Reportagem do site Brasil Wire mostra que o ex-juiz Sérgio Moro, declarado parcial pelo STF, participou de uma reunião privada bilateral EUA-Brasil sobre a floresta amazônica. "Sem cargo divulgado junto ao governo dos Estados Unidos ou do Brasil, quais interesses ele representa?", questiona o veículo
Moro bom sujeito não é. Na lava jato defendeu os interesses do Tio Sam. Como prêmio, ganhou propriedade e direção da empresa estadunidense Alvarez & Marsal. Para administrar a recuperação de empresas brasileiros que ajudou a destruir, retirando cerca de R$ 142,6 bilhões da economia brasileira.
Moro apareceu na TV Globo cantando música francesa. Ele não gosta de samba, não gosta do Brasil.
Cantava Dorival Caymmi:
Eu nasci com o samba e no samba me criei do danado do samba nunca me separei
Quem não gosta do samba bom sujeito não é Ou é ruim da cabeça ou doente do pé
“Eu sei que alguém descobre / Falhas no meu testamento”. Joaquim Apolinário. Testamento do Judas. 1886. (*)
Neste sábado de aleluia, Judas Iscariotes, ministro das Finanças do Inferno, visitou países de cinco continentes, entre eles a America First e o Brasil abaixo de tudo. Aqui viu bonecos de pano com a cara do genocida pendurados em postes das cidades. Fugiu ao se deparar com 330 mil mortos pelo coronavirus. Passou antes por Manaus. No bairro de Aparecida, sofreu a tradicional malhação e se vingou deixando seu testamento em versos psicografado pelo irreverente e desabusado Edilson, o Gaguinho, gênio da poesia popular. Tirem as crianças da sala. Ei-lo aqui.
1 Sou Judas Iscariotes / Neguei máscara, vacina. Dei cloroquina pra Cristo / Olhem só a minha sina.
2 Por isso sou malhado / com porrada na cacunda No sábado de Aleluia vou / moer vidro com a bunda.
3 Mas antes de me ferrarem / e de me enforcar outra vez Eis aqui o inventário / do que eu lego pra vocês.
4 Ao Trump bundão eu deixo / o túmulo do faraó E a espada do centurião / pra enfiar no fiofó.
5 Pra atormentar sua vida / deixo o discurso do Lula. Ao mentiroso Jair Messias / Burro como uma mula
6 Deixo o exemplo do Temer / ao vice Mourão Mourão Catuca por baixo que ELE cai / com impeachment e lockdown.
7 Deixo ao Dudu, o 03 / a embaixada em Mianmar Pra ele fritar hamburger / no Burger King de lá
8 A Carlucho, o 02 da fake news / que escorrega no quiabo Deixo a máscara que não usa / para enfiar no seu rabo.
9 As trintas moedas repasso / ao 01 da Rachadinha Mansão, chocolate, iate / Queiroz deu sua lavadinha
10 Ao ministério do Zero Zero / escolhido no capricho As ratazanas do Centrão / jogo na lata do lixo.
11 Lego armas, vacina não/ à familícia e ao gado Tudo pau de amarrar égua / com o orifício corrugado
12 O Posto Ipiranga vazio / que nem pastel do Beiçola Paulo Guedes nega tudo / e põe no PIB meia sola.
13 Ernesto Araújo, seu pária / Que merda de chanceler! Te deixo spray de Israel / Ninguém te ama nem te quer.
14 Ao obediente Pazzuelo / Lego o mapa do Amapá O Zé Gotinha com fuzil / no dia D na hora H.
15 Para o Marcelo Quidroga / que não sabe o que quer! Deixo a vachina da China / pra ele virar jacaré.
16 A corda que me enforquei / e a tripa cagaiteira Lego ambas pra Damares / se pendurar na goiabeira.
17 Ao “imprecionante” Weintraub / de Kafta um grande fã Deixo cannabis no campus / e as balbúrdias do Satã.
18 Ao ministro Milton Ribeiro, / da palmatória defensor. De pedagogo oprimido / a “paudagogo” opressor.
19 Nem tudo que reluz é Moro / mas cai tudo que balança Ao “conje” suspeito eu deixo / a Edith Piá de herança
20 Ao incendiário da Amazônia / ao Salles abridor de porteira Deixo o fogo do inferno / Pra ele arder na caldeira
21 Ao general Heleno de Troia / Que gosta de um tititi Deixo toda a lambança / Cometida no Haiti.
22 À senadora Kátia Abreu / Que ficou no ora veja A mão que te afaga / É a mema que te apedreja.
23 Tou certo ou tou errado? / Para a Regina Porcina, Que foi sem nunca ter sido / Deixo um trono na latrina.
24 Lego a Amargo dos Palmares / Pra aprender a ser gente, Um pixaim de pentelho / Na careca reluzente.
25 Ao garantista Kássio Nunes / Que pensa que a lei destrincha Deixo-lhe o Gilmar Mendes / Pra chamar ele na chincha.
26 Ao Procurador Augusto Aras / Deixo-lhe muitas gavetas Que nunca serão abertas / Pra esconder do Bozo as tretas
27 Palloci minh’alma gêmea / Teu destino é como o meu Pra tirar o loló da seringa, / Traíste mais do que eu.
28 Ao bode libidinoso / Metido num trumbico Defendo a Isa Penna / Até o Cury fazer bico
29 Para Wilson Lima governador / Lego a operação sangria, Com dinheiro da saúde,/ Não se faz patifaria.
30 De mãos dadas com o povo? / Ventiladores de hospital Comprados em adega de vinho / É coveiro em funeral.
31 Lá onde perdi as botas / Ao mulato inzoneiro Lego o nojo desses pulhas / E a crença no brasileiro.
32 Agora eu volto pro inferno / lá tá melhor do que aqui Neste fim de Quaresma / Deixo-vos o Taquiprati.
P.S. – Agradeço sugestões da Teca, Fabico, Celeste e Elisa Souto e a inspiração do Edilson, filho da Pequenina e Marcolino.
(*) O potiguar Joaquim Apolinário de Medeiros (1852-1919) fez um testamento do Judas em 1886, preservado na memória da mãe do Câmara Cascudo, que transmitiu oralmente os versos para seu filho. Trechos foram publicados por ele em “Vaqueiros e Cantadores”. Rio. Ediouro. 200 (pgs 65-66).