicos, com os enfermeiros e, principalmente, com a imprensa. Inclusive com outros presos, porque a loucura, para a família Bolsonaro, uma doença mais transmissível que a covid, que a influenza.
Detento incomunicável, em presídio de segurança máxima do governo federal, Adélio não pode responder nenhuma correspondência, é a ordem presidencial.
Para curar Adélio Bispo, doente da cabeça, o melhor remédio a tortura psicológica. O isolamento em uma pequena cela, uma gaiola fechada com porta de ferro.
Adélio, proibido de sair do cubículo, da geladeira, para tomar sol, ou banho de lua, sofre de constante dor de cabeça, de insonia e ansiedade, e dores atípicas, continua sem tomar qualquer medicamento. Assim se faz desnecessária a tão mal falada tortura física da ditadura militar: pau-de-arara, cadeira de dragão etc
O delegado particular de Adélio foi passear nos Estados Unidos. Gostou tanto que vai ficar lá dois anos se... Se Bolsonaro for reeleito.
Para substituir o delegado da mais alta confiança, a Polícia Federal escolheu um outro muito melhor. Que investigou o PCC (Primeiro Comando da Capital). Um comando que persiste, que agora se estende por todo Brasil e outros países.
O novo delegado vai dar continuidade ao inquérito. Arrancar uma versão que ajude a eleger Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.
Martin Bottaro Purper, que está há 17 anos na corporação, foi designado. Caberá a ele buscar informações que possam esclarecer se Adélio Bispo de Oliveira cometeu o atentado sozinho ou contou com a ajuda de alguém, informa aFolha de S.Paulo. De algum filiado do PT.
A Justiça considerou Adelio doente mental e, por isso, inimputável. Bolsonaro, um negacionista convicto, não acredita na ciência médica.
Polícia científica constitui aberração.
Informa o portal 247:
Bolsonaro insiste na tese de que a PF não fez uma investigação correta e de que houve um mandante. O objetivo é político, levantar a bandeira de que foi vítima de um atentado a mando da esquerda.
A narrativa sobre a facada volta ao cenário da disputa eleitoral de 2022.
Ao ser internado na segunda-feira (3) com dores abdominais, Bolsonaro e seus apoiadores voltaram a abordar o assunto.
Em novembro passado, com base em um pedido do coiteiro de Fabrício Queiroz, Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro, o TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) determinou, prontamente, a reabertura do caso, ocorrido em Juiz de Fora, MG, em 2018.
O tribunal autorizou que a PF vasculhe o conteúdo do celular apreendido em poder do advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, um dos defensores de Adélio. Um advogado imposto, que Adélio tem ojeriza, aversão. Cada doido com sua mania.
As conversas telefônicas podem revelar quem custeou os honorários advocatícios, o que, para Bolsonaro e aliados, levará a polícia ao suposto mentor da suposta facada.
Ora, ora, é só quebrar os sigilos bancários e fiscais dos advogados verdadeiramente contratados pelo Adélio, que foi treinar tiro na academia dos Bolsonaro, mas preferiu usar uma arma fria.
Bolsonaro, doente antes da facada ou suposta facada, participa de prática de cura mística-religiosa
O pregador do Evangelho Adélio Bispo não era militante de esquerda quando houve o episódio em Juiz de Fora e Bolsonaro já tinha sido internado duas vezes
por Joaquim de Carvalho
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Bolsonaro tem problemas gastrointestinais que o levam para hospitais desde antes da facada ou suposta facada em Juiz de Fora, em 6 de setembro de 2018. Mas ele e aliados continuam a usar o caso Adélio com um enredo político que não se sustenta nos fatos.
"A turma do ódio do bem ou ódio permitido invade mais uma publicação! Crer que a facada de antigo filiado do PSOL foi um fato isolado não é inocência”, escreveu Carlos Bolsonaro, em resposta à postagem na qual o pai anunciou que foi internado às 3 da madrugada, em São Paulo.
Adélio se filiou ao PSOL em 2007, assim como um dos seguranças de Bolsonaro em Juiz de Fora, o militar da reserva Hugo Ribeiro. Este deixou o partido para se filiar ao PTN e integrar o grupo chamado Direita Minas.
Hugo Ribeiro foi encontrado morto no início do ano passado no edifício onde trabalhava, em Juiz de Fora. Segundo laudo médico, ele foi vitima de enfarte fulminante.
Adélio deixou formalmente o PSOL em 2014, quando era pregador evangélico, mas antes disso já militava com a direita. Participou de manifestações contra Dilma Rousseff em Brasília em 2013 e frequentava o diretório do PSD em Uberaba, no Triângulo Mineiro.
Era tão próximo do partido que acreditava ter sido filiado. Tanto que a Polícia Federal encontrou na pensão onde se hospedou em Juiz de Fora uma carta de janeiro de 2016 com pedido de desfiliação, com o protocolo de recebimento assinado por um representante do PSD.
No âmbito nacional, o PSD é um partido de centro-direita, mas, em Uberaba, está mais à direita, sob a liderança do ex-deputado e médico Marcos Montes. Ele era da bancada ruralista e hoje é secretário-executivo do Ministério da Agricultura.
Nos pertences de Adélio, além da carta ao PSD, foi encontrado um cartão com os telefones de Marcos Montes.
A Polícia Federal em Juiz de Fora tinha essas informações ao elaborar o auto de flagrante de Adélio, mas as omitiu. Registrou, no entanto, sua filiação ao PSOL.
Dois agentes da PF na cidade, que atuaram no esquema de segurança informal de Bolsonaro, foram promovidos depois da eleição. Marcelo Bormevet se tornou chefe de um departamento da Abin e Felipe Arlotta Freitas foi nomeado assessor do diretor-geral, Alexandre Ramagem.
Outros três policiais federais que estavam em Juiz de Fora naquele dia também foram promovidos, dois deles para cargos no exterior da alçada do Itamaraty.
Se efetivamente houve a facada, e não foi autoatentado, hipótese não investigada pela PF, a promoção dos policiais é tão bizarra quanto nomear um médico que comprovadamente falhou numa cirurgia para dirigir um hospital.
E por falar em médico, chama a atenção que a Força Aérea Brasileira tenha deslocado um avião para buscar o cirurgião Antônio Macedo para atender Bolsonaro no hospital Vila Star, em São Paulo.
"Estranho um paciente com complicações gostar tanto do mesmo médico”, disse um cirurgião que prefere não ser identificado.
"A gente atende obstrução quase todo dia. Eu até entendo que ele queira ir para um hospital maior. O que é incomum é um paciente ter tantas complicações, mesmo que sejam complicações conhecidas e descritas na literatura, e gostar tanto do mesmo médico”, acrescentou.
No caso, hospital não é o mais importante, mas efetivamente o médico. Até porque, depois que atendeu Bolsonaro, Antônio Macedo se desligou ou foi desligado do Albert Einstein, mesmo tendo trabalhado lá por muitos anos, e foi para o Vila Nova Star.
O prontuário de Bolsonaro no Albert Einstein não foi entregue à Polícia Federal, apesar de solicitado. Em vez disso, o hospital entregou uma folha que parece ser um boletim médico, que tem a assinatura de Carlos Bolsonaro como recebedor.
A análise do prontuário é importante do ponto de vista de uma investigação médica ou policial a respeito da doença preexistente de Bolsonaro. No dia 7 de fevereiro de 2018, sete meses antes do episódio em Juiz de Fora, ele foi levado para uma clínica particular de Cascavel, onde participava de atos de pré-campanha, porque teve problemas gastrointestinais, segundo divulgado por sua assessoria de imprensa na época.
No dia 13 de abril, Bolsonaro passou mal no aeroporto de Boa Vista, Roraima, e foi levado para o Hospital Central do Exército, no Rio de Janeiro. No dia 29 do mesmo mês, Bolsonaro participou do evento Gideões Missionários da Última hora, em Blumenau, e se levantou quando o pastor pediu oração de cura para as pessoas com doenças no abdômen. Nas imagens registradas em vídeo, Michelle e um homem de terno colocam a mão sobre a barriga de Bolsonaro (foto acima).
No dia 6 de setembro, Adélio supostamente desferiu um golpe de faca no local que, coincidência ou não, é o mesmo em que os dois colocaram a mão. Digo "supostamente" porque não há nenhuma imagem que mostre a faca penetrando o corpo do então candidato. E havia um drone gravando toda a caminhada. A íntegra dessas gravações, realizadas por uma empresa contratada pelo Associação Comercial e Empresarial de Juiz de Fora, desapareceu.
O médico que estranhou o apego de Bolsonaro ao cirurgião Macedo comentou que dificilmente a doença preexistente fosse câncer, já que, se houve facada, o risco de atingir o tumor era grande e, em consequência, as células se espalhariam e tornaria a doença muito mais difícil de ser curada. “Se havia doença preexistente e se houve facada, talvez ele tivesse diverticulite”, afirmou.
Que Bolsonaro estava doente, parece restar poucas dúvidas. Duas horas antes da facada ou suposta facada, ele mesmo se exibiu diante de fotógrafos e cinegrafistas que faziam a cobertura em Juiz de Fora tomando antiácido e ingerindo um comprimido que disse, em tom de galhofa, não ser “viagra”.
Essas dúvidas poderiam ser esclarecidas no inquérito que foi reaberto recentemente pela Polícia Federal, com autorização do Tribunal Regional Federal da 2a. Região. Mas essa possibilidade parece ter ficado mais distante com a transferência do titular da investigação, Rodrigo Morais, para uma força-tarefa nos EUA.
A publicação aponta Júlia Zanatta, porta-voz do .38 e filiada ao PL (novo partido de Bolsonaro), como elo com a extrema direita norte-americana (Steve Bannon) e um clube de tiro de Nebraska que exibe sinais de idolatria ao nazismo
por Joaquim de Carvalho
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Enquanto a mídia brasileira silencia sobre a hipótese do autoatentado no caso da facada ou suposta facada em Juiz de Fora, uma publicação sediada em Nebraska, nos EUA, publicou extensa reportagem que liga o episódio à extrema direita norte-americana e, especialmente, à indústria das armas.
Seeing Red Nebraska, uma publicação que se assume editorialmente como de esquerda, cita a porta-voz do clube de tiro .38 no Brasil, Júlia Zanatta, como elo entre o episódio de Juiz de Fora, a poderosa NRA (National Rifle Associatin), a família Bolsonaro e a extrema direita que tem Steve Bannon como protagonista.
Como recompensa, sugere a reportagem, Júlia Zanatta foi nomeada como coordenadora da Embratur na região sul do Brasil, além de disputar eleições para prefeita de Criciúma, Santa Catarina, com apoio da família Bolsonaro.
"Em maio de 2019, Zanatta mentiu duas vezes para um jornalista de rádio de sua cidade natal no sul do Brasil (Criciúma) quando disse que o filho de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, nunca havia se encontrado pessoalmente com Olavo de Carvalho antes do início daquele ano. Ela também escondeu a informação de que Steve Bannon visitou a casa de Olavo em Petersburg, Virgínia, enquanto ela e Eduardo Bolsonaro frequentaram o mesmo lugar por pelo menos uma semana em janeiro de 2019”, relata.
Segundo a publicação, Steve Bannon foi à casa de Olavo em Petersburg, Virgínia, “para se atualizar sobre o cenário político no Brasil”. Eduardo e a própria Júlia estiveram com Olavo de Carvalho dois anos antes, em janeiro de 2017, antes de irem ao Shot Show de Las Vegas, “a maior feira anual para os entusiastas de armas dos Estados Unidos”.
Em setembro de 2018, lembra a reportagem, Júlia era namorada de Tony Eduardo, dono do clube de tiro .38. Nessa época, "o clube ganhou as manchetes após o esfaqueamento do então candidato presidencial Jair Bolsonaro".
Adélio fez ali um curso de tiro, dois meses antes de ir a Juiz de Fora e ser preso após a facada ou suposta facada em Jair Bolsonaro, o que alavandou a candidatura deste a presidente da república.
A citação de Tony Eduardo é particularmente interessante para a publicação porque, segundo a reportagem, o brasileiro era funcionário do 88 Tático, que é talvez o maior clube de tiro do mundo e que exibe sinais veementes de apreço pelo nazismo.
O 88 Tático é tema frequente das reportagens do Seeing Red Nebraska. A entidade usa símbolos de inspiração nazista, desde o próprio nome: 88, que seria uma referência à oitava letra do alfabeto, H, a primeira letra de Heil. O outro H seria de Hitler. Heil Hitler. Salve Hitler.
O 88 Tático também promoveu o café SS. Na embalagem, seus diretores dizem que seria a sigla de Silencer Smooth (silenciador suave), mas o mundo identifica SS com Schutzstaffel, a milícia que era ligada ao partido nazista.
A logomarca do 88 Tático é também uma referência ao símbolo nazista: um pássaro que se assemelha a uma águia carregando o numeral de asas abertas e com a face virada para o lado direito. No brasão do partido nazista alemão, havia uma águia adornada pela suástica virada para o mesmo lado.
A Pública também fez reportagem sobre esses símbolo, com base em estudo da antropóloga Adriana Dias, da Unicamp, que deu entrevista à TV 247.
Júlia Zanatta é citada na Seeing Red Nebraska como uma das estudantes que fizeram o curso do Institute For US Law (IUSLAW) em Washington, e que também praticou tiros do 88 Tático, assim como Eduardo Bolsonaro e esposa, além de Carlos Bolsonaro.
Símbolos do 88 Tático foram vistos na roupas de militantes de extrema direita que tentaram invadir o Capitólio nas vésperas da posse de Joe Biden, e o site norte-americano lembra que Eduardo Bolsonaro esteve na Casa Branca na véspera do episódio e, no dia da invasão, se encontrou com o empresário Michael Lindell, apoiador de Trump.
A reportagem cita que Júlia Zanatta ganhou espaço político depois do episódio da facada (ou suposta facada), em que, falando em nome do .38, declarou que Adélio tinha estado lá um único dia.
Equivocadamente, Seing Red diz que Julia teria dito que Adélio fez curso de um único dia. Na verdade, não foi isso que ela declarou. Júlia disse que Adélio fez o cadastro, e não voltou mais. Não é verdade. Adélio fez curso de três dias e até obteve certificado. No último dia, 5 de julho de 2018, dividiu o espaço de estandes com Carlos Bolsonaro.
A reportagem lembra que Julia Zanatta foi candidata a prefeita de Criciúma no ano passado, com apoio da família Bolsonaro. Terminou em terceiro lugar, filiada ao PL. A reportagem não cita, mas é preciso registrar que o PL, de Valdemar da Costa Neto, é o partido a que Bolsonaro deve se filiar para disputar a reeleição.
A reportagem, realizada com base em fontes protegidas pelo anonimato, também sugere que Bolsonaro pode ter tido financiamento da poderosa NRA, mas, neste ponto, defende a necessidade de que as autoridades investiguem em profundidade.
Indícios existem, mas é preciso que haja disposição para colocar o dedo nesta ferida aberta.
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Nota que abre a reportagem do site dos EUA: Seeing Red Nebraska raramente publica contribuições anônimas. Nesse caso, fontes internacionais nos forneceram o seguinte, e têm preocupações de segurança razoáveis que exigem anonimato.
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O espaço está aberto para que todos os citados nesta reportagem do Seeing Red se manifestem, inclusive Júlia Zanatta.
[Adélio treina tiro, e na 'hora de matar' prefere usar um canivete ou faca]