Soledad Barrett
Mãe, me entristece te ver assim
o olhar quebrado dos teus olhos azul céu
em silêncio implorando que eu não parta.
Mãe, não sofras se não volto
me encontrarás em cada moça do povo
deste povo, daquele, daquele outro
do mais próximo, do mais longínquo
talvez cruze os mares, as montanhas
os cárceres, os céus
mas, Mãe, eu te asseguro,
que, sim, me encontrarás!
no olhar de uma criança feliz
de um jovem que estuda
de um camponês em sua terra
de um operário em sua fábrica
do traidor na forca
do guerrilheiro em seu posto
sempre, sempre me encontrarás!Mãe, não fiques triste,
tua filha te quer.
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Álbum Por que as poetisas são lindas?
Último poema de Soledad Barrett, antes de ser torturada e assassinada no Recife, durante a ditadura militar.
Tradução do romancista Urariano Mota, romancista e biógrafo da poetisa mártir