Quem matou os garotos do Ninho? Justiça e Flamengo devem resposta às famílias
Desde o dia do incêndio se sabe que o clube havia ignorado notificações das autoridades sobre seu CT. Agora, quase 20 meses depois, é urgente identificar as pessoas que negligenciaram vidas de crianças
Logo que surgiu a notícia do incêndio no Ninho do Urubu, em fevereiro do ano passado, muitos torcedores do Flamengo e, inclusive, jornalistas se apressaram em cravar que havia ocorrido uma “fatalidade”. Não faltaram eufemismos para tentar afastar a responsabilidade do clube pelas 10 vidas de crianças perdidas em seu centro de treinamento, como se tratasse de um acaso da natureza. A tese de “fogo acidental” perdeu força no mesmo dia da tragédia, quando órgãos públicos informaram que dirigentes rubro-negros ignoraram notificações sobre a irregularidade das instalações onde os garotos da base estavam abrigados e até mesmo uma ordem para desativar o alojamento.
Mais de um ano e meio depois do incêndio, o registro de uma troca de e-mails em posse da Justiça, revelado nesta semana pelo UOL, atesta não apenas a responsabilidade do Flamengo no caso, mas, sobretudo, a de dirigentes e gestores que se omitiram diante de tantas negligências no CT. O clube sabia com antecedência, por exemplo, de problemas na parte elétrica da estrutura de contêineres que pegou fogo. Para a força-tarefa formada por Defensoria e Ministério Público que acompanha os desdobramentos da tragédia, a revelação é suficiente para indiciar os responsáveis por homicídio doloso (quando se assume os riscos de matar). Integrantes dos órgãos ainda observam que houve dolo tanto da antiga quanto da atual diretoria rubro-negra. Continua