por XICO SÁ
Sou do tipo que chora. Batizado,
casamento, mas principalmente formatura. Como é bonita a chance e o cumprimento do estudo. Pra todo mundo, universal mesmo. Imagina a oportunidade a quem só poderia se formar em escola pública. De arrepiar. Por isso comemoro aqui o diploma de mais 423 alunos da Urca, a universidade regional do Cariri, conforme
leio no site “Miséria”, o jornal da minha aldeia universalíssima. A festa foi nesta quinta (08/08) e haja orgulho na gente de pequenas cidades e da roça nos arredores da Chapada do Araripe. São 12,5 mil alunos nesta escola mantida pelo governo cearense.
Sou do tipo que chora com o ensino público e gratuito e a chance para quem vem lá do mato.
Só deixo o meu Cariri, no último pau-de-arara. Qual o quê, corri léguas rodoviárias, rumo ao Recife, a bordo da viação Princesa do Agreste, ainda no comecinho dos anos 1980. Espírito beatnik, por desejo e necessidade, deixei Juazeiro — onde morava —, o Crato de nascença, a Santana (Sítio das Cobras) afetiva de infância e a Nova Olinda das primeiras letras. Seria o primeiro representante do clã (risos rurais amarcodianos) dos Sá-Menezes-Freire-Novais, família meio pernambucana meio cearense, a chegar ao ensino superior. Um Xicobrás, diria, 100% escolha pública, do primário ao campus da UFPE. Hoje tenho uma penca de primos a cada nova formatura, sem precisar sequer sair dos arredores de casa.
E pensar que não havia a ideia de universidade no meu terreiro. Nada disso do que hoje comemoro com os formandos da Urca e Ufca. E pensar que não podemos abrir mão da ideia da universidade pública brasileira, apesar de toda cegueira e todo corte — nada epistemológico — do Governo desse cara que me recuso a dizer o nome, pelo menos hoje, por mais um dia, obrigado, Senhor.
Só nos resta defender nas ruas, dia 13 de tal agosto posto, a ideia e o direito à formatura de uma gente que, a tomar pela nova ordem de Brasília, pode ficar fora do jogo de novo. Jogo desonesto. Sem sequer o direito ao VAR (olho no lance) da história. jmmmmmmmmmmmkk kkll l çnçççlllçlxsp. Eita, desculpa caro leitor, pela incompreensão da escrita, é que minha filha Irene invadiu esta crônica — tentando ver a Pepa Pig — e dedilhou involuntariamente estas mal-traçadas linhas. Feliz dia dos pais a todos. [Transcrevi trechos. Leia mais in El País]
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