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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

24
Abr23

Eu “ouvo” as vozes do “golpe” e de “crimes”: a apropriação da Inconfidência Mineira por Romeu Zema

Talis Andrade
 
 
 
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Zema ofende Minas Gerais

e a memória da Inconfidência

 

por Luiz Carlos Villalta

A “Revolução de Minas” ou “Conspiração de Minas”, mais conhecida como “Inconfidência Mineira”, desde sua ocorrência em de 1788-89, foi apropriada por diferentes grupos e pessoas, em conformidade com seus interesses políticos. O governador Romeu Zema o fez. Não há nada a estranhar nisso.

Mas é dever denunciar os erros históricos (sim, bolsonaristas, há uma verdade histórica, ainda que relativa, porque marcada por algumas certezas e pontos obscuros ou que suscitam diferentes interpretações) contidos na apropriação, bem como os significados políticos que ela possivelmente exprime. Este é o caso dos usos da Inconfidência Mineira por Romeu Zema e seu governo.

Romeu Zema não prima por dotes intelectuais nem muito menos por fazer um bom governo. Vitorioso em duas eleições em função da terra arrasada em que se encontrava o estado de Minas Gerais (não vou me estender nesta análise, mas PT e PSDB mineiros nos devem uma autocrítica séria, indispensável para que construamos um futuro diferente no estado), Zema não perde a oportunidade para exprimir sua precariedade em termos linguísticos e culturais. Destaca-se por revelar uma ignorância que nem em crianças se aceita, como conjugar com erro o verbo ouvir, na primeira pessoa do singular (ele disse “eu ouvo”), ou imaginar que a poetisa Adélia Prado trabalhasse com produtores e jornalistas de um podcast para o qual dava entrevista. Sua ética duvidosa também se exprime quando sugere, por exemplo, que a vítima é culpada do crime que a teve por objeto (no caso, o governo Lula, vítima do golpe bolsonarista de 8 de janeiro), ou quando se esgueira entre a oposição a Lula e o oportunismo de colar-se a ele, de modo silente, para tirar proveitos eleitorais.

No último 21 de abril, num misto de sincerícidio “falho” e de afronta à memória coletiva nacional, porém, Romeu Zema cruzou o Rubicão. Primeiramente, ele concedeu a medalha da Inconfidência para dois políticos de duvidosa reputação e, mais ainda, notórios traidores: Michel Temer e Sérgio Moro. Depois, criou uma interpretação nova para a Conspiração de Minas, tão “nova” como seu Partido Novo.

Michel Temer foi o protagonista e o grande articulador de um Golpe de Estado contra sua companheira de chapa, a Presidenta Dilma Roussef. É inesquecível sua expressão de regozijo sádico em foto tirada quando do triunfo da votação do impeachment da ex-presidenta. São duradouros e danosos os efeitos de sua “Ponte para o futuro”, ou melhor, pinguela para o abismo, sentidos até hoje. Temer é o típico burocrata partidário, de todas as épocas, que constrói uma carreira em meio a atividades nebulosas, quase sempre muito vantajosas em termos econômicos e políticos. Sua figura, carcomida por essa antiguidade arcaica e repugnante, por isso mesmo, parece ter saído de páginas de jornais de outrora, de tempos remotos. A foto de seu ministério, por exemplo, só de homens e políticos tradicionais, trai o mofo que ele representa. Traidor de Dilma Roussef, enfim, ele é também traidor da pátria.

Sérgio Moro é o anti-magistrado. Não deve ter aprendido nos bancos universitários as lições de Cesare Beccaria, em Do Delito e das penas (1764), sobre o processo penal, ou, tendo-as aprendido, tratou de subvertê-las em sua prática como magistrado, criando leis (quando devia meramente cumprir com rigor as existentes) e desrespeitando outras e, assim, afrontando a legalidade. Moro usou o processo penal para concretizar seus interesses políticos, consoantes e afinados com os do “Império” norte-americano, e, com isso, condenando réus sem provas, dentre eles o Presidente Luís Inácio Lula da Silva. Fez as vezes de promotor, quando deveria ter sido juiz. Atuou, ainda, como peça fundamental para a ascensão e a vitória eleitoral de um fascista, o inominável. Por fim, ganhou um ministério como prêmio por sua façanha. Depois de trair a justiça, traiu o Duce brasílico. Não se contentando com este zigue-zague, voltou a apoiá-lo tempos depois, em 2022. O que importa aqui é registrar: Romeu Zema concedeu a Medalha da Inconfidência a dois traidores notórios! Premiou, assim, dois Joaquim Silvério dos Reis do século XXI, num movimento autenticamente anti-Inconfidência: homenagear traidores com a Medalha da Inconfidência representa dar um tiro no peito do mártir Tiradentes, apunhalá-lo pelas costas, tal como fez seu amigo Joaquim Silvério.

Zema não se contentou, entretanto, em fazer essa traição à Inconfidência – aliás, já passou da hora de refutarmos o uso desta denominação, que consagra a memória da monarquia absoluta portuguesa, a memória do poder, em detrimento da daqueles que a combateram, os conspiradores de Minas, uma vez que Inconfidência significa traição. Num ato falho – atenção ao significado desta expressão, que remete a uma ação que segreda uma verdade que não se quer ou não se deve explicitar –, Zema soltou uma nota em que adjetiva a Conspiração de Minas como “golpe” e os seus participantes como praticantes de “crimes”, além de insinuar que todos eles, à exceção de Tiradentes, foram mentirosos. Zema, com isso, hiperbolizou a visão que a monarquia portuguesa construiu sobre o ocorrido em 1788-89: o governador de Minas, tal como seu Partido Novo, coisa mais velha que a Idade da Pedra, em 2023, apedrejando a Conspiração de Minas, mostrou sua adesão à visão da monarquia absoluta, aos vencedores de 1792! Nada mais repulsivo de quem se espera, como governador de Minas que é, ao contrário, defender os perdedores de 1792, o mártir Tiradentes e os outros conspiradores. Falar em “golpe”, “crimes” e em mentirosos significa referendar o que diziam dona Maria I e seus oficiais régios!

Essa escolha de termos, porém, tem um significado político ainda mais repulsivo, bem contemporâneo: de apoio ao “golpe” de 8 de janeiro de 2023, àqueles que o fizeram como ativistas e como mentores. Esta apropriação é indigna do estado de Minas Gerais e, de resto, do Brasil e dos brasileiros. Os golpistas de 8 de janeiro não atuaram em defesa da liberdade, mas da opressão, da ditadura, do obscurantismo de fascistas, fardados ou civis. Atuaram contra a democracia e as liberdades. Afrontaram a vontade popular sacramentada nas urnas em 2022, apesar de todas as tentativas de desfigurá-la, protagonizadas pelos mesmos mentores do golpe de 8 de janeiro. Os golpistas de 8 de janeiro são criminosos e como tais devem ser tratados, com o rigor e os direitos prescritos pelas leis, em julgamentos justos, que não imitem os realizados por Sérgio Moro. Suas mentiras devem ser desmascaradas com base em provas sólidas.

Zema embaralhou os significados de dois movimentos: um, de conspiração, de revolta não concretizada, em nome das liberdades; outro, de golpe contra uma ordem democrática, visando à ditadura. Zema ofende Minas Gerais e a memória da Inconfidência. Se a Conspiração de Minas Gerais de 1788-1879 foi uma tentativa frustrada de revolta visando à liberdade, o Golpe de 8 de janeiro foi claramente uma revolta cujo fim era sufocar a liberdade e a vontade popular e, mais ainda, cujos efeitos foram danos imensos ao patrimônio público e colocar-se em risco as instituições democráticas. 

Com tudo isso, Romeu Zema revelou-nos o que é: simpatizante do golpe de 8 de janeiro de 2023, candidato a herdeiro do fascismo bolsonarista. Tiradentes, que não está no túmulo, mas em alguns outros lugares – as partes do seu corpo foram colocadas no caminho entre Rio e Minas, ficando sua cabeça em Vila Rica, enquanto sua figura histórica reina no panteão de heróis pátrios consagrados pela memória coletiva –, deve estar inquieto com tudo isso. Ele era o porta-voz de ideias verdadeiramente revolucionárias: os mais eloquentes anti-colonialismo e anti-patrimonialismo. Ele deve estar esbravejando contra Romeu Zema. Deve tê-lo ouvido muito bem. Deve ter-se indignado com os crimes contra a memória que Romeu Zema perpetrou: escolhendo a visão da monarquia absoluta e buscando usar a memória da Conspiração de Minas em favor de seus projetos políticos pessoais, certamente afinados com o mais abjeto (e velho!) colonialismo. 

Viva Tiradentes!

 
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23
Mai21

A CPI da Poesia: os poetas mortos

Talis Andrade

 

por José Ribamar Bessa Freirea /Taqui Pra Ti

“Só a poesia possui as coisas vivas. O resto é necropsia”
 (Mário Quintana)

Quem está tentando matar a poesia no Brasil? Para identificar os autores de tais ações foi criada na Câmara de Deputados a CPI da Poesia, que tem o poder de convocar até os mortos. No entanto, como seu foco abrange narrativas literárias e outras formas de expressão artística, indo além do ato poético em si, talvez devesse se chamar a CPI da Poética. De qualquer forma, sua presidente, a deputada federal Joênia Wapixana (Rede/RR), intimou várias testemunhas, advertindo que os mentirosos podiam sair dali presos.

O primeiro depoente vivo foi o cartunista e poeta Ziraldo, 88 anos, criador na época da ditadura militar de uma cor denominada Flicts, que servia de vacina contra a tristeza e a depressão e era o encanto das crianças. Ele fez um histórico da quadrilha poeticida cujo comandante, nascido em 1955 em Glicério (SP), odiava versos, uivava e latia cada vez que via um poeta vivo. O seu lema era “Ódio a Ode”. Perseguia ferozmente o Flicts, ameaçando-o com uma “arminha”, quando então exibia cor e esgar estranhos. Por isso, foi apelidado de Grrrr-au-au.    

Convocado do céu, onde reside há quase dois anos, o cantor João Gilberto, inventor da bossa nova e celebrado no mundo inteiro, confirmou à CPI que Grrrr-au-au abominava aquilo que ignorava. O comandante da quadrilha nunca havia ouvido uma música sua, não decretou luto oficial por sua morte, limitando-se a comentar: “Parece que era uma pessoa conhecida”. Citou Caetano Veloso que na ocasião se manifestou chocado com o tom de desprezo e a ignorância de Grrrr-au-au. No final, o depoente indagou à presidente se podia cantar “Chega de Saudade”.

–  Não. Quem tem que cantar aqui é o MC Reaça – interrompeu aos berros o Pit Bull Rachadinha, que nem era membro da CPI, mas sugeriu que fosse convocado do inferno, onde reside, o autor do Proibidão do Grrrr-au-au para quem “as feministas merecem ração na tigela e minas de esquerda tem mais pelo que cadela”. Instaurou-se uma balbúrdia e a sessão foi suspensa. 

O idiota e os bocós

Os trabalhos foram retomados com o depoimento de um vizinho de João Gilberto no céu. Era o poeta e cronista Aldir Blanc, vascaíno doente, coautor de A Cruz do Bacalhau, morto em decorrência do Covid-19, sem que houvesse qualquer manifestação da então fugaz secretária de cultura Regina Duarte, emudecida também diante das mortes do escritor Rubem Fonseca, do cantor Moraes Moreira, do ator Flavio Migliaccio e do teatrólogo Jesus Chediak.

Aldir, autor de Mestre Sala dos Mares e O Bêbado e a Equilibrista, chutou o pau-da-barraca ao traçar o perfil do chefe da quadrilha com aquele estilo que desenvolveu em sua coluna nos semanários O Pasquim Bundas:

– Grrrr-au-au nunca leu um único soneto em sua vida e queixou-se dos livros “que têm excesso de palavras”. Taxou as publicações com impostos altos, mas eliminou a tributação para a compra de armas. Quando se apropriou da cor verde-amarela foi para enganar os incautos e trouxas e, dessa forma, disfarçar a sua baba gosmenta, o seu olhar alucinado de cachorro doido, como no poema de Zeca Baleiro. Declarou guerra à literatura, alegando que o Brasil tem que deixar de ser um país de maricas. Destilou preconceitos homofóbicos ao afirmar que quem gosta de poesia é gayzinho. Chamou de idiotas as pessoas que em razão da pandemia até hoje ficam em casa escutando música e lendo poemas.

Em seguida, a CPI quis ouvir o poeta Manoel de Barros, vindo do Pantanal do Olimpo, a toca de Zeus. O relator Mário Juruna indagou se a poesia merecia ser exterminada como pregava o Imbrochável Grrrr-au-au e se era mesmo diversão de “idiotas”.

– Bocó é um que gosta de conversar bobagens profundas com as águas.  Bocó é aquele homem que fala com as árvores e com as águas como se namorasse com elas – respondeu o poeta. 

– Mas afinal, o que é poesia? – perguntou o relator.

– Todas as coisas cujos valores podem ser disputados no cuspe à distância servem para poesia. Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas, é de poesia que estão falando. Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira. A linguagem da poesia força a realidade a se manifestar, escava suas profundezas e traz à tona as situações fundamentais da condição humana, como queria Alfred Doblin. Por isso ela é odiada pelo Grrrr-au-au.

O outro capitão 

O último a depor nesta primeira etapa da CPI foi o ator estadunidense Robin Williams, que reside hoje no andar de cima, mas viveu na tela o papel do professor de literatura no filme “Sociedade dos Poetas Mortos”. Ele declarou que rompeu com o autoritarismo do colégio tradicional, uma espécie de “escola sem partido”, combatendo seu caráter castrador e repressivo. Seu depoimento forneceu elementos para a CPI dimensionar a poesia:

– Nós não lemos e escrevemos poesia porque é algo bonitinho, mas porque somos membros da raça humana, existe um poeta dentro de cada um de nós – ele disse.

Confessou ainda que orientou seus alunos a escreverem poemas, lidos em um clube secreto que funcionava numa caverna perto da escola. Lá, escondidos da repressão, promoviam saraus de poesia. O diretor, que estudou na mesma cartilha de Donald Trump, demitiu o professor e mandou-o recolher seus pertences na sala de aula. Ali, ele recebe uma homenagem dos estudantes, que sobem nas carteiras da sala seguindo a lição de rebeldia contra a autoridade burra, saudando-o e reconhecendo sua liderança: “Captain, my captain”. Esse era o “outro capitão”, o capitão inteligente.

– É simples assim – disse o professor aos membros da CPI. Um manda e os outros desobedecem. Ordens que atentam contra a espécie humana não devem ser cumpridas.

A CPI da Poesia vai ouvir ainda inúmeros poetas e músicos: Drummond, Manuel Bandeira, João Cabral, Castro Alves, Luiz Gonzaga, Pixinguinha, Clementina de Jesus, Patativa do Assaré, Cecília Meirelles, Adélia Prado. Cora Coralina, os poemas eróticos de Hilda Hilst e tantos outros.  Drummond vai dizer por que perguntou em A Flor e a Náusea: “Crimes da terra, como perdoá-los?” e explicar se existe ódio sadio expresso nos versos: “Meu ódio é o melhor de mim, com ele me salvo e dou a poucos uma esperança mínima”. Qual a diferença deste para o ódio do Grrrr-au-au?

Serão convocados poetas amazonenses, entre eles Thiago de Mello para saber se continua cantando no escuro, além de Luiz Bacellar, Elson Farias, Aldizio Filgueiras, Dori Carvalho, Luiz Pucu, que devem se pronunciar sobre as ameaças à Zona Franca feita por Grrrr-au-au com o objetivo de impedir que a CPI da Poesia identifique os autores do poeticidio.

Por último, a CPI ouvirá poetas indígenas, entre eles Eliane Potiguara, Graça Graúna, Zélia Puri, Ailton Krenak, Davi Kopenawa, Dauá Puri, Ademário Payayá, Cristino Wapixana, Tapixi Guajajara e Daniel Munduruku que acaba de se apresentar para uma vaga na Academia Brasileira de Letras (ABL). Eles dirão se o poema abaixo de Miguel Panemaxeron Surui está mesmo anunciando o fim dos latidos de Grrrr-au-au e do pesadelo vivido pelo Brasil.

Passam os anos, passa a vida
Passa o tempo, passam as coisas,
Passam perto de mim as pessoas,
Passa dentro de mim o amor.
Por que isso comigo se passa,
Se já nem sei mais quem sou?

P.S. 1 – O ódio de Grrrr-au-au aumentaria se soubesse que no sábado (22) foram lançados dois novos livros. De manhã Pequenas conquistas perdidas com 45 crônicas do poeta Dori Carvalho. E logo onde? Nada menos que no Amazonas, que ele sonha deixar sem uma árvore em pé. E à tardinha, no Rio, o romance Morte Certa de Dau Bastos, professor de literatura na UFRJ.

P.S. 2 – Este texto se inspirou numa conversa telefônica com meu amigo Guillermo David, diretor nacional de Coordenação Cultural da Biblioteca Nacional da Argentina. Ele está relendo Guimarães Rosa e eu revisitando Julio Cortazar. “Os que amam a literatura estão salvos porque têm onde se refugiar nesses tempos sombrios” – ele disse. Daí a ideia de que a poesia é uma vacina de esperança. 

11
Mai18

De Adélia Prado

Talis Andrade

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Ofício Parvo

Quero limpar a boca e as entranhas
do sonho que me sujou
mais que se em vigília
as mesmas podres coisas me sujassem.
O tentador me cobra sem descanso
uma prova de fé.
Virgem, Porta do Céu, em meu favor,
pisa com teu pé de menina
a cabeça de cobra que ele tem,
me livra da tentação
de sofrer mais do que Deus.

28
Abr18

O amor quer abraçar

Talis Andrade

anshu.JPG

 de Adélia Prado

 

O amor quer abraçar e não pode.
 
A multidão em volta,
 
com seus olhos cediços,
 
põe caco de vidro no muro
 
para o amor desistir.
 
O amor usa o correio,
 
o correio trapaceia,
 
a carta não chega,
 
o amor fica sem saber se é ou não é.
 
O amor pega o cavalo,
 
desembarca do trem,
 
chega na porta cansado
 
de tanto caminhar a pé.
 
Fala a palavra açucena,
 
pede água, bebe café,
 
dorme na sua presença,
 
chupa bala de hortelã.
 
Tudo manha, truque, engenho:
 
é descuidar, o amor te pega,
 
te come, te molha todo.
 
Mas água o amor não é.
 
 
11
Ago17

de Adélia Prado

Talis Andrade

Poema Começado no Fim


Um corpo quer outro corpo.
Uma alma quer outra alma e seu corpo.
Este excesso de realidade me confunde.
Jonathan falando:
parece que estou num filme.
Se eu lhe dissesse você é estúpido
ele diria sou mesmo.
Se ele dissesse vamos comigo ao inferno passear
eu iria.
As casas baixas, as pessoas pobres,
e o sol da tarde,
imaginai o que era o sol da tarde
sobre a nossa fragilidade.
Vinha com Jonathan
pela rua mais torta da cidade.                                                                                                   O Caminho do Céu.

 

 

Pranto Para Comover Jonathan


Os diamantes são indestrutíveis?
Mais é meu amor.
O mar é imenso?
Meu amor é maior,
mais belo sem ornamentos
do que um campo de flores.
Mais triste do que a morte,
mais desesperançado
do que a onda batendo no rochedo,
mais tenaz que o rochedo.
Ama e nem sabe mais o que ama.

 

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