Rosângela, uma das crianças sequestradas por famílias de militares na ditadura
“Roubaram minha identidade”, diz Rosângela Paraná, cuja certidão de nascimento foi forjada pelo avô sargento.
Há ao menos 19 casos similares, segundo investigação do jornalista Eduardo Reina, que vê paralelo com o roubo de crianças da Argentina nos anos de chumbo
Rosângela Serra Paraná, roubada assim que nasceu por militares. Foto de MÁRCIO PIMENTA
Rosângela é uma das (pelo menos) 19 crianças que foram sequestradas e adotadas ilegalmente por famílias de militares ou de pessoas ligadas às Forças Armadas durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985), segundo a investigação do jornalista Eduardo Reina, que se debruçou sobre o assunto ao longo de 20 anos. Nessas duas décadas, Reina percorreu mais de 20.000 quilômetros em território brasileiro em busca das vítimas e acessando milhares de documentos militares, oficiais ou secretos, além de consultar mais de uma centena de livros e quatro mil edições de jornais sobre o tema. Reina reuniu essas histórias no livro Cativeiro Sem Fim (Editora Alameda), que será lançado no dia 2 de abril, em parceria com o Instituto Vladimir Herzog.
O jornalista considera que o caso de Rosângela, que ele acredita ter nascido no Rio Grande do Sul ou no Rio de Janeiro, representa o modus operandi da apropriação de bebês e crianças filhas de "dissidentes" na época. "Na maioria dos casos, as pegavam assim que nasciam, uma prática comum às ditaduras na Argentina ou no Chile, por exemplo", explica o jornalista. [Reportagem de Joana Oliveira. Leia mais]