Quantos a Vale matou? Mais de 300 corpos, e falta localizar mais de cem pessoas
A lama afasta os diretores nomeados pelo golpe de Temer que derrubou Dilma Rousseff
NAIARA GALARRAGA GORTÁZAR escreve:
Cinco semanas depois do rompimento de uma barragem de resíduos em Brumadinho (MG) deixar mais de 300 vítimas, e enquanto ainda falta localizar mais de cem pessoas, a Vale decidiu afastar temporariamente Fabio Schvartsman do cargo de executivo-chefe. Ele e outros três diretores da empresa, uma das maiores multinacionais brasileiras, deixaram seus cargos após uma reunião extraordinária do conselho de administração na noite de sábado. Na sexta-feira, o Ministério Público Federal, o MP mineiro e a Polícia Federal, que investigam o rompimento da barragem em 25 de janeiro, haviam exigido à empresa o afastamento dos quatro diretores e de uma dezena de outros funcionários com base nas "evidências obtidas até o momento" sobre o envolvimento deles no desastre. O atual diretor-executivo da Vale, Eduardo Bartolomeo, assumiu o comando provisoriamente.
O desastre de Brumadinho pôs no centro do debate as medidas de segurança e fiscalização em instalações desse tipo, porque há apenas três anos outra mina ligada à Vale teve um rompimento similar. O colapso da barragem de Mariana, também em Minas Gerais, causou 19 mortes e a maior catástrofe ecológica na história do Brasil. Quando Schvartsman chegou ao cargo de presidente-executivo da Vale, em maio de 2017, adotou o lema “Mariana nunca mais”. Vinte meses depois, uma descomunal 300 língua de lama tragava pessoas, entre funcionários da empresa e terceirizados.