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O CORRESPONDENTE

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O CORRESPONDENTE

23
Set22

Clã Bolsonaro e as homenagens a policiais bandidos / UOL Investiga T2E1

Talis Andrade

Caso Adriano da Nóbrega tem citação a Bolsonaro e MP encerra escuta

 

O podcast UOL Investiga estreia nesta sexta-feira (23) sua segunda temporada, chamada Polícia Bandida e o Clã Bolsonaro.

Na segunda temporada, a colunista do UOL Juliana Dal Piva fala da relação da família Bolsonaro com agentes das forças de segurança que se tornaram milicianos e usaram seu treinamento para cometer crimes. Dezenas deles foram homenageados pelo clã ao longo de 20 anos. A jornalista traz ainda detalhes da relação da família Bolsonaro com Adriano Nóbrega, ex-policial militar morto em 2020 e apontado como chefe de assassinos de aluguel --Jair e Flávio inclusive fizeram visitas ao ex-capitão na prisão. Esta temporada tem também a história completa do roubo de uma moto do presidente em 1995, crime que mobilizou parte da polícia do Rio e simboliza vários problemas da segurança pública.

A primeira temporada, A Vida Secreta de Jair, trouxe revelações sobre o envolvimento direto do presidente da República, Jair Bolsonaro, com a rachadinha --o esquema ilegal de entrega de salários de assessores quando exerceu seguidos mandatos de deputado federal.

No primeiro dos quatro novos episódios, Juliana Dal Piva conta que a família Bolsonaro já condecorou 16 policiais denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como integrantes de organizações criminosas. O cruzamento foi feito entre os nomes dos homenageados e as informações dos bancos de dados dos Tribunais de Justiça do país.

Esses homenageados foram presos e denunciados em oito das mais importantes operações de combate ao crime organizado, entre 2006 e 2022. As investigações, realizadas pela Polícia Federal, pelas corregedorias e pelo Ministério Público, revelaram quadrilhas montadas por policiais para a prática de extorsão, corrupção, sequestros, homicídios, entre outros crimes.

Além disso, 75 policiais homenageados desde 2001 responderam a processos criminais, principalmente por homicídios. Ou seja, de cada dez pessoas que Flávio e Carlos Bolsonaro homenagearam, uma respondeu a processo criminal na Justiça.

A assessoria do presidente e do senador disseram, por nota, que à época das homenagens era impossível prever que alguns desses policiais pudessem desonrar a farda.

 Abaixo, você confere a íntegra do roteiro do episódio 1.

 

Clã Bolsonaro condecorou 16 PMs denunciados em organizações criminosas 

 

por Juliana Dal Piva e Elenilce Bottari /UOL

- - -

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) pediram homenagens a pelo menos 16 policiais denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como integrantes de organizações criminosas.

É o que aponta um cruzamento de dados entre os nomes dos policiais homenageados pelos dois filhos do presidente e as informações dos bancos de dados dos Tribunais de Justiça do país. Os resultados do levantamento estão no podcast "UOL Investiga: Polícia Bandida e o Clã Bolsonaro", que estreou nesta sexta-feira (23).

Esses homenageados foram presos e denunciados em oito das mais importantes operações de combate ao crime organizado no Rio, entre 2006 e 2022: Calabar, Quarto Elemento, Purificação, Intocáveis, Gladiador, Amigos S/A, Segurança S/A e Águia na Cabeça. Nesse grupo, estão Adriano Nóbrega, o major Ronald Pereira e, mais recentemente, o delegado e ex-chefe da Polícia Civil Allan Turnowski.

Flávio Bolsonaro discursou várias vezes em apoio às milícias - Hora do Povo

Extorsão e mortes marcaram atuação de capitão Adriano no RioCaso Adriano da Nóbrega: o que se sabe sobre o miliciano e a ação que  resultou na sua morte | Rio de Janeiro | G1

As investigações, realizadas pela Polícia Federal, pelas corregedorias e pelo Ministério Público, revelaram quadrilhas montadas por policiais para a prática de extorsão, corrupção, sequestros, homicídios, entre outros crimes. Em todos esses casos, os policiais estavam na folha de pagamento da máfia dos caça-níqueis, das facções do tráfico ou dos grupos milicianos.

Jair Bolsonaro já disse publicamente que foi ele quem pediu que os filhos prestassem homenagens a policiais. 

Até 2018, Flávio e Carlos entregaram medalhas e moções a 707 pessoas. Algumas dessas pessoas foram premiadas mais de uma vez. É o caso de Adriano da Nóbrega, por exemplo, que recebeu uma moção em 2003 e depois a medalha Tiradentes em 2005.

Adriano da Nóbrega morreu em uma operação policial na Bahia, em fevereiro de 2020, após passar um ano como foragido da Justiça. Ele foi denunciado na Operação Intocáveis pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio). 

Flávio Bolsonaro contou em depoimento à promotoria fluminense que o conheceu por intermédio de Fabrício Queiroz, seu ex-assessor, durante aulas de tiro nos anos 2000.

 

75 policiais homenageados responderam a processos

 

As primeiras homenagens prestadas ocorreram em 2001 no primeiro mandato de Carlos Bolsonaro na Câmara Municipal. O cruzamento de dados também apontou que, do total de homenageados, 596 eram policiais e 75 deles responderam a processos criminais. De cada dez pessoas que Flávio e Carlos homenagearam, uma respondeu a processo criminal na Justiça.

O crime de homicídio foi ao qual esse grupo de homenageados mais respondeu. Do todo, 36 policiais foram homenageados pelo clã e, ao mesmo tempo, responderam a processos na Justiça pela morte de 39 pessoas.

Participar dessas operações violentas era um critério para se aproximar dos Bolsonaro e ganhar medalha. Em 57 homenagens, a palavra "morte" foi citada como justificativa para a concessão do reconhecimento.

Entre os homenageados do primeiro mandato de Carlos Bolsonaro, em 2003, estão justamente Adriano da Nóbrega e Fabrício Queiroz.

Já o Flávio pediu sua primeira homenagem, em 2003, para o inspetor da Polícia Civil Mário Franklin Leite Mustrange de Carvalho, o Marinho. Ele foi alvo da Operação Gladiador. Outro alvo da operação foi o Hélio Machado da Conceição, o Helinho. Ele também recebeu uma homenagemde Flávio, em 2005. A Operação Gladiador apontou o envolvimento da cúpula da polícia, à época, com a máfia da contravenção.

A lista dos crimes que esses policiais responderam inclui ameaça, associação criminosa, improbidade, extorsão, fraude em licitação, fraude processual, homicídio, improbidade administrativa, organização criminosa, peculato, receptação, violência doméstica, tentativa de homicídio e muitos outros.

A mãe e a mulher do ex-capitão do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) Adriano da Nóbrega, um dos chefes da milícia no Rio de Janeiro, trabalharam no gabinete do deputado Flávio Bolsonaro. Teve a morte encomendada. 

O vereador do Rio de Janeiro, Ítalo Ciba, do Avante, acusou o senador Flávio Bolsonaro de ter visitado o miliciano Adriano da Nóbrega na prisão. A declaração foi dada em entrevista ao jornal "O Globo". As visitas segundo o vereador, aconteceram em novembro de 2003, quando ele próprio e Adriano foram presos por homicídio e tortura.

 Acostamado defensor de serial killers, torturadores da ditadura militar, milicianos, bandidos fardados. 

O presidente Jair Bolsonaro defendeu, quando era deputado, o ex-policial Adriano Magalhães da Nóbrega, morto no doming 9.fev.2020, e apontado como chefe de uma milícia no Rio de Janeiro.

Na ocasião, capitão Adriano havia sido condenado por homicídio na 1ª Instância. Depois, acabou absolvido.

A morte do ex-capitão do Bope se deu em operação da Polícia Militar da Bahia em área rural do município de Esplanada. As forças baianas de segurança alegam que Adriano foi morto porque reagiu. No dia 15 de fevereiro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro contestou a versão e acusou o governador Rui Costa (PT) de 'queima de arquivo'. Leia mais no link: https://www.poder360.com.br/governo/b... Eis o que disse o presidente Jair Bolsonaro em 15.fev.2020 sobre o discurso de 2005 sobre Adriano Nóbrega: “Não tem nenhuma sentença que tenha trânsito em julgado condenando o capitão Adriano por nada. Sem querer defendê-lo. Desconheço a vida pregressa dele. Naquele ano [2005], ele era 1 herói da Polícia Militar. Como é muito comum qualquer policial militar, em operação, matar o vagabundo, mata o traficante, e a imprensa, em grande parte, vai em defesa do marginal e condenam o policial [...] Não existe nenhuma ligação minha com a milícia do Rio de Janeiro. Zero. O Adriano eu vi, conheci pessoalmente, em 2005, e nunca mais tive contato com ele”. Sobre Adriano Nóbrega ter sido condecorado em 2005 pela Assembleia Legislativa do Rio, a pedido de Flavio Bolsonaro, o presidente disse: “Eu é quem pedi para meu filho condecorar. Para que não haja dúvida. Ele era 1 herói. Eu determinei. Pode trazer para cima de mim essa aí! O meu filho condecorou centenas de policiais. Meu filho, não. Se você tiver 1 mínimo de zelo, e consultar na Alerj moções, medalhas, raros são os deputados que não deram centenas de medalhas de condecorações. Vocês querem me associar a alguém por uma fotografia? Por uma moção? Isso aconteceu 15 anos atrás. Pessoas mudam. Para o bem ou para o mal, mudam”. Eis o que disse o senador Flavio Bolsonaro sobre a condecoração, em 15.fev.2020: “Não adianta querer me vincular à milícia, porque eu não tenho absolutamente nada com milícia. Condecorei o Adriano há mais de 15 anos. Há mais de 15 anos! Como é que eu posso adivinhar o que ele faz de certo ou errado hoje, depois de 15 anos? Vão insistir com isso?”

26
Jun20

Ex-PMs suspeitos de chefiar milícias assassinas do Rio de Janeiro

Talis Andrade

O vereador e ex-cabo da PM Jair Barbosa Tavares, o Zico Bacana.

Antes de chegar à Câmara de Vereadores, Zico Bacana foi citado como chefe de uma milícia na zona oeste do Rio no relatório da CPI das Milícias, publicado em 2008. Foto: Facebook/Vereador Zico Bacana

III - CONTATINHOS PERIGOSOS

Investigação do caso Marielle expõe conexões de quatro vereadores com milícias do Rio

 

Além de Siciliano e Chiquinho Brazão, o inquérito vê fortes ligações com milicianos de outros dois vereadores cariocas: o ex-cabo da PM Jair Barbosa Tavares, o Zico Bacana, e o tenente reformado da PM Ítalo Pereira Campos, o Ítalo Ciba.

Zico foi relacionado à milícia pela primeira vez no relatório da CPI das Milícias, em 2008. Na época, ele foi apontado como chefe do grupo paramilitar que atua nos bairros de Guadalupe e Ricardo de Albuquerque, na zona oeste. Oito anos depois, em 2016, se elegeuvereador pela primeira vez. Na mesma eleição Marielle Franco chegou à Câmara. Antes, ela ajudara na apuração do relatório da CPI quando trabalhava como assessora parlamentar do então deputado estadual Marcelo Freixo.

O vereador nomeou como assessor parlamentar Marcos José Tavares Muniz, o Juca, identificado pelos investigadores como seu sucessor no comando da milícia. Em depoimento, Zico negou as acusações e afirmou não ter nenhum assessor envolvido com os paramilitares. Segundo os documentos a que tivemos acesso, Juca comanda a área de Guadalupe, sendo consultado tanto por criminosos quanto por moradores para a realização de atividades na área.Trecho do inquérito em que o assessor Marcos da Silva Muniz, o Juca, é apontado como líder da milícia.

Trecho do inquérito em que o assessor de Zico Bacana, Marcos da Silva Muniz, o Juca, é apontado como líder da milícia pelos investigadores.

 

Já Ítalo Ciba tem em sua agenda telefônica uma série de contatos de PMs e ex-PMs envolvidos em grupos milicianos de Jacarepaguá e de Seropédica, município da região metropolitana do Rio. Segundo o relato dos investigadores nos documentos, fica clara a relação dele com esses grupos. Antes de entrar para a política, Ciba foi companheiro de guarnição do ex-capitão Adriano da Nóbrega e chegou a ser preso juntamente com o ex-caveira, acusados de terem executado um guardador de carros.

Questionados sobre as informações citadas pelos investigadores, Siciliano, Brazão, Zico e Ciba não responderam até a publicação desta reportagem.

Resta saber – além de quem mandou matar Marielle – quantos vereadores seriam indiciados por ligações com paramilitares caso a CPI das Milícias fosse realizada hoje.

25
Jun20

Vereadores do Rio de Janeiro votaram pela execução de Marielle Franco

Talis Andrade

marielle-e- pistoleiros.png

 

II - CONTATINHOS PERIGOSOS

Investigação do caso Marielle expõe conexões de quatro vereadores com milícias do Rio

Documentos sigilosos mostram que telefones de Marcello Siciliano, Ítalo Ciba, Zico Bacana e do agora deputado federal Chiquinho Brazão estão recheados de contatos…

 

A grilagem seria o foco de desavenças entre os milicianos que atuam nas áreas de influência de Chiquinho Brazão e Marcello Siciliano, de acordo com o inquérito. Os dois vereadores disputam o mesmo reduto eleitoral e foram em 2018, respectivamente, presidente e a vice-presidente da Comissão de Assuntos Urbanos da Câmara. A comissão tem entre suas atribuições definir as regras para o uso de áreas públicas, do cadastro territorial e a realização de obras e de serviços nas áreas municipais.

 

 

 

 

A disputa pelo lucrativo mercado imobiliário ilegal nas favelas também é uma das linhas de investigação para tentar esclarecer a motivação por trás da execução de Marielle. Uma das hipóteses levantada pelos investigadores é a de que um projeto de leiapresentado pela vereadora para regulamentar a ocupação do solo em favelas, que recebeu o número 642/2017, motivou sua execução. Se aprovada, a lei criaria obstáculos à grilagem de terras e às construções irregulares de prédios – atividades que se tornaram importante fonte de renda dos milicianos que agem em comunidades da zona oeste do Rio.

Em depoimentos à polícia, Brazão e Siciliano negaram envolvimento na execução de Marielle e disputa por territórios. Chiquinho Brazão saiu do alcance dos investigadores fluminenses assim que tomou posse como deputado federal, mas seu nome e o do irmão foram mencionados como os de possíveis mandantes do assassinato da vereadora e seu motorista em depoimento de Orlando da Curicica à  PGR. Depois disso, Raquel Dodge solicitou a federalização do caso. O pedido foi negado pelo STJ no fim de maio.

Procuramos os promotores do Rio responsáveis pela investigação da execução de Marielle e Anderson para que comentassem as informações do inquérito, mas eles se negaram a dar entrevista, alegando que o caso está sob segredo de justiça (Continua)

 

23
Jun20

Investigação do caso Marielle expõe conexões de quatro vereadores com milícias do Rio

Talis Andrade

 

 

CONTATINHOS PERIGOSOS

Parte 12

Documentos sigilosos mostram que telefones dos vereadores Marcello Siciliano, Ítalo Ciba, Zico Bacana e do agora deputado federal Chiquinho Brazão estão recheados de contatos…

por Sérgio RamalhoMarina Lang  

AO ESQUADRINHAR A ROTINA dos 51 vereadores da Câmara Municipal do Rio, policiais e promotores envolvidos na investigação do assassinato de Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, identificaram uma espécie de “bancada da milícia” atuando no legislativo da cidade. É o que revelam os apensos sigilosos anexados ao inquérito da Delegacia de Homicídios aos quais o Intercept teve acesso.

Os investigadores descrevem as ligações entre quatro vereadores e milicianos que atuam em seus respectivos redutos eleitorais. Trata-se de Ítalo Ciba, do Avante; Jair Barbosa Tavares, o Zico Bacana, do Podemos (ambos ex-policiais militares); Chiquinho Brazão, do Avante, eleito deputado federal em 2018; e Marcello Siciliano, do PP.

As informações foram descobertas a partir das quebras dos sigilos dos dados de comunicação dos quatro e do ex-vereador Cristiano Girão Matias, além de outros 18 suspeitos de envolvimento com grupos paramilitares. Girão perdeu o mandato em 2011 após ter sido preso em decorrência da CPI das Milícias. Em março de 2018, mês em que Marielle morreu, voltou a circular pela Câmara Municipal, como revelamos no Intercept.

A CPI, encerrada em 2008, indiciou mais de 260 pessoas por ligação com milícias, entre elas outros seis vereadores e um deputado estadual. Dez anos depois, a milícia parece ter retomado a sua influência no legislativo municipal.

Segundo as investigações, o vereador Siciliano mantinha contato frequente com pessoas ligadas diretamente ao policial militar Ronnie Lessa. Preso preventivamente desde março de 2019, ele é acusado pelo Ministério Público do Rio de ser o executor de Marielle e Anderson e apontado como chefe de uma milícia na zona oeste do Rio.

Nas agendas telefônicas de Siciliano estavam os números da academia de ginástica da qual o ex-PM era sócio, juntamente com a esposa, em Rio das Pedras, favela na zona oeste do Rio dominada pelos paramilitares. O vereador tinha ainda os telefones de um sobrinho de Lessa, que também é PM, de Élcio de Queiroz, apontado pelo MPRJ como motorista do Cobalt usado para vigiar os movimentos da vereadora na noite do assassinato, e do sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Corrêa, o Suel.

O bombeiro foi preso no último dia 10 de junho por suspeita de envolvimento na morte de Marielle; o sobrinho de Lessa teve o celular apreendido na mesma operação.

Trecho do inquérito da morte da Marielle mostra as ligações entre o Marcello Siciliano e milicianos, entre eles Ronnie Lessa, preso acusado de ser o executor da vereadora.

 

Em audiência em outubro, gravada na penitenciária federal de Porto Velho, em Rondônia, Lessa justificou assim o contato com o vereador: “O Siciliano é um cara que chegava na mesa de todo o mundo e abraçava todo o mundo, bebia do copo dos outros. É político, né. Mas nada além. Nunca soube o nome da esposa dele, não sei o terceiro nome dele. É Marcello Siciliano e só”. Já Suel e Élcio disseram em depoimentos prestados à Delegacia de Homicídios que conheceram o político durante a campanha eleitoral para vereador em 2016, mas argumentaram não ter “vínculos de amizade” com ele.

Em uma das ligações grampeadas pelos investigadores em novembro de 2018, uma pessoa identificada como Renata questiona Siciliano a respeito de uma vaga para um vizinho. Ele pergunta de que vaga ela está falando e a interlocutora responde: “Milici… Hmm, pera aí que ele me mandou uma mensagem […]”. “Ah, tá, você está procurando emprego, né. Me manda um WhatsApp”, responde o vereador.

Na relação de telefones na agenda de Siciliano apareciam também os contatos dos ex-PMs e milicianos Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, e Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, além de diversos telefones de lideranças comunitárias de áreas sob influência dos paramilitares. Segundo os investigadores, isso revela a influência do político nessas localidades.

20
Fev20

Flávio Bolsonaro visitou miliciano Adriano Nóbrega na prisão, diz vereador

Talis Andrade

Ítalo Ciba, Adriano Magalhães da Nóbrega e Flávio Bolsnaro

247 - Mais uma revelação aponta a estreita ligação entre o clã presidencial com milícias. O vereador do Rio Ítalo Ciba (Avante) afirmou que, quando ele mesmo, parlamentar, e o miliciano Adriano da Nóbrega Silva, ex-capitão do Bope, estiveram na prisão, receberam a visita do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ). Sargento da Polícia Militar, Ciba integrava o Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 16º BPM (Olaria), comandado por Adriano. Em 2003, os integrantes do GAT foram presos e começaram a responder um processo criminal por homicídio, tortura e extorsão. Nesse período, Flávio os visitou na prisão. 

"Sei que ele (Adriano) se dava muito bem com o Flávio, devido ao (Fabrício) Queiroz. Queiroz trabalhou com Adriano lá atrás. Eu sei que o Adriano, de vez em quando, o Queiroz chamava pra ir lá no gabinete. Ele (Adriano) ia no gabinete, quando nós estivemos presos o Flávio foi lá visitar a gente. Mais de uma vez", contou o vereador ao jornal O Globo.

O miliciano Adriano da Nóbrega Silva foi citado nas investigações sobre a morte da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) e acerca de um esquema de corrupção no gabinete do atual senador Flávio Bolsonaro quando o parlamentar era deputado estadual no Rio. A mãe e a esposa dele trabalharam no gabinete do parlamentar na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

bolsonaro queiroz.jpg

 

Sobre a morte do miliciano, Ítalo Ciba disse acreditar que o ex-colega de corporação pode ter sido vítima de uma “queima de arquivo”. Ele afirmou que viu Adriano pela última vez num shopping, sem lembrar a data exata, mas antes das eleições de 2018.

"Foi de passagem, esbarrei com ele no shopping. Ele falou assim mesmo pra mim: "Estamos sendo perseguidos porque somos amigos do presidente. Não era presidente ainda não, devia ser deputado, candidato a presidente", afirmou Ciba.

Em nota, o filho de Jair Bolsonaro afirmou que esteve apenas uma vez na cadeia, em 2005, para ver Adriano e entregar a medalha Tiradentes, maior honraria concedida pela Alerj. “Não há nenhuma relação de Flávio Bolsonaro ou da família com Adriano”, diz a nota.

Prisões

Entre outubro e novembro de 2003, Adriano e os colegas do GAT se envolveram no sequestro, tortura e extorsão de três jovens da favela de Parada de Lucas, na Zona Norte, segundo a Corregedoria da Polícia da PM e o Ministério Público. 

A ficha funcional de Adriano apontou que as vítimas eram levadas para um terreno baldio no antigo Mercado São Sebastião, na Penha. Nesse local, os PMs foram acusados de torturar as pessoas e depois extorquir R$ 1 mil.

Ciba afirmou que o processo foi uma questão política. "Foi uma perseguição política comigo" disse, negando as acusações. 

Caso Marielle 

O ex-capitão do Bope integrava o Escritório do Crime, grupo de matadores profissionais do Rio e suspeito de envolvimento no assassinato de Marielle Franco, cometido pelo crime organizado. Os atiradores efetuaram dos disparos em um lugar sem câmeras na região central do Rio e haviam perseguido o carro dela por cerca de  quatro quilômetros. 

Dois suspeitos crime estão presos: o policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-militar Élcio Vieira de Queiroz. O primeiro é acusado de ter feito os disparos e o segundo de dirigir o carro que perseguiu a parlamentar. 

Lessa morava no mesmo condomínio de Bolsonaro. Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos havia postado no Facebook uma foto ao lado de Jair Bolsonaro. Na foto, o rosto de Bolsonaro está cortado. 

De acordo com registros da Alerj, Flávio Bolsonaro foi o único a votar contra a proposta do deputado estadual Marcelo Freixo (PSol), atual deputado federal, para conceder a medalha Tiradentes em homenagem póstuma à Marielle. 

'Rachadinha'

bolsonaro rachadinha flavio.jpeg

 

Outra investigação que cita Adriano é a que apura um esquema de corrupção no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj conhecido como "rachadinha". Um dos líderes do esquema é Fabrício Queiroz, envolvido em um esquema de lavagem de dinheiro que ocorria na Assembleia Legislativa do Rio quando o filho de Jair Bolsonaro era deputado estadual. Queiroz movimentou R$ 7 milhões em de 2014 a 2017, de acordo com relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Em depoimento por escrito ao Ministério Público (MP-RJ), Queiroz afirmou que não se apropriou dos valores recebidos e que dinheiro era usado para ampliar a rede de "colaboradores" da base eleitoral de Flávio Bolsonaro no Estado por entender que "a melhor forma de intensificar a atuação política seria a multiplicação dos assessores da base eleitoral, valendo-se, assim, da confiança e da autonomia que possuía para designar vários assistentes de base, a partir do gerenciamento dos valores que cada um recebia mensalmente".

Jair Bolsonaro

Principal nome do clã presidencial, Jair Bolsonaro ordenou a Fabricio Queiroz que não comparecesse ao depoimento no MP-RJ em dezembro de 2018. A informação consta no livro Tormenta – O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos, da jornalista Thaís Oyama. É o que aponta a coluna de Guilherme Amado, da revista Época, publicada nesta segunda-feira (13). 

De acordo com o livro, após a divulgação do escândalo do Coaf, Bolsonaro e os advogados do ex-assessor dele fecharam a estratégia de que Fabrício Queiroz iria até os promotores, mas diria que não daria declarações até ter acesso à investigação. Também negaria qualquer relação com o clã.

rachadinhas metade fica com os sabidos bolsonaro .

 

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