Ele diz que “o presidente da 8ª economia do planeta [é] assessorado por um bando de fanáticos liderados por um lunático” [Olavo de Carvalho] e, por isso, pedirá a interdição de Bolsonaro na justiça. Bolsonaro “precisa ser interditado, não tem condições de governar o país”, afirma Bebbiano.
Ele considera que “a situação é muito preocupante porque o Brasil está sob comando de uma pessoa que demonstra ora traços graves de mau-caratismo, ora fortes sinais de loucura no último grau e assessorado por irresponsáveis e fanáticos”.
A declaração mais grave de Bebbiano, entretanto, não se refere à sociopatia do clã e às características paranóicas ou criminais da “familícia”, mas à tentativa de seqüestro do jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, por uma pessoa do entorno do Bolsonaro.
Ele relata os detalhes do ocorrido [a partir do minuto 11:40 da entrevista]:
“O presidente parece que escolhe a dedo pessoas muito perigosas. Inclusive há uma pessoa muito próxima a ele que recentemente tentou seqüestrar um jornalista do sistema Globo. Pegou o jornalista Lauro Jardim na saída de um restaurante em São Paulo e tentou enfiar o Lauro Jardim dentro de um automóvel. Uma coisa meio forçada.
O Lauro ficou muito nervoso, muito preocupado, o assunto foi levado à direção da TV Globo, foi parar no departamento jurídico do Jornal O Globo e essa pessoa foi notificada inclusive pelo sistema Globo para que não se aproximasse mais do Lauro Jardim.
Essa mesma pessoa já ameaçou uma outra jornalista da revista Época e já fez ameaças veladas também a uma outra jornalista do jornal O Globo. Enfim, são essas as pessoas que estão ao redor do Presidente”.
O relato do Bebbiano dá conta de grave atentado não só contra jornalistas da Globo – a Lauro Jardim, à jornalista da Época e à outra jornalista do Globo – mas de um atentado perpetrado contra a liberdade de imprensa e contra o pouco que ainda vigora de ordenamento democrático no Brasil.
O grupo Globo não se manifestou sobre o assunto. Nem para desmentir Bebbiano, nem para justificar seu silêncio e omissão diante de um ato de terror de extrema gravidade.
A providência do departamento jurídico da Globo de notificar o agressor “para que não se aproximasse mais do Lauro Jardim” para deixar tudo por isso mesmo é tão eficaz quanto pedir ao estuprador que se “abstenha” de estuprar sua vítima.
A Globo precisa se explicar por que, afinal, silencia sobre a pessoa “muito perigosa” e próxima a Bolsonaro que tentou seqüestrar o jornalista Lauro Jardim e ameaçou outras jornalistas da empresa.
Se a Globo continuar em silêncio, será legítimo pensar que a família Roberto Marinho ou se acovardou ou tem algum arreglo com milicianos que não escondem o desejo de implantar uma ditadura fascista no Brasil.